domingo, 5 de fevereiro de 2017

Monografia de Ourém no encalço da Ladeia

Doces memórias do mercado à quinta-feira na vila de Ourém,  desde que me lembro, no tempo que  a minha mãe se deslocava a trabalho nos correios, bulício perdido após a elevação a cidade. 
Jaz o arrabalde do mercado a viva panóplia de feirantes e tasca à laia de restaurante ambulante de comes e bebes em mesas corridas com toalhas de plástico. 
Entre demais iguais o bom cozido à Portuguesa.

Um novo olhar em dia de mercado em fevereiro de 2017, despertei para o encalço da via romana, vinda de Ansião. Não parei nem descansei, com avanços e recuos... Deslumbre orgasmo intelecutual de enxergar mais além que tanto académico só enxergou pela metade!
Graças à Monografia de Ourém, de João Alvim de 1961, um dos pilares a levantar mais do passado da Ladeia,  suscitou investigação a outros estudos de Sicó e suas franjas. Acresce a Monografia de Figueiró dos Vinhos, os vários estudos de Alvaiázere,  Ferreira do Zezere, e as muitas caminhadas . 
A lamento dizer, todos os estudos se mostram com lacunas, sem enfoque à realidade da proto-história, crucial vivida nesta região, sem qualquer coligação a esse pasasdo rico e vasto a previlègio desta região rez ves no centro de Portugal... cuja finalidade , intenção, ainda por publicar. 
Bibliografia inédita quase em reta final publicada no Jornal Serras de Ansião.


Monumento dedicado ao Povo de Ourém
Tenho a vaga ideia que o Prof. Hermano Saraiva num dos seus programas não apreciou este monumento...lamento não recordar o motivo, o tenha sido por não ser em pedra da região (?)
Li augures "OURÉM é terra nobre de velhos pergaminhos que honra a história e respeita a tradição.  Cujos monumentos falam da histórica grandeza da terra, da sua nobreza e da sua eterna grandeza." 
«O 1º Conde de Ourém João Afonso Telo de Meneses.
O 2º Conde de Ourém João Fernandes de Andeiro.
Em 1383, D. João, Mestre de Avis o apunhalou nos aposentos da rainha Leonor Teles no Paço de Lisboa .
João Fernandes de Andeiro, fidalgo galego natural da Corunha. Apoiou D. Fernando na invasão da Galiza, desejoso de alcançar o trono de Castela. Mas a sorte está contra o monarca português, Andeiro parte para Inglaterra e casa com uma filha do duque de Lencastre. Durante as negociações de paz entre os dois países tendo como mediadora a Inglaterra, vem secretamente a Portugal e se apaixona por D.Leonor Teles, numa altura que o rei português D.Fernando já doente e com o problema da sucessão.A rainha apoiava o lado castelhano pelo casamento da sua filha D. Beatriz , dando origem ao seu assassinato.
O 3º Conde de Ourém Nuno Álvares Pereira
O 4º Conde de Ourém D. Afonso de Portugal da Casa de Bragança»
Quadro da morte do Conde Andeiro no Museu Soares dos Reis
Adro da igreja avista-se o burgo onde nasceu Ourém, em dia com neblina
O povo ourense desceu do morro do burgo de Ourém após o terramoto de 1755 por ficar bastante arruinado, aos poucos resistentes abandonaram em final de 1810 ,ao ter sido incendiada pela passagem da 3ª invasão francesa. O povo havia de se fixar no vale na então insignificante Pedela , que no decorrer do tempo deu origem à Aldeia da Cruz, e consequentemente à progressiva Vila Nova de Ourém no reinado de D. Maria I em 1841 , em que a sede do concelho deixou o burgo histórico do castelo, para em 1991 ser elevada a cidade.
Mercado na rua
Conheci  a Vila em miúda onde aportei com a minha mãe quando aqui vinha esporadicamente a trabalho nos Correios, e muita vez ao mercado à quinta feira, recordação maravilhosa por decorrer a céu aberto pelas ruas em redor da Igreja. Na década de 60 assistiu-se a forte emigração sobretudo para França, o que despoletou um brutal crescimento imobiliário e assim Ourém para mim perdeu a magia de antigamente...
Ainda assim deslindei na minha breve caminhada testemunhos do seu passado mais recente...
Ao jus do sabor de carta pintado numa parede " A História que eu tinha não era (pequenina)... 
Estranha esta designação na toponímia e dela nada encontrei...
 
