terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O meu cartão Prestige Sottomayor!

Foto retirada da pagina do face António Nascimento Vaz 
Entrei no ano novo do meu signo chinês- Galo. Dita limpeza geral.
Abri a vitrine onde guardo memórias. Encontrei o meu cartão Prestige...
O Banco Pinto Sotto Mayor foi o pioneiro na década de 70 na atribuição de cartões de crédito em Portugal - SOTTOMAYOR BANKAMERICARD.
Foto do meu amigo RS
 O meu cinzeiro em faiança
Só entrei no Banco em 80. Decorria uma campanha com a distribuição gratuita do cartão de crédito a todos os funcionários, uma forma de publicidade barata, dava acesso a se comprar a crédito a 30 dias num tempo sem computadores, em que se usavam as chamadas máquinas de passar a ferro.
Julgo em 90 (?) apareceu o cartão Premier, o cartão dourado, só atribuído a clientes com saldo médio superior a 5 dígitos.O meu primeiro chefe no Banco, homem de cariz enigmático, mas que dele nada tenho a apontar, um dia apareceu-me ao balcão da Rua do Ouro, chamou-me para me dizer em voz baixinha " Isabel gostava muito de ter um cartão Premier, mas  não mo vão dar..." ao analisar o saldo não tive dúvidas da forte possibilidade, por me ver tão crente, respingava negativo, eu em flecha a descodificar os seus receios. Sabendo de graves problemas de endividamento de colegas pelo uso abusivo, conhecendo o sistema faziam compras a até ao montante de 5 contos, o limite para não se telefonar a pedir autorização ao serviço de cartões.
Analisado o seu perfil de cliente haviam argumentos válidos facilmente a contestar numa possível reprovação da gerência (?), mas na verdade ao tempo o foi difícil, mas debelado com sucesso, porque na verdade o merecia enquanto empregado e como cliente, que defendi com parecer e atitude!
Passado pouco tempo o vejo voltar ao Balcão, o cartão estava inválido. O procedimento foi o cortar na sua frente que deitei para o lixo a parte de inferior , deixando a tarja superior que dizia apenas o nome do Banco de lado... Questiona-me porque não deitei tudo para o lixo, de sorriso matreiro disse-lhe; caro chefe é a única forma de também ter o meu cartão Premier, vou mostrar-lhe e parti apressada para ir buscar o porta moedas e naquele imediato coloquei a tarja na primeira abertura dos cartões, dando assim a falsa sensação que também era detentora de um cartão dourado...
Fi-lo por gozo, mas também porque me fascinava a vaidade de um assim um dia possuir.Nunca o tinha visto a rir ,pois era homem conservador e de sorriso fechado...

Ao jus de remate ainda disse - seja pelo trabalho que tive na sua defesa para lhe ser atribuído...
Anos mais tarde numa cautela sorteada que pus a render a 8 anos na Mundial Confiança, cujo reembolso deixei deliberadamente à ordem para fazer crescer o saldo médio...

Até que chegou o dia que preenchi o impresso, me senti receosa tal como o meu chefe quando se abeirou de mim, na mesma dúvida seria atribuído? Mas foi. Mal o recebi a primeira coisa que fiz foi deitar para o lixo a tarja que foi do primeiro cartão do meu chefe...
O meu primeiro cartão Prestige Sottomayor no âmbito do Banco Comercial Português, foi naquele tempo um autentico orgasmo inteletual de pura vaidade, mas sobretudo pelo prazer em espicaçar mentalidades, seja o facto de muito poucos os que tiveram o almejo de também sentir que lhes foi atribuído!

Feira dos Pinhões em Ansião na TVI

Risível o nascer da crónica ao sabor do programa televisivo que se apresentou renovado no elenco de reportagem com novo elemento masculino, homem galante, abençoado de olhar lânguido fatalmente me despertou o lembrar d'outro assim belo que conheci há mais de 40 anos nesta terra de Ansião, a chorar...Fosse pelo motivo Saudade, a mesma que sinto infelizmente por já não estar entre nós!
Quiçá o dia ditou maldição (?) atendendo à festa decorrer sob intensa chuva...
Estranhei a ausência da Pastelaria Diogo (?)...Deixei-me a matutar a suposta razão e de mente alucinante alvitrar que a causa tenha haver com o prémio patrocinado pelo Município para um novo doce de Ansião - pastel de pinhão, apresentaram-se a concurso nove concorrentes, sendo o vencedor os alunos da ETPSicó .
Imagens retiradas da net
Pastel agrada ao olhar pelo aspeto caramelizado(?) debalde em demasia atulhado!
Deixou-me sem palavras a propaganda de marketing comercial ao estilo agressivo (?) ...Produto Tradicional de Ansião - Séculos de Tradição Num Pastel de Pinhão.
Seja pela metade verdade do slogan se atender apenas à comercialização do pinhão, sem o saber se seria em bruto ou descascado (?) com mais de 300 anos transacionado na feira da Constantina pela Confraria atendendo à ocorrência de muitos peregrinos ao local do Milagre da Fonte Santa e ao Santuário de Nossa Senhora da Paz . Naquele tempo havia grande mancha de pinheiro manso, maior que a atual.  
Hoje encontra-se dispersa a salpico de alguns lugares e da Mata Municipal. Nos anos 40, do século XX uma grande ventania deitou ao chão muitas pinheiras de elevado porte, sobretudo na Constantina, aqui veio gente de Aveiro para levar a madeira para ser usada na construção de barcos. A  arca de enxoval do meu pai foi feita com madeira de pinheiro manso, vulgo pinheira, e tenho uma vaga ideia que o "Sr.Júlio do 29" tinha uma propriedade de pinheiras para os lados do Pinheiro, falava que lhe roubavam as pinhas todos os anos. Por isso não havia incentivo ao seu plantio em detrimento de eucalipto... 
Desconheço a tradição da apanha das pinhas para descasque como noutras localidades; Alcácer do Sal e Caparica, onde todos os anos roubam pinhas para revenda... 
Em miúda com a minha irmã subíamos o costado da serra da Costa pelo carreiro do munho, a extrema com a propriedade dos nossos pais onde havia uma grande pinheira e outras em redor mais pequenas, apanhávamos pinhas verdes, pesadas, e de volta o tormento de as trazer na saca de serapilheira  à vez nas costas a pregar com  a resina agarrada às mãos...Mal chegadas a casa eram postas junto do lume para se abrirem de onde saltavam pinhões e logo no pial com o martelo em pancada pesada, os partir, debalde de miolo frágil se moiam, o que evidencia perguntar se alguma vez houve tradição deste ritual nas noites de inverno à lareira  a partir pinhão são. Jamais ouvi falar deste ritual...

Em 2009 lancei a dica para a utilização do pinhão na crónica da gastronomia e doçaria de Ansião
"Incrível é a região ser abençoada por salpico de pinheiras, cujo fruto o pinhão, não teve no tempo apreciação para com ele se  fazer algum tipo de doçaria.Um dia destes vou inventar "Beijos de Pinhão", já comecei a idealizar a receita!"
Bom, influenciei  o pastel de pinhão nascido há pouco mais de um mês ...
Confesso tomei conhecimento do concurso em dezembro em casa da minha mãe.

Em vésperas de Natal no Mercado de Ourém, comprei pinhão, e por não encontrar o tipo de massa que idealizei , telefonei à minha irmã para a trazer de Coimbra. 
Grande vontade experiencial, a imaginar a receita das minhas queijadas, na insónia da noite haviam de vingar  com o nome  "Beijos de Pinhão"... Tanto entusiasmo para cair derrotada ao dar razão ao bom senso, por saber de antemão que concursos em Ansião, vale o que o júri quiser (?) pelo que não me amofino mais ao ficar queda!O que fiz!

Na realidade o pastel de pinhão em televisão revelou-se má amostra  desculpem a franqueza, diz o povo "os olhos também comem" ...

Desconheço a razão da minha vizinha pastelaria (do Adolfo) até hoje, jamais presente neste evento, não a vi (?) em prol do convite camarário dirigido à Bastiorra, mulher sorridente em convalescença sujeita a operação recente sem deixar de transmitir ao mundo um bolo de história verídica passada na sua casa, herdada do pai, já vem do bisavô, homem  emigrante no Brasil. O que dizer? O bolo a meu ver não funciona pelo aspeto dado pelo prospeto chapado em tamanha hóstia, sobre a história do padre, rodeada de  lesmas, em feitio de balas, a  salvação  os fios de ovos...

Pelo que tenho visto gosta de inventar a cada ano, não deixa de ser um mérito, mas de suposta valia frágil (?)...Não sendo pasteleira de formação penas horas de aprendizado e conhecimento numa pastelaria da terra, o que me disseram , acresce a experiência do seu nato talento há anos, a tenho como mulher curiosa e decidida, o que pode alencar assim a continuar a supostas lacunas substanciais nesta arte da doçaria  onde praticamente já tudo foi inventado e reinventado. 
Supostamente mais vale dar continuidade ao mesmo e bem feito, que tentar variedade em prejuízo de credibilidade por se mostrar de cariz  ingénuo e duvidoso (?)...

Mantenho desde 2009 dois Blogs. 
Um temático sobre faiança e este onde vou escrevendo crónicas sobre várias memórias de Ansião, passeios, e de tudo o que me choque o pensar, cumulativamente já ultrapassam  mais de 1.320.000 visualizações, numa panóplia de público mundial o que me deixa maravilhada e curiosa, assiduamente recebo mensagens de apoio e incentivo, sobretudo nesta rubrica da gastronomia e doçaria que já ultrapassou os 3700 visitantes, é interessante constatar que no dia do programa cresce abismalmente...

Debalde  sinto haver gente a copiar dicas e ideias exaradas, e o mesmo sejam de outros, porque este meio virtual, a internet, se mostra o meio mais rápido de pesquisa e de se  achar. 
Não me deixou alheia o suposto copianço da cornucópia em hóstia que me lembrou a Alcoa, a famosa pastelaria de Alcobaça. 
Também da bola de carnes que a minha avó Piedade, padeira de profissão já a fazia, dela sempre falei e mostrei... 
Não me choca, sou mulher de partilha, choca, o facto  de haver pessoas ao que parece abominam a partilha, tão pouco publicam o que fazem, seja por medo, ou  falta de talento para redigir um texto onde expressem com transparência os seus saberes, emoções e segredos a que se juntam fotos. Em  verdade  seja mais fácil copiar ficando com " trunfos nas mangas" em detrimento, de passarem a usar coisa adquirida como ideia sua, e não o sendo, disso francamente não gosto, porque o certo é fazer referência à fonte de inspiração, gesto que só engrandece quem se inspira  para criar e recriar, e claro o inspirador agradece.Faz parte das regras de copiar, enunciar a Fonte !

