quinta-feira, 28 de junho de 2018

600 anos da tomada de Ceuta com lápide em Pedrogão Grande

Pedrogão Grande 
Memorial  no jardim de homenagem a todos os Pedroguenses, e aos Senhores de Pedrogão da família de Freire d'Andrada, com Capitães e Governadores em Ceuta.
Miguel Leitão Freire d'Andrada acompanhou com outros nobres das Beiras, o Rei D Sebastião à Batalha de Alcácer Quibir,  e depois da morte deste foi preso e levado para Fez.
A menção de nomes com apelidos que foram uso na época na região das antigas Cinco Vilas e Ansião; Lopes, Macedo, Costa, Ferreira, Afonso, Miranda, Gonçalves,Fonseca, Álvares, Faleiro e Valente, pese sem  referencia na Praça de Mazagão os 8 eclesiásticos, bem podiam ser da região da residência jesuíta da Granja em Santiago da Guarda ou do Bispado de Coimbra no Couto de Torre de Vale a merecer investigação nestas ordens.     
Despertei numa pesquisa  o que antes já vinha a distinguir no costume de se publicar temática já retratada por outro a tomando como sua, sem a referenciar em Fonte...21 agosto de 2015 em https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt/2015/08/Os-portugueses-conquistaram-ceuta-ha-600 anos da autoria do Dr Manuel Dias.Mais uma vez surpreendida  sobre a Tomada de Ceuta o tenha sido quase literalmente copiada de outra de 25-06-2014, apenas o uso de aspas, retirada de http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i cujo autor evocou como Fontes para a sua a crónica de 30/04/2014 https://historiasdeportugalemarrocos.com de Frederico Mendes Paula. Por se tratar de um professor, mestre em história e investigador, estará correta esta postura literária?Infelizmente já senti na pele a  mesma  falta de respeito quando copiou do meu blog informação e fotos da capela de Santo António para transcrever num livro sem qualquer menção à fonte, a desprezando em Webgrafia, tomando como sua ( facilmente detectada pelo erro mencionado da data de 1641, que no blog mais tarde rectifiquei para 1647). Não quero acreditar que seja prática descuidada ou não?O correcto em qualquer momento poder vir a acrescentar as Fontes, aos textos em falta!
O meu caminho tem sido de aprendizado a errar para crescer, prefaciando um comentário que um autor me enviou «Tal como para as publicações escritas, existem regras formais, para a citação de fontes, na net. O que cada um, seja amador ou profissional, a partir do momento em que utiliza a net, deve garantir, com rigor, a distinção, caso a caso, entre o que é produzido por si e o que lhe é alheio. E, se houver compreensão e aplicação das regras, a que cada um está vinculado, são desnecessários reparos como este. Deve-se referir com exactidão e especificamente qual a autoria de afirmações inseridas entre aspas e também menção de fotos incluídas em publicações.» Reparo que acatei no respeito esclarecendo que o tenha sido por falta de formação sendo autodidata em que vou aprendendo aos poucos pese embora tenha feito menção em Fontes, para imediatamente acrescentar o endereço da Fonte atrás da citação copiada e ainda lhe respondendo -Uma coisa é roubar informação e fotos a outros sem qualquer indicação alguma nas Fontes em blogs e Livros, desse mal igual me queixo, e outra é fazer alguma coisa, o que tenho feito ao mencionar em Fontes, sendo que ultimamente já uso a metodologia indicada, na verdade seja esta o de se fazer bem feito como bem indica, pelo que já alterei a crónica.Contudo sendo o blog de 2009 poderá eventualmente haver alguma situação anómala que a seu tempo em revisão alterarei na continuada boa fé que me inspiro dos muitos comentários abonatórios «Continue o seu trabalho. Reconheço-o com o pensamento de Carljung , que transcrevo : «Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia. Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas. Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo que mutilá-lo.» Lamento o sucedido, na justa razão que o certo é fazer bem feito, em valorizar também quem se copia!   
Porque o gosto de fazer bem feito carece de aprendizado, sendo óbvio que bebo informação de quem tem habilitações que reconheço está um passo à minha frente, debalde se há atropelos na certeza de estar mais atenta.
O INÍCIO DA EXPANSÃO PORTUGUESA
Excerto de https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt do Dr Manuel Dias «(...)os portugueses conquistaram a cidade de Ceuta a 21 de agosto de 1415. O que muitos portugueses não sabem é que houve contributo de todo o país para este empreendimento que marca o início da globalização e da Diáspora portuguesa. (...) Foi graças à determinação, fé, coragem, ciência e ousadia destes homens que ainda hoje a língua portuguesa é a mais falada no hemisfério sul e a 4.ª mais falada no planeta.
A marca de Portugal está ainda hoje bem viva na América Latina, África atlântica e África Indica, na Ásia do Sul (junto ao Índico e Pacífico) e na Oceania. Ainda hoje a bandeira de Ceuta conserva o escudo português .A semelhança dos escudos, na Crónica da Tomada de Ceuta, do séc. XV, de Gomes Eanes de Zurara e no estandarte atual daquela cidade, hoje espanhola).» 
Foto retirada de  https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt

