quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Passeio nas Serras de Pousaflores à Ameixieira !

No carnaval de 2015, sem vontade de jogar o entrudo ao S. João de Brito, cujo topónimo antes se chamou Casal Novo, encetámos caminho pela Ramalheira, a caminho da Gramatinha. 
Recordo o tempo que a estrada era de terra batida, na década de 60 do séc. XX e, o alcatrão se finava rés vez depois da Venda do Negro, onde passa o Caminho de Santiago de Compostela. 
Ainda se nota quando foi asfaltada a deixou ligeiramente mais larga para logo se entrar na Portela de S. Lourenço. A caminho da serra, em rota de calçada,  tabelada por muros de pedra seca. 
Bateu a saudade recordar bons repastos na casa dos meus tios Rosária e o marido "António Paredes", anfitriões, a grande amabilidade de saber receber. A cachopada, os sobrinhos e eram muitos,  abriam o bar chinês com incrustações a madre pérola, outros sentados a bisbilhotar os álbuns das fotos na Serra, ou dos piqueniques na Chousa no 15 de agosto, passeios a Espanha, ao norte, casamentos e de Luanda. Sempre à mistura com muita alegria a rodos, o velho Mercedes branco se falasse da viagem a Badajoz, onde queimei a perna no tubo de escape...Tempo que jamais volta!
Iniciei a visita no adro da capela do Anjo da Guarda, apesar do tempo de friagem e meio nublado...
A ditar  fraca qualidade das  fotos. 

Tomilho, chamado Erva de Santa Maria confere travo característico ao queijo denominado Rabaçal

Chão vestido a pedra e cascalho
Vista do Campo de Futebol da vila de Pousaflores  ao longe  projeto de envergadura oneroso...
                                       
 As eólicas de braços abertos indiciam chuvinha...
Em geomorfologia não sei o nome dado aos patamares que se vislumbram na foto acima
Ciclo do Pão de balcão fechado demos com o nariz na porta!
                   
                     
A minha querida mãe a saborear a aragem da serra...
Vista sobre Pousaflores
 Carreiro de pedra e cascalho beijada a tomilhos exalam cheiros na serra amada ...
Lajeado a imitar a via romana...
            
 A capelinha dedicada ao Anjo da Guarda e o Cruzeiro
             
 
Na década de 50, do séc. XX, caçavam no Monte da Ovelha, o padre  Melo, com Alfredo Caetano das Galegas e, o «americano» Alberto Mendes Rosa, emigrante nos EUA , natural de Lisboinha. 
                   
Abrigo de caçadores 1961
Ao topo nascente do Monte da Ovelha, sobre o lindo miradouro de Pousaflores, foi a escolha de eleição à fundação de um abrigo de caçadores e uma Capela, que foi obra de Alberto Mendes Rosa.
                      
                          
Alpendre com três fornos para quem quiser trazer a massa levedada e cozer pão.
Apreciei de longe, mas julgo não terá mesa ou bancada para se pôr o alguidar e do mesmo modo para o tabuleiro para tender e depois pôr o pão  cozido, nem sei se há pá para enfornar...
Quando fazem podas bem podiam deixar aqui molhinhos de lenha...
                      
Grande parque para merendas, abrigado a nascente
Pela serra mesas isoladas em pedra com os bancos
                       
Massas isoladas de pedra carateristicas da formação da serra                            
Miradouro onde se avistam outras serras: Nexebra, Rabaçal, Alvaiázere , Figueiró dos Vinhos e,...
O pôr do sol nestas paragens é  digno de ser visto 
Nasceram novos contrastes com as eólicas e o tradicional moinho a vento . 
A reflorestação da serra tem sido nos últimos anos aposta dura por setores.
Avista-se um sem número de canudos de plástico na proteção a raquíticas espécies de árvores e arbustos que tentam sobreviver  nesta maldita agrura. Juvenis, em aflição para enraizar e abrir caminho por fendas e assim se manterem vivas e crescer abrigadas pelo Anjo da Guarda. O seu protetor. Vitória maior amolecer raízes nas bordas do algar do Nabão, com corredor pelo poço da Ameixieira.

O Maciço de Sicó , calcário, rocha que aqui acaba estrategicamente no sopé da serra a nascente como se fosse uma linha talhada na longitudinal, para nascente irrompe um barro grosso com matérias plásticas e pedrinhas, seguido entre 2 a 3 quilómetros lajes de barro, xisto, pedra broesa e quartzo. 