Na verdade  em 2012, quando escrevi a crónica sobre a gastronomia e doçaria de Ansião, o que havia até então escrito sobre Doçaria apenas  se referia a "lesmas, bolos de noiva e Pão de Ló " e  na Gastronomia "cabrito assado com grelos  e migas" ...
Pelo que foi grande a minha vontade em transcrever receitas da casa dos meus avós, da minha mãe e de criadas a que dei continuidade. Porque cozinhar é recordar MEMÓRIAS...
Receitas ainda usadas em muita casa de antigos Ansianenses que gostam de manter a tradição e na  minha casa no tempo sempre lhes dei continuidade. Comecei por registar fotos para escrever e partilhar sobretudo os aferventados, cachola, chanfana, requentados (migas) que a minha avó Maria da Luz da Mouta Redonda chamava fertungado, a sopa de carnes ( tradicional sopa de pedra) os grelos de couve nabo, o leitão que o meu avô Zé Lucas já  assava nos anos 20 na Mouta Redonda , galinha de cabidela, galinha estufada com couves , o verde, guisado com sangue da minha avó Piedade a sua canja de galinha, o Pão de Ló, os Bolos de Noiva, bolos de erva doce, e as filhoses tendidas no joelho...
Também invenções e a reeditar novas receitas, sobretudo com as sobras como aprendi no programa televisivo da Filipa Vacondeus, porque a criatividade também vive em mim...
Pelo que sou levada a pensar que seja a ânsia de estrelato, o facto de alguém para sobressair assim proceda  em suposta ingenuidade ou com segunda intenção (?) que se revela manifestamente errado ao não ser dado o real valor aos autores que tiveram o mérito de o iniciar, no meu caso sem medo, nem receio de me mostrar, ao me expor sujeita a mexericos, que em abono da verdade, ninguém gosta .

O facto de ter sido mostrado pouco relativo à tradição de Ansião, e sim à introdução de bolos e de comidas mais recentes pelo uso de ingredientes mais atuais, em detrimento dos usados antigamente. 
Em repto dizer, lamentar como moeda de troca assistir ao fatal desprezo às fontes ( no meu caso  e de outras ) aonde  bebem informação para brilhar deixando o meu nome e outros no anonimato, quando deveriam ser elogiados!

O restaurante do Ensaio, ao mostrar a sopa de pedra afirmou não ser uma tradição da terra...
A comida desta gente de Ansião em tempo de antanho era o mesmo de sempre-, feijão com couves ou couves com feijões; aferventado de chicharo ou feijão frade com carne gorda  e enchidos; sopa de ossos guisado de batatas com sangue coalhado e papas de milho.

A Sopa de carnes é feita com " feijão da velha" demolhado cozido ao lume com as carnes e enchidos a que se juntava esfarripada couve galega, repolho, quadrados de abóbora, de nabo,batata, e uma mão de massa meada grossa. 
No verão este feijão seco era substituído por feijão de debulhar . 
Um hábito em todas as casas, por ser uma sopa de substância, também a faziam na safra das vindimas e da apanha da azeitona pelo Ribatejo, em especial em terras de Almeirim e Golegã, levando o rancho de mulheres na arca as carnes em salga, enchidos e o feijão, a que eles sim, os ribatejanos, tão bem a souberam reaproveitar para a reinventar com o nome de Sopa de Pedra. 
A chanfana em Ansião, sempre se comeu mais com couves do que com grelos(?), estes sim no acompanhamento ao cabrito e borrego, ainda bem que introduziu a cachola, um prato antigo, sendo que a receita não estivesse a preceito-, a batata é guisada com as carnes e o fígado entalado na brasa a que se junta o sangue, e não inteiras e roliças como bem me lembro de assim as ter apresentado noutra receita ... Coincidência ou não, por não ser típica da gastronomia de Ansião falou do bife da vazia, prato que em casa dos meus pais foi refeição desde os primórdios dos anos 60, do séc. XX, comprado no talho do Ti Tereso, também se comia muito goraz e pargo assado vendido pela Ti Zulmira e pelo Ti Amadeu...
A  sobremesa Pavlova,  disse ser a sobremesa que mais sai no restaurante, tal como o bife, ora também a dei neste meio a conhecer, quando a faço há mais de 30 anos, seja pelo prazer de saborear suspiros em detrimento do Molotof, não sei porquê, difícil me calhar bem!

A  trapologia arte artesanal deste povo em tempos de antanho renasceu como empresa em Santiago da Guarda, ainda me lembro de ver as tecedeiras  nos teares. Pelo que vi  na mostra julgo se tem perdido alguma magia...Bem me lembro de ver casas de muita pessoa alindadas de belos tapetes , coberturas de máquinas de cozer, arcas, malas e ainda mantas, algumas  feitas a imitar botões, com o tecido  caseado em alinhavo fazendo fole, confere nesta arte de antanho uma beleza ímpar e ainda outra usada nos tapetes, tipo farripos,  não sei como os faziam...
Um exemplar de passadeira
Tapete na Casa dos Fósseis na Granja Santiago da Guarda
 Outro tipo de tapete
Tenha sido algum fatal exagero em afirmação e ostentação (?) que me enxovalhou o estar!
Em cúmulo, enxerguei alcoberta da chuva ao lintel  suposta criatura andrógina...
Pasmei de olho arregalado ao jus do famoso quadro "O Grito" do norueguês Edvard Munch...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Brasil é considerado um dos pioneiros na Fotografia


O meu bom amigo Luiz Fernando de Menezes a viver em Santos no Brasil que conheci em Lisboa, revela-se desde 2012 um pioneiro na fotografia mobile nesta cidade Santista, a fotografar a "Cena do Dia" que divulga na sua página de Facebook .No momento decorre até ao dia 20 do corrente um concurso para envio de fotos por e-mail para fotomob@bazarcafofo.com.br.
A semana passada envia-me informação do grande fotografo português, José Marques Pereira, o homem que mais fotografou Santos em nato desafio "quem sabe uma exposição em Portugal, já pensou?"
Apesar da existência do Arquivo Municipal de Fotografia de Lisboa e outros departamentos temáticos seria interessante uma exposição em Lisboa que exaltasse o espólio brasileiro dos cartões postais de José Marques Pereira, pela massificação do conhecimento das vistas da cidade no impacto que ditou ao Mundo cumulativamente do levar notícias para familiares num período fértil emigratório, no início do século XX.
É sempre possível, desde que haja vontades, ao jus da Casa Museu João Soares nas Cortes, em Leiria que em 2013 trouxe as aguarelas e gravuras de Baldi produzidas durante a viagem em 1669 na comitiva de Cosme III de Médicis a Espanha e Portugal , a perpetuar  gravuras da estalagem da Gaita onde pernoitou antes de chegar a Ansian (Ansião), a minha terra adotiva.
Em 1824 Florence o pintor e naturista radicou-se no Brasil estabelecendo-se em Campinas onde realizou experiências e invenções, em 1833 fotografou  através da câmara escura com uma chapa de vidro usando papel, sensibilizado a impressão por contato. Ainda que totalmente isolado e sem conhecimento do que realizavam os seus contemporâneos europeus, Niépce e Daguerre, obteve o resultado fotográfico, a que chamou pela primeira vez de Photografie.
Pela descoberta de Florence, o Brasil é considerado um dos pioneiros na Fotografia. 
O abade Louis Compte em 16 de janeiro de 1840 quando aportou no Rio de Janeiro fez uma demonstração a D.Pedro II da daguerrotipia. Supostamente D. Pedro II teria sido o primeiro fotógrafo com menos de 15 anos no Brasil, quando no mesmo ano de 1840 adquiriu um  daguerreótipo, em Paris.

Albert Kahn, um judeu francês milionário viajou em 1ª classe para o Brasil, no mesmo navio seguiam muitos emigrantes para o novo mundo da América do Sul, o mais rico, a Argentina. Aportou ao Rio de Janeiro em 1909 para o fotografar.
Odisseia da emigração  portuguesa  e de outros países para o Brasil
 Desembarque de emigrantes em Santos em 1907
Navio de emigrantes 1939-41 de Sagall  Lasal
ROCCO, Antonio. Os imigrantes, 1910. Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo

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ROCCO, Antonio. Os imigrantes, 1910. Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo

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Tem esta crónica o mérito em tecer um breve paralelismo entre um caiçara Benedito Calixto e um emigrante português- José Marques Pereira, natural da cidade do Porto que emigrou para o Brasil a bordo do vapor Inglês “Magdalena” desembarcando no Rio de Janeiro em 27 de março de 1893. Dois dias depois deu entrada na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo com 26 anos, acompanhado do seu irmão, Abílio Marques Pereira, de 19 anos e algumas centenas de emigrantes portugueses.

Um pintor,
um caiçara,
nascido no litoral paulista,
Benedito Calixto não era pescado
mas amou a natureza
tornando-se seu grande apreciador.
Pintou o mar
com olhar apaixonado
e pintou a cidade de Santos com olhar
detalhado.
Os imigrantes  1910  de Rocco António do Acervo Pinoteca do Estado de São Paulo
A emigração de portugueses a caminho do Brasil teve inicio a partir de 1530, floresceu durante as invasões francesas por volta de 1808 quando partiu a corte portuguesa com nobres e demais pessoal no total de 500 pessoas e não 15.000 como alguns historiadores ditam, por volta de 1821 alguns voltaram. Precisamente a partir desta altura até 1940 o Brasil abriu as portas ao comércio direto com Países europeus pelo que aportaram emigrantes de mais de 50 países de todo o mundo. Os portugueses jamais se consideravam imigrantes, porque levavam na ideia só ir ganhar dinheiro para voltar à sua terra.
A emigração enquanto fenómeno de partida em busca de melhores condições de vida e trabalho seja  aqui abordar estórias com história, ao  retratar emigrantes que partiram sem medo, acreditando num trabalho remunerado nos finais do século XIX a caminho das promissoras terras brasileiras nas plantações de café, feitor ou capataz de fazendas, estivadores e carregadores no Porto de Santos, construção da ferrovia pelo sertão, panificação, e em meados do século XX outros se aventuraram no ramo da construção civil , na arte do chocolate e,... exemplos de emigrantes que conheço do concelho de Ansião, hoje milionários, o último emigrante que conheci de partida já foi no início da década de 70, o David Mouco, pouco mais velho do que eu, ao tempo trabalhador na Câmara foi chamado por um tio, mas teve pouca sorte, já faleceu.
Foi no Brasil onde se empenharam por um lado a fomentar o progresso do País na expansão da ferrovia para o transporte da enorme riqueza do ouro verde, e por outro lado os que tiveram visão para filões de negócios rentáveis neste País imensamente grande em oportunidades, apesar das muitas dificuldades vividas à época se alevantaram talentos; seja o trabalhador português, abnegado, obstinado, sofredor e a arte de um brasileiro caiçara, em retratar a natureza as suas gentes e  costumes maioritariamente de Santos na tela que com a fotografia em cartões postais no objetivo de torna viagem tinham a magia de criar impato com as vistas da cidade em paralelo com as noticias, o que perspetivou sucesso esta arte fotográfica tal como a pintura da cidade de Santos, no início do século XX.Mas também houve gente que por falta de talento se acomodou a viver sem trabalho ou à custa dele sendo mal pago e por isso a viver na míngua miséria,  alguns tiveram sorte de ter ajuda pecuniária para a viagem de volta dada pelo Centro Português de Santos, chegaram recambiados  "com uma mão à frente e outra atrás"...
Havia quem partia com fundos próprios, o avô do meu marido casou para ter dinheiro para pagar a viagem em 1928 com destino à ilha de Fernando Pó, na década de 50 houve quem vendesse os bens para não voltar, e outros que foram e depois de se instalarem com negócios de panificação na família do meu pai de Ansião, os conheci na década de 60 quando vieram vender os bens recebidos de herança. Houve quem partia com carta de chamada de familiares já estabelecidos para trabalhar no mesmo ramo de negócio de cariz familiar, quem não tinha dinheiro tomava partido dum sistema chamado "parceria" idealizado em 1840 pelo Senador Vergueiro, o sistema consistia no pagamento de todas as despesas do emigrante; viagem, comida, apoio à chegada com alojamento, lote de terreno para cultivo da horta de subsistência com uns pés de café, e ferramentas. Quando o café começasse a produzir o fazendeiro seria ressarcido da despesa e juros que tinha despendido com a vinda do emigrante e ainda metade da safra do café, obviamente que raramente o emigrante conseguia saldar a dívida, por isso ficava preso à fazenda, originando conflitos e tensões com os patrões, seja uma das razões de uma maioria destes portugueses não ter voltado a Portugal, a sua odisseia foi um fracasso, só trabalho árduo...os imigrantes que conseguiam saldar a dívida com os fazendeiros eram livres de sair da fazenda, mudar, ou estabelecer-se por conta própria.Relações que ajudam a perceber os imigrantes portugueses que vinham em geral sozinhos para ganhar a vida no porto de Santos como estivadores e carregadores de sacas de serapilheira com café das carroças para os porões dos navios.No início do século XX alguns regressaram realizando o velho sonho português de voltar à terra com o " pé de meia" no bolso para construir a sua casinha e montar um negócio, chamaram-lhes os novos ricos, no norte e centro de Portugal construíram casas diferentes, ao género de chalet ao estilo art deco, arquitetura modernista que já se usava no Brasil, como sinónimo da sua riqueza, ainda hoje se mostram lindíssimas. Nos anos 30 na aldeia da minha mãe, Moita Redonda, chegou o "ervilha" vestido de meia de seda, bolsos cheios e pela mãos dois mulatitos...

