segunda-feira, 18 de março de 2013

O chegar das novidades na vila de Ansião na década de 70...


As boas lembranças e novidades que vivi por Ansião
Advento da CUF… Fábrica de alcatifas, tapetes e tapeçarias que foi deslocalizada do Barreiro no início da década de 60, para engrandecimento da vila de Ansião, pela mão do Dr. Vitor Faveiro. Além da fábrica vieram funcionários e famílias que aqui se radicaram: Rainho, Serrano, Milheiro, Salvador, Marques e, …cujos filhos foram meus colegas na escola primária e depois no Externato. Na minha primeira visita de estudo na disciplina de português com o Dr. Prates Miguel -, ao tempo a redação eleita, assim se chamava na altura, foi a do Silvestre do Casal de S. Brás, por se revelar uma composição aberta..."quantos operários fabris ali trabalham, serão dezenas, centenas, homens e mulheres que vejo diariamente a caminho do turno da CUF..." em detrimento dos demais e da minha, num formato fechado... fui com o Dr Prates Miguel visitar a fábrica da Cuf..." Falar do Dr. Prates Miguel, boas são as recordações deste homem alentejano de Montargil que com 25 anos aportou a Ansião como Professor do Externato, ficando acomodado julgo ao Fundo da Rua (?), mas segundo o comentário a Pensão Valente, nesse tempo já não existia, assim julgo o foi na vila algures acolhido em franca hospitalidade (?). Veio a namorar com a filha mais velha do João Valente, que trabalhava com o irmão Eduardo no Café Valente, minha colega de turma no Externato-, a Nídia Maria Coutinho e Valente...miúda irreverente, de signo fogo, na sorte em ter nascido no feriado do primeiro de dezembro, fazia questão de referenciar vivamente a todos o seu nome com -, "e Valente", adolescente morena, gira, inteligente e mui moderna. Casaram sendo ele mais velho, ela com dezoito anos. Professor sensível e humano na véspera do "Dia de Todos os Santos" dirigiu um convite aos rapazes da minha turma -, quem o queria acompanhar no seu Mini a Montargil visitar a campa da sua querida mãe. Homem agarrado às tradições e saudades do passado contou à turma como o moinho que o viu nascer foi arrasado para a construção da barragem .Inegavelmente para mim o Professor que mais guardo boas memórias até hoje, por as aulas serem de cariz descontraído-, imagino ainda vê-lo sentado na quina da secretária a conversar para nos obrigar a raciocinar. Uma vez perguntava o que era um novelo...a turma de ombros encolhidos, alguns gesticulavam ao mesmo tempo que com as mãos tentavam explicar...porque da boca nada saia até que ele a sorrir nos disse..." é tão simples uma bola de fio..."Um professor que nos transmitiu novas formas de abordagem para as redações.Fundador do jornal o "Horizonte" que por razões que desconheço voltou em 82 com sede no Avelar. 
Na velha cozinha do Externato na copa, o Prof. Prates Miguel ensinou muitos alunos a jogar Xadrez e Damas.Eu era barra em xadrez. Homem de fibra decidiu-se pela advocacia, há anos decidiu em boa hora ser membro fundador da "Associação dos Amigos da Sesta" de renome nacional. A sesta tão enraizada nas Beiras e no seu Alentejo. O que me lembro do "pessoal de fora" fazer uso da sesta quando contratado ao dia em trabalhos agrícolas para depois voltar de novo ao trabalho…
A vila progrediu muito quando começou a laboração da fábrica -, empregava muita gente com ordenados certos ao final do mês, o que ditou o mote de apareceram também novas ofertas de serviços, porque o poder de compra era substancial em relação até então, nem tinha comparação. Vieram trabalhar pessoas das aldeias e arrabaldes deslumbradas com a possibilidade de emprego remunerado. Algumas raparigas alugaram quartos até arranjar melhores condições de Abiul, Gramatinha, Santiago da Guarda e, … 
Dos lados de Abiul veio a Odete, bonita, casou com o "Toino Peleiro" rapaz igualmente belo que vivia na quelha da Atafona. Também a Artemísia igualmente bela não teve a mesma sorte, foi na altura mãe de filho incógnito -, a primeira vez que ouvi tal palavra e não consegui perceber... ainda azar maior o cancro a levou tão cedo desta vida, e não merecia!
Muitos casamentos que esta nova vida de emprego certo, proporcionou... Fernanda filha da Carmita do Bairro com o Arlindo da Sarzedela onde estreei vestido xadrez com babete branco debruado a fita de veludo castanha, na cabeça usei travessa com florzinhas. Os nossos pais convidados para padrinhos lhe oferecem um serviço de loiça de Sacavém comprado no Sr. Chico do Fundo da Rua. Notícia que correu depressa e assim outros convites se fizeram chegar...
Casamento da Rosinda e do Valdemar na Gramatinha
Também recordo o casamento da Rosinda e do Valdemar na Gramatinha. Rapariga de farto cabelo louro e bom coração, empregada na fábrica vivia num quarto da casa da tia Maria com a irmã. Lindas fotos na Gramatinha que tirei com o meu namorado Luís, hoje marido... deitados pela serra salpicada de pedras e de flores silvestres...um dia muito primaveril e aprazível. Bom o bailarico, o acordeonista um bom tocador - apesar do meu par de pé pesado -, irritada estava de olhar para outros e nada  de dançar…Na foto acima a malta do Bairro que se fez para a fotografia na frente da casa da mãe da Rosinda. Anos mais tarde uma sua filha haveria de falecer de acidente -, uma pena que não se esquece!
