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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Quinta do Conde marasmo de paisagem poderia ser de encantos tamanhos

Nasci em Coimbra tendo sido a minha vivência até aos 20 anos por Ansião, vila do distrito de Leiria, onde os meus pais me prestigiaram com muitos passeios, após o 25 de abril de 74 aconteceu a minha primeira visita ao Algarve. Abençoada de cariz observador e gosto pelo património, novinha, na alvura dos meus 17 aninhos, em memória perpétua na Cruz de Pau rodopiei o pescoço em todas as direções para não enxergar nenhuma Cruz em pau...e de nariz colado ao vidro do novíssimo e elegante Opel Manta, num sitio de tanta casa assim junta, para mais à frente pasmada me deixar a contemplar Coina a emergir acima das copas das pinheiras pela estranha arquitetura de uma torre em amarelo torrado, que adoro, igualzinha à do carro... na Quinta do Conde fiquei a cismar quem teria sido o Conde, havia anúncios a publicitar venda de lotes junto ao casario rasgado de grandes janelas e outras com grades, para mais à frente paragem na Fonte de Negreiros, soltar pernas e saciar a sede de boa água .
Brasão da vila
Escudo de prata, Cruz da Ordem de Santiago, de vermelho, entre dois corvos de negro, postos em cortesia; em campanha, coronel de conde, de verde, com suas pedrarias. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas
" QUINTA DO CONDE "
Fácil seja perceber e entender o brasão-, Ordem de Santiago, ao tempo com sede em Palmela, os corvos que acompanharam o corpo do mártir S.Vicente o patrono do Mosteiro a quem pertenceram estas terras, e a coroa real pela nobreza do Conde da Atouguia (?)...

O que fez despertar para esta crónica ? A errante herança da sina da Quinta do Conde, terras que foram dos Frades de S.Vicente de Fora, aforadas ao Conde de Atouguia que as manteve durante séculos até se fidelizar no século XVIII em Quinta do Conde . O  último Conde de Atouguia, D. Jerónimo de Ataíde de 37 anos por arrastamento, casado com uma filha dos Duques de Aveiro acabaria implicado no processo movido àquela família por tentativa de assassinato ao Rei D.José, tendo a sentença ditado o seu assassinato em 1759, amálgama de dor e sofrimento, além de outras injurias, conjuntamente com outros nobres e ainda Jesuítas. Mais tarde com a expulsão das restantes Ordens Religiosas em 1834, a Quinta do Conde passou para o Estado, cujos anúncios da venda em hasta pública se prolongaram por mais de um ano, pelo valor de 10 contos, apesar dos aliciantes incentivos e facilidades de pagamento, debalde o número de investidores ficou aquém das expetativas, o que gerou clima propício a José António da Fonseca, comerciante no Cais do Sodré, que a arrematou em boa hora em Dezembro de 1835 para o filho, José Maria da Fonseca, que se tinha instalado no ano anterior em Azeitão, na produção de vinhos . A Quinta do Conde, custou 21 contos e duzentos mil réis em títulos admissíveis na compra dos Bens Nacionais e foi passando em herança até ao bisneto do José António da Fonseca, casado, mas sem filhos, tendo falecido em 1945, a sua herança foi repartida por duas primas, sendo que a Quinta do Conde por escritura em 1951 coube a Cristina de Barros Pitta de Meneses e Castro " Consta de casas nobres de habitação com ermida, celeiros, adegas, lagares, abegoarias, palheiros, casa de malta e mais pertenças, terras de semeadura, vinhas quase todas de recente implantação, pinhais, matos e árvores frutíferas."

Desde sempre foram imputadas às crises abertura de filões de negócio. A década de 1960 cimenta a crise rural iniciada após a II Guerra Mundial com o êxodo rural na direção das grandes cidades e litoral, deixando a agricultura ao abandono, a que as quintas da margem sul não foram disso exceção. Os fatores que contribuíram para o consequente declínio ditou por um lado o abandono da agricultura por deixar de ser rentável e as grandes alterações com o aparecimento de novos empregos na margem sul :

Em 1961 começou a construção da Siderurgia Nacional, ditavam os cartazes " Aço é progresso".Na inauguração o Ministro da Economia Ferreira Dias, ao entregar a António Champalimaud a concessão e licença para a exploração exclusiva da indústria siderúrgica em Portugal por 10 anos disse " País sem siderurgia não é um País, é uma horta!".