O aumento excomunhal das vendas de café para a Europa faz crescer outro negócio no início do século XX as lojas comerciais de "fazendas, armarinhos, secos e molhados" e de vários produtos ligados ao consumo urbano ditado pela moda europeia. Segundo Mello e Saes, em 1890, havia 292 destes estabelecimentos na cidade de Santos, enquanto existiam 141 casas comissárias de café (LANNA, 1996, p. 68).

O avô do meu amigo Luiz Fernando também era português, natural de Vale Longo no distrito de Leiria, teve a infelicidade de ver os pais falecerem com a gripe espanhola pelo que órfão em 1908 parte para o Brasil, ao chegar ao porto de Santos deixa o baú de madeira com correias de cabedal no cais para procurar o seu primo para voltar no dia seguinte onde o baú ainda estava no mesmo lugar onde o tinha deixado. Dias depois seguiu para o Alto da Serra (Paranapiacaba) para trabalhar com o engenheiro inglês Dr. Wellington na medição e assentamento dos dormentes do caminho de ferro S.Paulo Railway que ligaria Santos a São Paulo.Após vários anos deixou este serviço por falta de saúde e começou a trabalhar numa padaria, anos mais tarde abriu o seu próprio estabelecimento em Santos.
A imigração iniciou-se no nosso país baseada em um sistema chamado “parceria”, idealizado por um grande fazendeiro, o Senador Vergueiro, na década de 1840. Por esse sistema, o fazendeiro pagava as despesas da viagem do imigrante, fornecia a alimentação a crédito, as ferramentas, alguns pés de café e um lote de terra para que plantasse gêneros de subsistência. Quando os pés de café começavam a produzir o imigrante deveria ressarcir o fazendeiro, pagando-lhe o capital investido com jurus, além de entregar metade de sua produção de café. O imigrante dificilmente conseguia pagar o fazendeiro e ficava preso à fazenda, o que causava tensões e conflitos entre trabalhadores e patrões. O sistema de “parceria” não deu certo, muito embora tenha sobrevivido por um longo tempo no campo brasileiro. Os imigrantes exerciam diversas funções em seus países de origem, eram artesãos, trabalhadores da indústria doméstica e, mesmo sendo camponeses, não sabiam cuidar dos pés de café. Além disso, recebiam dos fazendeiro as piores terras, pouco produtivas, e viviam endividados. Entretanto, o problema mais grave da imigração residia no tratamento dispensado aos imigrantes pelos fazendeiros que, acostumados com a escravidão, tratavam os trabalhadores como se fossem escravos. Por isso tudo, várias revoltas eclodiram, o que aconteceu inclusive na fazenda Ibicaba, de propriedade do idealizador do sistema de parceria.

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Pintura de Santos no inicio século XX
Igreja do Convento do Valongo
 
Porto de Santos em 1882 com veleiro ancorados

Antigo Chafariz, na atual praça da República, Calixto  Páteo Interno da Cadeia de Santos, 1875
As difíceis condições de transporte do café das fazendas para o porto de Santos
O Porto de Santos em 1892 não se encontrava organizado, sendo que já havia necessidade de embarcar o ouro verde dos fazendeiros, apesar das condições rudimentares os carregadores transportavam as sacas de café de 60 kg às costas sob pranchas de madeira para os porões dos navios. O que faz crer supostamente José Marques Pereira começou aqui por arranjar trabalho (?). Alguns imigrantes portugueses e outros europeus levavam não uma, mas duas, três, quatro e até falam que havia quem aguentasse cinco sacas de uma só vez, num total de 300 kg (?), em concursos de resistência.

O tio do meu pai "Canhoto" de Ansião também veio a Santos transportar as sacas de café, regressou a Portugal, para voltarem mais tarde os filhos para o ramo da panificação.

Segundo Pietro Amorim, historiador do Museu do Café, em Santos, o mito do Jacinto, o carregador que levava 5 sacas só com a força do corpo às costas. "Pouco se sabe sobre esse personagem, a sua história foi apropriada e reproduzida de diferentes formas ao longo do tempo, "Jacinto" com alcunha " Sansão do Cais", uns dizem ter sido português outros espanhol (?), mas o nome e a força dita ter sido português(?), a pensar nos salineiros que levavam descalços canastras de sal à cabeça... . se realmente existiu, ninguém o sabe, mito fictício ou real, o personagem tem muito a ensinar: "se considerarmos a exaustiva rotina desses carregadores de sacas de café de 60 kg, por trás da imagem de Jacinto, podemos ver homens que iam aos extremos de sua capacidade física para sobreviver", porque seriam pagos à saca .
No entanto estivadores e ensacadores de hoje tem opinião que o máximo de peso suportado por uma pessoa é de 120kg (duas sacas), por isso alguns deles levantam a dúvida se as sacas eram, de fato, de 60kg, ou melhor se seriam de outro produto mais leve... as fotos não enganam...
 Foto a cores
Raro cartão postal de 1906, editado por M. Pontes e Cia para a sua loja Bazar de Paris, num dos concursos de força à época da estiva Santista que a organizava entre si .
 Foto de José Marques Pereira do porto de Santos
Foto de Francisco Carballa  embarque do café em Santos
Foto de José Marques Pereira de 1902 do vapor alemão Sílvia, carregado com 130.136 sacos de café, o maior carregamento saído do Brasil
 Em 1908 entraram novas medidas portuárias no porto de Santos proibindo a entrada de carroças
Não se sabe como José Marques Pereira se tornou dono da loja "FAMA" de armarinhos, fazendas, perfumes etc, na cidade de Santos, numa das principais ruas do comércio, na Rua na XV de Novembro , o mais importante boulevard da cidade que ligava o porto à cidade antiga. Homem de visão, amador de fotografia engalanava a montra com os produtos para venda;trajes masculinos e femininos com os postais da cidade para seduzir e chamar a clientela.(BARBOSA, 1999).
Foi membro número 166 do Centro Português de Santos no ano de 1896 onde se promoveram escolas de dança, música, grupos de teatro; se fundou a escola primária e secundária João de Deus, além de prestarem ajuda pecuniária na repatriação de imigrantes lusos, importante para aqueles que partiram, trabalharam, mas não tiveram sorte em o amealhar...
Desconhece-se onde José Marques Pereira aprendeu o hobby fotográfico, supostamente teria sido nesta associação (?) pelo que rapidamente a sua loja "Fama" passa a ser "Photographia União".
A maior coleção até hoje editada no Estado de São Paulo com 70.000 cartões postais impressos por José Marques Pereira sobre aspetos da cidade de Santos haviam de viajar pelo mundo informando, consolando e saudando os seus remetentes. A leitura que faziam alguns admiradores das suas fotografias reforçava esta memória da cidade, como em 1906 a descrição de Vitaliano Rotelline em “Il Brasile e gliitaliani”sobre o trabalho de José Marques Pereira.
"Para este artista egrégio-, Santos e sua bela baía, a vizinha São Vicente e a ilha de Santo Amaro, com a atrativa Guarujá, não tem nenhum mistério: cada local que ofereça encantos naturais foi focado pela lente do bravo fotógrafo. Marques Pereira, um jovem gentil, afetuoso, sem pretensões, possui hoje um belo estúdio fotográfico na Rua 15 de Novembro onde o visitante poderá passar momentos deleitosos diante das numerosas vistas que constituem o seu patrimoniado artístico, porque produz a fotografia com arte, não como um ofício, obtendo resultados de notável beleza. (ROTELLINI, 1906: 728) "
Este autor procura explicitar que as suas fotografias foram feitas como se fossem obras de arte e não como simples ocupação.Tal pensamento é recorrente na história da fotografia visando aproximar os trabalhos de alguns fotógrafos dos valorizados pintores e diferenciá-los, como artistas, da numerosa concorrência.Sem querer discutir a respeito da fotografia como obra de arte apenas confirmar a estratégia de valorização das fotografias de José Marques Pereira, as qualificando como inegáveis obras de arte. Em 1907 o livro propagandista “Le Brésil” diz algo semelhante sobre o trabalho de José Marques Pereira:
José Marques Pereira é antes de tudo um artista que ama o seu ofício e que soube criar um renome justamente merecido. Pode dizer-se que é devida a ele a divulgação dos pontos mais interessantes da cidade de Santos e felicitá-lo por ter contribuído para destruir a lenda que situava Santos numa região que não atrai o turismo. De fato, as vistas de Santos por ele obtidas não somente constituem verdadeiras obras de arte, mas ainda têm revelado que o porto principal do Estado de São Paulo, além de importante centro marítimo e comercial, é também uma estação balneária de primeiro nível. Os trabalhos de José Marques Pereira, vistas naturais e fotografias de grupos, são universalmente apreciados e destacados pela perfeição da execução que transforma todos os seus trabalhos em verdadeiros documentos artísticos. (HÜ, 1907)
Ao explorar o cartão-postal produzido por um único autor, o fotógrafo e editor José Marques Pereira neste trabalho possibilitou visualizarmos um discurso específico onde foram eleitos e elaborados alguns espaços e atividades que figuraram no imaginário do grande público no início do século XX. Estes postais que traziam impressas as fotografias de José Marques Pereira, também foram utilizados para comunicação entre parentes, amigos, amantes, enfim aqueles que tinham necessidade de informar, consolar e saudar os destinatários ausentes, que os receberam com mensagens dos seus entes queridos com imagens e aspetos do buliço da cidade de Santos. A consolidação da memória visual da cidade passava, portanto, pelos emissores e destinatários dos cartões-postais ao ser enviados e guardados pelos destinatários os postais recebidos, colaboraram para preservar pequenos fragmentos cheios de lembranças. O trabalho de José Marques Pereira é uma importante fonte de pesquisa que colaborou na formação de uma memória visual da cidade de Santos e seus habitantes, revelando cenas e fazendo história, construindo através das imagens uma nova cidade, mostrando os novos agentes em novas relações sociais
Fotos de cartões postais de José Marques Pereira

