segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Maçonaria na região de Ansião, circundantes e antigas Cinco Vilas ?

Atribuo a televisão que consumo relativa a 90% ao Canal 2 onde na semana passada despertei para um documentário sobre a Maçonaria em Portugal, no imediato me remeteu para a partilha de uma simples conversa recente onde foi abordada com o meu bom amigo João Patrício, espero não leve a mal a partilha, em abono da verdade trata-se de transmissão de Cultura!
Pentagrama
«Com a letra G a indiscutível melhor significação da Gnose, ou seja, Conhecimento. Esquadro e o compasso por detrás da história maçónica com a letra G a sétima letra do nosso alfabeto com os seguintes significados: Gravitação;Geometria;Geração;Génio;Gnose;Glória;Grandeza e Gomel.»
 

« - Olá. Sempre à espreita de um novo "post" teu. Seja sobre o que for. Ás vezes pela tua escrita tão peculiar. Desta vez chamou-me à atenção o tema "pedras" . E pus- me a pensar. Não tendo tu passado ao lado da “vida”, de maneira nenhuma... fico sempre com a sensação se não devias publicar as tuas investigações ou simplesmente as tuas “divagações “. Mas hoje não era isso que te queria falar. Ao ler “ Uma pedra” ...lembrei- me do simbolismo da Maçonaria . Serás tu “Iniciada”??? Desculpa isto nunca se deve perguntar!!! 
Muito obrigado por leres a crónica https://quintaisisa.blogspot.com/2018/09/quinta-de-sarzeda-em-pousaflores-no.html e mais uma vez enalteceres este gosto que a escrita me confere. 
-Também porque pelo que conheço de ti estás muito próximo dos ideais da Maçonaria.
Sobre a questão que colocas de facto nunca me inteirei sobre o que trata efectivamente a Maçonaria tendo ouvido pela primeira vez este nome no BPSM onde trabalhei quando foi integrado no BCP em que acordei para uma novíssima forma comportamental dos seus dirigentes dado pelo estar intelectual, altivo, snobe e conservador com punhos d'oiro, os escolhidos para desempenho de altos cargos tendo apenas em mira o sucesso, sem olhar a que preço a esminfrar clientes e empregados, brutal imagem em nada a obedecer aos meus padrões de liberdade, tão pouco ao prazer de partilha gratuita em ajudar todos sem olhar a quem, na premissa quanto mais ensino mais sei,difícil foi encontrar alguém com as mesmas capacidades... E sim, nunca mais visto um tailler, em verdade os fatos que tive de usar nesse tempo na minha irreverência alindava com conjuntos em ouro tudo a condizer comprado com prémios nos leilões da CGD, a faísca e show indirecto de tanto brilho em contraste à fazenda escura na minha forma de rebeldia mas também em espicaçar o sistema...Mais tarde a minha casa foi assaltada e roubado todo o espólio da montra áurea. Lembro um porém por altura da fusão e do conhecimento do pessoal ocorreu por altura da notação profissional em que por cautela ou falta de firme postura comportamental de quem procedeu à notação não a ter executado em rigor que a mesma merecia pautando toda a equipa por igual não destacando quem era polivalente, substituía o subgerente estando sempre disponível para acorrer a tudo, sem receber horas extraordinárias, para no confronto lhes dizer que não concordava com a atribuição da  letra "C" não acreditando que os meus colegas por estarem abaixo  jamais receberiam um "D"  e assim todos eram pautados por igual quando o desempenho era diferenciado, afinal de que valia a notação profissional, era fachada? Inflamada  disse-lhes que nas minhas veias corria sangue e não água, sem qualquer culpa do meu líder não saber reconhecer a destrinça e qualidade do trabalho de cada um por estar sempre fora do balcão, mas também por desinteresse, bastava analisar os objectivos concretizados, pelo que me restava a partir de amanhã passar a ser mais uma funcionária normal  apenas no cumprimento de horários para receber o ordenado e,...Falei da boca para fora, na verdade sempre fui obstinada no trabalho e nada me faz esmorecer nem mesmo a negligente falta de visão que o meu gerente teceu sobre mim para no dia seguinte de semblante triste pelo ocorrido na véspera desenvolvi a minha rotina  laboral aproveitando as oportunidades que ao longo do dia apareceram no balcão e foram algumas e boas...Já passavam das 18 horas e continuava a trabalhar acompanhada pelo subgerente quando o director lhe telefona e o questiona para responder honestamente como tinha sido o meu dia de laboração em que lhe responde abonatoriamente tecendo elogios no destaque, nunca assim  outro profissional conheci, em verdade não tinha como dizer o contrario, só se fosse por má fé ...Tenha sido a descoberta de talentos que os obrigou à necessidade de saber de onde eu vinha, quem foram os meus ascendentes, se era da família de "sicrano e beltrano"para num deles acertar, igualmente sem licenciatura, na valia ser homem em prol de mim mulher acrescida de ter vindo de um Banco considerado com gente retrógrada, na faixa dos 40 anos, para os alertar a tamanha versatilidade ao seu produto estrela muito antes dos demais começarem a dar cartas  pela tenacidade, empenho e  vitória onde o dissabor também se fazia ouvir pelas vezes que os questionava quando não entendia as novas regras para ouvir sobre mim falar que era uma chata de gente rotulada com licenciaturas que de banca e negócios nada abonavam para enfim ter sido elevado o crédito de novo aprendizado em apreciar algumas mulheres que dignamente as vieram a honrar no posto de gerência, sem cunhas, pelo profissionalismo, fui uma delas! 