Bandeira de Ceuta.png

Excerto de https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt do Dr Manuel Dias - No século XIII e XV - Conquista de Ceuta (…) «E esta colónia de pescadores de Vabom deveria ser nesse tempo (século XIV), incomparàvelmente maior do que a actual, tanto mais que eram poucas as indústrias do País e a labutação da barra do Pôrto chegou a obter tamanho desenvolvimento, que Fernão Lopes menciona entre as grandes rendas de D. Fernando (1367-83), os rendimentos aduaneiros dela (…).
Trabalhou-se então dia e noute, a expensas dos burgueses, preparando-se mais quatro galés e armaram-se dez naus, formando-se desta arte uma esquadrilha de dezassete galés e dezassete náus que partiu para Lisboa, onde exerceu grande influência no êxito da campanha. E o mesmo se deu para a expedição a Ceuta, em 1415. Só do Pôrto saíram setenta velas, em que entraram dezassete galés (…)».
  Encontrei de comum ainda vivos
no concelho de Ansião os apelidos  "Furtado, Sousa e Coutinho".
Foto retirada de http://jornaldoluxemburgo.com/wp-content/uploads/2016/08/arquivo-historico-porto

    O início da Expansão Portuguesa
Análise do texto retirado de  http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i de 24.06.2014 a preto, copiada quase na íntegra em 21.08.2015 , apenas a parte inicial com introdução sobre Ceuta que não consta desta cronica citada e ainda havendo uma parte assinalada a azul que foi alterada da sequência inicial do texto para ter sido inserida logo no início.
« A conquista de Ceuta em 1415 marca o início da expansão portuguesa em África e tem fortes motivações económicas e de estratégia local. 
A importância da cidade é confirmada por Al-Hassan Al-Wazzan Al-Fasi, conhecido como Leão “o Africano”, que afirma na sua obra “Descrição de Africa” que Ceuta tinha 1.000 mesquitas, 360 casas de viajantes, 22 casas de banhos públicos e 103 moinhos.
Ceuta era nos inícios do século XV a grande ameaça aos navios portugueses e à costa do Algarve. Ponto estratégico para o domínio da navegação no estreito de Gibraltar, com uma situação geográfica que a tornava facilmente defensável, base da guerra de rapina de corsários e de apoio ao Reino de Granada, Ceuta era principalmente um importante entreposto comercial, que escoava para a Europa as mercadorias que chegavam do Oriente através das caravanas e “o porto da navegação que se fazia entre os dois mares”.
Para a sua conquista, D. João I utiliza uma armada de 270 navios e cerca de 30.000 homens. O ataque é cuidadosamente planeado e mantido no máximo secretismo, sendo precedido pelo envio de espiões que estudam meticulosamente as suas defesas e determinam os seus pontos fracos.“No dizer do seu cronista, Azurara, seis anos antes já D. João I se ocupava dela; mas seguramente se sabe que se trabalhava para ela desde 1412”. Mas após a conquista a população abandona a cidade, e o bloqueio imposto pelo sultão de Fez inviabiliza o cultivo dos terrenos circundantes e o desvio das rotas comerciais para outros portos provoca o seu declínio.
Ceuta tornou-se pouco mais do que uma grande e vazia cidade-fortaleza varrida pelo vento, com uma dispendiosa guarnição portuguesa que tinha que ser abastecida continuamente através do mar”.
Mas após a conquista a população abandona a cidade, o bloqueio imposto pelo sultão de Fez inviabiliza o cultivo dos terrenos circundantes e o desvio das rotas comerciais para outros portos provoca o seu declínio.
Ceuta tornou-se pouco mais do que uma grande e vazia cidade-fortaleza varrida pelo vento, com uma dispendiosa guarnição portuguesa que tinha que ser abastecida continuamente através do mar.