A Lisnave foi construída em terrenos ganhos ao Tejo na Margueira, a doca número 13, inaugurada em 23 de Junho de 1971, data do aniversário de Alfredo da Silva.

A primeira grande fábrica da CUF tinha sido implantada no Barreiro em 1907.

A Setenave outro estaleiro inicio de 70 (?) ainda labora depois do fecho da Lisnave.

O Arsenal de Marinha que se tinha mudado de Lisboa para a quinta do Alfeite na Cova da Piedade por volta de 1937(?). Muitos dos marinheiros em expedições, ganhando mais, aforraram poupança, uma elite de principais clientes a adquirir lotes para a sua vivenda.

A construção da ponte no início de 60 e das suas novas acessibilidades vieram a empregar muita gente. Como se constata a mão de obra que até então era usada na agricultura acabou por absorver muitos homens nestas novas fontes de emprego, enquanto os mais novos, no início de 60 foram obrigados a combater uma guerra no Ultramar que não era deles, e por sua vez veio lançar muita mulher a trabalhar em fábricas e outras mais novas a estudar. Assistia-se a olhos vistos à expansão da margem sul com a ligação do corredor norte/sul a trazer depressa o progresso após a inauguração em 1966 da ponte sobre o Tejo, vindo a afirmar em definitivo a crise habitacional, muitas famílias que até aí trabalhavam na lavoura viviam em barracas ou anexos adoçados aos solares, ou perfilhados ao longo das estradas em pátios das quintas a que se juntavam imigrantes, maioritariamente Alentejanos e das Beiras, pelo que a falta de habitação se mostrava imensurável, sendo que muitos se sujeitaram viver em quartos com serventia de cozinha.
O que fatalmente ditou as condições propícias ajudado pela permissividade da legislação em vigor e do Governo de Salazar e depois de Marcelo Caetano em 68 , pela abertura de apoios a Fundo perdido, que levariam António Xavier de Lima a impor-se no negócio do século - Compra de terrenos, para Criar Habitação.
António Xavier de Lima 
Homem nascido a 15 de Agosto de 1925 na Quinta do Anjo, no concelho de Palmela, apenas com poucos meses os pais se mudaram para um barraco ao cruzamento de Brejos de Azeitão, onde hoje é um stand, e ali viveram anos. Nascido sob o signo Leão, de cariz astrológico iluminado, apesar de baixo em estatura, à laia do ditado popular- velhaco ou dançarino, sem escolaridade, homem esperto, enxergava longe, apesar de provir de família pobre que vivia do cultivo na várzea de couve lombarda, para venda no mercado de Setúbal, onde se deslocavam de carroça, e mais tarde o filho também. Ao certo ninguém sabe como ele começou no ramo da compra de terrenos(?), porque na verdade dinheiro não tinha. Por isso fácil seja alvitrar que conhecendo algum dono de uma das muitas quintas na região, supostamente teria sido esta vivência que haveria de ser o seu pontapé de saída para a criação do seu império (?). Cedo denotou perícia e veia negociável, revelando-se um líder e grande visionário, dele se falava "sem saber ler nem escrever, teve olhos para construir um invejável império". E que subiu "a pulso" no difícil ramo dos negócios, assumindo-se antes e depois do 25 de Abril como o mais conhecido construtor civil da margem sul. Comenta-se, ainda, que era um homem "de palavra".E também se diz que a falar era um "brutamontes", de poucas maneiras, usava linguagem grosseira, mas seria enérgico, decidido, e mostrava serviço, por isso sentiu na pele o caminho do sucesso. Outros falam que até era boa pessoa, apesar de ter "enganado" muitos com a venda do mesmo terreno a vários compradores...
Não o conheci pessoalmente. Mas quero acreditar que tenha sido homem bem falante de língua acutilante em fazer passar a mensagem, um nato líder na comunicação, pelo que lhe bastou usar da sua postura natural nas interações com os proprietários das quintas a quem acredito propôs negócios à consignação(?), sendo pobre e sem dinheiro se valeu sabiamente do ambiente onde vivia e da realidade conhecida de muito dono de quinta falido, valorizando a temática da falta de habitação ao enxergar longe a ideia criativa de parcelar terreno de outros, em lotes ilegais, posteriormente vendidos a terceiros, fazendo " trabalho simples que é sempre o mais difícil " resulto do aprendizado da escola da vida, seja a ouvir, aprender e obter informações, com o fim de singrar no ramo negocial, mas também por saber que " de ante mão só existe um modo de fazer a coisa certa, qual seja, é repeti-la várias vezes"...quiçá, acreditava que o ser prático leva à perfeição, no seu linguarejar lábia e sedução de encantar (?) fácil foi agilizar o plano "engodo visionário agilizando venda do que não é seu, com dois fins a atingir-, o lucro, e realizar sonhos às pessoas", desta forma meteu em marcha esquema negocial que viria a ser de sucesso traduzido pelo retorno com a venda de lotes clandestinos, o seu "Produto Estrela", no qual denotou saber como nenhum outro valorizar e despertar para o grande sonho de muito português, "antes de ser feliz, ter a sua própria casa" certeiro ao selecionar o público alvo à época, abrangido por uma grande maioria de portugueses cá dentro, moradores em casas de aluguer que ambicionavam ter a sua própria vivenda, ainda a outros compradores para