Mostrando postagens com marcador Os piqueniques na quinta feira de Ascensão noutros tempos por Ansião. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Os piqueniques na quinta feira de Ascensão noutros tempos por Ansião. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A saudade da quinta feira de Ascensão no meu tempo em Ansião

Dia da Espiga o feriado municipal em Ansião
 
No meu tempo de pré adolescente, na década de 60, do séc. XX, era dia propício a piquenique. No costume a Ti Virgínia André,  emprestar o burro e a carroça. Na véspera agendado o que cada um levava de farnel. Um foi especial. Sentados na carroça de mãos nos fueiros uma comandita de cachopos do Bairro de Santo António, o Toino e Mena "Trinta", eu e a minha irmã, o João Carlos, o Tonito da "São" e,...entrámos pelo Carvalhal, acampámos no pinhal do Dr. Faria. A Mena do “Trinta” levou sardinhas albardadas, eu fiz um bolo de laranja que subiu mais de um lado, o costume, mal do forno elétrico, depressa decidi cortá-lo para o nivelar, sendo resolvido o problema com a receita da minha mãe, cobertura em glacê de laranja, espalhado a preceito com o salazar, ninguém desconfiou, sobras, nem uma até o burro ficou ougado, refastelados e de tanto brincar e rir deitados na manta prostrada no prado com flores, tempo de irmos todos apanhar a espiga.  

O arroz doce
Travessa  da fábrica de Massarelos, velhinha, herança da avó Piedade de Ansião
    O momento da apanha da espiga era quase solene...
                             
    Nesse ano apanharam-se os malmequeres, papoilas e espiga na courela da tia Maria junto à estrada, a oliveira na fazenda do Sr. Zé Nogueira, mais abaixo gavinhas no quintal à beira da estrada do Ti Raul Borges e o alecrim do alecrinzeiro da tia.

    O ramo na simbologia popular representa o "pão-nosso de cada dia"
    Os malmequeres amarelos na representação do "oiro e prata"
    As papoilas na representação da " amor e vida "
    oliveira na representação do "azeite paz e luz"
    Gavinhas com cachos em alusão ao "vinho e alegria folia do povo"
    Alecrim representa a "saúde e a força" 

    Saudade desse tempo e da Ti Virgínia nem se fala - mulher bondosa sem maldade de inveja. Tanto brinquei com a minha irmã e a sobrinha dela a Elvira André do Escampado de S. Miguel no seu terraço coberto virado a sul.
    Mulher sem filhos, muito sofrida por sentir a falta deles , passava horas a conversar à beira do muro enquanto isso nós na conversa a roubar abrunhos azuis por fora e amarelinhos por dentro que tinha na fazenda de baixo...
    Muito amiga dos cachopos. Uma paz d'alma -, nesta vida difícil dizer se conheci outra assim igual que nunca vi zangada!

    A pasteleira a lembrar a que o marido o "Zé carates" usava...
    O marido da Ti Virgínia André, o Zé Lopes eternizado  Zé Carates”,  cuja mãe era irmã da minha bisavó Conceição do Bairro - primo direito do meu pai.
    Homem  de alta estatura, reservado, cortês e meigo, começou a trabalhar na Polícia de Segurança Pública em Lisboa, passou pela Brigada de Trânsito em Moimenta da Beira até que o Sr. Francisco Silva do Fundo da Rua o foi buscar para trabalhar na sua grande loja ao Fundo da Rua onde o conheci e afavelmente atendia a clientela. 
    Haveria de o ver todos os meses quando procedia à contagem da eletricidade sempre na companhia da sua velha e fiel amiga de toda uma vida -,a sua pasteleira igual à da foto.
    Melhor homem mais recatado, honesto, e educado julgo não conheci, tal qual os irmãos, empresários a viver décadas no Brasil em Santos: António e o Francisco - os três com o mesmo carinho pelas raízes e pela família, herdeiros da casa onde nasceram ao Alto a transformaram há anos num chalé moderno cheio de conforto onde anualmente passam umas férias. A sua simpatia irradia todos que com eles convivem..."então como vai a prima"...naquele sotaque brasuca...
    a semana passada ia eu a passar junto da casa do "Zé Carates" cruzei no passeio com um homem que está no Lar que me pergunta " olhe lá o homem desta casa ainda é vivo ?" disse-lhe...infelizmente já faleceu há 2 anos... 

    Hoje a crónica é mais curta vou ter de ir apanhar a espiga...


Seguidores

Arquivo do blog