Construção do Cais e Antigo Mercado em 1890, em foto de José Marques Pereira (albúmen com 12,0 x 16,7 cm - acervo Gino Caldatto Barbosa)
Em paralelo nasceram outros serviços e empresas como os Corretores da Bolsa de Café na mesma Rua XV de Novembro onde era a loja do José Marques Pereira.
Naquela época os Corretores para mostrarem que tinham muito dinheiro vestiam-se todos de ternos em branco, confeccionados com um tecido praticamente impossível de se passar ferro, alinhado, dando aspeto de amassado.
Esta crónica acabou por despoletar a lembrança do bisavô Manuel Freire dos Santos de outro bom amigo Renato Freire da Paz, tambémele imigrante no Brasil onde esteve uns anos para regressar e casar.
Montou a Casa de Fotografia Santos em Ansião em finais do século XIX.
O seu diário com a data de 1897.
O que evidencia que esta arte da fotografia foi aprendida no Brasil, em Santos(?) na mesma altura que o José Marques Pereira (?). Curiosamente o avô do Luiz Menezes e este são do mesmo distrito, Leiria.
O Manuel Freire dos Santos deixou basicamente fotos de família e da vila de Ansião. Supostamente por ser de origem judia, muito avarento, não fotografou mais (?)... tesouros na posse de familiares, sendo que uma maioria de fotos em chapas de vidro guardadas décadas no baú que foi ao Brasil com a humidade se estragaram...o que existe merece destaque numa ala fotográfica no futuro Museu a abrir em Ansião, que dele tão deficitário se encontra o concelho!
Seja fácil encontrar a mesma arte nos dois fotógrafos portugueses na semelhança a coincidência de datas no Brasil quase no início da fotografia.
A Casa Santos usava molduras, chegou a ter um atelier para fotografar com cenários como a foto baixo de 1900 com um pintor desconhecido rodeado pelos quadros e os cães.
Menina com 14 anos de Maças de D Maria
Familiares em 1912 a saudar a República
Quando a casa do primeiro fotografo da vila de Ansião-, a Casa Santos e depois Paz, foi demolida, nos escombros um primo meu recolheu algumas chapas com crianças na época de 60, que se tiravam para enviar para África, Europa e Brasil onde os pais estariam imigrados...
Aqui de mão dada com a minha irmã Mena, vestidas de igual com reforço de golas em plástico brancas com bolinhas vermelhas, pelo chão resquícios de palha , foto tirada num alpendre para enviar às tias de Angola.
Numa feira de velharias em Évora encontrei num estaminé de chão postais ao género de José Marques Pereira com data de 1947.


FONTES
 http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0220a.htm
Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, Rio de Janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia_no_Brasil
http://mestresdahistoria.blogspot.pt/2011/04/saiba-mais-sobre-imigracao-para-o.html
http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos091.htm
http://www.mexidodeideias.com.br/viagem/a-lenda-de-jacinto-o-carregador-de-sacas-de-cafe/
http://visistasantoscomex.blogspot.pt/
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364700434_ARQUIVO_Texto_ANPUH_2013_MemoriaeRepresentacao_Mauricio_Lobo.pdf
https://soulsantos.wordpress.com/tag/cafe/#jp-carousel-57
https://familysearch.org/wiki/pt/Brasil_Emigra%C3%A7%C3%A3o_e_Imigra%C3%A7%C3%A3o


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Falar de Almoster no concelho de Alvaiázere

Péssima entrada no Ano Novo em matéria de fazer as Coisas que eu Gosto... Exclui indevidamente a crónica compilada sobre a velha Igreja de Almoster em Alvaiázere já em última revisão,  horas perdidas pela contínua mania em paralelo a fazer várias coisas ao mesmo tempo, tenha sido a fervilhar pelo meio outra crónica a que dei prioridade, neste agora sinto não o devia!
Entrada da vila de Almoster com um Cruzeiro comemorativo inserido em pedestal
Aumento da foto, tentar perceber se tem inscrição relativa à comemoração...debalde nada enxerguei!

Sobre esta temática exarei em tempos um comentário na Página do Facebook da Igreja Velha de Almoster, que aqui reformulo ...há anos na ideia de parar e fotografar ruínas; não só da igreja como de umas casitas de pedra logo abaixo da aldeia de Santa Cruz, antes do entroncamento, julgo tenha sido uma azenha (?), e também na entrada na nova variante do lado esquerdo onde é visível um pequeno aqueduto de águas, sob o qual se estende em planura terreno que teria sido no passado riqueza de milheiral (?), ultimamente ambos os locais mais limpos e por isso visíveis, e ainda a ponte velha.A minha primeira vez em Almoster  aconteceu no dia da inauguração da igreja nova tinha seis anos, apenas lembranças do grande adro atulhado de povo vestido maioritariamente de preto  e homens de camisa branca onde hoje existem infraestruturas de apoio às festas, lugar altaneiro de onde avistei muita gente em plano inferior, seria o antigo caminho (?) prostrados em fila de espera da sua vez para "matabichar" comes e bebes... Havia de voltar antes de casar para contratar um acordeonista.
A  Igreja Nova 
Encontrava-se  fechada. A divagar de coração cheio a lembrar esta recordação de infância à minha mãe, em nada se lembrava de aqui ter vindo, quis acreditar fazendo fé que só se guardam na memoria, as Coisas que nos deixam verdadeira emoção...Assim triste a deixei para trás e parti em passo alargado sozinha a caminho da Igreja velha que dista escassos metros...
Tanta emoção sentida!
Muitos foram os que em modo coletivo se fizeram  ouvir junto da Câmara de Alvaiázere invocando querer a sua Igreja velha de Almoster reconstruída, justo mérito!
No meu opinar ficaria dignificado o espaço para auditório, palestras, exposições, aluguer da sala para publicação de Livros ou afins, ou melhor em utilidade mista de espaço público a funcionar no corpo da velha igreja para as diferentes utilidades referidas, e a capela mor a funcionar como Espaço Museológico, em virtude desta ter caído e terem demolido a sua torre, deviam de novo ser erguidas para novas utilidades, adotando  misticidade com a envolvente moderna que hoje choca o olhar, resulto da emigração(?), aqui nesta terra tão forte o seu êxodo na década de 60, cujos donatários sem culpa alguma, seja antes incutir culpas à autarquia por não ter prestado atenção ao núcleo histórico onde Almoster nasceu, supostamente em decisão arbitrária procedeu a licenças que mudaram para sempre a estética deste espaço emblemático. Lamentavelmente o casario moderno se mostra  descaraterizado na primitiva imagem histórica por conviver de paredes meias com a Igreja velha.Ainda assim, haja arquiteto de bom traço, da terra ou proximidades com almejo de sucesso na profissão, para oferecer planta com a nova imagem paisagística deste local, onde a mistura do moderno e do antigo possa conviver em harmonia e não choque ninguém. Acredito seja possível com pequenas alterações nas casas, ao se proceder a revestimento em lajeado calcário da região em prol de outras alterações, acaso os seus donos se deixarem envolver nesta iniciativa e assim se mostrarem dispostos a colaborar, em prol do desenvolvimento da sua terra, também a Junta deve pensar em expropriar terrenos (?) ou na sua compra simbólica, melhor seria a doação, em toda a envolvente e na ligação da variante, para ampla visão com expansão e abertura  do espaço, onde não falte jardim, parques de estacionamento e passeios na aposta futurista  em fomentar o turismo e deste modo todo o povo de Almoster sair vencedor!
Não li o Livro, apenas cito excertos disponíveis na Internet
Tanta vez em rota de viagem a caminho de Alvaiázere, feira do 23 de abril ao Arneiro, Agroal, Freixianda ou Fátima, sem parar e respirar Almoster...Sempre em mente o que teria sido o fausto passado desta terra, do seu pequeno mosteiro-, nome que deriva do árabe "Almonasterium" ou "Almosterio" albergou um pequeno número de frades Benedetinos do Lorvão que tomavam conta das suas terras. Em 1811 o mosteiro do Lorvão ainda tinha o padroado com direitos reais em Almoster, sendo que se desconhece a razão do abandono dos frades, à quem alvitre tenha sido a farta posse de bens fez com que a vida dos monges caísse em relaxe e o mosteiro acabou por fechar, mas poderia ter sido a beldade das mulheres descendentes de romanos e mouros, belas, a quem os frades de carne e osso não conseguiram resistir, cumulativamente a traição de alguns mouros perdidos de raiva a toda a hora a serem enxotados pelos cristãos ...Pelo Natal de 1200 o mosteiro reabre com vida nova pela mão de freiras de Cister com a posse destas terras de Almoster, e ainda da albergaria que já vinha do século XII, até que no reinado de D. Afonso III com todos os seus pertences voltam para a posse da Coroa Real. Um documento deste mesmo Rei datado de 1266, do Arquivo Nacional, relata a doação da albergaria a Fernão Pires. Este termo albergaria predomina na toponímia - Albergarias, o que dita a existência de mais do que uma (?).

Romila
A evidenciar a estrada romana que veio a ser medieval e chamada estrada real
Breve narrativa temática a Almoster a lembrar um tempo longínquo dos colegas no Externato António Soares Barbosa, em Ansião - de todos sentir gratas emoções e carinho, apesar da minha vida académica não ter tido a produtividade da maioria, pois apenas me deixei ficar pela licenciatura da vida, com quase 60 anos, me revelo amante da história, arqueologia, património, cultura e tradições das gentes destas terras que conheço desde sempre e passei a admirar no continuado contributo a falar da vossa terra, dirigido a todos com o meu olhar de crítica construtiva, exercendo o meu direito de cidadania, porque Almoster desde sempre me exala frenética paixão por ser terra ancestral  onde passou a via romana, e nasceu a aldeia de Romila, juntamente com a de Rominha em Alvaiázere, sinónimo de habitat deste povo, inegavelmente por aqui deixou linhagem nos genes destas  gentes e ainda a perpetuar a toponímia!

