segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Queijo denominado Rabaçal em terras do Maciço de Sicó!

Rotulado Rabaçal, no tempo do Senhorio do Duque do Cadaval
O duque do Cadaval, no século XVIII, recomendava ao seu foreiro, mais tarde Visconde de Degracias que lhe enviasse “uns queijinhos do Rabaçal”.
A meu ver a designação correta passa por ser identificado por  Terras de Sicó ou Ladeia, porque o seu palco afinal se estendeu do Rabaçal, Pombalinho a Formigais.

 
Queijo dito do Rabaçal 
Denominação comum que perdura nos tempos compreendida nos concelhos das abas da serra de Sicó: Alvaiázere, Penela, Ansião, Pombal, Soure e Condeixa a Nova .
É um queijo curado de pasta mole, semi-dura a muito dura. A arte em reconhecer este queijo com bastante qualidade com fabrico nas regiões antes assinaladas de terra rossa,  calcária, pobre, onde predomina um tomilho por aqui chamado erva de Santa Maria  ao ser ingerida pelos animais, o leite absorve o seu  travo especial  que vai caraterizar o queijo na mistura certa de leite de ovelha (3/4) com o de cabra (1/4) e o uso do cardo seco este o fabrico artesanal  bem cinchado com poucos ou nenhuns buracos  na massa branca  Salgados os queijos devem ser lavados dia sim, dia não, durante alguns dias, no meu tempo era com uma folha de figueira seguindo-se a cura por um período mínimo de 20 dias em tábua em arejamento.
Trata-se de alimento completo, rico em gordura, proteína de alto valor biológico, ácidos aminados, ácidos orgânicos, elementos minerais, cloro, sódio, cálcio, fósforo e vitaminas A, B2 e B1.
O melhor queijo é o do mês de abril.

Origem do nome deste queijo ?
Segundo o Dicionário Enciclopédico, Lello Universal, editado pela primeira vez na década de 1930, com uma amostragem de uma foto de queijos, entre os quais o do Rabaçal, envolvido em corpo de cestaria.

Eça de Queiroz, tão atento a dimensões de identidade  pontua o queijo do Rabaçal na sua obra “A Cidade e as Serras”.

