quinta-feira, 24 de março de 2016

Casa da Cerca em Almada na quinta feira Santa!

Quinta feira Santa o começo do Tríduo Pascal, os três dias que culminarão na Ressurreição de Jesus! 
Quadra festiva, depois de almoço em rota de caminhada por Almada que nos levou à Casa da Cerca.
Janelas abertas que relevam a cidade de Almada
Jardim botânico com  tanques de papiro
As oliveiras não se mostram podadas e deviam.
A escultura já não está aqui, mudou de sítio, agora está no átrio da receção, bem lhe podiam ter limpo os pés por terem estado em contato com a terra...
As vistas sobre o Tejo 
Há vários recantos bucólicos com mesas em pedra, em redor da Casa da Cerca, mostro o localizado a sul com os tradicionais caracóis no remate dos bancos, no lado direito da foto o muro está a desmoronar e já caiu um braço do banco, que pede urgência em ser reparado.
Na capela decorre uma exposição  até 26 de julho com um conjunto de fotografias da autoria de Rosa Reis, que foram doadas pela autora, testemunham a viagem de um antigo dragoeiro (Dracaena draco) proveniente de uma zona antiga de Almada, com mais de 200 anos, segundo as vozes, vivia nuns quintais na Rua António Feio a caminho de Cacilhas, para no seu lugar se construir um prédio, por sinal de arquitetura bizarra... aconteceu em setembro de 1997 a iniciativa de o trasladar para o jardim botânico-, O Chão das Artes. 
Assisti ao acontecimento, o transito foi fechado e o camião era enorme para o transportar. Dado o porte da árvore, o seu transporte envolveu a mobilização de diversos recursos técnicos e humanos, gerando um grande entusiasmo da população local. Junto do jardim botânico na Casa da Cerca estava o meu sogro que ficou na foto que o Correio da Manhã publicou.
Porém a árvore não se adaptou ou não foi bem assistida(?) e acabou por morrer, agora no espaço crescem devagarinho mais dois.
Congratulei-me hoje por ver gente jovem a fotografar as vistas, namorados e pais com filhos em visita. 
O espaço oferece ao visitante exposições temporárias, café e esplanada, vistas sobre o Tejo e Lisboa e os jardins -, o botânico, com várias espécies plantadas; linho, trigo, centeio, aveia e,... 
A meu ver o espaço do jardim perde por não ter pessoal competente que dele cuide como é exigido, com carinho e profissionalismo.Reparei em duas "Almeidas", as duas sentadas em locais distantes, uma à sombra da estufa e a outra dentro no espaço onde estão guardados o algodão e outros frutos do jardim tudo ao molhe e fé em Deus ...se era pausa para o café foi bem  demorada...
A única poda que verifiquei bem feita foi das parreiras. O mato (...provence pede para ser serrado tem uma haste enorme a bater na vidraça, a silva também se mostra enorme a precisar de poda, do outro lado do caminho uma raiz já rebenta, os limoeiros estão numa lástima, um deles bravio cheio de espinhos grossos, precisam de ser replantados. O milho só agora deveria ter sido semeado, tanta chuva o deixou amarelo. As favas bonitas, falta o canteiro com as ervilhas, cebolas, beringelas, chuchu, abóboras, alfaces, courgete e,...as batatas em terreiro liso quando deveria ser aos regos...ao cimo uma roseira trepadeira de flores minúsculas, branca, deveria ser cortada como se usa nos jardins em França em jeito de retangulo, não tem as rosinhas de Portugal nem as de Santa Teresinha. O papiro tem sítios que parece está a apodrecer o mesmo dos nenúfares. Podiam fazer o plantio de mais árvores de fruto. E podar as mais antigas, não interessa terem grandes cúpulas, produzem mais lixo e pelo vento que por aqui sopra em força não convêm.
Ainda visitei a cisterna da Casa da Cerca, abandonei o local com o cheirinho da flor das laranjeiras que me fez lembrar esta altura há muitos anos numa visita a Vila Real de Santo António.
Deixei Almada velha para o lanche na Pastelaria do Dragão Vermelho, repleta de gente idosa, numa mesa um homem com tiques nervosos, que conheço, mexia consecutivamente no nariz e boca... na mesa junto a mim com 3 homens e uma mulher, que lhes dizia-, só tomo uísque com gelo e limão, faz bem a tudo, o homem que lhe estava pela frente arregalou o olhar, para o marido dela logo acrescentar, é verdade, só bebe scotch ... a mulher bebe um trago, satisfeita com o netar diz, ainda não tomo nenhum comprimido, responde o homem que antes lhe franziu o sobrolho - olhe eu para dormir tomo um e meio, responde-lhe ela, olhe que isso faz mal à vista e aos rins, sabe o que o médico disse ao meu marido? Nenhum medicamento é inocente!
Fecho a crónica emanando votos para um bom fim de semana prolongado, se forem de viagem tenham calma, mais vale um segundo na vida que perder a vida num segundo. Páscoa pede bom cabrito estonado ou ensopado de borrego e folares; salgado com carnes e doce com canela e erva doce, e claro bons vinhos e aguardentes velhas!
Pela primeira vez em 38 anos passo a efeméride pascal em Almada com o meu marido, por contingências de obras no prédio que exige a segurança dos nossos bens. De manhã cada um foi às compras-, eu trouxe cabrito de leite, tenrinho da Grécia... já fiz o folar de carnes e o doce, ao almoço depois do ragut  de vitela feita no tacho de barro com ervilhas e cenoura baby que acompanhei com batatinha frita, foi comer e chorar por mais, abrimos a aguardente velha, muito saborosa por sinal, e pela primeira vez esqueci-me de comprar amêndoas...talvez por ter quilos delas ainda com casca que me ofereceram...O meu marido chegou com outras compras abre a porta e em voz de exclamação diz - cheira a festa...o cheirinho dos folares forçosamente  invadiu a casa.
Claro fomos logo provar!
Folar de carnes regado com bom vinho em copos Vista Alegre com uns 180 anos...só para quem pode!
Folar doce com avelãs


