Mostrando postagens com marcador Memórias de abril. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Memórias de abril. Mostrar todas as postagens

domingo, 26 de abril de 2015

Memórias de abril, chaimite alcunha de um capitão ...

Passou mais um aniversário do 25 de abril...
Ouvi na rádio o pedido de quem tivesse fotografias, coisas do PREC, relatos, histórias, etc para enviar...
Hoje na feira de velharias de Algés no estaminé do "Igrejinha"  bom e pacato alentejano, tinha a fazer de mesa, uma antiga tábua de passar a ferro com um jarro de esmalte a fazer de jarra com cravos vermelhos, orgulhosamente os comprou na sexta feira 20 pés, restando estes, o que me confidenciou, ainda que tinha dado ontem uma entrevista na feira da ladra.
O Sr. António "Igrejinha"
Depois de jantar nem de propósito no documentário "Abandonados" sobre a Ex. Escola Prática da Cavalaria de Santarém, espaço comprado pela  autarquia em 2008 por 16 milhões de euros, mas ainda não liquidada, segundo a mesma porque começou a crise imobiliária...
Salgueiro Maia, um olhar intenso
Desta Escola Prática de Cavalaria saiu o capitão Salgueiro Maia,  numa coluna de blindados na noite de 24 de abril, a caminho de Lisboa para libertar o Pais da ditadura de Salazar.Um homem de estatura baixa, mas grande no perfil de sacrifício e de valores, possivelmente o único capitão que em nada se aproveitou das mais valias e portas que o 25 de abril abriu...
Até consta  que foi desterrado para trabalhos de secretaria nos Açores, regressando mais tarde a Santarém.
Chaimite
Voltando ao ano de  78  um  vizinho com pouco dinheiro se mostrava feliz por ter adquirido um Opel Kadett em 3 ª mão, muito velho, com as embaladeiras esburacadas, corroídas pelos fumos corrosivos das fábricas de químicos do Barreiro, a que pôs a alcunha de "Chaimite"-, por o achar um todo o terreno, feio, e dançarino ao mínimo cheirinho de travão, na sua cabeça ainda presentes os blindados de abril, e  também por se lembrar de ser a alcunha de um seu capitão, precisamente em Santarém, quando ingressou na tropa, nos primeiros dias após o 25 de abri de 74. O capitão homem quarentão, mostrava-se ao comando difícil, de temperamento rigoroso, altivo, parecia só se sentir em júbilo em mandar os  homens que comandava a chafurdar na lama, e a rastejar, seria que lhe dava gozo?...Sorte a do meu vizinho que aqui esteve pouco tempo na recruta, mudando de regimento.Uns meses mais tarde veio a saber por colegas que o "Chaimite", o antigo capitão de Santarém, tinha sido apanhado em flagrante nas cavalariças, em sexo exposto com um cabo...Fica a curiosidade de saber se na função do seu dia a dia que lhe dava prazer o cavalgar, sendo um exímio cavaleiro, vestido de altas botas e chicote na mão, ou de mancebo ajoelhado...O que se conjurava ao tempo é que teria sido uma suposta armadilha daqueles a quem fez mal, menosprezou e ridicularizou...
Sendo que o caso possa parecer normal aos dias d'hoje, em que a homossexualidade é aceite  por lei na nossa sociedade, o que espanta é ao tempo após o 25 de abril, e do ganho da liberdade, depois de tantos anos de obscuridade, um capitão ao ser apanhado em pleno trabalho laboral em pratica proibida  com alguém de hierarquia inferior, foi supostamente destituído de categoria , e ainda preso nas Caldas da Rainha...
Mas se  o caso tivesse acontecido antes do 24 de abril, seria fácil de entender e aceitar (?) mas no momento quente da revolução e dos capitães de Santarém, que libertaram o País, que passou a haver muita gente a ordenar e poucos obedeciam, muita balbúrdia e confusão, não se  entende como não foi  o delito abafado em casa, entre camaradas!