O nome  dado ao queijo Rabaçal  quando era produzido noutras terras limítrofes?
Julgo, sob melhor opinar que a celebrização do nome Rabaçal  depois do Senhorio do Rabaçal  foi continuado no século XX pelo itinerário da carreira do Pereira Marques, partia todos os dias de manhã da garagem em Chão de Couce, a caminho de Coimbra, durante décadas o único transporte destas gentes por onde ainda hoje o percurso passa, para as queijeiras das imediações do Rabaçal , sobretudo do Zambujal, souberam tão bem aproveitar como modo de escoamento o seu  queijo para suprir o seu sustento na venda no mercado diário de Coimbra. Tantas foram as vezes que também apanhei a carreira, mal chegada ao Largo do Zambujal havia sempre fila de mulheres em pé com canastras no chão tapadas com panos brancos de estoupa e  apressado o cobrador subia com as canastras  nas mãos para o tejadilho da carreira - difícil esquecer os cheiros dos queijos frescos, meia cura e secos até Coimbra...
Fotos retiradas de de http://astiascamelas.blogspot.pt/2015_09_01_archive.html
Portagem em Coimbra a Carreira na Portela 
Mal chegadas à baixa Coimbrã as mulheres com rodilhas à cabeça carregavam as canastras em correpio apressado no abanico de ancas a graça ao laço do avental na direção do mercado onde montavam a banca e começavam os pregões ...
" bom queijo curado e meia cura do Rabaçal" 
" oh freguesa veja os meus queijos".
" queijinho fresco" a clientela questionava a proveniência delas, de onde vinham - as queijeiras respondiam a pensar no paladar, no travo que as pastagens de tomilho confere ao queijo uma distinção especial e de boca cheia respondiam "queijo do Rabaçal minha senhora" por ser a terra mais sonante em detrimento doutras: Santiago da Guarda, Junqueira, Alvorge, Ribeira de Alcalamouque, Penela, Pombalinho , Cotas e,…
                                      Gosto de saborear o queijo em fatias finíssimas...  
A fermentação
Tem uma série de rituais de que, ainda hoje, existem vestígios: devem ser sempre brancos os panos que com os queijos contatem, fresco o local onde repousa o leite, frias, bem frias mesmo, as mãos de quem lhe toque no momento de o fazer , assim reza o ditado. 
No pote assado verde, também chamado açucareiro do almece, côa-se com o pano de estopa a mistura dos leites de ovelha e cabra a que se junta o coalho, flor de cardo ou de compra onde fica a coalhar à roda de uma hora junto à quentura do lume. Pronta a coalhada é despejada para uma bacia de faiança, há quem use a francela de madeira, recebi uma de herança, pasta bem espremida com as mãos para retirar o excesso de soro para a massa ficar mais compacta, por fim é enformada em cinchos ou acinchos em folha-de-flandres com buraquinhos por onde escorre o soro. Deixa-se o queijo repousar duas a três horas, por fim são cobertos de sal pelos dois lados e colocados a secar em lugar arejado e frio à roda de dois meses.
Ordenha
Recordações de ver a  minha tia Maria e a filha Júlia Silva no Bairro de Santo António diariamente  no curral de porta encostada a mugirem as tetas das ovelhas e da cabra para o açucareiro  e logo o punham na beira do lume a coalhar com o cardo que apanhavam junto ao poço velho do quintal e secavam. Adorava na cozinha assistir quase todos os dias ao ritual da sua feitura. Com os frangalhos de leite de ovelha faziam o almece que se comia com açúcar amarelo ou na malga em sopas com pão duro. Havia dias que a empreitada surdia mais, faziam um queijinho pequenino para nos regalarmos ao fim da tardinha -, gostava de ir buscar o sal à taça de esmalte, com os dedos esfarripar os cristais no queijinho e sentir na boca aquele sabor puxado a sal - os queijos maiores  punha-os na queijeira em fila sobre numa tábua de cantos arredondados suspensa com cordas presas no teto do hall de ligação da casa de baixo a caminho do sobrado. Dia sim, dia não os lavava com uma folha de figueira, depois secava com um pano de estopa e os punha de novo na queijeira, por fim já só os virava para curarem bem.  A minha mãe gostava de os comprar  às mulheres de Albarrol e da Portela de S. Lourenço - os mais afamados da região em meia cura no mês de abril - o ponto alto para o melhor  queijo do ano, os conservava com uma mistura de colorau doce e azeite,  quem também tinha uma mão divinal para os fazer como outra nunca conheci igual era a prima Albertina Lucas do Escampado Belchior , durante anos nos oferecia uma dezena pelo prado da Ferranha - queijos de forma redonda, limpissimos, alvos, e textura fina sem rendilhados...a derreter manteiga em 72 no colégio salesiano do Monte Estoril recebi uma encomenda pelos meus anos em maio que trazia um exemplar - mal chegou para aguçar o paladar das bocas em meu redor que se abeiraram, tal iguaria desconheciam, e se fartaram de tecer elogios...
Antigamente também havia gente que os guardavam depois de secos no mosqueiro, e se conservavam em talhas de azeite, a avó Rosa do meu marido os misturava na  arca do milho, que tinha na sala - ainda cheguei a enfiar o braço arca dentro à procura de um queijo do Rabaçal. 
Tempos de antanho via as mulheres na tosquia nas tardes quentes recolhidas na sombra de alpendres - as ovelhas, uma a seguir à outra, a todas elas tiravam o casaco à tesourada. Os animais eram dóceis, apesar de afogueadas queriam ver-se livres da lã. Vaidosas, e aliviadas davam saltos de contentes a passearem-se no adro de casaca nova, branca, com rasgos profundos de cortes desniveladas à toa disseminados pelo dorso, coisa da conversa  ... também das ovelhas  que não gostavam de estar amarradas na tosquia. Também é deste leite de ovelha que se faz o requeijão que adoro comer com doce de abóbora. No Carvalhal, na Nexebra e noutras aldeias de Sicó havia quem fizesse a sua produção caseira de queijo à base de leite de cabra, por ter mais cabras e menos ovelhas no rebanho. Estes queijos com mais mistura de cabra ao ser tragado " chia na boca ", sente-se no corte, parece mais plástico.
Maravilhoso desde o fresco, meia cura, e o seco que adoro, "rijo que nem corno" em sopas de café como a minha avó da Mouta Redonda comia, por não ter dentes assim o amolecia, eu tomei-lhe o gosto e ainda faço e adoro.