Citar o Padre Manuel Ventura de Ansião
"Hospedarias ou albergarias sempre existiram em muitas das localidades por onde passavam peregrinos no caminho de Santiago de Compostela (Ariques) e santuários: (Nossa Senhora dos Covões em Alvaiázere, Constantina em Ansião e Sítio na Nazaré referidas na crónica de Severim Faria que acompanhou o Chantre de Évora em 1625), frades que vinham cobrar impostos e rendas das suas quintas (Frades de Santa Cruz a Ansião, de Santo Tirso à quinta de Cima em Chão de Couce), Reis, comanditas reais e viandantes além de malfeitores.Os Reis promoviam estas estalagens ou albergarias de apoio em todas as estradas principais. Nesta região havia várias, a que passava em Ansião era a que tinha mais concorrência. Nas “Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas”, de Mário Rui Rodrigues e de Saul António Gomes referem que no século XV os Reis de Portugal concederam a três estalajadeiros da Vila de Ansião privilégios e isenções para que pudessem servir condignamente os viandantes, onde havia enxerga para repor forças, pão, água, vinho, sopa ou papas de milho.Uma dessas hospedarias estava junto da capela de Nossa Senhora da Conceição, de que resta o portal , hoje no tardoz da Misericórdia, outra seria no Alvorge com Irmandade e tudo, que o pároco em 1758 dizia que o povo chamava Misericórdia mas que não tinha o estatuto das Misericórdias, e a terceira poderia ser a estalagem da Gaita (?), por aqui sita algures, séculos mais tarde julga-se tenha existido outra na Sarzedela (?), para em meados do século XX findar a última estalagem da Ti Maria da Torre, no Bairro de Santo António, tinha um Crucifixo de madeira com o Senhor do Bonfim do século XVII, para receber os viajantes.As pessoas com posses pagavam ao estalajadeiro, mas os de baixos recursos tinham cama e mesa e até, se necessário, transporte em animais que as estalagens tinham para o efeito." 

Citar http://geneall.net/pt/forum/2096/teixeira-de-castro-de-chao-de-couce/ 
"Manuel Pinheiro de Barbuda nasceu em Almoster em 1576. Viveu em Almoster e casou com Francisca Borges, filha de Jorge Soares Galhardo e de sua mulher Mécia Fradessa (FRADE), senhores da Quinta de Almoster (Alvaiázere) , nº 5, em Tit. Galhardos de Abiúl. Consta de uma procuração que ela fez sendo já viúva, sobre a herança de seus pais , na nota de Manuel Fernandes, tabelião em P. Grande, em 1625 e de outra outorgada na quinta de Almoster, na nota de João Lopes, no 1º de Dezembro de 1635, a qual ela fez com suas filhas sobre a herança dos ditos seus pais (sogros), Pedro Barbuda e Filipa da Costa, e teve:
Joana Soares Borges, mulher de Nuno Leitão Correia, filho de Salvador Correia Leitão e de sua segunda mulher Jerónima Leitão, 319, Parag. 37º em Tit. Leitõe, c. g. Filipa Soares Borges, mulher de Belchior Diniz. Serafina Pinheiro (de Barbuda). Sebastiana Soares Pinheiro, que casou em Oleiros com Jerónimo Nogueira. Instituiu uma capela que possui António Torres, s.g.Helena Cravo Soares".


De Almoster partiu gente rumo ao Brasil há mais de cem anos
Naquele tempo de vida difícil, afinal hoje a mesma desigualdade na distribuição da riqueza, sendo que na verdade para partir havia necessidade de ter dinheiro para a viagem, pelo que alguns vendiam o que tinham, outros recebiam carta de chamada de familiares já instalados, provavelmente lhes faziam adiantamento do dinheiro que o pagariam depois (?). Contudo nesta época os portugueses não iam com o sentido de emigração, antes de irem ganhar dinheiro para voltar a Portugal. A história revela que quem voltou trazia no coração a grandeza e ostentação do seu casario diferente-, chaletts e casas de arquitetura imponente, em geral montaram negócios. Daqui de Almoster não sei se todos voltaram...Na verdade não vejo casario que remonte a esse tempo de fausto (?). A pesquisa na Internet sem ser intensa verifiquei que a maioria partiu de Vale da Couda, sendo que também partiram de Almoster, S. Tiago, Romila, Casal da Rainha, Fojo, Ponte Velha, Ponte Nova, Pexins, Bemposta, Quinta e,...

Passaporte de Manuel Rodrigues
1900-05-12 
Idade: 41 anos
Filiação: Luís Rodrigues / Rosa Marques
Naturalidade: São Tiago / Almoster / Alvaiázere
Residência: São Tiago / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos / Brasil
Observações: Acompanhado de sua mulher Maria José, de 33 anos e de seus filhos João, de 6 anos, de Maria da Luz, de 5 meses.
Supostamente não voltou ao levar a família (?) .



Passaporte de António de Barros

1901-02-12 
Idade: 24 anos
Filiação: António de Barros / Maria Freire
Naturalidade: Ponte Nova / Almoster / Alvaiázere
Residência: Romilha / Almoster / Alvaiázere
Destino: São Paulo / Brasil
Passaporte de José Marques
1901-02-12 
Idade: 28 anos
Filiação: António Marques / Maria Rosa
Naturalidade: Casal da Rainha / Almoster / Alvaiázere
Residência: Casal da Rainha / Almoster / Alvaiázere
Destino: São Paulo / Brasil
Passaporte de João Marques
1906-12-31 
Idade: Não mencionada
Filiação: António Marques / Maria Rosa
Naturalidade: Casal da Rainha / Almoster / Alvaiázere
Residência: São Tiago dos Ariques / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos / Brasil
Passaporte de José Fernandes
1913-01-13 
Idade: 20 anos
Filiação: Manuel Fernandes / Maria Rosa
Naturalidade: Bemposta / Almoster / Alvaizere
Residência: Bemposta / Almoster / Alvaizere
Destino: Santos ( Brasil )
Observações: Não escreve
Passaporte de José Nunes Ferreira natural da Gaita 
1913-03-25 
Idade: 20 anos
Filiação: Manuel Nunes Ferreira / Luisa Gonçalves
Naturalidade: Gaita / Almoster / Alvaiázere - Residência: Gaita / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos ( Brasil ) - Observações: Não tem 
Marco em pedra com letras CR
No lameiro junto da ponte romana a sul da Igreja velha de Almoster  tem aparecido vários marcos em pedra referenciadas como pertença de um Couto Real pela inscrição "CR". Almoster no caminho da estrada real teve estalagens, na minha teoria o sitio da primitiva igreja foi antes uma albergaria com capela  de orago  a S. Salvador do Mundo, imagem trazida por cristãos novos vindos da Galiza aqui se fixaram como estalajadeiros no séc. XII ou antes logo após a reconquista, como em Ansião na beira da mesma estrada real onde se mantiveram até provavelmente ao inicio da centúria de 600 para no mesmo sitio se veio a  construir a primeira capela/igreja de Almoster  com orago a S Sebastião.
E uma nova  "Estalagem da Gaita" foi edificada a norte defronte ao entroncamento do caminho de acesso à capela/igreja retratada em 1669 pela comitiva do príncipe Cosme de Médicis, imortalizada na aguarela de Pier Baldi.
«Na Chancelaria do Rei D. Duarte encontra-se instrumento relativo à administração da capela de S. Salvador de Almoster, entre Ansião e Alvaiázere. Essa capela era do Rei e a administração, que pertencia a Martim Lourenço, clérigo, passa para Martim GonçalvesSe a paróquia de Almoster já existia em 1620 faz todo o sentido que assim tivesse acontecidoFoi curato anual de apresentação do Mosteiro do Lorvão passando depois a vigararia. Até 1674 pertenceu a Ansião para efeitos administrativos e judiciais e ao termo da cidade de Coimbra. Pertenceu ao concelho de Ansião pelo Decreto de 7 de Setembro de 1895 que extinguiu o concelho de Alvaiázere. Pelo Decreto de 13 de Janeiro de 1898 volta a pertencer ao concelho de Alvaiázere.
Ainda me lembro da estrada Ansião/Alvaiázere  ser alcatroada só até ao Ribeiro da Vide em Ansião para seguir em maquedame anulando muitos troços da estrada real, ainda existe o troço vindo de norte do Nabão, Igreja Velha, Cemitério, Vale Mosteiro, Bairro de Santo António, Carvalhal Casal do Galego, hoje Pinhal, Barranco, a partir daqui pela Chã Galega até à  Escarramoa a necessitar de limpeza onde havia bifurcação para poente seguia pela Sarzeda, Macieira , Fojo, Gaita e Almoster e ligação para sul por Cavados, Barreira, Gramatinha, Venda do Negro e Alvaiázere.

Igreja velha de Almoster
Ao chegar à que foi a capela e sempre conheci por Igreja velha de Almoster deparei-me na frontaria do adro virada a poente semeada de amontoado de carros, ao jus de parque de estacionamento gratuito...Dei uma meia volta para encontrar a minha mãe prostrada à porta principal da igreja a olhar com tristeza para o total abandono a que foi no tempo vetada, infelizmente comunguei com ela o mesmo pesar e dor!
Visita curta em que cada momento foi de exaltação e desânimo sob um extraordinário céu azul avistado a poente e a sul pelos gradeamentos de janelas e ainda de uma porta ...
Fácil neste cenário imaginar que afinal existem Santos e Santas, e muita Gente de Bem!
Debalde em seguida me retrai do bom sonho ao avistar outras janelas que deixavam antever uma imagem mais sombria, fatalmente me deixou a pensar, afinal existe ambivalência neste mundo dito sagrado; de Santas, Santos, Céu, Deus, Cristo, Nossa Senhora, Terço para pedir graças, em disputa com o Mal representado pelo Diabo, Inferno, Martírio, Purgatório, e ainda as Almas Penadas que vagueiam, supostamente de pessoas que deixaram coisas para resolver em vida...
Contemplei a beleza da Pia de pedra sem água benta também com resquícios da barra azul do rodapé do corpo da igreja!
Caminhei sobre erva que nasce nas juntas do lajeado semeada por todo o lado sem pedir licença, chão que foi pisado e repisado por tanta gente durante anos ...
Por isso mesmo devia ser chão Sagrado!
Enxerguei capela cujo arco com losangos esculpidos no seu arco me reportam para outro semelhante na matriz de Ansião.
 
 O que seria aqui? sítio para se acenderem velas?
Outra pequena capela de arquitetura modesta
Detetei resquícios pintados em azul à volta de uma coluna redonda em pedra que foi partida(?), não sei o que aqui existiu (?).
No exterior da Igreja verifiquei a quina poente/ sul pintada a faixas azuis, denota que o povo gostava desta cor como é uso no Alentejo, supostamente seja dum tempo que daqui partiam anualmente em rancho com capataz para a safra das ceifas (?)...
Capela mor também com faixa de rodapé em azul, portanto assim decorada a azul no exterior e interior.
Prostradas pelo chão e de encosto na fachada algumas das telhas mouriscas que fizeram parte do telhado primitivo.Deviam alguns exemplares serem guardados para testemunho deste passado.
Agostinho Gonçalves do seu arquivo excerto do Diário Popular de 12 de janeiro de 1984
 
A evocar o tempo que a Igreja foi usada para fins impróprios, o que me faz alguma confusão pensar e julgo a todo aquele que se intitule católico seja capaz de o usar de modo impróprio como se fosse um ateu -, por ter sido lugar de culto, apesar de devoluto...Ainda assim sejam pessoas de bem, me interrogo, será que nunca se incomodaram? Nunca os chocou?Não lhes fez diferença alguma? E o povo estrebuchou, mas não quis criar inimizades com vizinhos, amigos e compadres?
Os anos foram passando, finalmente o espaço da Igreja velha voltou para o Povo!