                     
                
Canudo desfeito pelo calor e pelo vento
                                   
Lindo efeito do pôr do sol nestas paragens...com os esguios ciprestes
Cedros plantados há anos, se mostram desiguais, não medraram todos por igual. 
Igual dificuldade, carvalhos e, alecrim julgo não medrou... Em suplica a sede nesta pobreza de solos, aliada a  grandes amplitudes térmicas.  No ritual diário pedem  a Deus medrança. E sim, já se verifica  uma cordilheira de cúpulas afiladas para norte, ali ao alto de Lisboinha.
Vestiram a serra que fica mais amenizada com recantos e clareiras para o viandante se perder em contemplações e prazeres. 
As serras de Ansião são um cartaz de visita de belo e idílico cenário campestre . 
O  meu pôr do sol na Lagoa da Ameixieira
                    
Desafio é  atravessar a serra a caminho da Ameixieira ou vice versa.
Nunca nesta serra me atrevi a conduzir, mete respeito o desatino da aventura abismal das suas estradas de terra batida de piso irregular, com algumas descidas de grande inclinação,  percalços que se podem encontrar pelas barreiras em avalancha e pedras que podem desabar, buracos e regos profundos das regateiras que as chuvadas rasgam em aluvião. Com entroncamentos de caminhos sem sinalética, por aqui o sentido certo da orientação, o dos pontos cardeais...
Saindo do Anjo da Guarda a caminho de Ansião, a vista esbarra em brutais costados em altura que se descampam em abruptos vales profundos onde ainda persiste primitiva diversidade de vegetação única na Europa no Vale Garcia . Mística em  silêncios,  só acordado pela regateira no outono e primavera, e pelo poiso de perdizes, perdigotos, coelhos, melros, tordos e peneireiro de dorso malhado, de maior porte que vagueia em voo rasante neste paraíso de vegetação mediterrânica, semeada de pedra e demais cascalho , flores e folhagem  em tonalidades de verdes  sem igual ...
Ambiente selvagem entalado em vale de garganta funda tendo pela frente barreira de pedra natural a nascente a caminho da  Serra do Mouro, de cortar a respiração A quem se aventure na descida da nova variante roteada há poucos anos, graças à minha imã que me deu o privilégio de conhecer em 2015, aterrador, uma experiência única descobrir o Vale Garcia!
Recanto tão especial que só gente sensível sabe apreciar em plenitude e total êxtase!
Sítio inspirador a poetar sem jamais o título de poetisa!
Aspirante, sem medo nem cliché.
À fórnia da Ucha a olhar o vale Garcia

Almejo a chegada na brisa do pombo correio
De algures  voando na crista das ondas...
Preguiça vadia em nada dizer, mui calado...
Ânsia falas de amor em sábias e ternas palavras !

Naufrago  na Serra dos Carrascos em dor!
Nó apertado a desatar nesta serra de Ansião
O que se sente aqui? O que não se devia sentir?
Marasmo preso em  fechado coração!

À toa salpicos de pedra adornam o chão
Espia o luar o morouço à sombra do espinheiro  
Sem jamais  advir quaisquer notícia!

Cenário agridoce clama quadro Monet 
Emoção lavada  em escorrido suor 
Jus a chocolate quente  a derreter...
Tanta saudade a enlace  entertainment!

Mística  serra  vestida de pedra, arrepia!
Teimo recordar um sonho perdido...
Amarradoiro que vingue em abraço leal... 
Ao pôr do sol nesta serra, o  epílogo fatal!
Sofre o alecrim bem tenta sobreviver apesar da agrura do terreno inóspito.
Pela Páscoa vou voltar para fotografar lírios roxos, amarelos e brancos, peôneas, aqui chamadas cucas, orquídeas de tantas espécies, madressilva, capuchinha e erva de Santa Maria, por aqui rasteira branca de cheiro irradiante o seu aroma, que confere ao gado ovino e caprino que a ingere o travo especial e único em Terras de Sicó e não apenas denominado Rabaçal!
Cuca ou peônia
                                    
Jacintos 
                 
Orquídeas
                                  
Já antes da saída da serra distingui as várias pedreiras  onde foi extraída  pedra para calçada.
Doí o coração, os buracos na rocha esventrados... quem sabe ali também há pegadas de dinossauros
A estrada sem bermas , com regateira em ziguezague...
Descida íngreme  a contrastar com  o  abandono da Casa dos Caçadores - um fabuloso mirante sobre o Camporês e o Rabaçal. Em total agonia, será que ninguém olha para este património que teve um dia o seu auge e pujança? Alguém de direito se devia rever no conceito de "Cooking and Nature" Emotional Hotel nos Alvados, no concelho de Porto de Mós, já nomeado para o International Hotel Design Award. Onde senti a massa construída fazendo parte integrante do que existe no terreno, pedras que se encaixam na deck de madeira da esplanada e outras, aliás como na Casa do Chá de Siza Vieira em Matosinhos. Uma obra de arte sem estragar o meio. 



Fontes:
Algumas fotos google

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