investimento, e aos imigrantes, sobretudo em França. Publicitava em jornais os fatores a valorizar como a proximidade dos grandes complexos industriais empregadores já referenciados, oferta de terrenos a preços convidativos para construção, as boas praias da região e do pinhal, ousou enviar agentes da sua confiança às comunidades que viviam em França armados com papéis com uns riscos e uma aceiros marcados a fingir que eram Plantas topográficas devidamente aprovadas, quando era tudo ilegal, e assim atiçou e induziu muito emigrante a comprar lotes.Soube cedo qual o filão do negócio - e o seu público alvo. Fatores decisivos do negócio a que juntou ao sucesso ajuda flagrante dos potenciais compradores-, pessoas de  caráter trabalhador, auferiam baixos ordenados ainda assim angariadores de poupança,  maioritariamente de parca cultura e ingenuidade, em que fácil seria acreditar em tudo o que lhe diziam, por isso se mostravam "cegos e mudos " perante a iminência em concretizar o seu sonho da compra, que nem questionavam infra estruturas ( na verdade muitos nem sabiam o que isso era...), apenas no ato da escritura conhecerem os verdadeiros proprietários que se mostravam com a sua presença para a assinar.
Acredito que embora tivesse começado a vender "gato por lebre" por falta de urbanização nos loteamentos, se tivesse tido uma estrutura de retaguarda com bons técnicos, embora investisse muito mais, também vendia por melhor preço. Acredito hoje não seria o marasmo que se distingue na paisagem na Margem Sul até Grândola, semeada por muita herdade que sendo sua assim ficou depois que faleceu...ao abandono e à pirataria de muitos, sobretudo nas casas e palacetes, e isso é muito triste constatar!
Argumentos bastantes e suficientes na defesa deste homem carismático, alcunhado "AXL". O que sei sobre ele são parcos testemunhos. Supostamente atendendo a que não sabia ler nem escrever (?) seja fácil alvitrar que provinha de família de parcos recursos, trabalhadores rurais numa quinta em Brejos de Azeitão, local onde cresceu e cedo se revelou criança abençoada de inteligência bastante dotada-, aprendeu, observou, ouviu, para mais tarde lançar o isco negocial aos herdeiros(?) na intermediação do negócio abonatório para ambas as partes, procedendo à venda de parcelas da quinta onde vivia, de outra nas imediações, ou mesmo da Quinta da Marquesa (?). Por não encontrar outra razão maior de ter ganho dinheiro para iniciar este negócio, antes o vejo com perfil para se chegar à frente à fala com os supostos herdeiros propondo contribuir com todo o trabalho no terreno, mediação e tramitação de papelada até à escritura, a seu cargo, metendo assim dinheiro limpo sem chatices no bolso dos proprietários. Esta para mim a versão mais plausível, mas claro não passa da minha teoria ditada a quente.
Porque uma coisa seria ter adquirido uma ou mais parcelas à consignação(?) de uma quinta em Palmela ou no Seixal, onde começou a investir, com plano de urbanização para posterior venda de lotes legalizados, e outra coisa, o que veio de facto a acontecer, foi de se valer da oportunidade de passar por cima da lei ao lotear ilegalmente, para isso teve de convencer com argumentação bastante os supostos proprietários, não tendo dinheiro fez apelo ao negócio dito à consignação, com ajuste à cabeça do valor da sua comissão a receber com o sinal do lote ou no ato da escritura (?), acordo vitorioso pelo voto de confiança que o libertava no seu plano engendrado para a venda das primeiras parcelas. Esquema fantástico este de sentir dinheiro nos bolsos que dele estariam também desfalcados (?) muitos dos proprietários das quintas falidos com a vida de luxo em Lisboa e dívidas de jogo, acaba por rematar com êxito o negócio que facilmente era publicitado de boca em boca, que se havia de revelar à posterior já serem muitos os donos de quintas a virem oferecer negócio rentável para ambas as partes (?).
António Xavier de Lima ao vender o que não era seu a pensar no lucro fácil "usava de lábia de comerciante com olho para o negocio, seria um aldrabão ?..." Ao jus do ditado popular " quem vende o que não herdou nem é seu, vende por qualquer dinheiro". O que a história reza é que o caminho do sucesso se foi cimentando em virtude do mercado ter mais procura do que oferta para o seu produto estrela -, terrenos para construção da casa sonhada de muito português.
Obviamente que a venda de lotes viria a ser o sucesso que lhe deu azo a adquirir outras grandes propriedades rústicas que estavam a definhar em abandono na sorte do 25 de abril acontecer em 74. Em desagravo da paisagem desencadeou grandes loteamentos ao retalhar propriedades sem dó nem piedade, sem plano urbanístico, apenas no objetivo do lucro fácil, homem de olho gordo, na especulação imobiliária, após a compra logo a emparcelava e vendia como se de lotes urbanos se tratasse e onde as únicas infra-estruturas urbanísticas se limitavam em regra à abertura de aceiros em terra batida para possibilitar o acesso dos eventuais compradores.
Do que me recordo ouvir falar a partir de 72 na televisão com a publicidade da venda de andares do J.Pimenta e do Xavier de Lima, como os maiores construtores de Portugal.