O casamento da minha vizinha a Fernanda Dâmaso -,à última da hora os meus pais não foram padrinhos...nem sei o porquê, já que a minha mãe adorava a Fernanda.
Na foto estou de belos cabelos compridos atrás do noivo, a Leonor irmã da noiva ao meu lado direito e do esquerdo o Necas filho da Elisa e o Cunha com o irmão ao colo, a minha irmã atrás de mim -, só se vê a ponta da franja tal como a Dália irmã mais nova da Fernanda atrás dos noivos.Os pais da noiva Robertina e Roberto aqui na foto muito parecidos com o Artur Duque e a mulher. Lindos os ranchos de gente, homens e mulheres que vinham de todos os caminhos, em direção da fábrica para entrada ao apito da sirene, na mudança de turno. Da sua alegria passavam em comandita a pé a conversar conferindo à vila movimento, sem dúvida parecia muito mais alegre e bonita com o buliço do vaivém de gentes a caminho da fábrica ou de volta a casa. A fábrica inovou com regalias sociais -, refeitório e creche para os trabalhadores deixarem os seus filhos -, a primeira na terra, até ao dia da triste notícia da morte trágica de uma bebé dos Anacos, filha da Emília…não faltava a colónia de férias na Praia das Maçãs. Tinham piscina onde os filhos dos trabalhadores tomavam banho, e havia loiça mandada fazer com o reclame publicitário da empresa. Alguns funcionários na mira dos escritórios estudavam de noite no Externato para tirar o 2º ciclo, algumas delas fizeram exame em Pombal comigo; a Isabel Manguinhas da Sarzedela, a Natércia Murtinho do Bairro de Santo António, a Elisabete do Pinheiro e, …
Culturalmente foi fundado um rancho folclórico com funcionários que se chegou a deslocar ao estrangeiro. Participavam em festas. Recriaram modas antigas tão típicas da nossa cultura. Por razões inexplicáveis o deixaram morrer, tal confusão acabou mal estreado o passo das saias...
Ainda despoletou a veia negocial em alguns empregados que conseguiam tirar da fábrica a preço de custo os artigos e os vendiam a retalho “por fora” com a sua majoração em rolos de lã, alcatifa e aplicações. 
Na altura muitas empregadas aprenderam a arte do ponto de Arraiolos em Além da Ponte, em casa de senhora vinda aquando da deslocação para o marido aqui trabalhar. Fizeram bonitas carpetes -, a da Laurinda do Casal das Sousas é muito bonita. 
Trabalhei em 77 nos Correios em Coimbra quase três anos. Para colmatar o tempo encomendei novelos de lã da CUF à Natércia Murtinho. Trouxe-me novelos de fio grosso e áspero. Teimei fazer uma aposta com uma amiga enfermeira de Miranda do Corvo, hospedada comigo num Lar de estudantes ao cimo do Jardim da Sereia, ao lado da Penitenciária, em “como era capaz de fazer uma colcha num fim-de-semana, desde sexta-feira à noite, pronta ficaria no domingo depois do jantar ”...Pouco me valeu ter ganho a aposta, fiquei com o dedo esfacelado e picado de tantas conchinhas feitas para ganhar um Santo António… uma nota de 20$00. Resistente a colcha em tom de castanho claro, pesada que se farta, hoje relíquia da casa rural no aconchego da cama de ferro, melhor local não há. Na altura muito se especulou das "almas penadas, coisas do outro mundo, fantasmas..." no tempo de laboração da fábrica quando algo corria mal os operários falavam entre si uns com os outros em jeito de provoco " são almas penadas a vaguear"-, mas pior " outros que foram surpresos por uma velha .." outros ainda que " ouviram uma máquina a costurar" ao que se sabe nada mais foi que uma cena perpetuada por uma tal Gracinda, ao que se conta farta do Eng.º que fazia a ronda do turno da noite que em boa hora premeditou na sua malvadez atazana-lo...mulher perspicaz em pôr a ideia em prática até que colegas nada convencidos da vinda dos mortos à terra, julgo a desmascararam...Teria a Gracinda pensado em consequências (?)...também não sei se as houve, parece que surtiu efeito ao dito chefe que "borrado de medo enfiou os ditos cujos entre pernas, e abalou antes que se fizesse tarde, alando a sete pés das rondas…" Desta forma mirabolante a boa da Gracinda viu-se livre do demónio que a incomodava na ronda do turno da noite -, mulher de mente prodigiosa valeu-se dos rumores de ossadas encontradas na desmatagem do local para a instalação da fábrica, no local da fiandeira, supostamente parte do corpo do que foi do dono da Quinta da Boa Vista com a capela do Senhor do Bonfim, Rui Mendes de Abreu que em 1679 foi morto no cadafalso e o seu corpo esquartajado e dividido pelas terras que aterrorizou, e o povo não quis sepultar no adro muito menos na igreja ou na capela e o sepultou aqui(?).
Uma coisa é certa, denota mulher com coeficiente de inteligência! 

