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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Círio em honra de Nossa Senhora do Cabo do Espichel

A primeira vez que ouvi falar em Círios aconteceu em Sintra há mais de 30 anos, numa exposição na Câmara Municipal com galeria de arte, onde se podiam adquirir obras, senti-me logo rendida ao idolatrar tamanho fascínio do tempo da romaria destas terras atravessar o Tejo, para de novo continuar por caminhos de agrura por areal, apesar de vistas deslumbrantes, com águas por perto e belas quintas.
Aventa-se que seja de origem medieval o culto a Nossa Senhora do Cabo Espichel ou Santa Maria da Pedra da Mua, uma das mais importantes manifestações de religiosidade popular do nosso País. 
Fotos retiradas Fotos do google
Deve-se ao miraculoso achamento de uma imagem de Nossa Senhora num penedo junto ao Cabo Espichel, durante o século XIV.
Quanto à primeira tradição, Frei Agostinho de Santa Maria narra-a de forma bastante lacónica no seu "Santuário Mariano" 

"No mar Oceano, para a parte do meio dia a sul] da Corte, e Cidade de Lisboa, mete a terra hua ponta, ou despenhada rocha, a que os navegantes chamam o "Cabo de Espichel", e os antigos chamaram Promontório Barbárico (…) Neste sítio sobre a rocha se vê ao presente rua Ermidinha, que se edificou para memória, a que chamam o Miradouro; é tradição constante, que aparecera a imagem de nossa Senhora que por ser vista naquela rocha, a que chamão Cabo, a denominàrão com este título." E passa a identificar os autores da descoberta: "Os venturosos", e os que primeiro descubriram este rico tesouro, foram alguns homens da Caparica, que iam aquela serra a cortar lenha; e daqui teve principio serem eles os primeiros também, que a festejassem. Por esta causa vão todos os anos com o seu sirio a solemnizar a sua festa em o primeiro Domingo de Junho "
Documentalmente mencionado pela primeira vez numa carta régia de D.Pedro I, datada de 1366 e constitui uma das mais antigas e interessantes manifestações de religiosidade popular em Portugal.
 "círio saloio", "círio real" ou "círio do bodo", tendo não poucas vezes contado com a especial proteção da  Família Real.
Teria dado início o culto a partir de 1430, que se tornou um centro de romarias e procissões por círios de oito freguesias da margem sul e uma da capital .
Em 1959 na Estefânia, as ruas  se encheram de gente conforme as fotos documentam.
Fotos retiradas http://beijodaterra.blogspot.pt/2010_06_01_archive.html
O círio alargou-se a freguesias dos arredores  da região saloia de Lisboa que atravessavam o Tejo de barco até à língua de areia que ia  do Bugio à zona da Trafaria.
Uma forte probabilidade a Igreja de Nossa Senhora da Conceição na Trafaria por onde a procissão do Círio passaria a caminho do Cabo Espichel. Hoje totalmente em ruínas.
Citar foto de http://historiadealmada.blogspot.pt/2012/01/figuras-de-almada-3-pintor-luciano.html
"Luciano Freire,  pintor do século XIX  frequentava no verão na Trafaria onde tinha uma casa. Foi discípulo de Miguel Ângelo Lupi e Silva Porto."

Quem lhe acode?
Desde o século XVIII, o Círio é constituído por 26 freguesias:  S. Vicente de Alcabideche, S. Romão de Carnaxide  S. Julião do Tojal, S. Pedro de Penaferrim, Nª Srª da Misericórdia de Belas, Stª Maria de Lourdes, S. Lourenço de Carnide, S. Pedro de Barcarena, S. Pedro de Lousa, Stº Antão do Tojal, Nª Srª da Purificação de Oeiras, Nª Srª do Amparo de Benfica, S. Domingos de Rana, S. João das Lampas, Nª Srª da Purificação de Montelavar, Nª Srª de Belém de Rio de Mouro, Nª Srª da Ajuda de Belém, Ascensão e Ressurreição de Cascais, Santíssimo Nome de Jesus de Odivelas, S. Martinho de Sintra, S. Pedro de Almargem do Bispo, Stº Estêvão das Galés, Nª Srª da Conceição da Igreja Nova, S. João Degolado da Terrugem, S. Saturnino de Fanhões, Stª Maria e S. Miguel de Sintra.
Registos desses tempos de antanho que se vendiam nas feiras, ainda me recordo de os ver
O 1º Registo dos 581 anos do Círio de Nossa Senhora do Cabo Espichel
O Círio era constituído por um grupo de romeiros que levava sempre uma vela acesa (o círio) que se iam juntando pelas terriolas em peregrinação anual a que chamavam - giro, sendo que cada uma das freguesias ia à sua vez , prestar culto a Nossa Senhora à sua ermida no Cabo Espichel. 
Rio de Macãs em Sintra