A foto acima mostra um exemplo apresentado pela Câmara de Alvaiázere no projeto de conservação das ruínas, como se salvaguarda uma ruína-, para mim só aceitável no convento do Carmo em Lisboa.
Jamais aqui em Almoster!
E perguntarão porquê ?A preservar assim um espaço histórico seja promíscuo à entrada de animais e outros vandalismos.Se depois do infortúnio do total abandono a que foi vetada, e nos anos 70 o imóvel ter sido vendido a uma cooperativa que destruiu a sacristia, a torre e o corpo lateral esquerdo para construção de uma garagem adoçada ao corpo da Igreja. Seja agora o interesse maior desta ruína  voltar a ter préstimo para o povo tendo sido adquirida na década de 90, por ter falido a cooperativa tendo sido arrematada em haste pública pela Junta de Freguesia, pelo que qualquer intervenção deva ser tratada com respeito, visão de futuro e de interesses para Almoster, em o querer rentabilizar como pólo e motivo de orgulho, seja este o meu fatal opinar.Decorreu durante o ano passado a proposta pública com Orçamento Participativo da Câmara de Alvaiázere aberto à participação de todos os cidadãos, que fossem naturais, residentes, proprietários, trabalhadores ou estudantes no Município de Alvaiázere.Não pude concorrer por não me enquadrar em nenhum dos parâmetros.
Igreja construída no século XVII sofreu estragos substanciais com a passagem dos desertores da invasão francesa  pelo outono de 1810 pela prática de fogueiras por Ansião, aqui as lajes por estarem cobertas de erva não vi a marca, para neste século XIX ser alvo de novas transformações profundas tendo sido reconstruida ao gosto do povo, por isso o uso das faixas em azul, para a partir de 1963 abrir ao culto a nova Igreja tendo a primitiva ficado de porta fechada,  desafeta ao culto, iniciando-se a sua degradação com instalações impróprias ( aviário, armazém etc), não vi nem li que tenha sido explicado  se esta evasão foi consentida ou não (?), pelo que me apercebi, supostamente se tratou de ocupação ilegítima (?) com consequente aceitação por parte de alguns populares (?), que em devido tempo deveriam ter protestado em prol da defesa do  património religioso e público, debalde se deixaram ficar calados (?)... No entanto se o imóvel era afeto à Igreja, e o padre em devido tempo não autorizou o uso indevido nem dele recebeu renda, pura e simplesmente a negligenciou na sua má utilização (?) sem se condoer (?), pelo que me deixa deliberadamente a pensar que este padre que tomou a iniciativa de mandar fazer uma nova Igreja, porque dela o seu rebanho estava deficitária, e em sua honra o povo lhe desterrou uma lápide de gratidão que se exibe na frontaria, fatal me interrogar se o fez deliberadamente, foi incauto, ou não se indignou ao ver a aberração do que acontecia no sitio sagrado onde celebrou missa, batizou, casou, celebrou funerais e onde há sepulturas?-, logo eu que sou pouco ligada à religião, ainda rezo, mas cada vez a encurto mais, choca-me o tamanho abandono, a negligência e total desprezo, sendo que em democracia devo respeitar as ideologias dos demais...Em Ansião, na mesma altura um padre natural do mesmo concelho supostamente vendeu os azulejos do século XVI que tinham sido substituídos por novos em 40...Na verdade os padres também erram, são homens, e diz o povo, não há ninguém que não erre, mas padres com altos estudos é de se ficar pasmado com tamanha atrocidade!
Aprovado o projeto de conservação das paredes, limpeza e arranjos e melhoramentos no adro cerca de 20.000€. É importante intervir. Mas mais importante é verificar a longa vida desta Igreja e as penas e torturas de céu e de inferno porque passou e uma vez resgatada pela Junta , de assinalar que aqui teve um papel exemplar ao exercer o seu papel de cidadania, a meu ver o deveria completar apelando ao povo, emigrante e residente, para ajudar numa restauração que dignificasse o imóvel. Acredito piamente o povo acedia, o dinheiro aparecia, e Almoster teria de novo a sua Igreja não para o culto, mas como marco indelével na sua história, do seu passado, glorificação e dignificação do seu povo trabalhador, lutador e colaborante, que bem o merece, e claro a Igreja também deve participar com um forte donativo, para reaprender não pode nem deve negligenciar o seu património, não basta fechar a porta à chave, ficar descansado e depois de casa arrombada se deixou ficar calado...
Jamais é tarde para se fazer seja o que for, por isso aconteceu voltar numa bela tarde de inverno, airosa, a lembrar ares de cariz primaveril com pardais e piscos de peito amarelo a esvoaçar em andança nos ramos das árvores, assim senti  Almoster em vésperas de Natal, vinda do Mercado de Ourém com o meu marido e a minha mãe, depois do Arneiro já na variante entrámos por uma estrada de calçada onde andámos perdidos por aldeias, por o meu marido não ter o meu poder de orientação, não virou num entroncamento à direita  como lhe disse, achou  a calçada estreita demais...Andámos perdidos pela Bemposta, para de novo voltar ao Arneiro, a ouvir o que não gosto " que os levava por becos e atalhos", na verdade Almoster se mostra de ruas estreitas, maioritariamente calcetadas, em prol de as terem alargado com piso alcatroado, o centro sem passeios nem bermas, estando deficitário, a meu ver só deram dinheiro a ganhar aos empreiteiros, porque a obra não se revela grandiosa(?), ainda há meses em Pussos, neste mesmo concelho de Alvaiázere, assisti ao mesmo erro com o calcetamento de uma antiga via romana que passa pela igreja, além de não terem alargado a via, não fizeram bermas, e as lajes romanas que aqui existiam e deviam ter ficado para testemunho do seu passado foram retiradas... para não falar da deficiente sinalética de Almoster, porque uma coisa é viver ali e conhecer de cor as estradas para onde seguem e outra bem diferente é desconhecer e com a parca sinalética seja fácil alguém se perder.Para quem não saiba a fábrica dos sinais situa-se no Camporês, no concelho de Ansião...
Senti a frontaria da Igreja velha entupida de carros o que me pareceu um parque grátis de estacionamento...
Em casa ao ver as fotos deparei-me com uma mensagem antiga escrita a vermelho
"ESTA JÁ NÃO É DO POVO".
Igreja Paroquial de Almoster / Igreja do Senhor Salvador do Mundo / Igreja de Nossa Senhora das Neves / Igreja Velha Portugal, Leiria, Alvaiázere, Almoster
"Arquitetura religiosa, maneirista, neoclássica. Igreja paroquial de planta retangular simples, de uma nave com capela-mor mais baixa e estreita e sacristia. Fachadas rebocadas com vestígios de policromia na delimitação do embasamento e cunhais; Fachada principal com remate em empena, com vãos rasgados em eixo composto por portal de verga recta e por janelão de verga curva com gradeamento em ferro; fachada lateral S. com portal de feição igual ao principal com dois janelões no 2º registo; fachada lateral N. aberto por pequenas frestas. Este corpo apresenta na fachada posterior uma porta de moldura neorenascentista. Interior completamente em ruínas com vestígios do coro-alto, pias de água benta, púlpito no lado do Evangelho, capela-mor e capelas laterais, pavimento em cantaria no sub-coro."
Imagem do Senhor do Mundo na Igreja Nova de Almoster
Olhando a foto não tenho dúvidas que se trata de uma Imagem recente, anos 60(?), onde estarão as Imagens antigas da velha igreja? Não entendo a associação ao orago a Nossa Senhora das Neves...Onde estão as Imagens da igreja velha? Não quero acreditar que as deixaram lá ficar, desapareceram, ou estarão guardadas? Estupidamente uns dias depois de ter feito a crónica encontrei uma Imagem do Senhor do Mundo, que lhe faltava uma perna apesar de encoberta pelo vestido comprido como se fosse "menina" com favos minúsculos no peito (um hábito das freiras em vestir as Imagens masculinas com vestimenta feminina) na mão segurava o Mundo, uma grande bola em preto, seria do século XVIII (?)...Deus sabe o quanto me arrependi de não o ter comprado para oferecer a Almoster, depois de um bom restauro no Politécnico de Tomar, seria uma mais valia a integrar o espólio desta terra.Foi a pensar que seria caro, debalde aquela Imagem que me perseguiu horas acabei mais tarde por saber que me tinha sido bastante acessível...
Passaporte de José Rosa   
1907-01-31  
Idade: Não mencionada

Filiação: Paternidade não mencionada / Mariana Rosa

Naturalidade: São Salvador do Mundo / Almoster / Alvaiázere

Residência: Olival / Vila Nova de Ourém
Destino: Santos / Brasil

Festejos para angariação de donativos para a Igreja Nova, julgo em 65(?)
Foto retirada da net
Desconheço o autor referente à procissão em Honra do Sagrado Coração de Jesus,em 65 (?). E aqui me volto a interrogar, mas afinal qual é o orago da nova Igreja?
A primeira invocação da Igreja de Almoster foi a São Sebastião ( o soldado romano, na região tão evocado) havia mais tarde de ser alterado para O Salvador do Mundo, contudo as festas em agosto são em honra do Sagrado Espírito Santo no penúltimo domingo de agosto, afinal e o orago a Nossa Senhora das Neves?
Foto retirada da Página do Facebook da Igreja velha de Almoster
Desconheço o seu autor.
Visão da frontaria da Igreja  com um portão e palmeiras no adro, atualmente o portão foi retirado e as palmeiras morreram com a epidemia que assola esta espécie.
Contrastes com as fotos tiradas em 2005 e as minhas em 2016
Através da abertura do arco é visível o casario de cariz moderno que se foi adoçando em redor deste património histórico e que o descaracteriza ainda mais...
  Arco triunfal sustentado por pilares em ferro por estar em risco de derrocada

SIPA Número IPA Antigo: PT021002010017 2005
"Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial .Urbano, isolado, destacado. Implantado no eixo principal e no centro do núcleo urbano, onde se destaca o Padrão comemorativo dos centenário (v. PT021002010013). A pouca distância ergue-se o nova igreja. Fachadas principal e lateral direita voltadas para o adro com pavimento em terra batida, delimitado por muro aberto num dos ângulos por escadaria; ao centro do adro uma árvore de grande porte; fachadas posterior e lateral esquerda voltadas à via pública. Rodeado por casas de 