Pastelaria… Numa tarde apareceram na minha casa o Adolfo e a mãe Lúcia Neves da Sarzeda, para falar sobre o aluguer da padaria que tinha sido da minha avó Piedade Cruz. Na carteira profissional tinha o curso de pasteleiro. Ambicionava estabelecer-se nesta arte com a esposa Olinda. Assim foi durante anos a primeira pastelaria com as melhores bolas de Berlim e os Mil folhas na vila de Ansião -, nunca mais devorei pastelaria superior. Tal e qual difícil será esquecer a Marta a única filha do casal, que a vi nascer, era uma bebé doce e linda, e um delírio na festa do S. João de Brito -, vaidosos os pais com ela ao colo a mostravam orgulhosos a todos. Criança esperta cheia de genica, aprendeu cedo a arte para gerir o negócio. Um dia ainda pequenita abeira-se ao balcão um fornecedor que a instiga se pode chamar o seu pai -, "sem papas na língua responde - lhe naquela altivez de vozinha estridente " ele não está, mas estou cá eu, é a mesma coisa". 
Consternados ficámos todos com o desaparecimento precoce da nossa Martita. Ficará para sempre no nosso coração aquela voz de liderança e mãos de trabalho, já agora uma pele de porcelana a fazer inveja a muitas outras mulheres. Tão formosa se vestiu no dia do seu casamento onde fui convidada!

Cabeleireiras… No meu tempo de miúda não existiam. Quem me cortou a primeira vez o cabelo foi o barbeiro “Ti Júlio de Albarrol”.
Julgo à quarta-feira se deslocava depois do jantar à cadeia cortar barbas e cabelos aos presos-, estava eu de nariz encostado ao vidro da janela no Correio velho quando o via passar de maleta na mão. Nesse entretanto ia ter com a filha Odília para brincarmos as duas no sobradito da casa de esquina junto ao correeiro. 
Havia no Pontão o Sr Franco a pentear senhoras onde a minha mãe foi amiúde.
Anos mais tarde apareceram as primeiras cabeleireiras -, Ermelinda no Fundo da Rua, e mais tarde se mudou para a nova casa comprada que foi dum ilustre Figueiredo do Avelar(?).
O salão nas 3 janelas seguidas de caras para o adro
A Aciolina começou a trabalhar por cima da mercearia do Ti Domingos até comprar uma vivenda que foi do Adolfo Paz (?).
Fátima Godinho, conheci o seu salão no prédio novo mandado construir pelo Bernardino, até aí eram uns casões altos onde começaram a funcionar os Bombeiros.