Mas atenção apesar de tanto elogio e pancadinhas nas costas apenas conhecida pelo número mecanográfico onde jamais senti ponta de humanismo quando no BPSM sentia o seio de uma família. Gente mirabolante, poderosa com mira apenas no lucro onde existia um Pelouro para ajudar a solver problemas internos e a dar "gracha" assim o passei a conhecer quando me ligaram a dirigir convite para um evento anual de nomeada quando mais ninguém do balcão o tinha sido...
- BCP e maçonaria? Pois !!!
- Nessa altura ainda não havia Maçonaria Feminina em Portugal. Tem poucos anos, mas segundo me parece está com muita força.Sociedade discreta ,quase secreta.

A maçonaria portuguesa feminina tem 20 anos, perfilha tal como a masculina a mesma linha de fachada dos ditos altos valores  que se devem professar em sociedade, mas na  pratica é elite só para alguns angariar ganhos para mais  riqueza ...Sabes que conheci o Grão Mestre Dr António Arnault?
- Quanto ao Dr Arnaut, teve consultório junto aos correios (antigos) em Ansião. 
O Dr Arnault advogado, natural da Cumeeira (Penela) recentemente falecido, conheci-o no tempo que teve esse escritório em Ansião, sabias que foi colega do meu pai no Colégio Nuno Álvares em Tomar. Em Coimbra ele seguiu Direito e o meu pai matriculou-se em Economia, mas abandonou para casar porque a minha mãe estava grávida de mim, quando inesperadamente o meu pai faleceu em 1972 foi o primeiro a dirigir-se a nossa casa para prestar condolências. A seguir ao 25 de abril chumbei a ciências no 5º ano tendo ido receber explicações com colegas de Ansião ao Colégio do Avelar, íamos na camioneta para num dia não ter havido e não me apetecendo por lá ficar , fiz mal devia ter percorrido o Avelar para mais me lembrar do seu passado, ao jus de um repente inexplicável deu-me na veneta para me pôr a pé sozinha a caminho de Ansião, e ao endireito da britadeira, ao alto do Camporês, num tempo de poucos quase nenhuns carros eis que passa o Dr Arnault olha para mim sem me dar boleia, também não pedi, não me conferiu importância alguma, para antes do ramal do Maxial passar uma camioneta dos Transportes Serras de Ansião com o motorista Costa que o conhecia de vista de o ver como outros a limpar a frota ao Ribeiro da Vide, esse sim deu-me boleia. 
- Tinha acabado falar de ti, estive em Ansião.Fui com os meus pais a uma consulta de rotina e levei as minhas irmãs da Rua Trouville 4 no Monte Estoril .
Onde vai a vivência do colégio religioso no ano de 71/2 e a vivência com a tua irmã Fernanda que abraçou o espírito de casar com Deus... 
Numa feira de velharias em Figueiró dos Vinhos fui abordada por um apaixonado pela Maçonaria que me perguntou se tinha símbolos para um museu que tinha em Pedrogão Grande.Trazia uma coleção de loiça "ratinha" de boa qualidade a um preço exorbitante, debalde nem se estreou... 
- Esse senhor que te pediu símbolos maçónicos é Aires Henriques em Troviscais Cimeiros no concelho de Pedrogão Grande.