A certificação do queijo 
Qualidade na Produção
Desde os primórdios o fabrico familiar para governo da sua  casa , a venda servia para suprir a compra de açúcar, café, bacalhau, arroz, petróleo etc.  No meu tempo via aos sábados as mulheres chegarem com cestas de queijos e os vendiam por atacado em Ansião ao Sr Daniel, à irmã do Casal de S Braz e ao Sr Margarido de Santiago da Guarda,  intermediários que os traziam para Lisboa.
Hoje o que existe são marcas registadas com nomes de variantes de queijos ditos Rabaçal. 
O que falta? Denominação deste queijo. O rigor das qualidades do leite, uso de cardo e ritual de feitura. Claro de outros queijos também, sendo mais baratos, apelativos para quem tem menos posses.
Nos programas televisivos onde se mostra a produção de queijo Rabaçal nas várias fábricas o que se constata é a chegada de camions cisterna com leite trazido de outras origens, de vaca, essa a verdade.Numa reportagem na Feira dos Pinhões, em Ansião, uma produtora de uma fábrica afirmou gastar diariamente entre 10.000 a 11.000 litros de leite, o que explica a mistura de outros leites vindos de fora, e isto não é que seja mau. A falta de leite de ovelha e cabra da região, para se perceber a chegada diária de excedentes de leite com outra origem  às  fábricas,  para a confecção de queijos variados. Apesar da ostentação de nomes  de marcas certificadas quase toda a produção com derivados do puro queijo do Rabaçal, para mim que o conheço desde sempre, o sei reconhecer . Há contudo queijeiras certificadas que produzem o queijo em pequenas quantidades e o vendem a retalho, mas até esse pode ter falsificação porque só pensam no lucro, em faturar, querem lá saber da tradição e do preceito na mistura certa dos leites, fiquei horrorizada ao saber há  anos chegaram a misturar leite em  pó...Pior é as queijeiras certificadas darem uso a bacias de plástico em detrimento de recipientes em barro vidrados. O certo!
O plástico com o uso vai libertando partículas que se entram no leite e claro nos queijos...
Em rigor devem existir várias qualidades de queijo na relação  preço/qualidade. O  verdadeiro, o genuíno, o mais caro com outros até ao mais barato com mistura de leite de vaca, aliás como outras congénitas fazem, em que o consumidor não deve ser jamais enganado.
Por fim a meu ver não foi ganha a  aposta  do genuíno ao falhar a angariação de grandes rebanhos para pastoreio com produção suficiente de leites para a feitura do queijo. Na região existem por volta de 1000 animais, nitidamente insuficiente e rebanhos deviam ser aposta  na região a  incrementar o turismo, além da produção do verdadeiro queijo, a ser  certificado, o novo título - Terras de Sicó ou Ladeia! 

Há anos que não apanho um verdadeiro queijo do Rabaçal! 
Os que apresento comprei-os a uma queijeira certificada no mercado de Ansião que os tinha frescos e meia cura, deles tenho andado ocupada com lavagens para secarem - porque adoro o queijo bem rijo - não é "mau", pelo menos é de pasta compata sem rendilhados, cujo travo para quem reconhece, não é genuíno. Não julguem que é só por aqui que se aldraba a feitura do queijo - pensem em todos os outros queijos neste nosso Portugal . Houve um tempo que o excedente de leite de Trás os Montes era escoado para a Serra de Estrela, para fazerem dele o queijo mais caro de Portugal, até ao dia que os transmontanos se lembraram de o certificar como queijo Terrincho e fizeram muito bem.
Acaso continuasse a  especular, outras descobertas acredito me espantariam!
Pior é o preço exorbitante à roda dos 16€ no mercado de Ansião - Francamente é roubar.
  • Numa das fábricas no Rabaçal  a caminho do Pombalinho ronda os 11 € o dito genuíno de mistura cabra e ovelha.
  • O queijo de 2ª escolha tira-se a 5 €, é francamente bom.
  • O fresco a unidade custa 3€ e é grande e o requeijão 1€!
  • Os queijos da 1º escolha  custa o quilo 6,50€.
  • Por estas terras do Maciço de Sicó oferece-se queijo -  o meu  amanteigado foi comprado na fábrica do Rabaçal, o aprecio com bom pão, também se come chouriça e um bom copo de vinho a quem apareça de surpresa, por sorte ainda Pão-de-ló , os lesmas, as fazem sempre ao domingo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Virgílio Rodrigues Valente, ao Fundo da Rua em Ansião!

Foto tirada a norte da Rua Direita de costas para Além da Ponte 
O grande prédio de gaveto em forma de L da Família "Rodrigues Valente" com letreiro publicitário pintado na quina .
O candeeiro a petróleo; lampião na quina do prédio. Candeeiros com braço de ferro forjado, foi obra do Dr. Domingos Botelho de Queiroz . Só chegou a eletricidade por volta de 1938.
Deslumbra-se ainda a norte grande mimosa na esquerda.
O Padrão e,...

De que data será o postal? 
O prédio Valente" em 1903 já existia segundo Alberto Pimentel no seu Livro Estremadura Portuguesa hospedou-se no "Hotel do Valente". 


O painel azulejar com o nome de Ancião
Colocado a norte do prédio "Valente" pelo Automóvel Club de Portugal fundado em 1903 com  a primeira edição do Mapa das Estradas em 1928. 


Origem do nome Fundo da Rua
 
A construção da Ponte da Cal  cujo contrato de adjudicação encontrei em 1648, veio a  proporcionar a ativação da antiga via romana, agora medieval chamada Rua  Direita, que seguia na direção da atual igreja, para o Cimo da Rua. 
Nos finais do séc. XIX, altura crucial  em Ansião de grande empreendedorismo com o rasgo de novas estradas. A estrada distrital Vieira/Pedrogão, cotou a Rua Direita , nascendo um cruzamento, criando dois novos topónimos; Fundo da Rua e Cimo da Rua ( Direita). 
Seguida da abertura da  Rua Combatentes da Grande Guerra em 1903.