Escola de Condução…Outra novidade instalada numa casa a seguir às bombas de combustível a caminho do Moinho das Moitas. Era moda as senhoras tirarem a carta, a minha mãe também, tal a premência para se deslocar mais facilmente a trabalho nas redondezas por força da informatização telefónica -, não um luxo.
Corria o ano de 72. A Leiria fui com ela comprar o carro novo comprado a prestações com sinal emprestado a juros no escritório do Sr. Américo Gaspar -, no tempo vinte contos. De regresso às Meirinhas o carro não desenvolvia -, atrevida atazanava a minha mãe para acelerar a fazer fé na lembrança que me ditara quando me telefonou a dizer que tinha passado no exame, e me descansou dizendo " nunca iria usar a 4ª mudança"...Demora foi chegar a casa e sem delongas fui chamar o mecânico -, o " Carlos Pego" que abriu o capou no adro e analisou o filtro de ar -, possivelmente digo eu, raro ao tempo se abrir um capou de carro acabadinho de sair do stand... Nisto vemos chegar ao adro o filho do empreiteiro que fazia o saneamento na vila, de estar atrevido abeirou-se e disse, " isto é um carro em 2ª mão" defendi tal despropósito que no imediato reformulou " é, depois de sair do stand, é ou não é? "…
Pensámos que o melhor seria voltar a Leiria ao stand porque estava na garantia. Assim, no dia seguinte quando chegámos vi que a montra de onde tinha saído o carro estava outro igual, mas em creme. Explicamos o sucedido -, eu ainda disse, gosto mais da cor do carro da montra, o vendedor não foi de modas tirou-o e nele viemos de volta. 
Muitas senhoras da vila e dos arredores também foram aprender a conduzir, uma novidade, no pior, a maior parte nunca deu uso à carta. Deste tempo quem também tirou a carta e gostava muito-, a Augusta Maria conhecida por Augusta do Ti António da Olinda. Viria a falecer num brutal acidente de viação. Grande o funeral a passar à sua porta, a sua mãe gritava da janela, qual mãe não sente a perda para sempre de um filho!
Num tempo de poucos carros…Grande o fascínio em conhecer o ruído dos carros que durante anos a fio tanto passarem à minha porta...A Prof. Fernanda Antunes, no seu BMW 2002 azul-bebé a caminho da escola na Bairrada e de volta a casa sempre no mesmo horário, o mesmo com o Sr. Nogueira que servia de motorista à esposa a Prof. D. Maria José, fosse a entrar ou a sair ao Ribeiro da Vide, a caminho da Sarzedela; igualmente motorista o Teixeira do Marquinho a caminho de Albarrol levar e buscar a esposa também ela Professora; sendo o primeiro de sempre o Sr. Adriano Marques e a esposa D. Lúcia, que durante anos e anos os senti no caminho da sua loja de tecidos e roupa confecionada na vila ou da sua casa nas Cavadas; e do Dr. Travassos que não havia dia nenhum que não passasse no seu Ford para ver mais um doente, até mais de uma vez, e das carreiras a caminho de Coimbra e de Tomar, da camioneta do tio Russo e do Adelino do Fundo da Rua, ao sábado a carrinha do sacristão de Pousaflores a caminho do mercado, do carro do Prof. Reis de S. João de Brito e, … Fatalmente foi uma época de mais carros pela vila!

Chegou a informatização telefónica a Ansião…O correio velho funcionou nesta casa que antes tinha sido de um padre.Entrei vezes sem conta nesta porta, o mesmo me mostrei na janela, lembro a tranca de madeira que a fechava, enorme, igual à chave da porta.