Antigamente cada freguesia responsabilizava-se pelos festejos anuais em honra da Nossa Senhora na sua Igreja do Cabo, no primeiro Domingo após a ascensão do Senhor.
A partir de 1887 foi introduzida uma mudança no antigo ritual. Em vez da longa procissão dos romeiros até ao Cabo Espichel, instituiu-se uma imagem peregrina entregue diretamente entre as freguesias, deixando de se verificar a deslocação ao santuário.
A devoção era tão grande que ainda existem  quintas com painéis de azulejos alusivos a Nossa Senhora do Espichel, do Cabo e da Arrábida.
  •  Círio de Nossa Senhora da Arrábida, que se realiza há  mais de 111 anos,  com cortejo para o Convento da Arrábida 
Pragal- Almada 
Portal de quinta Nossa Senhora da Arrábida defronte do Porto da Arrábida no Vale de Palença
        Pragal outra quinta com painel pequeno sem legenda,será Arrábida, Cabo ou Espichel?
Frontaria do antigo palácio pertença do pai do Frei Luís de Sousa em Almada
Painel  de azulejos alusivo a Nossa Senhora do Cabo
Foto datada de 1936 em Belas, do cortejo para o giro em grande pompa trajados a preceito
"Como tem sido profusamente divulgado a "guarda " da imagem da Senhora está confiada à Freguesia de S. Maria e S.Miguel uma das da sede do Concelho de Sintra. Este facto decorrerá durante um ano contado a partir de 18 de Setembro. A Freguesia que habitualmente segue no "giro" será Alcabideche. Temos lido que este culto tem 600 anos, todavia, como curiosidade segundo Mario Martins, S.J. (1957,p,92):
Os círios de Nossa  Senhora do Cabo vinham já da primeira metade de quatrocentos e vamos dar a ordem do primeiro giro como vem na obra anónima "Memórias da Romaria de Nossa do Cabo (sem pormos a mão no fogo por tudo o que ela diz). Pela ordem referida a freguesia iniciadora teria sido Alcabideche em1431; e curiosamente a última citada é Stª. Maria e S. Miguel do Arrabalde de Cintra com data de 1460. Completam-se 550 anos sobre a primeira vez que a Veneranda Imagem visitou a Freguesia onde está. É um número curioso. Diz-se que ao longo da vida, qualquer pessoa pode aspirar assistir por três ocasiões à passagem da Senhora do Cabo pela sua terra. No entanto, como antigamente, a esperança de vida era menor, não será descabido afirmar que 15gerações de antepassados rezaram à Senhora no decurso dos 579 anos de vigência do "Círio Grande dos Saloios".
Símbolo de devoção numa vasta área geográfica, o culto da Senhora do Cabo Espichel, representava tradição e fé dum Povo singular. Em tempos não muito recuados as procissões de Nossa Senhora do Cabo, revestiam-se de grande pompa com os principais intervenientes trajados a preceito, como se pode ver na foto datada de 1936 e obtida em Belas. "
Hoje em dia esta festa realiza-se anualmente no Santuário do Cabo Espichel no último fim de semana de Setembro com a procissão da imagem da santa, e reúne o maior numero de Círios, alguns fora do concelho.
Na Caparica o Círio à Senhora do Cabo Espichel dividia-se em varas que anualmente por altura da peregrinação, era alternada com a vara da Costa, que incluía Vila Nova, a vara da Sobreda que incluía a Charneca, a vara do Monte, que incluía Porto Brandão, e a vara da Trafaria, que incluía Merfacém. 
A vara do Monte por ser a mais rica de todas as outras varas, era incumbida de levar a berlinda com a imagem de Nossa Senhora do Cabo. 

No centro do País, Dornes-, uma aldeia linda inserida na península do rio Zêzere desde 1800?Existiu a romaria dos círio ,que a sacristia disso é testemunho, que conheço bem.O círio (vela enorme) guardada dentro de caixas de madeira com o nome da terra que os oferece e a data.


Fontes: 
Wikipédia 
http://historiadealmada.blogspot.pt/2012/01/figuras-de-almada-3-pintor-luciano.html
http://tudodenovoaocidente.blogs.sapo.pt/32505.html
http://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1154/1/Ruralidade%20em%20Almada%20e%20Seixal.pdf

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