A origem dos apelidos compostos 
Rodrigues Valente ao Fundo da Rua, na vila de Ansião 

Na boca do genealogista de Ansião Henrique Dias
" São tantos os Rodrigues Valente em várias épocas e Lugares que é possível ter o puzzle familiar engatilhado. Mas quanto mais peças se encontrarem, mais fácil é de o tirar a limpo. "
Verifica-se a quem nos pede ajuda a mim ou ao Henrique na procura da sua ascendência com estes apelidos e já foram vários - todos se referem à sua suposta ligação ao Café Valente do Fundo da Rua. A importância da referência, por ter sido de todos o que se estabeleceu na vila e do seu estatuto enquanto fundador do primeiro Café na vila de Ansião, poiso da intelectualidade onde se falava e discutia a globalização e se recitava poesia.
O elo de onde irradiou o apelido Rodrigues Valente, alcunha Frigideiras,  foi na Constantina, na entrada do lado esquerdo para sul.Onde alguns filhos partiram por casamento e  passaram a morar na terra das mulheres.

O meu trisavô paterno Nicolau Rodrigues Valente , casou com Emília da Conceição
Tiveram um filho Francisco Rodrigues Valente, o meu bisavô nascido no Canto ( onde é a casa do Zé Júlio), hoje Rua Políbio Gomes dos Santos .

Maximiano Rodrigues Valente casou na Fonte Galega
Casimiro Rodrigues Valente, solteiro, negociante em Lisboa
Joaquim Rodrigues Valente , sapateiro
Manuel Rodrigues Valente, casado, sapateiro em Albarrol
Mamede Rodrigues Valente, solteiro, de Albarrol, sapateiro em Olhalvo
António Rodrigues Valente, solteiro, sapateiro, em Leiria 
João Rodrigues Valente casou nos Nogueiros . Perguntei ao Sr. João, sacristão, nascido nos Nogueiros, se conhecia a casa onde os pais de Virgílio Rodrigues Valente teriam vivido - disse-me também já lhe tinham perguntado sobre isso, mas desconhecia.
e,...

Pedidos de Passaporte

O meu bisavô Francisco Rodrigues Valente
Pediu passaporte em 1906, como a esposa estava grávida do meu avô José Rodrigues Valente, só emigrou em 1908. 
Outros que pediram, seriam primos; 
Adelino dos Nogueiros  em 1908 
António dos Nogueiros, em 1909, quiçá irmãos de Virgílio.
E João da Constantina em 1909, seria primo de ambos. 

Virgílio Rodrigues Valente 
Data de Produção 1912-05-24
Idade: 15 anos
Filiação: João Rodrigues Valente / Maria Angélica Valente
; pais, 
Constantino Freire da Paz e Maria da Conceição Duarte, ambos de Ansião
Naturalidade: Vila / Ansião
Residência: Vila / Ansião
Destino: Santos ( Brasil )
Observações: Escreve


Pelos dados do registo presume ter nascido em 1887. Não localizei o registo de batismo em Ansião nesse ano. Teria nascido antes de 1887. Regressou do Brasil em finais do século XIX. Porque o café já existia em 1902, onde esteve hospedado Alberto Pimentel.  Presume ainda que em 1912, pediu de novo passaporte, mas, os dados estão mal e sim, nesta altura já vivia na vila. 

O Fundo da Rua 
Já existia a pensão dos pais da sua futura esposa  "Maria das Caldas". 
A  alcunha  indicia origem nas Caldas da Rainha, onde ainda há família.
Encontrei tradição de gente de Ansião ir a banhos às Caldas, num livro da Misericórdia de Ansião. Tenha sido essa a origem da Maria das Caldas, a regressar com os pais à terra pelo quinhão na herança? ou não para viverem da pensão . 

Virgílio Rodrigues Valente compra o lote de gaveto onde sediou o Café Valente, ao Dr. Domingos Botelho de Queiroz, favorecido pela nova estrada , adoçado ao prédio dos sogros .
 
Partilha de Renato Freire da Paz
O seu bisavô Constantino Freire da Paz era da vila e já o seu pai, avô e bisavô . Recebeu em batismo o mesmo nome do padrinho o Presbítero Constantino José de Paula, seu pai meu trisavô João Ignácio Freire da Paz, também de Ansião, teve por padrinho o capitão mor João da Silveira Furtado. Este presbítero teve a sua casa em chão da quinta da família. Presumo que fosse onde viveu o Sr. Nogueira, alguns se devem ainda lembrar da sua arquitetura de frontaria austera e a norte já no meu tempo tinha havido desmoronamento do que ali houve. Casa medieval o projeto de requalificação previa a manutenção da fachada- a mais antiga na vila, debalde numa noite eis que cai e se desfez...

Encontrei o batismo de Maria do Carmo 10.04.1887 do Moinho das Moutas
Outra filha de Constantino Freire da Paz, jornaleiro, e Maria da Conceição Duarte, naturais da vila. Neta paterna  de João Ignácio Freire da Paz e Thereza de Jesus. Neta materna de Francisco Duarte e Bernardina de Jesus. Padrinhos; José Rodrigues Valente, oficial de Diligencias do juízo da Comarca e Margarida da Conceição, casados, moradores na vila.