Paivas o edifício de escritórios do AXL
Aportei em 78 a Almada, cheguei a ver placards publicitários da venda de lotes nas Paivas, junto do alto prédio onde funcionavam os seus escritórios da empresa AXL que então formou. Recordo ainda o grande armazém que tinha na Cova dos Vidros, na Quinta do Conde, e na outra extrema uma pocilga com suínos de raça gigante, onde o meu marido chegou a ir com um tio. Não sei se o restaurante na beira da estrada junto da Fonte do Pinhal de Negreiros era dele(?).
Lamento afirmar que desse tempo sobre este homem sempre ouvi falar de forma negativa, alcunhado de "vigarista, aldrabão, trapaceiro, homem do car..." chegou a vender o mesmo lote a mais do que uma pessoa, supostamente por não escriturar de imediato e sem método administrativo, seja por culpa ou erro...
Floresceu rapidamente o negócio de lotes clandestinos, formou uma empresa, ao tempo especulava-se que seria uma empregada que ludibriava supostas vendas(?), vendendo o mesmo lote várias vezes e,...
Anos mais tarde julgo que a Câmara de Palmela disponibilizava informação junto das urbanizações a chamar a atenção a potenciais clientes para os alertar dos perigos, para antes de comprar se certificarem se podiam construir...  
Recordo-me de em Ansião ouvir quem lhe comprou lotes na zona da Fonte da Telha, outro comprou um lote na encosta de Sesimbra sobranceiro ao mar, sem o ter visto, ao tempo imigrante na África do Sul, quando regressou foi para o visitar e logo percebeu que tinha sido enganado, nunca pode construir por ser zona protegida , a outros comerciantes da terra que sobejamente conheci vendeu lotes no Seixal e Cruz de Pau onde construíram prédios para aluguer de andares, num tempo que se falava pouco de negócios, sempre reti em memória o que achei estranho e diferente.
Voltar à história da Quinta do Conde
Cristina de Barros Pitta Meneses e Castro herdou a Quinta do Conde morrendo em 1963. A transacção de venda com António Xavier de Lima deu-se no início da década de 70 e foi delegada no representante da família - João António de Meneses Pitta e Castro da Penha e Costa.
António Xavier de Lima começou por remodelar os celeiros para os adaptar a um restaurante – Restaurante da Quinta do Conde, aberto no final de 1970.
Ao despertar para a Quinta do Conde já se revela um homem maduro, bem alicerçado nos meandros deste negócio ilegal, do parcelamento clandestino por já ter muita adquirido experiência e métodos próprios de trabalho no Seixal e em Palmela. O seu método constava após acordo verbal de compra com o dono da propriedade, abriam-se as ruas, demarcavam-se os lotes e iniciava-se a venda, com muitas facilidades no pagamento. A escritura oficial era feita diretamente do ainda proprietário para o comprador do lote. Mais tarde, se tal se justificasse, Xavier de Lima fazia a compra oficial do que ainda restava da propriedade inicial. Esquema que ainda nos dias de hoje parece se manter. Precisamente em Ansião, assisti a um desmembrar de quinta desta forma e que não foram cumpridas as propostas exaradas no contrato...
A Quinta do Conde já tinha passado a Fase I e II , e ainda cobiçava a compra de lotes formados com a percentagem 25% (?) referente à quota que cada comprador de um lote tinha de pagar a mais para a criação de zona verde, que por artes do diabo e de supostas contrapartidas várias de dinheiro e outras (?) algumas câmaras mudaram o desígnio inicial para infelizmente virarem betão...
Muitos dos compradores de lotes acreditaram inicialmente que a urbanização estava legalizada (?), só mais tarde é que acordaram para esta realidade clandestina, e a dura realidade do trabalho e despesa por fazer...
Faltava um plano urbanístico, rede de águas, eletricidade, saneamento, escolas, distribuição domiciliária de correio, assistência médica, segurança pública, espaços verdes e comerciais, e de tudo o que dum aglomerado populacional necessita para viver em conforto.