A importância da cidade é confirmada por Al-Hassan Al-Wazzan Al-Fasi, conhecido como Leão “o Africano”, que afirma na sua obra “Descrição de Africa” que Ceuta tinha 1.000 mesquitas, 360 casas de viajantes, 22 casas de banhos públicos e 103 moinhos.
A primeira conquista no além-mar obrigou à preparação de uma frota capaz de transportar numeroso exército equipado com armas e abastecimentos. Foi necessário mandar construir, comprar e alugar muitos navios. As notícias da época registam galés, galeões, naus, barcas, fustas, cocas, e barinéis, entre outros…” Segundo Pisano, a armada era composta por “sessenta e três naus de carga, vinte e sete trirremes, trinta e duas birremes, e cento e vinte navios de outras espécies…”
A preparação da armada obrigou a um grande incremento a construção naval em Portugal. Só a cidade do Porto, com os estaleiros de Massarelos e Miragaia, “concorreu com setenta naus e barcas «afora outra muita fustalha», ou sejam embarcações de remo, como consta da carta passada por El-Rei D. Duarte àquela cidade.
Luís Villalobos, no seu texto “A Conquista de Ceuta”, esclarece as características e funções dos vários tipos de embarcações utilizadas. “Em primeiro lugar, será necessário referir que as galés, movidas essencialmente a remos, podendo recorrer a velas, eram as embarcações militares por excelência, enquanto os navios de vela eram essencialmente de mercadorias. Os de vela eram lentos, difíceis de manobrar e muito dependentes de ventos favoráveis (…) apesar disso eram considerados auxiliares preciosos para uma armada, em especial os de maior tonelagem, de alto bordo, capazes de transportar muitos homens de armas. Daí que a maioria dos navios fossem naus, uma vez que não se previa um ataque naval, mas antes o transporte de tropas até Ceuta e seu desembarque para posteriores confrontos em terra.
O exército era maioritariamente composto por veteranos da guerra contra Castela e muitos mercenários, alemães, ingleses, polacos e franceses. “Uma carta do alferes-mor do rei (João Gomes da Silva) ao arcebispo de Santiago indicava que, a bordo das 270 velas da armada portuguesa, deveriam seguir 7.000 a 7.500 «homens de armas», 5.000 besteiros e 20 ou 21.000 homens de pé (quer dizer, um total de 32 a 33.500 combatentes).
A armada era liderada por D. João I, acompanhado pelo príncipe herdeiro D. Duarte e pelos infantes D. Pedro e D. Henrique, e por um seu irmão bastardo, o conde de Barcelos. Os principais responsáveis militares do reino estavam presentes, como o Condestável, D. Nuno Alvares Pereira, o Mestre da Ordem de Cristo, D. Lopo Dias de Souza, o almirante Carlos Pessanha, o almirante Micer (Meu Senhor) Lancerote, o capitão-mor Afonso Furtado, D. Pedro de Menezes, futuro governador de Ceuta, e muitos outros nobres, alguns dos quais iriam protagonizar os acontecimentos que marcaram a presença de Portugal em Marrocos, como Diogo Lopes de Souza, Vasco Coutinho ou Álvaro de Ataíde. A expedição inicia-se no dia 25 de Julho de 1415 com a saída da armada da barra do Tejo. No dia 27, em Lagos, é finalmente anunciado o seu destino. A viagem entre Lagos e Ceuta é atribulada, já que uma forte tempestade obriga a armada a permanecer vários dias no mar alto. Ao dirigirem-se a Ceuta, os navios de carga são arrastados pelos ventos e correntes na direcção de Málaga, ficando os restantes à sua espera entre Tarifa e Calpe, mas acabam por se posicionar diante da cidade.Os mouros, apanhados de surpresa, tratam de reforçar as suas defesas com a colocação de engenhos no tramo Norte das muralhas, frente á praia, onde aguardam um desembarque dos portugueses. Das aldeias vizinhas afluem cerca de 10.000 voluntários. Durante os dois dias em que se aguarda a chegada dos navios de carga dão-se escaramuças na praia, provocadas pelos guerreiros mais aguerridos de um e outro lado _ mouros que saltam para bateis e arremessam pedras e flechas aos navios atacantes, portugueses que respondem desembarcando na praia para os combater.