Museu da Republica e Maçonaria 
Citar excerto de https://universatil.wordpress.com/2010/02/03/coleccionador-constroi-museu-da-republica-e-maconaria-em-pedrogao-grande/ «Economista construiu um edifício com características neo-medievais para instalar o Museu da República e Maçonaria, com base num acervo de centenas de peças raras. Aires Henriques associou ao seu projecto de turismo rural Villa Isaura, na aldeia de Troviscais, uma unidade museológica que constitua “um pólo de referência política, cultural e histórica dos valores da igualdade, da liberdade e fraternidade universais”. Várias colecções e temas integram o espólio, que abrange o período entre o Ultimato Inglês, em 1890, que marca a ascensão do republicanismo face à Monarquia, e o Estado Novo, passando pela I República, as primeiras revoltas contra Salazar e a II Guerra Mundial. Enquanto percorria o país de Norte a Sul como inspector do Ministério da Agricultura, Aires Henriques já aposentado foi juntando peças diversas, com destaque para adereços, documentos e instrumentos maçónicos ou identificados com a República. Ao todo, são centenas de objectos do quotidiano, como estatuetas, pratos e outras peças de cerâmica, relógios, cartazes, postais ilustrados, fotografias de dirigentes políticos, jóias, espadas, livros raros, caricaturas e ilustrações. “Houve todo o meu interesse em não deixar morrer este espólio nas arcas e nas vitrinas” 
“(...)Esta é uma colecção de gente humilde, mas também do que foi possível juntar ao longo destes anos”, afirma. Ao longo de quase 25 anos, “as viagens levaram-me a conhecer a realidade deste país, a repressão e a limitação das liberdades” durante o Estado Novo, refere. “Deste modo, fui também formando o meu espírito democrático e participativo”, conta, ao folhear um álbum de fotos de presos políticos dos anos 30, bem como dos primeiros deportados para as ilhas dos Açores (Angra do Heroísmo) e Cabo Verde (Tarrafal). Presidente da Casa de Pedrógão Grande em Lisboa e autor de vários estudos locais na área cultural, Aires Henriques idealiza um Museu da República e Maçonaria como “projecto aberto à comunidade”.

“(...)Há aqui um campo aberto para uma colaboração entre a Villa Isaura e as escolas e universidades”, reitera. Através das peças, “devidamente tratadas e estudadas”, o coleccionador projecta “um futuro de democracia, participação, convívio e entreajuda” dos concidadãos. “É um conjunto muito equilibrado e significativo de objectos ligados à Maçonaria, ao movimento republicano e à I República”.
O Museu da República e Maçonaria, em Pedrogão Grande, encerra ao público em geral no final do ano, mas em 2019 o proprietário permitirá ainda a visita de membros das diferentes obediências maçónicas."a decisão de fechar está tomada", independentemente do destino que venha a ser dado ao acervo. 
A Torre do Inferno do Rei do Lixo em Coina 
Quando visitei a torre do Inferno em Coina também conhecida por outros nomes mandada construir por Manuel Martins Gomes Júnior conhecido como o "Rei do Lixo" pelo exclusivo da recolha dos detritos da cidade de Lisboa que trazia em barcaças para engorda de porcos em pocilgas que tinha na margem do rio Coina, quando este ainda era navegável, hoje completamente assoreado com canaviais se fosse limpo seria lindíssimo com os seus moinhos de maré... Há historiadores que defendem que o palácio com a torre foram idealizados para ser a sede da Maçonaria por na altura ter ardido a de Lisboa .

Obviamente foi tema para outra crónica http://quintaisisa.blogspot.com/2016/09/palacio-ou-castelo-do-rei-do-lixo-torre.html. 
Depois destes episódios ocasionais jamais aprofundei a Ordem da Maçonaria para te ser sincera nem tão pouco me inspira. Talvez porque não atino com a imposição de regras rígidas, embora sempre me pautei por as cumprir e gosto que se façam cumprir, o seja pelo meu lado irreverente e a necessidade de me sentir livre sem amarras a rituais em que a cena do avental me reporta à origem celta do kilt com sacola usada pelos escoceses, apesar da simbologia fundamentada, acho que tudo tem o seu tempo se a comparar com as mulheres cristãs, em criança costumava entrar na igreja de véu a cobrir a cabeça que veio a cair em desuso, em verdade se comparar os últimos 50 anos, muito se mudou na vida, alterou e caiu em desuso com a globalização na maneira de estar, pensar e agir no que respeita a simbologia em rituais do passado!