O Xavier de Lima foi sem dúvida grande especulador de terrenos clandestinos, a que me atrevo a dizer se seguiram após o 25 de abril as Associações de Moradores que fomentavam como objetivo principal defender os interesses de todos os co-proprietários, mas também em alertar novos compradores para não comprarem terrenos em avos, por neles ser possível escriturar casas, mas não ser possível solicitar empréstimos, para apoio à construção, ainda tinham o controle da angariação de fundos para acudir a situações pertinentes com as infraestruturas, na necessidade de todos terem de contribuir. Supostamente nas suas fileiras sempre houve gente com boa intenção, quiçá sem formação académica e parca cultura(?) de cariz politico de esquerda (?), com uma visão e postura fria e lenta em resolver de raiz o que é preciso fazer, que no tempo se mostrarem de cariz indolente, e ainda desnorteados do sentido real de estética, pelo que até hoje prevalece a dúvida ambígua de quem tenha sido o especulador mais conivente...
O Grupo Xavier de Lima além da venda de lotes lançou-se em investimentos na hotelaria, além de restaurantes na Quinta do Conde construiu o Hotel Candelária, de quatro estrelas, em Cabeço de Vide, e em 2008 investe 250 milhões de euros na mesma zona, no Resort na Herdade Dona Maria, em Fronteira, projeto, considerado por alguns alentejanos "megalómano e despropositado para a região", incluía um heliporto, quatro campos de golfe, 500 moradias e um hotel de luxo, centro hípico e clube náutico.Como faleceu em 2009 não sei se foi avante...
Em finais de 1970 em finais de novembro, realizou-se em Almada o X Encontro da Imprensa não diária e António Xavier de Lima, um dos principais patrocinadores da iniciativa, reservou um dia para uma visita dos jornalistas aos seus loteamentos onde anunciou um prémio de 25 mil escudos para o melhor trabalho jornalístico sobre a temática. Os textos submetidos ao concurso foram depois reunidos em livro-António Xavier de Lima - O Homem e os Empreendimentos.
Continuando a minha análise crítica e construtiva no meu direito de cidadania 
O que me apraz verificar, a região, e de modo geral nas Câmaras geridas sucessivamente pelo partido comunista não denotaram em décadas focar o lema principal em se afirmar no objetivo de perfilhar uma política na defesa dos interesses do povo e dos interesses dos mais desfavorecidos, o que se tem assistido ao longo dos anos? Balbúrdia sem nexo nem estética. Emitiram licenças de construção sem normativos, nem planos para o tipo de casas a construir; impondo altura de caboucos e acima do solo, e,... porque hoje o que se distingue é uma miscelânea imensa de casario, de todos os formatos e feitios, de alturas diferenciadas que esbarram na paisagem afiladas ao longo dos caminhos de aceiros-, os caminhos rasgados no terreno de altos e baixos, por não ter sido nivelado e assim ficou alcatroado, parece um sobe e desce de carrocel...para não falar da destruição do património edificado, pois fazia parte do nosso passado como testemunho para as gentes vindouras.Julgo se generalizou o conluio (?) de interesses entre o AXL o poder autártico (?) a quem supostamente ajudou vários partidos contribuindo nas suas campanhas para continuar a gerir o rentável negócio do loteamento ilegal (?)...
Caricatamente a área da Quinta do Conde de génese ilegal a que mais cresceu na Europa na década de 90.
Viria o poder autártico na década de 90 dar resposta aos anseios da população residente na Quinta do Conde, com a elaboração e posterior aprovação, de um plano de urbanização minimamente consensual. Só depois veio a resposta às principais carências.E de tal forma a Quinta do Conde evoluiu, que em 1979, foi apresentado na Assembleia da República um projeto de Lei com a criação da Freguesia, aspiração que se concretizou em outubro de 1985.Outro marco importante foi a elevação a Vila decretada pela Assembleia da República em 21 de Junho de 1995.

