quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Bilhetes postais de 1895 entre compadres do Espinhal e Leiria

Na minha primeira vez na feira de velharias em Évora há uns anos, encontrei por mero acaso um colega que conhecia bem a região centro, nomeadamente as terras de Sicó , desde Ansião a Miranda do Corvo, onde desde pequeno andou com o seu pai a comprar velharias. A última aquisição foi uma biblioteca com bastantes romances, de capa frágil e correspondência trocada entre compadres. Bilhetes postais que circulavam ao tempo em Portugal e Espanha, com a imagem de Santo António, ladeado de um ramo de açucena, o brasão com as quinas de Portugal, e o preço dez réis.
Endereçados a Adriano Manuel Freire d'Andrade do Espinhal, Penela, Coimbra, remetidos de Leiria por António Manuel Freire d'Andrade, que se correspondiam diariamente. Sem haver ao tempo, 1895, outra forma de comunicação, sendo esta a única via. Interessante  o último que retrata o atraso da entrega pelos correios. 
O Sr Bonito, disse-me - escolha aí o que quiser, a minha escolha recaiu neste pelos apelidos Freire d'Andrade, ao me lembrar de uma amiga a Dra Maria Andrade, e da sua avó  dos lados de Penela. Ainda estava longe na investigação para perceber a ligação destes apelidos aos nobres vindos da Galiza na centúria de 500, se vieram a fixar em Pedrogão Grande, de onde se ramificaram vários ramos que se estenderam em Ansião e Alvorge, onde um pelo menos está atestado na toponímia.
Notável a eficiência em genealogia do Henrique Dias
Esta publicação com anos e por  partilhada no Facebook e só agora se fazer luz.  Lamento a enorme biblioteca que foi vendida em Évora, com muitos romances e correspondência desta família que se correspondia diariamente, o único meio naquele tempo de saber as noticias do núcleo familiar de ambos os sítios onde estavam, no caso Espinhal e Leiria. Debalde, a minha maturidade histórica na altura ainda era a meio gás...e ainda muito longe de reconhecer este apelido em Ansião...
Documentos como este são hoje relíquias de um passado ainda quase recente, deveriam permanecer nas suas terras, em Museus, ou salas de exposição, pelo testemunho do passado das suas gentes e vivências.Mas para isso é necessário destrinçar o que é cultura seja entre os organismos do poder local e as gentes que as vendem ao desbarato, só para libertar casas...Para pensar o quanto património daqui já saiu, falava-me o antiquário que já tinha comprado um brasão e o vinha buscar dali a dias!
Ora os brasões é para permanecerem no sítio onde um dia foram encastrados! 

Alvorge
Atestado na toponímia  o Conselheiro Abílio Duarte Dias de Andrade com mandato 1938 e fim 40 no Tribunal da Relação de Coimbra
                              
Cortesia de Henrique Dias
"António Manuel Freire de Andrade aqui referido, é certamente o Farmacêutico nascido no Alvorge em 1823, que à data destes postais teria cerca de 72 anos. E o Adriano e o César ali referidos eram seus filhos, e com estes dados conseguirá por certo compor melhor a história. 
Veja o Grupo Familiar:

No Livro Alvorge Terra Alta de Jaime Tomás
Nada se refere sobre este farmacêutico, nem de nenhum.
Em Ansião o apelido existiu pelo menos na centúria de 800, mas perdeu-se.

3 comentários:

  1. Bem verdade o que se perde! Sendo eu colecionador de selos e de história postal e vivendo no Espinhal gostaria de ter estes exemplares ou outros em que o Espinhal estivesse mencionado por meio de carimbos ou de maneira manuscrita. Seria possível contactar a pessoa que tinha este material. Já tenho algumas peças sobre a história postal do Espinhal, e selos obliterados com a marca "Espinhal", para entrar numa futura exposição. Agradecia muito o contacto da pessoa que possuía estes exemplares. Obrigado Sérgio Zuzarte

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  2. Caro Sérgio Manuel Baltazar Zuzarte esta crónica foi escrita em 14.01.2016.Évora, o antiquário tinha em venda de estaminé no chão a "biblioteca" ,além dos livros, muitos romances, também uma caixa com correspondência, e ainda bilhetes postais novos daquele tempo para usar. Estes dois foram-me oferecidos e depois em casa ao ler é que me apercebi da beleza que irradiam dando mote à cronica. Entretanto tudo se vendeu e ele já faleceu. O maior problema é o das pessoas não valorizarem o que herdam que vendem a qualquer preço pela deficiente ou muita cultura, vá lá saber-se porquê...
    Cumprimentos
    Isabel

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