Após a chegada dos navios de carga voltam a soprar ventos ainda mais fortes que arrastam toda a armada para o largo. Os mouros convencem-se que os portugueses desistiram do ataque e Salah Ben Salah, governador da cidade, dispensa os reforços que haviam chegado. D. João I chega a por em causa a campanha, mas no final permanece a decisão de atacar Ceuta. Quando a armada regressa, Salah Ben Salah já não pode contar com os reforços e simula a sua presença através da iluminação de todas as casas confinantes com a muralha.»
Terminou assim a cronica o Dr Manuel Dias em que o autor  disponibilizou mais informação.
«O plano delineado por D. João I consiste na concentração da maior parte dos navios frente à Ribeira, fixando o grosso das defesas mouras no local. Ao mesmo tempo, uma força menor seria colocada frente à Praia de Santo Amaro, onde se daria o desembarque das tropas.
No dia 21 de Agosto um contingente comandado por D. Duarte e D. Henrique desembarca na Praia de Santo Amaro, na base do Monte Abila, arremetendo contra os arrabaldes “de Baixo” e Zaklú, e evitando que os mouros encerrem a porta de Almina, que estabelecia a ligação com a cidade. A operação é bem-sucedida e as forças portuguesas penetram na cidade, conquistando-a de Nascente para Poente. Após percorrerem a Rua Direita, onde são surpreendidos por uma resistência moura que não esperavam, dá-se o segundo desembarque na Praia da Ribeira comandado por D. João I. A cidade está tomada.
Não é claro nas descrições de Mestre Pisano e de Zurara se o segundo desembarque se realiza no local do actual porto da cidade, se na actual Praia da Ribeira, onde os portugueses construiriam posteriormente a couraça das Muralhas Reais de Ceuta. Os textos referem que o desembarque se dá na Ribeira, mas não parece lógico que D. João I deslocasse o grosso da sua armada para a costa Sul, perdendo contacto com as forças desembarcadas em Santo Amaro.
Segue-se o saque. Lojas e habitações são assaltadas e pilhadas, lançando-se para as ruas mercadorias e bens destruídos, situação que Zurara descreve assim:
Já passavam de sete horas e meia depois do meio dia, quando a cidade foi de todo livre dos mouros. (…) As outras Companhias [de soldados portugueses], não tinham maior cuidado doutra coisa que de apanharem o esbulho. (…) Muitos que se acercaram primeiramente naquelas lojas dos mercadores que estavam na rua direita, assim como entraram pelas portas sem nenhuma temperança nem resguardo, davam com suas facas nos sacos das especiarias, e esfarrapavam-nos todos, de forma que tudo lançavam pelo chão. E bem era para haver dor do estrago, que ali foi feito naquele dia. Que as especiarias eram muitas de grosso valor. E as ruas não menos jaziam cheias delas (…) as quais depois que foram calcadas pelos pés da multidão das gentes que por cima delas passavam, e de si com o fervor do sol que era grande, davam depois de si muy grande odor.“
Os habitantes são expulsos das suas casas. Muitos soldados cavam os pavimentos das habitações em busca de valores escondidos. No final do dia, na Mesquita Principal transformada em Igreja, planeia-se o ataque ao Castelo, ainda em poder dos mouros. Mas não haverá ataque, porque Salah Ben Salah consegue fugir com o seu séquito durante a noite.»