Os dados  da família de Constantino Freire da Paz casado com Maria da Conceição Duarte, sendo ela  do Moinho das Moutas, em chão que foi de um Morgadio, que se estendia ao atual Fundo da Rua. Presume com a sua extinção por lei do rei D. Luís, em parte foi adquirido  pela família Duarte no Moinho das Moutas, onde tiveram muito chão desde os Olhos d'Água e o Dr. Domingos Botelho de Queiroz, a parte a entestar com a Rua Direita que contemplava a atual Mata.  
O  Constantino é trisavô do Renato Freire da Paz, foi  batizado com o nome do padrinho, o Presbítero Constantino José de Paula. Portanto com parentesco na mesma família. Fecha a razão da  mãe da Anabela Valente ser  prima direita do marido, o comandante Artur Freire da Paz, tiveram de pedir dispensa ao bispo para casar. E ainda a razão da pensão ali, em chão que teriam herdado ? ou comprado .Outra parte da quinta ficou conhecida por quinta do Paredes, segundo se recorda o Sr. Fernando Silva.

O Patriarca Virgílio Rodrigues Valente 

O teria sido homem incompreendido, de mente sábia, sem medo, aventureiro, atravessou o oceano para absorver do Brasil o leque de oportunidades para novos negócios que o transformou num empreendedor visionário, olhando ao tamanho do prédio onde montou o primeiro Café em Ansião. Onde servia o famoso café de saco, feito na cafeteira ao lume com ciência de assentar a borra com água em prol de o coar como os brasileiros. Em miúda assim o ouvia dizer e, nesse propósito assim era feito na nossa casa, o que revela era gente de partilha. O café era feito com a água  a ferver que se retirava do lume para pôr o café , mexia-se com a colher e era  acrescentado com água fria para assentar, técnica que resulta sempre até aparecer a máquina italiana Cimbalino, nome por que veio a ficar conhecido o cafezinho "cimbalino" no Porto  e em Lisboa "bica". 

Na minha perspetiva Virgílio Rodrigues Valente foi um homem  com alma de artista, de certa forma incompreendido, com Obra feita, viveu à frente do seu tempo!
Dele se falava ser homem de silhueta entroncada com alma de artista e feitio gozão. Não o conheci. Outros  não aprovavam  o seu estar peculiar que elevo ao jus do pensar filósofo "o humor depende mais de quem o recebe do que de quem o faz" ou ainda o humor nunca é uma guerra pessoal, trata-se de piada sobre qualquer coisa para espicaçar mentalidades!
Acaso se tivesse radicado numa grande cidade por certo seria um nome a marcar os negócios nos anais da história para em Ansião ser recordado como Ilustre Ansianense!

Virgílio Rodrigues Valente e Maria das Caldas 
Tiveram seis filhos,  privilegiados de belo olhar azul e outros castanho, a puxar origem na minha teoria do povo povoador destas terras com origem franco alemã com cruzamento judaico; três raparigas e três rapazes; Virgílio, Eduardo, João, Claudemira e Fernanda

Virgílio Rodrigues Valente (Júnior)
O primogénito recebeu o mesmo nome do pai .Ainda o conheci bem, era chauffeur de táxi onde andei várias vezes, casado com a Srª D. Lucinda Leal Fonseca, uma senhora de alta silhueta, vistosa e olhar doce a matiz esverdeado com mãos de fada na arte do corte e costura. Tiveram quatro filhos em que o seu primogénito veio a receber o nome do patriarca da minha idade, o mais glamoroso pela beleza do olhar lânguido em relação aos outros igualmente bonitos e inteligentes -, a Ana Maria, Cristina e o mais novo o Pedro.

O poeta ! O grande João Rodrigues Valente!
Sem ter o seu nome atestado na toponímia de Ansião e no seguimento das minhas pesquisas com a migração para aqui e daqui para fora até ao Algarve.
A curiosa existência encontrar um nome igual atestado na toponímia - Rua João Rodrigues Valente em Quelfes - Olhão.  E em Ansião, esquecido!
Além de poeta sabia como ninguém fazer uma quadra, homem bonito , mais velho julgo 10 anos, não resistiu ao encantamento  da Srª D Aurora, quando se hospedou na pensão dos pais para trabalhar nos correios. Tão pouco o futuro sogro, cuidadoso, pressionava as outras noras na cozinha para terem a tempo e horas o almoço, porque a menina vinha almoçar a casa e tinha de cumprir horário. A menina - veio a ser a sua esposa a Srª D. Aurora, senhora de alta silhueta, bonita e vistosa ainda hoje essa beleza se evidencia,  natural de Vilarinho na Lousã . Tiveram 3 filhos a Maria João, o João  que Deus levou tão cedo e, o Rui Valente todos vestidos de olhar doce a puxar à mãe D. Aurora que tão bem conheço por ter sido colega da minha mãe nos Correios .
 