FONTES
http://casariodoginjal.blogspot.pt/2006_12_01_archive.html
http://culturall.blogs.sapo.pt/tag/capela+da+casa+da+cerca

quarta-feira, 23 de março de 2016

Convite ao toque da Música Filarmónica do Museu em Almada

De paredes meias com o  sitio do Museu da Música na Rua Direita, hoje Capitão Leitão,onde antes do terramoto foi a quinta do Conde de Valadares (?).
Foto de Faustino António Martins Rua Direita e Igreja de S Paulo
O Museu da Música Filarmónica em Almada evoca a memória, singularidade e contemporaneidade da  história da atividade filarmónica  associada às coletividades do concelho de Almada e presta homenagem a um filho da terra Maestro e compositor Leonel Duarte Ferreira (1894-1959), referência e protagonista transversal à dinâmica musical associativa no concelho e na região metropolitana no sitio onde foi a casa onde nasceu.
Frequentou na Academia Almadense aos 9 anos os estudos musicais.Alinhou pela primeira vez aos dez anos de idade, no dia 1 de Novembro de 1904, na procissão de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Cacilhas.
Como executante da Banda da Academia, tocou flautim, flauta, requinta, clarinete saxofone e oboé. 
Noite de S João onde costumo petiscar
Entra-se ao som da banda filarmónica...
 Espaço aberto com antigos instrumentos suspensos e,...
Fotografias, documentação, instrumentos, pautas, batutas, entre outras peças, do espólio municipal e cedidas, especificamente para esta exposição, pela AIRFA, SFIA, SFUAP e SRMT, e por particulares, evocam a presença da música na cidade.
Existiram inúmeras bandas filarmónica em Almada, mas só quatro centenárias permanecem em atividade.
SFIA -Sociedade Filarmónica Incrível Almadense
SFUAP -Sociedade Filarmónica União Artística Piedense
SRMT -Sociedade Recreativa Musical da Trafaria
AIRFA - Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense

Como Maestro assume a regência em 1914 e dirige o primeiro concerto na tarde de 3 de Abril, Domingo de Páscoa, no Jardim do Castelo de Almada. Tinha 20 anos.
Na batuta o Maestro Leonel Duarte Ferreira com os músicos a tocar a Almadense.
São da sua autoria, entre outras, as seguintes peças musicais: Ignota Almada, Hino do Concelho de Almada, Almadense, Conimbricence, Desfile de Académicos, União Piedense, Hino dos Bombeiros de Almada.
É da criação do Maestro Leonel, como era conhecido e chamado, a singular orquestra de saxofones feminina-, o septimino, única na Península Ibérica, apresentada, mais tarde, aos microfones da Emissora Nacional, em 1942.
Septimino de Saxofones da Academia Almadense em Lisboa em junho de 1943, só com senhoras.
Fotos de Almada antiga- Largo do Tribunal 

