sábado, 28 de abril de 2018

Cais do Ginjal em Almada vai dar em breve caras a Lisboa...

No dia 10 de fevereiro participei num passeio histórico ao Ginjal em Cacilhas patrocinado pelo CAA, Centro de Arqueologia de Almada. Gratuito, com concentração ao Farol de Cacilhas de grandioso grupo apaixonado pelo património ribeirinho de Almada em vias de requalificação.O projecto com maqueta do Plano de Pormenor para o Cais do Ginjal entre o Jardim do Rio e o terminal fluvial de Cacilhas do arquitecto projetista Samuel Torres de Carvalho esteve patente no Fórum Romeu de Carvalho, Internet e na JFA para ser apreciado e votado, ou não, no direito que assiste a cada um em cidadania.
Promotor e autarquia querem iniciar as obras ainda em 2018. Projecto prevê 330 fogos, um hotel na que foi a fábrica  do óleo fígado de bacalhau , bem no alto a desafiar o Tejo e Lisboa e um silo automóvel com capacidade para estacionamento de mais de 500 viaturas obriga ao rasgo de novas acessibilidades entre a zona alta e baixa do Ginjal com impasse a resolver da reversão do centro comunitário de Almada e  da relocalização da Casa da Juventude. A frente ribeirinha, de quase mil metros, vai ser elevada, prevenindo a subida do nível do rio Tejo, e alargada, tornando o cais num espaço de usufruto público. Na parte mais recuada, entre o cais e a escarpa, haverá uma Rua interior e 15 mil metros quadrados de construção onde surgirão edifícios de comércio e serviços, apartamentos turísticos, espaços públicos – mercados das artes e diversos equipamentos de apoio. A exposição realizou -se no âmbito do período de discussão pública, que decorreu até 19 de Fevereiro.
Breve paragem na Floresta do Ginjal, o nome veem-lhe do parreiral que havia na frente e da alcunha do armazenista de vinhos, o Teodósio Pereira de apelido "Caparica" e alcunha " ginjal" nome que veio destronar o antigo sitio conhecido por Coval . O tal "GINJAL" quando se retirou foi para o Monte de Caparica onde viveu na sua quinta, hoje em ruínas, a que chamou quinta do Ginjal -a razão das coisas, quando lá passei há uns dois anos estranhei o nome para finalmente perceber.
 Distingue-se através da janela a parede forrada a conchas...
A mãe da Madalena Iglésias, espanhola , teve uma taberna no seguimento do restaurante " Gonçalves", no último edificio mais baixo, onde se cantava o fado, lamentável ela nas entrevistas que deu nunca abordar esse tempo. Também a Brigit Bardot veio a Cacilhas, num tempo que foi famosa a sua restauração. 
No cimo da arriba a desafiar a capital encontram-se as instalações da fábrica de óleo fígado de bacalhau, muitos beberam na escola, eu jamais!
Antes ao fundo foi uma enseada que se chamava COVAL, pequena reentrância do rio e porto de abrigo com ponte de madeira basculante para as pessoas passarem no cais.
Ao longo da linha do rio encontram-se esqueletos de armazéns em linha com o cais e o Tejo pela frente, alguns serviram de serventia e apoio à pesca do bacalhau; viveres, instrumentos para a pesca do bacalhau para a safra de 6 meses nos dóris e demais mantimentos e medicamentos que os bacalhoeiros levavam.
Este já tinha refeitório com vista deslumbrante e no tardoz um pátio que emprestavam ao inicio aos bombeiros de Cacilhas para festas de angariação de fundos, tinham um nome essas famosas festas, onde vinha gente importante, varreu-se -me....

 
Florescem flores nos telhados duplos à portuguesa
Há que andar de olho aberto com intrusos que se metem nas ruínas e depois exigem casas...Voltei hoje e reparei que além de corda com molas fecharam duas portas...

Parámos junto da ruína da casa de sobrado que foi de Columbano Teixeira da Cruz o padrinho do Columbano Bordalo Pinheiro, que lhe deu o nome, e se diz ali nasceu. 
Entrámos no corredor do Ginjal, uma vila onde havia tanoarias e latoaria .
No tardoz no alto as casas dos operários por causa das cheias.
 
 
 Por baixo há água
 
 
 O sitio onde foi uma fábrica de cortiça. Alguns empresários foram ingleses.

Um dos últimos donos dos armazéns de vinho de Teodósio Pereira. O 1º proprietário dos armazéns Teodósio Pereira era de apelido "Castelo Branco" seguido de "Pereira" e depois "Paz" que me catapultou para apelidos com ascendência judaica, por isso grandes empreendedores.
 
O Eng Rui Manuel Mesquita Mendes fez duas intervenções de cariz histórico fruto das suas investigações-, a 1ª não ouvi devidamente com o barulho das ondas no paredão do cais, percebi que os terrenos seriam inicialmente da quinta do Almaraz que se encontra no cimo da arriba fóssil e por volta de 1800 a câmara solicitou ao Rei informação de quem pertencia uma parte do terreno, tendo passado a ser aforado a quem o solicitava...
 
A fábrica de conservas de sardinha, carne e legumes de um tal "Moreira", galego que acabou por voltar à Galiza, de onde mais tarde veio um neto à procura do que foi do avô, outro suposto descendente judeu.

Praia das Lavadeiras eternizada por Alfredo Keil num belo quadro, num tempo que nascia água potável na praia
  
 
 O restaurante "Atira-te ao rio" era onde dormiam as operárias da fábrica do galego.



Por último o ilustre almadense Romeu Correia , o seu avô viveu no Ginjal onde conheceu o buliço e azáfama das pessoas e das mercadorias que eternizou em três livros.
Tudo se foi com a construção da ponte 25 de abril e a autoestrada o Tejo deixou de ter a valia de antanho também pela modernidade das cooperativas vinícolas e outras.

Na foto de grupo perdi-me do meu marido, sem telemóvel fui a Cacilhas, voltei e subi a escadaria, afinal ele julgava que era a minha alternativa...

 Subida pela escadaria para o miradouro da Boca do Vento
 

Arriba fóssil
O que mais gostava era ainda de ver , sentir, e viver o NOVO GINJAL com as quintas de paredes meias também recuperadas; Almaraz, Olho de Boi e Arealva!
A crónica o mote para mais tarde recordar e não se perderem as memórias dos locais!

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