A escolha de um seu poema escrito em 1956, ano anterior ao meu nascimento. 
Pensamento Livre 
«Que importa que me prendam e me algemem as pernas e os braços? Que importa que me metam em cavernas e me tratem como farrapos velhos? Mesmo assim, algemado, acorrentado, com a carne a sangrar, o pensamento há-de ser livre e hei-de pensar e arquitetar o que quiser, pois não há cadeia nem corrente que evite que se pense livremente… »
No meu tempo de juventude ouvi falar que os irmãos (João e Eduardo) não deixavam " os cachopos casaleiros entrar no Café que ali acorriam ao chamamento da caixinha mágica espreitando pela persiana da vidraça, sobretudo o Eduardo corria com eles aos gritos, seus cachopos de merd"… conhecendo-se a linha de pensamento livre, seria tanto assim (?). O primeiro lugar onde comprei bons gelados "Olá" de leite e cobertura de chocolate, hoje ainda os que há, são tudo menos gelados como nesse tempo!

Eduardo Rodrigues Valente
O Eduardo era igualmente um homem bonito. Casou com a "Nikas" filha de Armando Coutinho, que vivia no Canto. Tiveram duas filhas a Nídia e Eduarda ,miúdas alegres, giras de tez morenaça e muito inteligentes.

Fernanda Valente
Senhora de linhos olhos azuis casou com Artur Freire da Paz, parece que eram primos direitos (?) tiveram de pedir autorização ao bispo, uma confidencia dum sobrinho o Renato. Tiveram uma filha a Anabela, herdou os mesmos belos olhos azuis, de menina mulher de festa ,puxou genes ao pai. homem de teatro.

Claudemira Valente  
Foi casada com o taxista Sr. Estrela e da sua bela moradia ao Moinho das Moutas. Tiveram dois filhos. Só conheço a filha a Prof Claudemira, recebeu o mesmo nome da sua querida mãe. Recordo um dia de alguma festa em que passei ao Fundo da Rua onde estavam as senhoras à  porta que fazia também de janela da que tinha sido a pensão. Casou com o Sr. Antero Morgado. Tiveram dois filhos. Um é o Dr. Leonel Morgado.

Maestro Virgílio Caseiro
Alguma dificuldade  em o relacionar porque o seu pai que bem conheci o "Sr. Alberto Estrela" pelos vistos alcunha  de apelido "Caseiro", bisneto do patriarca Virgílio Rodrigues Valente. Aos 70 anos, o Maestro Virgílio Caseiro, a morar em Coimbra. No Algarve tabelei conversa com um casal de Coimbra, falámos de Ansião, logo me perguntam se conhecia o Maestro, claro que sim o conheço de ouvir falar, o que já não é pouco. Foi agraciado com medalha em Ansião.

Foto anos 38/40 (?)  do Prédio da Família Rodrigues Valente  
 Já não ostenta o lampião olhando às letras déco Café Valente do reclame eletrificado no globo de vidro coalhado na fachada norte.
No prédio a norte estão afixados além da Caixa de Correio, reclames publicitários.
Quem será o homem na foto? Deve ser o próprio  patriarca Virgílio Rodrigues Valente!
Orgulhoso de peito cheio na frente da sua grande obra!
Café  onde se reuniam os caixeiros viajantes com as novidades, anedotas e aldrabices no melhor do carisma de cada um e ainda palco de pequenos ensaios teatrais com o Artur Paz e a D. Fernanda, os irmãos "29" D. Fernanda e o Júlio a que se juntava o César Nogueira e outros amigos de Ansião para depois no palco do Ensaio se representar a peça teatral. Nos dias d'hoje  a Anabela Paz recebeu de herança da mãe um baú com trajes dessa época e acessórios para representar esta arte há tantos anos enraizada na família para na tradição  reviver com as primas essa arte em festas de cariz especial.
O Café Valente foi ainda palco em juntar homens de saber onde se discutia política e se declamava poesia.
Por altura da instalação da luz elétrica 
O candeeiro suspenso ao meio do cruzamento .
" A Varanda da Europa"
Publicidade à dimensão  daquele tempo do conhecimento europeu aqui discutido e vivido!
No prédio foi reposto em finais do século XX o candeeiro de braço. 
Semáforos.
                               
O portão do prédio Valente a norte abria com aldraba
Entrei algumas vezes ao portão para usar a bicicleta vermelha da Anabela Paz para aprender a andar na então estrada para Pombal... Também me recordo em miúda de entrar no Café Valente onde por cima da porta na quina da parede havia uma prateleira com a televisão, um aparelho Philips com botões de lado igual à dos meus pais, no canto esquerdo havia a cabine telefónica do posto público do assinante nº 3 do PBX do Correio, ao meio não faltava a mesa de bilhar forrada a felpo verde com a parede com tacos à espera de jogador, no balcão atendia a clientela  o João ou o irmão Eduardo, embora tivesse o seu emprego na câmara como aferidor de pesos e medidas pelo meio do café haviam mesas de pé de madeira com tampo em mármore preto raiado de branco. 