Deixa-me triste sentir que o destino da vila da Quinta do Conde se viu envolta em frenética urbanização clandestina desenfreada, caótica e desordenada impulsionada pelo visionário "AXL", sendo que potencial não lhe faltava se tivesse havido investimento sério, comedido, delineado por arquitetos com a visão de Carlos Mardel, entre outros, e assim hoje a Quinta do Conde seria um excelente porto de abrigo para se viver condignamente em ambiente de excelência envolta nos salpicos da grandiosa mancha de pinheiro manso, rodeada de vistas surpreendentes sobre Lisboa, Coina velha e Arrábida. Ao longo da vida visitei várias vezes a Quinta do Conde, ainda com o seu cruzamento caótico que melhorou com o túnel. Recordo clientes do Banco onde trabalhei moradores em regime de aluguer por Almada, Laranjeiro, Cova da Piedade que tinham comprado o seu lote onde foram construindo a sua casinha à medida do dinheiro que iam amealhando, mal chegado o dia de se mudarem, se vinham despedir...havia de voltar para uma reunião de gerentes no BCP. Sorte o prédio estar localizado na estrada principal, para estacionar deparei-me com uma anedota com as ruelas e a nítida falta de estacionamento, sinceramente me deixou a falar sozinha, no acaso se me fosse oferecida casa, julgo não a habitaria, por a cada passo só distinguir incongruências na arquitetura, aberrações com as ligações dos postes de telecomunicações e da EDP, lotes à espera de melhores dias, falta de passeios, paisagem de marasmo habitacional jovem, mas envelhecido, invadido por grandes postes de distribuição energética, sem infraestruturas para se viver condignamente, apesar de extrema com o condomínio de luxo da Quinta do Peru, onde cheguei a financiar uma construção, mas e as acessibilidades? Faltou rasgo de grandes vias de comunicação e parques de estacionamento, ultimamente alguém no poder com visão veio colmatar finalmente a necessidade de melhorar substancialmente a vila, pelo que foi alterada a circulação rodoviária implementando sentidos únicos em muitas ruas, para se poder estacionar e finalmente foram alcatroados aceiros no total de 200 km, é obra!
Outra medida importante foi o investimento na rede de águas e de esgotos.
E a parceria das grandes superfícies comerciais veio permitir a construção de espaços verdes, que a Quinta do Conde bem merece, e deles se encontrava deficitária, só me interrogo se na Cova dos Vidros, procederam à escavação arqueológica para encontrar fragmentos dos vidros produzidos em Coina que aqui eram vazados? Dando o nome ao local...
A vedação do jardim embora bonita, em madeira tratada, seja perecível no tempo e de cara manutenção, bem teria ficado uma  colunata em pedra a reivindicar o tempo nobre do seu passado.
E o mesmo no limite do parque a nascente, com as suas lagoas, parque de merendas que da estrada mal se distingue, seja pelas bermas por fazer e pela alta vegetação.
O que ainda falta fazer para melhorar a vila da Quinta do Conde ?
Falta embelezamento ao longo da estrada nacional 10 com estacionamento de ambos os lados para o visitante parar em segurança e poder usufruir dos jardins. 
Limpeza e destruição de rizomas do canavial que esbarram o olhar ao longo das margens do Rio Coina e da estrada. 
Faltam passeios.
Falta arranjo dos pinhais e terrenos baldios que ainda ladeiam a estrada.
Faltam substanciais melhoramentos em todas as entradas da Quinta do Conde, nas suas salas de visita!
Adaptar a ligação da nova variante ao cruzamento da Fonte do Pinhal de Negreiros como escapatória do trânsito que ao final da tarde se condiciona em fila para seguir a estrada a caminho da Makro.
Lamentavelmente o único património histórico da vila da Quinta do Conde já não existe. A ermida que existia até 1834, ou desabou ou foi demolida, tendo desaparecido segundo testemunhos na década de 60, sendo que ainda se mantinham alguns telhados da casa que era grande, estando abandonada à mercê de ciganos romenos que ali se alojaram , ditou a má sorte por estar desabrigada em clareira de  charneca de grandes amplitudes térmicas, de madrugada os termómetros chegam a atingir os 4º, pelo que se valeram de fogueira para se aquecerem,  fácil foi a casa se incendiar, tendo sido definitivamente demolido o complexo ruinal em 2007. 
Ousadia de voltar a construir a ermida, bonita  seria de leve traça antiga!
O poder autárquico quando procede ao corte de árvores, não deve deixar troncos, a cortar é rente pelo pé, melhor seria retirar a raiz...depois do viaduto da auto estrada no sentido N/S do lado direito um grande pinheiro que ai foi cortado... do lado esquerdo um terreno em poisio com tijolos, supostamente do AXL(?)  em local privilegiado numa das entradas da Quinta do Conde que merece melhor Vista...
Devia ser obrigatório na vila murar lotes por construir.
Agravar IMI em prédios e casas degradadas.As pessoas tem de ter brio nas suas casas e no local onde habitam.
Seja o meu julgar desabonatório ditar que foi a incúria suposta de antigos proprietários, do AXL em conluio favorecido por mandantes políticos (?), que durante décadas não privilegiaram a história, nem o passado desta vila, pelo que está na hora de assumir compromisso de empenho apostando à laia do que aqui existiu nobre no passado edificando uma nova arquitetura bem arquitetada, seja para Museu, Fórum, Auditório, Sala de Exposições, em prol da Cultura, do povo e da memória do local.