Autor e Data -  Cecília Matias 2005 Atualização Cecília Matias 2008« (...) Tem a Capela mor duas sepulturas de letreiro; huma tem o seguinte: Sepultura do Padre Vasco Leitam Faleceo aos 14 de Marso de 1633; e a outradis o seguinte: Sepultura do Padre Belchior Aluares faleçeo aos 14 de Abril de 1649; ambas temm armas 1 coroa. Estam mais no corpo da Igreja 3 duios letreiros sam os segintes: Sepultura de Manoel Pinheiro de Barbuda faleçeo a 7 de Julho de 1633; tem hum brazam de armas. Sepultura de Pedro Freire da Costa faleceo a 9 de Feuereiro de 1642; nam tem mais. e mais outra que tem o seguinte: Sepultura de Joana Leitoa e de seus Erdeiros faleçeo; e nem tem era e nam ha mais as coais hoje sam commuas a todo o Pouo (RODRIGUES GOMES(...) Da Igreja Parochial aonde ouuem missas os moradores deste Conselho he padroeiro o Senhor Saluador do Mundo e fabricaria da fabrica mayor della a Madre Abbadeça do Real Conuento de Loruam e como tal aprezentam em a dita Igreja os Parochos e he Senhora dos dizimos desta freguezia. E em a dita Igreja ha tres confrarias, huma de Nossa Senhora do Rozario e outra do Deuino Spirito Santo e outra das Almase todas estras administra o Pouo por serem do mesmo.(RODRIGUES, GOMES, 2007: pp. 78-79) (...) A Paroquia tem assento em hum valle: he seu orago o Salvador do Mundo: tem cinco Altares, o mayor do Patrono, e dous collateraes; o da parte do Evangelho do Senhor Jesus; o da parte da Epistola de Santo Antonio; o quarto de Nossa Senhora do Rosario, e o quinto das Almas Santas: he a Igreja de huma só nave: ha nella cinco Irmandades, ou Confrarias; do Senhor, do Espirito Santo, de Santo André, das Almas, e de Nossa Senhora do Rosário. He curado, cuja apresentação pertence ao Real Mosteiro do Lorvaõ com oitenta mil reis de congrua." (RODRIGUES, GOMES, 2007: p. 80). 
(...) Alguns dos elementos da descrição foram fornecidos por residentes de Almoster. 
 A igreja "(...) foi roubada pelos Inimigos de tudo o que era precioso, como dois cálices, únicos que havia, o vazo do sacrário, a custódia, as cruzes do povo e do Santíssimo Sacramento, tudo de prata, todos os corporais, alvas, e toalhas, algumas estolas, todos os cordões, o Livro de Óbitos e Casamentos e mais livros das Confrarias" Umas e outras " coisas furtaram e queimaram". Também desapareceu "o Relicário, Turíbulo, e naveta, a lâmpada do Santíssimo Sacramento e um [...] Missal". (RODRIGUES, 2006: pp. 391- 392).» 
habitação incaracterísticas."


Realçar no corpo da igreja as sepulturas
Manoel Pinheiro de Barbuda faleçeo a 7 de Julho de 1633; tem hum brazam de armas. 
Pedro Freire da Costa faleceo a 9 de Feuereiro de 1642
Joana Leitoa e de seus Erdeiros ( apelido Leitoa foi grande em Pedrogão o Grande) a evidenciar  PEDRO FREIRE DA COSTA falecido em 1642 possa ser avô de Pedro Freire que veio a casar com a nobre Leonarda de Alarcão (?).


Matos Sequeira no Inventário Artístico de 1955 "Templo de frontaria vulgar. Na padieira da janela do coro está a data 1839. Tem apenas uma nave, coberta por um tecto de madeira de 3 planos . Na cobertura da nave central uma pintura má. Coro e púlpito de madeira, vulgares. Os dois altares laterais têm retábulos de pedraria e arcos de talha dourada. No da Epístola está o Espírito Santo (má e mal pintada escultura de pedra) sobre um painel das almas, e um Santo Antão, imagem rude também de pedra; do lado do Evangelho, uma Piedade. A capela-mor é de tecto de esteira. O retábulo é vulgar, de madeira, com dois nichos laterais e neles o Salvador, orago da Igreja, e Nossa Senhora das Neves, imagens sem valor". Capela baptismal no corpo da torre da igreja; coro alto com guarda em madeira ; presbitério separado da nave por gradeamento, elementos já desaparecidos. Altar colateral do lado do Evangelho com as imagens de Nossa Senhora do Pranto; Santo Isidro Lavrador e S. Brás; do lado da Epístola Nossa Senhora do Carmo, Santo António e Santo Antão (todas as imagens desaparecidas). (ver ainda Memórias Paroquiais. A igreja pertencia
ao Mosteiro do Lorvão).
 A existência do Espírito Santo, Santo Antão,  Santo António, S.Braz , Piedade, Senhora do Pranto e o Senhor Salvador do Mundo a indiciar comunidade judaica que viveu em Almoster.

O sol batia forte
Lamentavelmente a minha máquina não captou a imagem como esperava, interessa apenas reter as substanciais diferenças com a foto do SIPA. 
 Portal da sacristia esculpido com vários motivos; florais, corações, ligado aos afetos, e machado ou picareta (?) ligada às profissões dos artificies (?). Lindíssimo com um ar romântico  e doce não deixa qualquer um indiferente.

Arte de esculpir o Coração, orgão ligado aos afetos, gente de parca ou nenhuma instrução, mas de ALMA E SABER GRANDE!
Curiosamente a Igreja de Ansião e a de  Dornes nos portais também tem florões esculpidos semelhantes. Também em Ansião, ao Cimo da Rua, havia um antigo Cruzeiro no largo da casa do anterior presidente camarário, e pelos vistos o voltará a ser nas novas eleições (?), lamentavelmente se encontra  o seu pedestal coberto por líquenes e enegrecido com o tempo que jamais se dignificaram  a preservar, limpar e repôr a Cruz, pelo que  seja fácil acreditar, supostamente alguma vez nele reparou com olhos de ver... Na mesma o pedestal tem esculpidos motivos semelhantes a esta porta.
Janela em Maças de Caminho no concelho de Alvaiázere , foto de Henrique Dias

Onde seria na região o sítio da Cantaria onde foram esculpidas?


Exterior da igreja
Ervas altas estonteada não procurei com olhos de ver alandros, nem tílias, só vi um plátano...


Capela do Fojo
Há cerca de 10 anos esta pequena capela de orago a Nossa Senhora da Penha de França sofreu um incêndio e continua neste estado de ruína. Sem querer colidir com quem que seja, ao primeiro impato algo se passa com os almostarenses(?) ao não darem a devida importância a algum o património religioso-, a partir de 63 foi a ocupação indevida da igreja, agora esta capela, o que fatalmente deixa qualquer um de bom senso a pensar...nestas terras que já foram de romanos, árabes, frades Beneditinos, de Cister, pertença do concelho de Ansião, atualmente inserida em Alvaiázere, e aqui me perdoem por não concordar com terras separadas do município por uma serra, por se mostrar uma barreira medonha que só os afasta e faz esquecer...Alvaiázere seja Grande em História pela serra desta banda a poente, mas sou eu a falar!

Daqui também partiu população a caminho do Brasil, lamentavelmente por a pesquisa não estar vocacionada para esta crónica e sim para outra não os copiei...

Capela de Santa Inês no Murtal onde foi uma estalagem?

Falar mais uma vez da emblemática e sempre pitoresca aldeia  Vale da Couda.
Em  1843 numa certidão de nascimento de Maria Pereira  se escrevia Valle do Couda.
Citar excerto   http://familiajuliofernandes.blogspot.pt/2012_04_01_archive.html

Tradução  «No dia dez de julho de mil oitocentos e quarenta e três, baptizei solenemente e pus os santos óleos em Maria nascida aos trinta de junho último, filha legitima de Manoel de Bairros, natural do lugar do Candal e de sua mulher Izabel Marques, natural do lugar da Ponte Nova, e nesta moradores. Neta paterna de Antonio de Bairros, natural do lugar do Valle do Couda e de Maria Simões, natural do dito lugar do Candal e ali moradores.»Tentar deslindar o seu nome primórdio, na verdade não acredito que a palavra "couda" derive da palavra "côdea" (?). As várias versões que encontrei: BPN- Manuscritos(Codice 108- Extrato de Noticias que o Doutor Bartolomeu de Macedo Malheiro, Provedor da Comarca de Coimbra  remeteu à Academia Real da História Portuguesa no ano de 1721 - Escreveu Almoster e Val da CoydaNuma certidão de 1843 menciona  Valle do Couda, esta nova descoberta dispara noutra possível direção-, a palavra "couda" poder derivar do francês "couder" ( não nos podemos esquecer que esta estrada foi em tempos remotos via de circulação por viandantes nacionais, estrangeiros e Reis, significa "dobra em cotovelo referindo-se à estrada com curva " o trajeto da estrada medieval para Alvaiázere a partir de Almoster subia a encosta para a Cumeada, Casal da Rainha e Vale da Couda. Em 1843 ainda se chamava "Valle do Couda" ), o que instiga a dizer o nome lhe advêm do vale fértil a que o dono juntou o seu nome que chegou aos nossos dias em corruptela. Se atendermos ao tempo de analfabetismo, o povo ficava cedo sem dentes usava um linguarejar quase imperceptível, ainda me lembro de quase nada entender o que diziam, nesse pressuposto pronunciariam  o nome da aldeia ao som de " couda"  e assim se fidelizou (?) no dizer da boca da minha mãe toda a vez que nesta estrada se passava e foram muitas dizia que antes se chamava "Vale da Conda" por se referir a senhora nobre,  humana que daria esmolas que originou o chamamento "conda", o que faz sentido afirmar., e assim  o pronunciava o seu primo de Lisboinha, alcunha "Pelaralho" homem que ganhava a vida a percorrer os caminhos da serra desde a Marzugueira onde devia morar um familiar (avô pai ou irmão de apelido Freire) vivia de afiar facas, arranjar varetas dos chapéus e pôr "gatos" na loiça partida. Obviamente carece de investigação o primitivo nome de Vale da Couda  deve constar em registos destas terras. ...O Vale da Couda pode ter sido um Morgado da família nobre natural do Espinhal com património também em Ansião, Ourém, Condeixa, Montemor o Velho, e,...

Vale da Couda
Aqui viveu uma senhora nobre com solar e capela a S. Pedro, hoje em ruínas da senhora Madalena Leonarda de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão, filha de José de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão e de D. Maria Lucina Monis de Gouveia Rangel com raízes na vila do Espinhal em Penela, sepultada no cemitério de Almoster, a lápide sepulcral trazida da igreja velha e reposta em jazigo infelizmente sem manutenção a ferragem da porta arruinou-se e mantém-se aberto e não devia- cabe à JFA proceder em conformidade entrando em contacto com os herdeiros em Penela ou assumindo os custos para manter o seu cemitério mais digno.
O jazigo do avô desta nobre, Dom João de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão encontra-se no cemitério de Ansião, onde foi juiz da Comarca.
Segundo as Memórias Paroquiais do Padre Manoel Baptista de 1721 só havia uma capela particular de São Pedro administrada pelo Capitão Luis Pinheiro e sua mulher Pelonia de Brito e foram fundadores Pedro Freire e Magdalena Joam( alusivo ao avô de Ansião?) - óbvio que o padre se enganou a escrever o nome da senhora...sem alguma dúviad que se trata da senhora nobre referida acima.
Encontrei um pedido de Registo Vincular nº 17 do pai da senhora Madalena do Vale da Couda
Dom José Casimiro de Mascarenhas Velasques Sarmento de Alarcão, da Quinta de Além da Ponte, concelho de Ansião para três capelas e três morgados de que é o actual administrador, senhor e possuidor, em 21 de Fevereiro de 1863.
Filho de: Dom João Casimiro Mascarenhas Velasques de Alarcão Sarmento. Este vínculo é constituído por três morgados e três capelas, todos no concelho de Penela.
No cemitério de Almoster a lápide refere o seu nascimento em 16 de agosto de 1795, com batismo na Igreja de S.Miguel de Penela e que faleceu na sua casa de Vale de Couda, em 30 de Maio de 1877.
O seu pai e tios eram Fidalgos da Casa Real e naturais da Quinta do Vale do Arinto, em Penela.
Excerto retirado de http://geneall.net/pt/forum/71597/genealogia-das-cinco-vilas/
 "Paroquiais de Almoster (Alvaiazere)
Vale da Couda 30/08/1756
Casamento efectuado na capela da Quinta da Castanheira (Arega)
Dr. Manuel Filipe S. Tiago Teixeira - Capitão da Arega
filho leg. de de Manuel de Andrade (Almoxarife) e de Thereza Maria
(moradores na Quinta da Castanheira - Arega)
cc D. Maria Luísa de Brito Caldeira de Amorim (Vale da Couda)
filha Leg. do Capitão Alexandre Marques Nunes e de
D. Maria Luísa de Brito de Amorim
Test: O Capitão-mor Joaquim da Silveira Furtado e
O Padre António Maria, desta freguesia

Capela de São Pedro no Vale da Couda
Capela privada, segundo o Arlindo Marques tinha um altar maravilhoso que, segundo consta, está guardado por um dos proprietários (?).