FONTES
Fotos do arquivo municipal de Ansião
Fotos do google
Memórias Paroquiais
https://digitarq.adlra.arquivos.pt/details?id=1111955
Testemunhos de Henrique Dias, Renato Freire da Paz e Dr Leonel Morgado

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Lendas do Nabão e a moenga das herdades de Façalamim e de Ansião

Seguindo o corredor da via romana de Vales, Vale de Boi para Ansião

Serradas de Cima e  de Baixo, no Pinheiro
Propriedade que foi do meu bisavô Elias da Cruz, que viveu no Alto, ao Vale Mosteiro, comprada a um amigo José Marques André , aqui nascido e depois de casado com uma mulher de Aljazede, foram morar ao largo do Ribeiro da Vide. 
Nesta terra do Pinheiro, semeava o meu bisavô,trigo e aveia, para fazer o pão na sua padaria, contratava as pessoas pobres dos lugares vizinhos: Caniço; Pinheiro, Anacos e Lousal , que dele falavam “chegava montado na sua charrete na companhia de uma mulher e traziam um poceiro com comida, a sua burra branca despertava interesse, ninguém antes vira um animal desta cor”
A sua propriedade confinava com o pai do Dr. Vítor Faveiro, do Zé André, do Elísio e com a calçada romana a intermediar as propriedades. Os cachopos a caminho da escola do Vale de Boi tomavam o caminho da antiga via romana saltavam o muro da propriedade do meu avô onde se entretinham em atirar pedras para os buracos dos penedos (grutas), esperando até ouvir o barulho estridente, um dos seus divertimentos, em que a Elisabete, menina linda do Pinheiro foi  uma delas, o Emídio, a Elvira e o Fernando também.
 
Quelho das Caneiras
As mulheres do Caniço, Pinheiro, Anacos e Lousal desciam  com gamelas de madeira na cabeça para lavarem a roupa, uma vez por ano aguavam cobertores, despejavam os colchões da palha de centeio para os lavar e voltar a encher de palha nova, lavavam também as ovelhas para na tosquia a lã ser vendida branquinha sem cheirar a “ cebum”. Noutros tempos a ribeira do Nabão, no sítio dos Mouchões, no linguarejar doutros tempos assim se falava - algumas o pronunciam “Maróchões”. 
A gamela, essa, tinha outra serventia: transporte da lavaje aos porcos e tirar água na picota dos poços.
 
Açude das tamargueiras que florescem em cor de rosa...
A graça da cascata  aos Mouchões

Por estes recantos de cariz rural e bucólico contam-se lendas...
Lenda de duas meninas moiras
Reza a lenda que viviam numas grutas nos Poios, na Mata da Mulher, atravessavam o Nabão subiam o Quelho dos Caneiros direitas ao Caniço à casa da tecedeira Maria moleira onde a ajudavam a preparar o linho, batiam com o maço, fiavam, e pela manhã a tecedeira via o pano tecido.

Lenda da falta de água no verão
"(...) do seu roubo da ribeira do Nabão por um mouro para a nascente do Anços". Conta-se que existia para os lados da Redinha um rei que tinha uma filha muito linda pela qual o mouro se apaixonou, afoito não teve receio de pedir a mão da sua amada ao rei que lhe achou piada, até ousadia, prometendo dar-lhe a filha em casamento mediante um acordo, concedia-lhe a mão da sua filha sim, se o dito mouro lhe pusesse um rio à porta do seu castelo. Valente e apaixonado mouro para ter escavado um grande o túnel desde os Olhos d’Água atravessando os fundos da serra de Sicó dando o rebentamento de Anços que brota em força, e assim ficámos sem água no Nabão no verão em Ansião…

Nabão em  secura os limos  cobrem as pedras aos Poios na frente da Gruta do Calaias 
No mesmo local o Nabão com águas correntes e agriões 
Ponte dava acesso a terras e a um moinho de água a ligação aos Nogueiros abrindo perspetiva do seguimento da estrada romana vinda de Vales,Santana, Nogueiros, Poios Ansião
 
Moinhos João da Serra
Termo "munho" desde miúda em Ansião ouvia sem perceber o seu significado então associado ao Sr. António Bernardino também conhecido por " António dos Munhos" pessoa afável e assídua na nossa casa em tempo longínquo a desentupir os bicos do fogão Singer...O "Sr. Bernardino dos Munhos" que Deus tem,  partiu tão cedo e a sua esposa D. Lucinda foi para sua companhia este ano, ambos com tanto saber sobre Ansião que ficou por perguntar.  Afinal trata-se de alcunha do local que hoje perpetua a toponímia com o nome de Moinhos João da Serra.
 
Uma tradição da região centro até arrabaldes de Aveiro de chamar munho, às pequenas azenhas ou moinhos de água, como aos moinhos de vento que rodam à força de um homem, segundo me esclareceu na dúvida a minha mãe.
 
A arquitetua da abertura da passagem de água dos munhos é  semelhante a muita boca de fornos de cozer a broa com abertura em "V" invertido  .
 