Lamentavelmente, o mesmo erro aconteceu e ainda persiste na vizinha Coina, vila de fausta riqueza vivida no século XV atualmente adormecida, escancarada em abandonos, assoreada , quando poderia ser de novo em maré alta navegável ao Porto de Cavaleiros, para atrair o turismo às ruínas do castelo árabe em Coina a Velha, no limite da Quinta do Conde, na ligação camarária de interesses e aposta centralizadora- Circuito Turístico dos Fornos, revitalizando o complexo dos fornos da 2ª Fábrica de vidro em Portugal, fazendo aí nascer um Espaço Museológico, o mesmo no complexo dos Fornos da Cal, nos Fornos de Faiança e cerâmica na Mata da Machada e no Pinhal das Formas , propriedade do AXL, nos Fornos do Biscoito inserido na Base de Fuzileiros, além da requalificação dos Moinhos de Maré e da Quinta da Torre do Inferno, também propriedade do "AXL" ...na pareceria de chamar o turismo a Coina, seja enxergar claro a boa sorte para a Quinta do Conde devidamente alindada nas entradas com bons restaurantes e um hotel, porque bom vinho há de sobeja na vizinha Azeitão!

O empresário António Xavier de Lima não tendo filhos diretos, adotou o "Paulinho", herdeiro supostamente imensamente rico, por vontade própria ou aconselhado pela mãe, julgo ainda viva, seria eloquente pensar na partilha de tantos bens e por teimosia vincar cunho perpetuo na história da região, doando alguns espaços mais emblemáticos aos concelhos que se viram esquartejados das suas quintas, para de novo o possível usufruto ao povo, exigindo em troca a menção do nome do visionário pai "AXL" , e na Torre de Coina, porque não vender parte a um grande Grupo económico para investimento turístico de luxo na contrapartida com a limpeza e desassoreamento do rio Coina, em paralelo com a implementação de uma Fundação, encimada pelo seu nome e uma estátua, sim porque merece ter uma, independentemente de muitos acharem que não a mereça (?), esta crónica dita-lhe mérito, porque ninguém é perfeito, e seja pelo facto de ter nascido pobre, graças ao seu TALENTO a realizar sonhos ( já se sabe como, ainda assim sonhos) conseguiu angariar tamanha riqueza.

Ao fundo da encosta do Alto das Necessidades depois das Vendas de Azeitão, ainda existe a Coudelaria Xavier de Lima, com produção de puros Lusitanos, chegou a ser famosa pela raça de puro sangue. Aqui aportavam árabes, americanos e outros estrangeiros, para comprar cavalos.