FONTES
http://tumbling.com.sapo.pt/Airfa.Leonel.htm

segunda-feira, 21 de março de 2016

Folares, Fogaças da minha avó Piedade, de Ansião

Infelizmente no meu tempo de criança não tive o privilégio do convívio num Infantário, foi uma vivência com criadas. De quando em vez apareciam dois cachopos filhos da "Fernanda do Pau Preto", de Ansião, para me passearem no carrinho, usavam o corredor comprido da casa dos meus pais, sem cuidado a esmurrar o marmoreado, e logo fartos de ouvir os gritos e ralhetes da criada, o largarem para em passo de corrida só parar ao guichet do Correio velho de mão esticada com com a retórica "já passeámos o carrinho da menina" a jus de pedido para lhes pagar com uma moeda ...
Neste despoletar de lembranças de coisas boas de antanho, também recordar a minha avó paterna, Piedade da Cruz, padeira e bordadeira de mão cheia, por  altura do Carnaval, Páscoa, Santos e Natal fazia uns bolinhos típicos em formato de ferradura ou redondos, com eles se enfeitavam os andores para se leiloarem nas festas, outros grandes para as madrinhas ofertarem aos afilhados,  o tradicional Folar de Páscoa ou lembrança comprada nas lojas da vila ou no mercado.
Na sua ampla padaria a via de roda do grande alguidar vidrado em tons de amarelo torrado onde punha massa fresca de pão tirada da amassadeira a que juntava ovos, azeite e banha, raspa de laranjas e sumo, da latinha tirava canela e de outra  maior  erva doce, acrescentava aguardente a olho, açúcar amarelo, juntava mais farinha até a massa  bem amassada ficar uma bola a despegar das mãos. Depois era polvilhava com farinha e deixava a levedar com uma criz que fazia com a mão e reza a S. Vicente, te acrescente...até dobrar de volume.
Saudade do tempo que sentia o cheirinho  a erva doce, a deambular em fuso até à minha casa vindo da chaminé da padaria  inundando o ar, a soar festa!
A Saudade de ver o meu tio Chico armado de pá a tirar a fornada do forno, do tabuleiro com os bolinhos douradinhos pincelados com ovo batido com muito bom aspeto, abrolhados ao cume deixando antever a massa amarelinha, ainda  muito quentes...
Miúda atrevida levada pela gulosice logo me abeirava e roubava um para logo a avó me alertar que fazia mal ao esófago, tinha de os deixar arrefecer...
Iniciei a arte de padeira com a minha irmã, com aprendizado do nosso pai, fez-nos atrás da casa um fornito , por altura que mandou abrir um poço no quintal. Aproveitou o  barro branco saído do buraco. Foi muito giro enquanto durou, o barro não seria de qualidade, era magro e apesar de filho de mestre de pedreiro, o fornito ruiu, mas as boas lembranças perduram.
Nunca me  atrevi a fazer bonecas!

Ensinar e entreter os meus netos mais velhos
Vicente e Laura, nas visitas a minha casa, o gosto de meterem mãos na massa. Aprendizado na arte de fazer pão e bolos, tradição familiar herdada de Ansião, na Cabeça da Vintena no Bairro de Santo António, continuada no Alto, ao Vale Mosteiro, pelo meu bisavô Elias da Cruz,  continuada pelas filhas, entre as quais a minha avó Piedade da Cruz, entre irmãs e tias Lopes.

Bolachas para o Dia do Pai
Um fez bolachas normais com sabor a limão e outro com chocolate
Verifica-se com agrado além de empenhados, aprendem rápido e tem jeito

A rivalizar a tradição com amor à laia da avó Piedade Cruz

Folares doces de erva doce e canela pela Pascoa 
Ferraduras, grandes e pequenas, Lesmas, Argolas e Bonecas, já as merendeiras redondas de corte em cruz na crista .
Receita
Meio quilo de farinha, 125 gr de açúcar, 15 gr de fermento, 3 ovos, 50 gr de margarina, 1 dl de água morna.
Poe-se a farinha numa taça com um buraco ao meio para pôr o fermento , a água e sal.
Misturam-se os ovos, o açúcar e a manteiga derretida . Amassa-se bem e vai a levedar.
Eu doseio uma colher de sopa de azeite com a  margarina , junto a olho erva doce e canela.
Depois da massa levedada é moldar a gosto e vai ao forno 180 º à volta de 20 mn.
Receita
Farinha 250 gr, 2 ovos, pedrinhas de sal, 150 gr de açúcar, uma colher de sopa de azeite, 1 de banha, um nadita de manteiga, erva doce e canela a gosto , uma colher de chá de fermento, e um nadita de água tépida . Amassar bem, até ficar bola e vai levedar normal ou 15 mn em saco fechado no frigorífico. Depois trabalha-se a massa fazendo rolos que se cortam em pequenas porções e fazem-se as ferraduras, ou com moldes ou caracóis. Pincelar com ovo ou leite. Estas nem as pincelei, esqueci-me . 
Forno 180 entre 15/20. Atenção quando começa a cheirar, desligar, para não ficarem secas.

O meu neto Vicente com as fogaças no feitio de bonecas compradas em  Dornes
                
Folares salgados

Receita do folar salgado
0,5 kg de farinha , 25 gr de fermento, 75 gr de margarina,75 de banha e 0,25 de azeite. 5 ovos, sal, e carnes a gosto.
Poe-se a farinha numa bacia  e abre-se um buraco ao meio para desfazer o fermento em agua tépida, tal como os ovos também devem ser aquecidos em água tépida. Depois de os juntar , sal e amassar. Juntar as gorduras derretidas. Amassar ate despegar das mãos, fazer uma bola e fica a levedar.
Preparar as carnes desde frango assado, tiras de bacon, chourição ou presunto.
Armar o folar; num tabuleiro por camadas, ou forma redonda ou à mão como na foto.
Pincelar e vai ao forno 180º, cuidado para não crestar pôr folha de papel vegetal.
          
 Bolinhos dos Santos


Cavacas
Outras gulodices da minha avó Piedade da Cruz de Ansião
O seu famoso Pão de Ló
Coscorões
Amostra em miniatura do que foi o aproximado  Pão de Coroa de Ansião  o fazia com dedicação
para não crestar levava uma folha de couve...

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