O que sei e sinto um gosto desalmado por pedras, na Maçonaria gostam delas "brutas" e eu não, as brutas não me dizem nada, gosto da pedra esculpida pelo homem para no Louvre me deixar perplexa, extasiada, moribunda com tanta e brutal beleza, igualmente adoro as pedras esculpidas pela erosão, sobretudo as que encontro na serra que durante anos te fez sombra em Lisboinha. A família do meu avô paterno teve homens na arte de pedreiro, com a minha irmã na idade de imitar os adultos acompanhámos o reforço de uma placa da padaria dos nossos avós onde foi aplicada rede com cimento, o mote para fazer uma casota para o nosso cão, debalde não procedemos à dobragem da rede com mestria para a placa se apresentar nos cantos com rede saliente, um empecilho, onde de vez em quando se prendia a corrente do cão...mas durou mais de 20 anos sendo apenas demolida para se fazer uma calçada no patim.Mas sim identifico-me com alguns dos seus preceitos, sobretudo nos fins filantrópicos, educacionais, filosóficos, progressista e ação educativa. Assim tem sido o meu papel de mais partilhar sem nada receber muitas das vezes em resposta ao incentivo de amigos como tu que me estimulam a continuar este caminho de contadora de estórias com história.
Um pedreiro a desbastar pedra bruta
A história como a vemos sempre foi uma Nação de Religiões contrárias ao Papa em que a célebre Batalha de Ourique disso é exemplo em que uns e outros com Reis contra Reis tendo por detrás de tudo o que se fazia a mão da grande organização anti-papal " Os Pedereiros Livres" em meter irmão contra irmão e Rei contra Rei ao jus de um anjo S. Miguel contra um S. Pedro? Em que um era o Libertador contra o outro Absolutista!
Esta luta sobre quem ia salvar os povos das trevas travava-se dentro da fronteira às vezes em plena vista mas de certo na maioria às escondidas, em que a Maçonaria de certeza descendeu daqueles frades Templários que se transformaram na Ordem de Cristo e que se manteve secreta até o seu poder ser igual ao da Inquisição do Papa para em 1700 o pai do Marquês de Pombal ser conhecido como Maçon, viveu numa quinta no concelho de Pombal cujos apelidos "Carvalho Mello" o indiciam com ascendência judaica. Em mente tanto de um lado como do outro se controlava a propaganda que lhes assegurava a ascendência ou a queda do poder, a arma secreta do poder absoluto sobre os demais a se ajoelhar em desígnio de má sorte!
- Apesar de Tomar ser a terra da " Pedra trabalhada", segundo sei não há "Lojas" Maçónicas" por cá. Ironia do destino???!!
Um dos principais símbolos da Maçonaria mostra o pedreiro com o maço e o cinzel vestido de avental, peça de vestuário que se amarra à cintura, utilizado para proteção dianteira da roupa do próprio usuário quando desbasta a pedra bruta e a alavanca representa a força utilizada de modo sábio, ajudando a recolocar as pedras nos seus devidos lugares.
O termo maçom ou mação provém do inglês mason e do francês maçon, que quer dizer pedreiro, construtor. Histórias sobre os primórdios de sua existência com vertentes afirmando que teve início na Mesopotâmia, outras confundem os movimentos religiosos do Egito e dos Caldeus como sendo trabalhos maçónicos. Há escritores que afirmam ser o Templo de Salomão o berço da Maçonaria fechado com a flor pervinca.No documentário televisivo sobre a Maçonaria despertei pela simbologia de um símbolo esculpido numa pedra da letra "A" em que o traço a cortar a letra se mostra um delta invertido.
Jerusalém
Pervinca
Flor de cinco pétalas usada pelos trovadores depois de serem aceites na Ordem outros ofícios além dos pedreiros.Planta herbácea que conheço de miúda havia ao cimo do quintal dos meus pais na envolvente do poço de chafurdo e que cobre parte do ribeiro ao Vale na Moita Redonda a ditar um cariz lúdico e fresco a lembrar Sintra.
A letra "A" imediatamente me reportou para outras duas semelhantes que encontrei esculpidos ao meio do arco Manuelino do que foi um palácio em Abiul que revisitei em agosto. 
Citar excerto de http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/327730Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público por Decreto n.º 5/2002, DR, I Série-B. n.º 42, de 19-02-2002. 
Segundo Catarina Oliveira -« Pensa-se que este arco integrava originalmente o portal principal do solar de André de Sousa Coutinho, que adquiriu parte do senhorio da vila ao Mosteiro do Lorvão. Depois da sua morte, a vila passou para os domínios dos Duques de Aveiro. »
Contrariando de certo modo a autora em história e arte, para mim do que ainda existe em Abiul aventa ter sido um palácio e não solar e ainda o apelido do dono não seria "Sousa" e sim "Silva"para realçar o mais importante não encontrei referência dada à relevância das letras esculpidas onde o arco fecha.