Vista aérea de Ceuta . Em primeiro plano a Península Almina e o Monte Abila
Uma das seis fotos retiradas de http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i

Gravura de Ceuta no séc. XVI da obra Civitates Orbis Terrarum de Braun e Hogenberg, 1572

Gravura de Ceuta em 1765 da autoria de Gonzalez, cartoteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha

Carta do Estreito de Gibraltar da autoria de Santini, de 1780, cartoteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha
Esquema da conquista de Ceuta
Gravura de Ceuta em 1758, cartoteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha
Naus portuguesas do século XVI, Museu Marítimo de Greenwich, Londres 
Foto retirada  http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i
Foto de Mazagão artilheiro-no-baluarte-do-anjo retirada de https://historiasdeportugalemarrocos.com/2014/04/18/viver-em-mazagao/ 
Excertos de https://historiasdeportugalemarrocos.com/2014/04/18/viver-em-mazagao/  (...) «No ano de 1640 ocorre um episódio que envolveu o Governador da Praça, D. Francisco Mascarenhas, e a quase totalidade dos cavaleiros de Mazagão, que ficou conhecido pelo nome de “desaventura do Conde”. Reza a história que o marabu El Ayachi engendrou um plano para aniquilar os portugueses de Mazagão, tendo enviado dois xeques amigos do capitão para “pedirem fingidamente ajuda a este para submeterem ao rei de Marrocos alguns aduares que diziam ter-se rebelado”. O capitão prometeu-lhes auxílio, “contra o parecer dos principais cabos, nomeadamente do adail Luís Valente Barreto e do almocadém António Gonçalves Cota”, e saiu da Cidadela com cento e trinta e nove cavaleiros prontos para o combate. Os vigias da Atalaia do Ribeirão não se aperceberam da presença de um grande contingente de mouros emboscados junto ao local dos Medos, onde alguns deles simulavam uma luta entre si. Quando os portugueses aí chegaram “começaram a surgir subitamente os guerreiros de El-Ayachi, das ciladas onde se tinham escondido. Os portugueses ficaram então completamente cercados por mais de quatro mil mouros, entre cavaleiros e homens de pé”. No final só 3 portugueses voltaram à Cidadela, tendo 118 sido mortos e 18 feito prisioneiros. “Dos mouros terão morrido muitas centenas.” (AMARAL, 1989, obra citada)».