Passaporte de José Marques
1896-02-12
Idade: 21 anos
Filiação: Manuel Marques / Joaquina Gonçalves
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alcobaça
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alcobaça
Destino: S. Paulo ( Brasil )
Observações: Não escreve
Passaporte de Manuel Nunes de Barros
1896-02-12
Idade: 21 anos
Filiação: Manuel Nunes de Barros / Luisa Marques
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alcobaça
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alcobaça
Destino: S. Paulo ( Brasil )
Observações: Não escreve
Estes dois últimos da mesma idade, devem ser primos, saíram na mesma altura, a menção de "Alcobaça" será engano de quem transcreveu os dados do passaporte, na vez de terem escrito Almoster(?)

Passaporte de Ildefonso Freire 

1897-12-17

Idade: 24 anos
Filiação: José Freire / Maria Marques
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Donas / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos / Brasil
Observações: Não escreve

Passaporte de Manuel Gonçalves

1899-05-25

Idade: 16 anos
Filiação: Manuel Gonçalves / Teresa Simões
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alavaiázere
Destino: Santos / Brasil

Passaporte de João Nunes 

1908-03-28

Idade: 34 anos
Filiação: António Nunes / Antónia Maria
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos / Brasil
Observações: Escreve

Passaporte de Mateus Pereira dos Reis 

1900-09-03

Idade: 22 anos
Filiação: Afonso Pereira dos Reis / Maria Gomes
Naturalidade: Vale da Canda / Almoster / Alavaiázere Será Vale da Couda
Residência: Vale da Canda / Almoster / Alavaiázere
Destino: Luanda / África

Passaporte de José Marques Caseiro 

1901-10-23

Idade: 26 anos
Filiação: Manuel Marques Caseiro / Joaquina Gonçalves
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Destino: São Paulo / Brasil


Passaporte de Salvador Marques 

1901-10-31

Idade: 42 anos
Filiação: Manuel Marques da Paixão / Maria de Bairros
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Destino: São Paulo / Brasil
Observações: Acompanhado de seu sobrinho António Simões, de 12 anos.

Passaporte de Albino Freire 

1901-11-08

Idade: 25 anos
Filiação: José Freire / Maria Marques
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Destino: São Paulo / Brasil

Passaporte de Ildefonso Freire 

1908-08-27

Idade: 35 anos
Filiação: José Freire / Maria Marques
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Donas / Almoster / Alvaiázere
Destino: Rio de Janeiro / Brasil
Observações: Não escreve

Passaporte de Manuel Dias

1913-03-25

Idade: 39 anos
Filiação: António Dias / Josefa Gomes
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos ( Brasil )
Observações: Não tem

Passaporte de António Dias

1913-03-25

Idade: 39 anos
Filiação: António Dias / Josefa Gomes
Naturalidade: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Residência: Vale da Couda / Almoster / Alvaiázere
Destino: Santos ( Brasil )
Observações: Não tem
...Deixando de falar da bela aldeia de Vale da Couda antes da subida para a serra de Alvaiázere seguindo a sinalética Bouxinhas, recentemente mudaram a grafia para Bouchinhas, de jipe há anos com a minha irmã entrámos estrada fora em terra batida, hoje asfaltada, dessa viagem gravo em memória a paisagem idílica serrana semeada à toa por  erva de Santa Maria debruada a pedra calcária no ornato das courelas de longos muros de pedra solta onde os silêncios acordavam com o chilreio dos passarinhos a esvoaçar pelos costados salpicados por olival raquítico até que de coração cheio chegámos à aldeia raiada de sol cercada de vistas. Mal eu sabia que por aqui foram encontrados vestígios de civilizações antigas, cujo espólio não sei quem é o seu fiel depositário (?), o certo era estarem certificados num Espaço Museológico a integrar a recuperação da Igreja velha, onde ficaria muito bem exposto, à vista de todos nós, amantes destes artefatos do passado, assim como outros achados encontrados noutras freguesias, da idade do ferro e do bronze.
Almoster é banhada em tempo de farta chuva a poente pelo Nabão, rio que rebenta no algar cársico em Ansião, acredito seja de grande dimensão onde rebentam outras nascentes como o rio Dueça em Penela, o rio Anços na Redinha , aqui nas "barbas de Almoster "a sul, o Olho do Tordo, um pouco mais à frente em Ourém a  ressurgência da Fonte Grande em Formigais, e a maior de todas a do Agroal. Por isso seja fácil acreditar no tempo que por cá andaram os romanos o caudal dado por este forte afluente ao Nabão fosse suficiente para ser navegável de Tomar até ao Porto velho (Ourém),  atestado na toponímia, que dita  o fulcral interesse que estas terras tiveram no passado como via navegável na entrada de outros povos (?) vindos do Tejo, se olharmos aos artefatos da Idade do Bronze encontrados em Mação junto do Ocreza. Em Portugal sejam poucos os sítios referenciados-, Porto de Mós, aqui em Almoster e mais abaixo na  Granja (Ourém) nos anos 60 foi encontrado um depósito de 5 peças, posteriormente foram vendidas para o Museu Machado de Castro em Coimbra, julgo só dois estão expostos no Criptopórtico com a denominação de origem Alvaiázere, quando deveria ser Ourém...No Agroal recordo-me de ver prostrada no chão uma parte de coluna grossa em mármore rosa debaixo de um varandim feito em cerâmica de uma casa azul sita em frente da ressurgência de águas, na última requalificação lhe deram sumiço...Sempre que a contemplava ficava a pensar a razão de ali estar, cheguei a pensar que seja do tempo dos romanos, uma forte probabilidade, hoje quase consistente!  
Foto antiga destaca-se um homem sentado na referida coluna de mármore
Algumas notas de processos de inventário orfanológico interessante á época como se escrevia  algumas localidades: Valle Couda - Caudal, seja Candal (?) 
Processo de inventário orfanológico 1895
Inventariado: José Marques Furcas; inventariante: Rosaria Nunes
freguesia: Valle Couda - Almoster. 
Processo de inventário orfanológico 1916
Inventariado: José Nunes d’Amorim Silva; inventariante: Carolina Maria das Neves
freguesia: Valle Couda - Almoster.  
Processo de inventário orfanológico 1919 
Inventariado: Rosa Fernandes; inventariante: José Lopes
freguesia: Bemposta - Almoster. 
Processo de inventário orfanológico 1913
Inventariado: José Nunes; inventariante: Maria Gomes
freguesia: Gaita - Almoster.  
Processo de inventário orfanológico 1885
Inventariado: José Marques; inventariante: Maria Marques
freguesia: Caudal - Almoster. 
Processo de inventário orfanológico 1919
Inventariado: Reverendo José Francisco M. Henriques; inventariante: Manuel Francisco
freguesia: Ariques - Almoster.
Processo de inventário orfanológico 1851 
Inventariado: Joana Maria; inventariante: Joaquim José Lopes
freguesia: Qtª Alcipreste - Almoster. 
Processo de inventário orfanológico 1902 
Inventariado: Joaquim Alves e Esposa; inventariante: José Alves
freguesia: Galiota - Almoster. 
Processo de inventário orfanológico 1910 
Inventariado: José Simões; inventariante: Luiza Fernandes
freguesia: Bascinhas - Almoster. 
Processo de inventário orfanológico 1905 
Inventariado: Joaquina Gonçalves; inventariante: José Mendes
freguesia: Casal Rainha - Almoster.   
Processo de inventário orfanológico 1883
Inventariado: Maria Gomes; inventariante: José Gomes
freguesia: Cazal Velho - Almoster.   
Processo de inventário orfanológico  1876   
Inventariado: Maria Marques; inventariante: José Gomes
freguesia: Caudal - Almoster.
Em remate assinalar  terra de tanta gente culta, cujos pais teimaram em mandar estudar os seus filhos pelo que se espera deles a paga  em reunir consenso de consciência pela melhor opção.
O certo é as sociedades terem o dever de preservar a sua história, ainda a tempo de remediar, preservando e reconstruíndo no MELHOR por ALMOSTER, ao jus do ditado "quem não respeita o passado não merece o futuro" e também dizia alguém, "ter orgulho nas raízes é lutar desalmadamente por aquilo em que se acredita!"
Preservar o património de Almoster  é ensejo de CULTURA à memória dos antepassados, aos presentes e gente vindoura. Almoster alia-se a paisagem bucólica vestida de verde salpicada de branco, com aromas a erva de Santa Maria em forte contraste com a pedra crua imensamente branca entranhada em terra vermelha ao jus de gravura, forte paisagem de imponência em vistas e silêncios, não deixa indiferente o viajante nas suas rotas de viagem aqui neste paraíso ao dizer que se sente em casa!
O condão desta crónica é dedicado a bons amigos, tem lutado por esta causa nas redes sociais, falo do Arlindo Marques Farinha, Henrique Dias, Luís Costa, Abel Barros, Carlos Gomes, Maria Nunes e,...


FONTES
https://www.facebook.com/groups/383373768524507/A criação deste grupo (Facebook) é um primeiro passo para avivar as consciências.
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=23007
https://estudogeral.sib.uc.pt/jspui/bitstream/10316/32178/1/In%20perpetuam%20rei%20memoriam...pdf
http://www.freguesiadealmoster.pt/home.php?t=ct&c=27
http://www.arteperiferica.pt/ap/uploads/exposicoes/2931_Jorge_Estrela_Triptico_2014.pdf
http://purl.pt/12926/1/index.html#/64/html
http://geneall.net/pt/forum/2096/teixeira-de-castro-de-chao-de-couce/
Comentário do padre Manuel Ventura Pinho
http://familiajuliofernandes.blogspot.pt/2012_04_01_archive.html
http://digitarq.adlra.arquivos.pt/details?id=1127267
http://geneall.net/pt/forum/71597/genealogia-das-cinco-vilas/
http://digitarq.adlra.dgarq.gov.pt/details?id=1155128
BPN- Manuscritos(Códice 108- Extrato de Noticias que o Doutor Bartolomeu de Macedo Malheiro, Provedor da Comarca de Coimbra
Noticias e Memórias Paroquiais Setecentistas de Alvaiázere de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
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