Impressionante como foram dispostos dois  belos painéis azulejares da toponímia na mesma parede...
Igreja
Em 1861 deu-se início das obras da edificação da Igreja tendo sido construída no mesmo local onde teria existido uma capela.
Em 1948 a igreja sofre obras profundas de remodelação e na década de 2000 a fachada é de novo intervencionada, perdeu a traça antiga que era mais castiça.
A capela-mor  construída em 1873

Em 1833, aquando da extinção das ordens religiosas, a Igreja recebeu algum espólio do Convento de Santo António: relógio da torre, sino, Imagens, quadros entre outros.
A Imagem de Nossa Senhora do Pranto exala beleza, pelo que acredito seja uma herança do convento(?).

Contraste da praça  da República onde está o Museu Municipal de Ourém
Antiga Casa dos Magistrados fundada em finais do século XIX para alojar os magistrados, foi sede dos Paços do Concelho de Ourém entre outras ,atualmente a Casa da Música.
Selfie com a minha mãe no jardim
Almoço em Ourém em dia de mercado - Cozido à Portuguesa. A ideia era para ter sido mesmo no Mercado, numa daquelas mesas corridas com toalhas de plástico, acabou por ser numa antiga taberna, com pipos que na salinha do antigo Reservado servem almoços.
Sobras...
Antigo Hospital de S. Agostinho, doação do benemérito, médico, após ter estudado matemática e filosofia , conjuntamente com os seus irmãos o mandaram construir em 1880.
Património clássico em total abandono com pormenores de interesse nas cantarias
Através de uma janela com vidros partidos jaz no chão um quadro...
 Corrimão em madeira inteiriço
 Ainda restam os puxadores em faiança...
 Brutal claridade de sol em rota de saída de Ourem
Casa Tenente- Coronel Moreira Lopes 
Data de 1839  inscrita no lintel da janela de sacada da fachada principal. Na década de 2000 o edifício sofreu um incêndio. Ainda resiste o moinho de puxar água.
Brasão de pedra no cunhal
Reparei numa grande quantidade de telhados vidrados em verde, pormenor estético que achei muito interessante, ao me fazer lembrar a Ribeira do Porto cujo casario com beirados de belas telhas em azul pintadas a branco da Fábrica de Santo António do Vale da Piedade, em detrimento destas em monocromia verde, a minha cor favorita, supostamente produzidas em olaria da região, no passado marcada nesta arte também  a fazer talhas e utensílios utilitários.
No caminho em Caxarias identifiquei uma placa com o nome de Pisão do Oleiro.
As torres do castelo de Porto de Mós e a cúpula da Igreja de Pedrogão Grande, exibem telhados com telhas em forma de concha de vieira, também em verde, pode aventar que a olaria tenha sido sita na região centro(?).