Alencar sobre a genealogia João da Serra
Apelido vivo em Ansião (Josefa Serra casou em 2ªas núpcias com Belchior dos Reis, com provável origem na família nobre da Lousã, que se ramificou na Ameixieira, Casais Maduros, Chão de Couce, Aguda , Escampado e pelo Mundo.
O olhar de um Serra que viveu no Casal Soeiro, atrás da capela,  lembrou-me o mesmo olhar do irmão do meu pai, o Francisco . Houve parentesco, até porque temos terras confinantes.
 
A autarquia devia investir desde a Ponte Galiz ao Marquinho na requalificação das margens, reabilitando pelo menos um moinho de água para dar a conhecer às escolas e ao turismo,  com forno para cozer o pão. Como manter as levadas. Por ter sido uma zona importante do passado da história  da riqueza das herdades de Façalamim e de Ansião.

 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Feira de velharias na Praça Velha de Coimbra

Há anos que não frequentava a feira de velharias de Coimbra, o tempo ditou o passeio porque estava por terras da aba de Sicó.Demorei horas a falar com os colegas na sua maioria meus conhecidos,outros apenas de vista. O João de Mafra arrumava a banca , a sua 1ª vez nesta feira confidenciou-me a burocracia de ter de aguardar pelas 9 horas para abancar, trazia uma bela cómoda de pau preto, alta com torneados nas quinas e belas ferragens, o primeiro gavetão fazia de escrivaninha tal o número de gavetinhas...amargurado se sentia por não ter sido flexível por causa de 30€ -, a deixou de vender na feira anterior...encontrei o Joaquim, homem loiro divorciado que conheci na feira de Tomar, voltei a estar  com ele em Pombal - Carlos de olhar triste e apático, nas mãos livros de filosofia nostálgica aprecia leitura constante, tinha um belo prato de faiança de José Reis Alcobaça com pintura minimalista finais do século XIX - dizia-me " é Vilar de Mouros " a sorrir no meu jeito de DIZER AS COISAS, no caso  sem  quaisquer dúvidas que estaria certa na minha atribuição, pedi-lhe amavelmente para o fotografar.
Pena fiquei de não ter trazido a enfusa de Cantão Popular...ao meu marido perguntou quanto dava por ela, depois a mim pediu uma exorbitância.  Conversei com o  Sr João de Oleiros e da Amadora com a esposa Maria de Jesus, vendem loiça e linhos antigos  - ainda me perguntaram se tinha trazido os caixotes...no Sr Manel e esposa Helena da Batalha comprei uma braseira de cobre para usar debaixo da mesa no almoço que ofereci para oito pessoas no domingo - os meus compadres e os pais da Odete.Fiz uma boa canja de galinha cozinhada ao lume em tacho de barro servida em terrina da Cesol de Coimbra, cataplana de alas de maruca, tamboril e camarões ,fechei com fondue de chocolate e variedade de frutas e claro velozes de abóbora, arroz doce, pão de ló, bolo rei - ela trouxe molotof.



Conversei com o colega obeso de Seia cujo nome esqueci e não consigo relembrar - simpatiquíssimo neste dia ao invés do carisma nefasto e azedo da última feira em Tomar no final de verão - sei agora que é bipolar - só podia! Tinha como sempre na banca belos exemplares: uma bacia e um prato de Estremoz ; Fervença ; Darque; Coimbra; Alcântara e,...
Havia noutra banca belos exemplares  e grandes de Cantão Popular, uma malga de Miragaia e outra faiança interessante. Numa banca que desconheço o vendedor havia peças muito boas e de Fervença  como este prato - aliás em melhor estado de conservação do que o apresentado.

Este prato que vi há tempos neste meio blogista, e tive dúvidas da sua autenticidade por apenas haver uma única foto do mesmo. Desta vez tive um na mão, as cores, o esmalte, o brilho é inigualável - e, sem dúvidas atestei ser essa a sua proveniência - Belo exemplar pelo preço com desconto de 400€!
Se nessa altura ofendi com o meu comentário CONTRADITÓRIO confesso tal  propositura foi sem intenção - mas sinto devo pedir desculpas ao dono do exemplar, e a quem o postou.
Outro exemplar de Fervença
  Havia na feira muita qualidade de artigos  a preços insuportáveis!

Fui matar saudades ao Nicola na Ferreira Borges recordar tempos de infância - em que o empregado dizia para a minha mãe " e para a menina o que vai ser?" desforrei-me a comer um bom bolo com chantily e um salgado maravilhoso sem gordura e muito fresco. Perdi-me nas montras da Briosa mas acabei por enfeirar bolos artesanais numa camponesa de avental com a pucieira de verga cheia de bolos de Ancã e merendeiras de passas a fazer lembrar tempos que as via pelo mercado - agora os vende ás escondidas nas escadinhas de acesso à Praça Velha antes dos sanitários.Ainda comprei um ramo de geribérias amarelas com azevinho para o meu oratório.
 
Remato com esta foto em frente da Igreja de Santa Cruz...cuja fachada em pedra de Ancã desfalece a olhos vistos com a erosão - euzinha de botas abertas à frigstone - termo por mim inventado há 30 anos! Achei piada ao homem fardado e medalhado na quina do portal, vi outro assim igualzinho no Funchal há anos...

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