Da maioria dos capitães de abril, nem mais se dignam comparecer nas comemorações da efeméride na Assembleia da Republica no dia 25 de abril, não se entende os porquês, porque uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, supostamente estão em grande maioria todos muito bem na vida, em gorda mordomia, com valentes reformas e riquezas de quotas em sociedades de sucesso, uma delas na costa vicentina, nos terrenos que foram do genro do Onassis...Mas o Salgueiro Maia, entretanto falecido, sem riquezas, e pouca glória,  cuja filha teve de imigrar para o Luxemburgo, como outros portugueses, deixa gente com cabeça a pensar, porque os colegas do pai, alegadamente por certo arranjaram compadrios e bons empregos para filhos, enteados, sobrinhos, madrinhas, amigas e mulheres...E nisto se distingue o que foi a revolução dos cravos, de homens íntegros, honestos de mente incorrupta e outros  de cariz oportunista!
"Há vinte anos,  em 1989, quando era primeiro-ministro, Cavaco Silva recusou-se a conceder a Salgueiro Maia uma pensão "por serviços excepcionais e relevantes". A atitude do então chefe do Governo provocou um sonoro coro de protestos, tanto mais que foi conhecida aquando da concessão de uma idêntica pensão a dois inspectores da extinta PIDE/DGS e agora vai finalmente homenagear Salgueiro Maia, considerado o mais lídimo dos capitães de Abril. No âmbito das comemorações do 10 de Junho, que este ano decorrem na cidade de Santarém, o Presidente da República irá depositar uma coroa de flores junto à estátua de Salgueiro Maia.
Contactada pelo Expresso, a viúva de Salgueiro Maia manifestou a sua "satisfação" pela homenagem que o Presidente decidiu prestar ao capitão de artilharia, responsável pela rendição de Marcelo Caetano no quartel do Carmo, na tarde de 25 de Abril de 1974. Natércia Maia não conhece pessoalmente Cavaco Silva. "Só me cruzei com ele uma vez, quando António Guterres tomou posse como primeiro-ministro. Não estava à espera desta homenagem e fiquei contente, pelo que representa de reconhecimento do papel do meu marido e dos valores com que ele sempre se identificou. Em 1988, o próprio Salgueiro Maia requereu a concessão de uma pensão destinada a contemplar os chamados "serviços excepcionais ou relevantes prestados ao país". A atribuição daquela pensão dependia obrigatoriamente de um parecer favorável do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República. Com data de 22 de Junho de 1989, o parecer, votado por unanimidade, sublinhava que "o êxito da Revolução muito ficou a dever ao comportamento valoroso e denodado daquele que foi apodado de Grande Operacional do 25 de Abril". Enviado ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças, o parecer nunca foi homologado.Esta recusa só viria a ser conhecida três anos depois, quando o executivo de Cavaco concedeu a mesma pensão a dois inspectores da extinta PIDE/DGS, António Augusto Bernardo e Óscar Cardoso. Bernardo foi o último chefe da delegação da DGS em Cabo Verde, enquanto Cardoso foi um dos pides que se entrincheiraram na sede da rua António Maria Cardoso e que fizeram fogo sobre uma pequena multidão, tendo causado os únicos quatro mortos da revolução. Esta estranha dualidade de critérios do Governo provocou uma enorme tempestade política, que culminou com um polémico processo judicial instaurado pelo Supremo Tribunal Militar contra Francisco Sousa Tavares, devido à virulência das críticas que fizera na sua coluna no jornal "Público".Por outro lado, o então Presidente da República, Mário Soares, também se demarcou ostensivamente. Dois meses depois dos dois ex-pides serem agraciados, Soares escolheu o Dia das Forças Armadas para condecorar, já a título póstumo, Salgueiro Maia com a Ordem Militar de Torre e Espada. A escolha não foi por acaso: era a única condecoração portuguesa que dava direito a uma pensão...Texto publicado no Expresso de 5 de Junho de 2009 Ler mais: http://expresso.sapo.pt/cavaco-tenta-corrigir-erro-com-20-anos=f519785#ixzz3Yu3BSyxJ

Seguidores

Arquivo do blog