«(...) O rapto e cobrança de resgates dos cativos é uma actividade comum e lucrativa nos terrenos de cultivo circundantes e simples actividades como a apanha de lenha tornam-se num perigo diário, conforme é descrito por um português no século XVIII:
«Todo o campo que se avista da fortaleza é plano, só para o lado direito fica um pequeno outeirinho: os mouros que vêm, não a investir mas sim a roubar, se escondem junto dele, até que chegue a noite para, no silêncio dela, virem a meter-se nas hortas. A gente que da praça sai a este costumado e preciso exercício de conduzir lenha vai observando todos os sítios e vendo se ficaram alguns escondidos; porque são tais os mouros que, quando não têm parte cómoda para as suas emboscadas, cavam no chão poços estreitos da altura de uma braça e neles se escondem, até que os do presídio, que vão a cortar a lenha ao mato, passem adiante; então, quando mais ocupados os vêm no exercício de cortar e carregar, de dentro do mato lhes saem magotes deles, que os obrigam a montar, e, tomando as armas, a porem-se em defesa, vindo sempre retirando-se para junto da praça; os que ficaram metidos nas covas e poços, que têm feito, lhes saem pelas costas com que, apanhando-os no meio, se lhes faz dificultosa sem que seja por meio de muito sangue. Este é o contínuo exercício dos habitantes de Mazagão, de que são tantas as batalhas como os dias; porque apenas haverá um em que não haja um choque, uma escaramuça, uma emboscada, um assalto, uma batalha…” (LOPES, 1989, pág. 42-43)»

«A partir de 1750 os ataques a Mazagão intensificam-se, registando-se importantes combates nos campos circundantes em redor dos seus muros, dando notícia de grandes vitórias dos portugueses sobre contingentes mouros muito mais poderosos, as quais provavelmente constituem relatos exagerados destinados a levantar o moral. Uma referência ao terramoto do 1º de Novembro de 1755, cujos efeitos se fizeram sentir em Mazagão, com a queda de muitos edifícios. Na década de 1760 os combates tornam-se mais frequentes, aumentando as ameaças que pesavam sobre os moradores da praça, e as reivindicações destes ao monarca por mais recursos e forças militares para a sua defesa.»


«Aos problemas de logística e abastecimentos juntam-se também episódios de insubordinação de muitos militares, que se revoltam pelo atraso e mesmo falta de pagamento dos soldos, conforme cartas escritas pelo Governador Vasques da Cunha ao Marquês de Pombal.»

(...)«A direcção da praça estava a cargo do governador ou capitão, com funções militares e de governo da fazenda, e nomeado pelo rei. Abaixo do governador, e por ele propostos ao soberano, encontravam-se os adaís, que comandavam directamente as tropas, e os alcaides-mores, que administravam o castelo. Por sua nomeação seguiam na hierarquia o juiz, o alcaide-menor, o alcaide do mar, estes dois responsáveis pelas portas da praça, o alfaqueque, que tinha a responsabilidade de resgatar prisioneiros, o tabelião e o medidor do almoxarifado. O governador estava também à frente da administração civil, a cargo do contador, o escrivão dos contos, o porteiro dos contos, o almoxarife dos mantimentos e o escrivão do almoxarifado, com funções na gestão da fazenda e dos mantimentos.Para além dos funcionários, militares e administração civil, destacavam-se outras profissões, desempenhadas na época pelos seguintes indivíduos:O médico, Dr. Leandro Lopes de Macedo, o cirurgião Armando da Costa, o “Mestre de Meninos” Manuel Ferreira da Costa, o oficial da vedoria Francisco Afonso da Costa, os escrivães da vedoria Felizardo José de Miranda e Manuel Gonçalves Luís, o escrivão do almoxarifado Domingos Pinto da Fonseca, os meirinhos Gaspar Álvares Faleiro e Manuel Gonçalves da Costa, o fiel dos armazéns Miguel dos Anjos, o piloto da barra António Baptista e o sapateiro José da Costa.” (SILVA, 2004, pág. 177) . O vigário da Praça de Mazagão era frei Lázaro Valente Marreiros, existindo mais 8 eclesiásticos.» 
«Em Janeiro de 1769 o sultão Sidi Mohamed Ben Abdallah põe cerco à praça com um exército de 120.000 homens e exige a sua rendição ao Governador, Dinis Gregório de Melo Castro de Mendonça. O cerco é acompanhado de fortes bombardeamentos de artilharia, que provocam estragos consideráveis. De Portugal, Dinis de Melo e Castro espera reforços, mas o destino da praça já estava traçado, pois Mazagão já não servia os interesses de Portugal e a decisão da coroa era a evacuação. No início de Fevereiro chegam 14 navios com uma mensagem do rei D. José. “Sua Majestade resolveu que, salvando-se a gente e a artilharia de bronze, nada se perdia em abandonar a mesma Praça aos Mouros”. (VIDAL, 2008, obra citada)».