Seja por coisas e loisas com vários negócios ilícitos (?), por culpa indireta do volume de negócios sem suporte contabilístico e administrativo, num tempo sem informática, que tenha ditado tanta "burla", por isso tinha nos últimos anos segurança, um deles acabou por vir trabalhar para o Arsenal do Alfeite.  

Rematar a crónica que já vai longa a dizer que o "AXL" foi um homem considerado mecenas e filantropo.Deixou também a sua marca nos setores social, recreativo e desportivo e benemérito-, seja disso ainda assim lembrado Xavier de Lima, benfeitor dos Bombeiros da margem sul, tendo oferecido dezenas de ambulâncias e outros equipamentos a diversas corporações voluntárias. Para o quartel dos Bombeiros de Águas de Moura, em construção, doou 150 mil euros. Não foi por acaso que a Liga Portuguesa dos Bombeiros Portugueses o distinguiu com o crachá de Ouro. Morreu na sua casa em Vila Amélia no concelho de Palmela, de causa desconhecida. O seu velório foi no quartel dos Bombeiros de Cacilhas e sepultado no jazigo de família em Azeitão, ora aqui reside outro enigma, teria sido ele que o mandou projetar para os pais e claro para ele?

E ainda acrescentar uma conversa travada numa feira de velharias de Azeitão com vendedora de estaminé a viver na Quinta do Conde, ao meio da tarde inquieta por pouco vender se abeira de mim e se revela solta numa grande necessidade em relatar desgraças da sua vida...a sogra entretanto falecida era de sangue nobre, assim o pronunciou-, uma Aragão de Vilar Formoso, cujos anéis brasonados desapareceram...mudaram-se da margem norte  depois de terem visto mais de 75 vivendas, até escolherem uma na  Quinta do Conde, mas a sogra achava que o nome da terra- Quinta do Conde, seria desprestigiante e no mesmo outros assim o pensam-, ora só pode ser gente de mente curta, a pensar no tempo dos grandes senhores donos de quintas cujos trabalhadores viviam em pátios em redor dos seus solares ...afinal como tantos outros nesta região, depois de terem gasto o dinheiro no estrangeiro e em Lisboa, e sem vontade de continuar a investir na agricultura, viram na venda das suas quintas a saída para realizar capital fácil. Afinal ao que me transpareceu pela conversa é que a dita senhora Aragão foi uma brasonada quase falida (?), que em vida nunca se dignou vistoriar o património herdado, para agora os descendentes, pela mesma razão da falta de dinheiro, se quiserem terão de se disponibilizar para o procurar e não sei se o acharão... seria a dita Aragão, uma descendente da família da Rainha Santa Isabel de Aragão(?), que em pleno século XXI se mostrou de pêlo na venta, a desprestigiar a toponímia da Quinta do Conde, por falta de cultura e conhecimento, porque a te-la saberia a história da Quinta do Conde da Atouguia, e ainda que na margem sul e também norte, há muita quinta que foi urbanizada em que algumas o seu nome permanece na toponímia, o certo, e outras não, perdendo-se assim a história do seu passado.Remato em poucas palavras que ao longo da vida tenho tido conhecimento de muito conde falido, sem eira nem beira mas de semblante altivo, vaidoso e cheio de presunção, uns frudicas!

Despretensiosa sem querer atingir quem quer que seja, falo do que vejo, sinto e não gosto, mas também dando soluções, para outros se o quiserem podem aproveitar ou melhorar. Alguém acaso se sinta melindrado, aceite sinceras desculpas!

FONTES

https://pt.wikipedia.org/wiki/Quinta_do_Conde
http://www.jf-quintadoconde.pt/a-freguesia-historia/
http://quintadoconde.chez.com/230982/251057.html
http://a-sul.blogspot.pt/2009/02/necrologia-no-reino-do-betao.html
http://expresso.sapo.pt/sociedade/antonio-xavier-de-lima-1926-2009=f496023
http://www.arqnet.pt/dicionario/maria1.html
https://www.dinheirovivo.pt/starcompany/siderurgia-nacional-criada-para-tirar-o-pais-da-horta-hoje-vira-se-para-fora/
https://www.publico.pt/economia/jornal/o-fim-do-grande-estaleiro-153120
http://ensina.rtp.pt/artigo/cuf-barreiro-seculo-industria/

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