Mostrando postagens com marcador Exposição no Torreão poente "A Luz de Lisboa". Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Exposição no Torreão poente "A Luz de Lisboa". Mostrar todas as postagens

domingo, 19 de julho de 2015

Exposição no Torreão poente "A Luz de Lisboa"

Exposição a decorrer no 1º andar a seguir ao torreão, debaixo das arcadas. Os reformados pagam 2€.


Pensamentos
Fernando Assis Pacheco
"Se fosse Deus parava o Sol sobre Lisboa"

"E a luz de Lisboa é, de facto, uma luz que ilumina Lisboa. O amanhecer em Lisboa é especial. Primeiro, está tudo escuro. Depois, incrivelmente, o sol começa a despontar a leste. À medida que o sol sobe, o fantástico acontece e coisas que não conseguíamos ver, agora, são visíveis. Do castelo é que apreciamos bem. Ali, vista da muralha, Lisboa parece mesmo uma cidade vista a partir de uma muralha. Primeiro, não vejo nada porque há uma pedra, depois vejo telhados porque há uma ameia. Deixo de ver porque há nova pedra, agora volto a ver através de outra ameia. Ao longe, a Ponte 25 de Abril faz lembrar uma obra de engenharia construída especificamente para unir duas margens de um rio. Em nenhum outro lugar do mundo se une Lisboa e Almada daquela forma.
Tudo isto é proporcionado pela luz de Lisboa. 
Depois, anoitece. 
Lisboa deixa de ser iluminada pela luz de Lisboa e passa a ser iluminada pela luz da China, que é donde vêm todas as lâmpadas..."
De costas para o Tejo mas de braços abertos, saboreando a Luz de Lisboa

Vasco Graça Moura

Canção do terreiro do paço

está Lisboa em dia de sol frio
e trânsito parado.
é quase inverno, mas vai manso o rio
marulhar no bugio
como em barco encalhado.
a rua do arsenal é o princípio
do meu deambular assim na baixa,
de atravessar a faixa
dos peões e passar no município,
olhando de caminho,
no seu mármore esguio, o pelourinho.

chegando à vastidão feita de arcadas
e a rasgar para o tejo
do terreiro do paço, onde apressadas
em bando, as mais lavadas
das tágides mal vejo,
vindas dos cacilheiros, matinais,
são horas já do incêndio das buzinas
em sombras pombalinas,
no volante de quantos dão sinais
em palavrões e gesto
de quem cedo se esgota num protesto.

o semáforo abriu mas não avança
o rebanho compacto
dos automóveis, um ardina lança
o seu pregão na dança
de dar o troco exato
com o jornal, de carro para carro.
abrem as bancas três alfarrabistas
e ao centro, a dar nas vistas,
no bronze patinado a verde sarro,
lá está o D. José
que aprecia melhor quem for a pé,

ou lembre, antes de entrar nos ministérios,
enigmas e passagens
sonâmbulas de arcadas e mistérios:
de chirico prefere-os
em silentes imagens.
mas não cabem aqui tais perspetivas
de hora lunar, quadrantes, manequins:
trepida nos confins
este rolar humano em marés vivas
e frio, azul, enxuto,
o céu tem falta aqui de um aqueduto.

mesmo a luz, que acidula por calcários
e outras geometrias
os tons fluviais e os seus contrários,
só restitui, dos vários
relentos, maresias,
fragmentos da memória, muito pouco,
e a quem vai açodado não inunda.
a pressa é a profunda
razão de ali se atravessar num rouco,
derrancado exercício,
entre os pombos vadios e o bulício.

passo ao Martinho: a hora não é boa
e em flagrante de litro
nunca se poderá ver no pessoa
um bispo de Lisboa,
por isso eu o desminto,
sem encontrar aquilo que procuro,
sem hora absurda, arcanos, labirinto,
sem achar que pressinto
em tudo isto algum sentido obscuro
de mentira ou verdade,
do todo de uma vida ou de metade,

sem ver nisto a poética transposta
de um delicado, urbano,
lirismo de que às vezes mais se gosta
e a que lisboa encosta,
Carlos Botelhiano,
mas só a confusão, o triste esgar
nas almas pós-modernas em cardume,
sem sequer o perfume
de uma melancolia a enredar
os timbres desde cedo,
como um lilás trepando em dia ledo.

canção amanhecendo no terreiro
do paço em desmazelo,
não penses que são modos de tripeiro
ou dor de cotovelo
pôr-me aqui a dizê-lo:
antes me desmentisses
sempre que eu te dissesse
que se nesta cidade andou Ulisses,
às vezes não parece.


A luz refletida no Tejo e nas colinas concentra-se nos vales.


"Quanto à cor de Lisboa(...) disponho-me a jurar e a declarar notarialmente que branca não é.(...) Lá terá as suas brancuras aqui e além, mas estão preciosamente colocadas para compor o todo."


Pensamento de Maria do Rosário Pedreira 

"Não te demores - o sol anda a deitar-se sem, pudor, em todos os telhados , e a luz esmorece, e o luto da noite alonga a espera. Eu não me deito sem ti mais nenhum dia: as memórias que se recortam nas sombras são fantasmas perversos que caminham em círculos como cães que perseguem a cauda enlouquecidos ou aves encurraladas na boca escura de um túnel ".


Pensamento de Manuel de Freitas

"O céu do ocidente, em Lisboa, é um fundo negro de asfixia e paixão, onde apenas estrelas moribundas nos lembram que existem um olhar míope."

Sexta feira, a minha filha disse-me que me liberava cedo...Já tinham batidos as cinco da tarde, quando aconteceu.Caminhei a pé para ir ao antiquário espreitar e talvez comprar, mas estava fechado. Na minha frente seguia no passeio uma flausina dançante , que teimei ultrapassar, não sei se foi olho gordo, logo enfiei o  pé  numa cova e descarrilei, pior a correia da sandália se soltou ! Olhei para todos os lados para encontrar uma drogaria na mira de comprar cola, nada encontrei...Chateada, voltei atrás para ir espreitar outro antiquário onde tinha visto um açucareiro da VA no início da semana. Ao perguntar o preço à empregada, disse-me 25€, fiquei sem pinga de sangue, e disso lhe dei conta " estive aqui esta semana, a outra senhora falou-me em 10€ ". Sim trouxe-o por esse preço. Voltei ao caminho e parei num Bristôpastelaria, no gaveto na Almirante Reis, para um lanche, onde me acolheram muito bem. Continuei a minha caminhada, a ver montras, saldos, dando conta da festa do Inatel, do seu  aniversário de 80 anos no Terreiro do Paço.Os Pauliteiros de Miranda aguardavam entrada. Mal os vi na cegueira da exposição entrei e subi escadas e mais escadas.
Defraudada porque me pediram para me deixar fotografar com o Vicente a soltar balões no Miradouro Sophia Mello Breyner Anderson à Graça, para as fotos integrarem uma exposição sobre a Luz de Lisboa.
Debalde não vi nem uma única foto!


Fontes
http://novascartasdemarear.blogspot.pt/2014/05/cancao-do-terreiro-do-paco-esta-lisboa.html
http://www.publico.pt/opiniao/noticia/luz-de-lisboa-camara-municipal-accao-judicial-contra-legitimos-proprietarios-1622441

Seguidores

Arquivo do blog