«Tem início, então, o abandono de Mazagão, segundo as instruções vindas de Lisboa. Crianças e mulheres deveriam ser embarcadas antes dos homens mais jovens. O documento definia o embarque das imagens sagradas e dos ornamentos das igrejas, depois vestimentas e objectos como móveis, que fossem possíveis de carregar. Da mesma maneira, a artilharia deveria ser embarcada e o restante seria destruído ou lançado ao mar, para que os mouros não fizessem usos dos equipamentos.” (ASSUNÇÃO, 2009, pág. 33)».

«No início de Março os habitantes revoltam-se, recusando a ordem de evacuação, mas acabam por se render à evidência.

«Não havia espaço que não estivesse cheio de recordações: uma pedra, a esquina de uma rua, um largo… Os mazaganistas formavam um corpo com seus muros. Defendê-los era a sua razão de viver e de esperar. Muitos deles não imaginavam qualquer destino fora dos muros da fortaleza. (VIDAL, 2008, obra citada)».

«A população de Mazagão era bastante heterogénea, sendo constituída por um grande número de militares e suas famílias, que, juntamente com os fidalgos que ali buscavam fama, os fronteiros, e com os degredados, formavam o grupo dos habitantes que residiam em Mazagão por um período de tempo limitado. Do outro lado estavam os moradores permanentes, não só portugueses, mas também muitos Árabes, Berberes, Mouriscos expulsos de Portugal e Judeus.»
«Na sua saída no dia 11 de Março os portugueses não respeitaram os termos do acordo. “…minaram os baluartes do lado de terra que, ao explodirem à passagem das tropas marroquinas provocaram numerosas vítimas (fala-se de 8.000 mortos).” (VIDAL, 2008, obra citada)»

«A vila toma o nome de “Al-Mahdouma” ou “A arruinada”, e fica encerrada e abandonada durante quase 50 anos.

Só em 1821 Sidi Mohammed Ben Ettayeb ordena recuperação e o repovoamento da Cidadela, transferindo para ali parte da colónia judia de Azamor. A cidade passa a designar-se “El-Jadida”, “a nova”.

Em 1824, o sultão Abderrahman determinou ao pachá da região de Doukkala e Tamesna, Sidi Mohamed Ben Tayeb, que restaurasse a antiga povoação portuguesa reerguendo as fortificações e construindo uma mesquita.

Durante o período do protectorado francês o nome original da cidadela é retomado, de forma afrancesada, designando-se Mazagan.

Em 2004 é classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.»

«Os dois mil habitantes permanecem em Portugal até 15 de Setembro, data em que embarcam para o Brasil, onde iriam fundar a Vila Nova de Mazagão, na Amazónia. »
«Com o passar das vagas, a cidade-fortaleza de Mazagão vai se configurando apenas como uma “cidade-da-memória”, cuja identidade guerreira, tão arduamente construída, vai aos poucos se dissolver nas espumas flutuantes do tempo…” (VIDAL, 2008, obra citada).»

Tamanha ambição na afirmação de D. Pedro: 
“Ceuta é um grande sorvedouro de gente e de dinheiro”!
                             

FONTES
https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt do Dr Manuel Dias
http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i
http://www.zezerepedia.com/pagina-inicial/wiki/torre-da-murta-areias
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/14128/5/Vers%C3%A3o_impress%C3%A3o_final.pdf
 

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