Por força da modernização o posto de trabalho da minha mãe ficou em supra numerário no novo edifício cujo local foi escolhido na Pensão Melado, no grupo que ali se reunia com o então padre Filipe.Deveria ter sido construído no gaveto camarário onde foi construído o prédio do Tarouca...na vila sempre houve gente a puxar investimento e empreendedorismo para as bandas do Fundo da Rua, o que me chateia francamente!
Um tempo que passou a percorrer outras terras para fazer férias, partes de doente, ou fluxos de trabalho sazonal no verão. Tempos que tanto eu como a minha irmã vivíamos de coração nas mãos com medo de ela poder vir a sofrer algum acidente. Alguns sustos sentimos. Uma tarde vinda de Figueiró dos Vinhos encontrou-se no meio de um incêndio que atravessara a estrada, remédio não teve senão fazer inversão de marcha e voltar pela Arega...num tempo sem telemóveis, a hora prevista de chegada tardava, e nós sem nada saber e de coração aflito com o Turco, o nosso cão, à espera de um sinal do carro ao alto da padaria da D. Piedade...valeu-nos o forte ouvido do cão que mal sentiu o trabalhar do motor se pôs de abanico com o rabo e se encaminhou para a esperar na entrada do adro e assim acalmámos!
Saudade da D. Maria Augusta Morgado, a chefe da estação de Correios, vestida de bata de cetim preta reluzente sempre de caixinha comprimidos Saridon na gaveta, um dia eu e a minha irmã fomos "descobrir" a casa de habitação no sobrado da estação, de tão meiga e delicada foi incapaz de nos chamar a atenção … Foi o seu filho Antero que nos chamou a recato em boa hora!

Falar dos carteiros do meu tempo de menina e moça -, uns mais alegres do que outros. De todos guardo boas memórias, sempre me trataram com carinho quando os via a distribuir a correspondência nos cacifos logo de manhã, depois de arrumada a mala de cabedal, cada um partia para o seu giro de bicicleta, outros de motorizada.O mais carismático talvez por ser o mais velho, o Zé Carteiro das Manguinhas, uma vereda do Casal de S. Brás; António Duarte do Moinho das Moitas, músico e sentimentalista esteve no Caramulo a curar-se da (tuberculose(?) nesse tempo escrevia todos os dias à mulher; Hingá , recordo que fumava muito, dono de uma voz forte da Sarzedela; o Zito Coutinho de Além da Ponte, primo , também fumador, homem alto muito pacato; o João Luís dos Netos tinha duas filhas que andaram comigo na colónia balnear, um bom homem matou-se a trabalhar para ajudar um filho numa doença que conseguiu debelar, fazia negócio de velharias para ganhar mais uns trocos ; o Albertino do Cimo da Rua, casado com a prima do meu pai a Clementina, de todos o mais tímido e reservado; João Lopes de Ansião e Parente do Escampado os mais recentes igualmente boa gente. Houve um deles que num momento de depressão por achar que tinha muita correspondência para entregar a escondeu na desativada serração do Carlos Antunes, no início de 80, com as consequências que tal procedimento daí adveio para muita gente, nem sei se teve processo disciplinar...havia um que era sem dúvida muito boa pessoa das Vendas do Brasil , o Ferrete(?) se a memória não me atraiçoa.
A Ti Olímpia do Bairro de Santo António foi carteira da Mala Posta quando eu era ainda criança. O seu giro a pé fazia-se pelas Cavadas ao Pessegueiro.Gostava de levar notícias, não sei se sabia ler!
Dizia a minha mãe que ela lhe confidenciou que do seu salário mensal poupava 20$00. Mulher simples, honesta, gostava de partilhar as suas ideias -, com orgulho contava à minha mãe o seu método de poupança, certo com ela aprendeu a poupar algum dinheiro, na continuidade eu por acréscimo para tal ensinamento ser platónica com a minha filha. Resultou o ensinamento da poupança e do valor do dinheiro, graças à Ti Olímpia que Deus tem, e era tão boa pessoa, vestida de negro sentada nos bancos corridos de pedra na frente da sua casita ao cimo do meu quintal, ano mais tarde na sua casa os cachopos encontraram nas paredes notas enroscadas entre as pedras, seriam as suas poupanças? Nesses tempos a carteira da Moita Redonda foi a Ti Albertina das bandas da Serra do Mouro. Havia outras como a do Levi do Moinho das Moitas no seu giro para os lados de Santiago da Guarda.

2 comentários:

  1. O Prates Miguel nunca foi hóspede da Pensão Valente, que aliás já não existia, como pensão, quando ele chegou a Ansiao...

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  2. Cara Nídia, julgava que sim, que se hospedou no Fundo da Rua, essa a memória que tenho, mas claro tu o sabes bem melhor do que eu. Obrigada, já retifiquei.

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