Rua de Santa Teresa de Ourém. 
«Nasceu no Zambujal, por volta do ano 1220, no séc. XIII, no reinado de D. Afonso III. Cedo, foi trabalhar como doméstica para o prior de Ourém. Notabilizou-se pela sua extrema caridade, em contraposição com a extrema avareza do prior que servia...»
«Beatriz da Silva descendia do primeiro Conde de Ourém. D. João Teles de Menezes.
Filha do primeiro governador português de Ceuta em Portugal, é conhecida como a abençoada Brites.
Ao que parece, Beatriz da Silva seria uma jovem de grande beleza, conforme testemunha um relato da época: «além de vir de sangue real, era mui graciosa donzela e excedia a todas em formosura e gentileza». Beleza que impressionava a corte de Lisboa do século XV.
Em 1447, contava a infanta D. Isabel dezanove anos, o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, regente do reino, promoveu os seus esponsais com João II de Castela, então viúvo. Embora Beatriz fosse ama e confidente da princesa, não impediu que esta se enciumasse dela, maquinando contra a sua própria vida quando a acompanhou para a Espanha, onde parece ter despertado mais inveja pela beleza que não passou despercebida, quando a princesa Isabel a prendeu dentro de uma arca durante três dias sem comida. Foi a visão de Nossa Senhora para fundar a Ordem Religiosa da Imaculada Conceição que a salvou.
O seu tio D.João de Menezes na altura na corte, estranhando a sua ausência questiona a rainha sobre o paradeiro da sobrinha, que o conduziu à arca onde a encarcerara, certa de encontrar já um cadáver...Beatriz perdoou à rainha, que se arrependera, retirando-se da Corte, ingressando num mosteiro em Toledo, onde viveu monasticamente com um pequeno grupo de outras monjas.Com apoio da rainha Isabel a católica, filha da rainha portuguesa D. Isabel, conseguiu enfim estabelecer a Ordem onde viveu  como freira 40 anos, sendo especialmente honrada e frequentemente visitada pela rainha Isabel a Católica. Morreu a 01 de setembro de 1490, os seus restos mortais encontram-se na cidade de Toledo.
Foi canonizada 03 de outubro de 1976, pelo Papa Paulo VI.»

Santa Beatriz da Silva, Santa portuguesa, canonizada em 1976 pelo Papa Paulo VI
Relíquia que deslindei por acaso no tardoz de um casario. Virada a nascente bela varanda em pedra calcária, adoçada a metade de prédio de gaveto reabilitado com colunatas também em pedra. 
Julgo aqui viveu o administrador de Ourém em 1917 quando aconteceram as aparições em Fátima, e interrogou os pastorinhos. Num filme foi mostrada a casa onde morava e a senti ser esta (?)
Fontanário com data de 1868
Reabilitado de pintura alva, o tempo fez subir o piso  por isso com lixo...

 Fontanário secular de calibre imponente recuperada porém encafuada por entre cimento armado...

FONTES

https://pt.wikipedia.org/wiki/Our%C3%A9m_(Portugal)

http://fagostinho.nersantsocial.pt/instituicao/historia/

Fotos de Ourém antigas retiradas da google


5 comentários:

  1. Obrigado ! Vou partilhar na pagina de facebook de um pequeno comercio que temos em Ourém, e, que convidamos a visitar ;-)
    #antiguidadesvelhariasourem

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  2. Caro amigo já aí estive na sua loja há 2 anos e comprei duas peças. Também amo velharias.

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    1. obrigado ! mudamos a morada, a mesma rua mas, depois dos semaforos, mesmo na entrada de baixo dos Bombeiros Voluntarios para o Pavilhão Desportivo. Rua Carvalho Araujo nr 110

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  3. https://quintaisisa.blogspot.com/2017/02/
    https://quintaisisa.blogspot.com/2017/02/ourem-e-sempre-mote-inspirador-visita.html

    domingo, 5 de fevereiro de 2017
    Ourém, encalço da via romana aos dias d'hoje


    Excerto do Livro Arqueologia e História volume X 1961 http://museuarqueologicodocarmo.pt
    ESTUDOS SUBSIDIARIOS PARA UMA MONOGRAFIA DE OURÉM

    falta o nome do autor!
    -------------------------
    deveria estar:

    ESTUDOS SUBSIDIÁRIOS PARA UMA MONOGRAFIA DE OURÉM pelo sócio efectivo João Alvim

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