Seguindo o corredor da via romana de Vales, Vale de Boi para Ansião
As mulheres do Caniço, Pinheiro, Anacos e Lousal desciam com gamelas de madeira na cabeça para lavarem a roupa, uma vez
por ano aguavam cobertores, despejavam os colchões da palha de centeio
para os lavar e voltar a encher de palha nova, lavavam também as ovelhas
para na tosquia a lã ser vendida branquinha sem cheirar a “ cebum”. Noutros
tempos a ribeira do Nabão, no sítio dos Mouchões, no linguarejar
doutros tempos assim se falava - algumas o pronunciam “Maróchões”.
Serradas de Cima e de Baixo, no Pinheiro…
Propriedade que foi do meu bisavô Elias da Cruz, que viveu no Alto, ao Vale Mosteiro, comprada a um amigo José Marques André , aqui nascido e depois de casado com uma mulher de Aljazede, foram morar ao largo do Ribeiro da Vide.
Nesta
terra do Pinheiro, semeava o meu bisavô,trigo e aveia, para fazer o pão
na sua padaria, contratava as pessoas pobres dos lugares vizinhos: Caniço; Pinheiro, Anacos e Lousal , que dele falavam “chegava
montado na sua charrete na companhia de uma mulher e traziam um poceiro
com comida, a sua burra branca despertava interesse, ninguém antes vira
um animal desta cor”.
A sua propriedade confinava com o pai do Dr. Vítor Faveiro, do Zé André, do Elísio e com
a calçada romana a intermediar as propriedades. Os cachopos a caminho
da escola do Vale de Boi tomavam o caminho da antiga via romana saltavam o muro da propriedade do meu avô onde se entretinham em atirar pedras para
os buracos dos penedos (grutas), esperando até ouvir o
barulho estridente, um dos seus divertimentos, em que a Elisabete,
menina linda do Pinheiro foi uma delas, o Emídio, a Elvira e o Fernando
também.
Quelho das Caneiras
A gamela, essa, tinha outra serventia: transporte da lavaje aos porcos e tirar água na picota dos poços.
Por estes recantos de cariz rural e bucólico contam-se lendas...
Lenda de duas meninas moiras
Reza a lenda que viviam numas grutas nos Poios, na Mata da Mulher, atravessavam o Nabão subiam o Quelho dos Caneiros direitas ao Caniço à casa da tecedeira Maria moleira onde a ajudavam a preparar o linho, batiam com o maço, fiavam, e pela manhã a tecedeira via o pano tecido.
Lenda da falta de água no verão
"(...) do seu roubo da ribeira do Nabão por um mouro para a nascente do Anços". Conta-se que existia para os lados da Redinha um rei que tinha uma filha muito linda pela qual o mouro se apaixonou, afoito não teve receio de pedir a mão da sua amada ao rei que lhe achou piada, até ousadia, prometendo dar-lhe a filha em casamento mediante um acordo, concedia-lhe a mão da sua filha sim, se o dito mouro lhe pusesse um rio à porta do seu castelo. Valente e apaixonado mouro para ter escavado um grande o túnel desde os Olhos d’Água atravessando os fundos da serra de Sicó dando o rebentamento de Anços que brota em força, e assim ficámos sem água no Nabão no verão em Ansião…
Nabão em secura os limos cobrem as pedras aos Poios na frente da Gruta do Calaias
No mesmo local o Nabão com águas correntes e agriões
Ponte dava acesso a terras e a um moinho de água a ligação aos Nogueiros abrindo perspetiva do seguimento da estrada romana vinda de Vales,Santana, Nogueiros, Poios Ansião
Moinhos João da Serra
Termo "munho" desde miúda em Ansião ouvia sem perceber o seu significado então associado ao Sr. António Bernardino também conhecido por " António dos Munhos" pessoa afável e assídua na nossa casa em tempo longínquo a desentupir os bicos do fogão Singer...O "Sr. Bernardino dos Munhos" que
Deus tem, partiu tão cedo e a sua esposa D. Lucinda foi para sua
companhia este ano, ambos com tanto saber sobre Ansião que ficou por
perguntar. Afinal trata-se de alcunha do local que hoje perpetua a toponímia com o nome de Moinhos João da Serra.
Uma
tradição da região centro até arrabaldes de Aveiro de chamar munho, às pequenas azenhas ou moinhos de água, como aos moinhos de vento que rodam à força de
um homem, segundo me esclareceu na dúvida a minha mãe.
A arquitetua da abertura da passagem de água dos munhos é semelhante a muita boca de fornos de cozer a broa com abertura em "V" invertido .
Alencar sobre a genealogia João da Serra
Apelido vivo em Ansião (Josefa Serra casou em 2ªas núpcias com Belchior dos Reis, com provável origem na família nobre da Lousã, que se ramificou na Ameixieira, Casais Maduros, Chão de Couce, Aguda , Escampado e pelo Mundo.
O olhar de um Serra que viveu no Casal Soeiro, atrás da capela, lembrou-me o mesmo olhar do irmão do meu pai, o Francisco . Houve parentesco, até porque temos terras confinantes.
A autarquia devia investir desde a Ponte Galiz ao Marquinho na requalificação das margens, reabilitando pelo menos um moinho de água para dar a conhecer às escolas e ao turismo, com forno para cozer o pão. Como manter as levadas. Por ter sido uma zona importante do passado da história da riqueza das herdades de Façalamim e de Ansião. | |
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