Arco Manuelino em Abiul
«Uma coluna é um elemento arquitectónico destinado a receber as cargas verticais de uma obra de arquitectura ( arco como barramento,arquitrave,abóboda) transmitindo-as à fundação. Representam o suporte de algo superior e dão sustentação à obra. A maçonaria utiliza tanto colunas inspiradas no templo de Salomão quanto as colunas da Arquitectura da Grécia Antiga. 
O conjunto de três colunas gregas formam As três pequenas Luzes. 
A coluna de Ordem Dórica, mais robusta e de ângulos retos representa a força e o Primeiro Vigilante, a de Ordem coríntia, adornada de folhas de acanto, representa a beleza e o Segundo Vigilante e a coluna da Ordem jónica, onde é enfeitada com volutas, representa a sabedoria e o Venerável Mestre.» 
Estarão as letras ligadas à Maçonaria? 
«A origem da Maçonaria, segundo o manuscrito hebreu .Acredita-se que a Franco-Maçonaria moderna tenha sido criada em 1717 quando a sua Grande Loja da Inglaterra foi estabelecida. Se este palácio que teve este arco Manuelino segundo Matos Sequeira (1955), descreve: “…é um dos elementos que resta do solar de André de Sousa Coutinho, (também referiu mal o apelido, devia ser Silva) edificado entre os finais do século XV e os primeiros anos do século XVI.»
Ao meio das duas letras "A" aparece o "G" seguido de NF(?) onde passa o fio de iluminação parece outra letra (?). Os "A" cortados em cima e em baixo reportam para a tradição Celta, a necessitar estudo!
 
Cemitério do Avelar
Onde encontrei simbologia ligada aos ofícios de pedreiro e outros.
Tardoz da igreja da Aguda
Brasão dos Duques de Vila Real a parte final em delta invertido ...
O que transparece é que a Maçonaria teve na região centro em Ansião, circundantes e antigas Cinco Vilas discípulos e apaixonados onde se destacou o Dr António Arnault como Grão Mestre. Por não haver informação escrita deste passado na região ou a havendo, desconheço para numa pequena abordagem pela rama falar do que conheci e sinto sobre a Maçonaria. Uma teoria sobre a mística origem seja reportada aos povoadores aportados à região com ascendência franco/judaica vindos de países europeus e do Médio Oriente que se expandiam pelo País, Ilhas, Brasil e no Mundo a denotar cariz aventureiro e sapiência em atingir metas de riqueza sem olhar a meios para atingir os fins vestidos de temperamento reservado mas visionário a novos filões de negócio de tenaz astucia encapuçada com préstimo de amparo onde privilegiados recebem ajuda de bandeja de bons empregos enquanto outros menos afortunados, sem ser aprendizes, gente de trabalho supostamente se aproveitaram deles até ao tutano sugando o seu talento para angariar maior riqueza com reverso da medalha pouco, quase nada receber, francamente sinto grande desigualdade para me desculpar nesta frontalidade, Ordem à qual jamais podia ser membro por não a compactuar ao ser pautada por Escolhas, em que só uma elite tem acesso vestida de roupagem com finalidades aparentemente convincentes que aprecio e gosto de praticar, a meu ver no passado tenham tido mais realce do que no presente para comparar a sua suposta filosofia com gente enigmática onde o cariz ao embuste e recurso à mentira compulsiva seja repleta de manietação com engano e desengano em uso e abuso de praticas testadas ao limite com um único desígnio - Fortuna, sem equacionar prós e contras, antes desprezando o incalculável prejuízo a terceiros, engodo desprezível em que não me revejo, também por coroar supostos "afilhados" maçons no trampolim da fama com ascensão a bons cargos políticos e outros cargos meritórios em grandes empresas de referência, sem aparente teste ao seu perfil nem ao teor de conhecimento de onde outros supostos emergiram à laia da maçonaria passando a ser reconhecidos pelo número de processos de alegada corrupção e engrandecimento de riqueza pessoal de milhões, comandita ideológica que alcunhei " punhos d'oiro" ao género dominante gente com apetite vaidoso, sedento de status social e de angariação rápida de riqueza pessoal onde um porém é muito evidenciado - o trajar conservador inglês coroado de charme sedutor em falar calmo e calculado, para noutros se evidenciar de linguagem ditada pelo raciocínio ágil no fio da navalha a ditar inteligência no ensejo de encantar, puro engano da mentira presente para quem ouve, acreditar ser verdade, ambas as formas da transmissão da palavra em aviso, as aparências iludem! A que acrescia no ambiente de trabalho o alegado desprezo de quem vinha de uma classe considerada inferior a ser usado no implantado sistema importado do mercado financeiro, estratega mirabolante e assustadora a labuta no dia a dia a esminfrar o couro e o cabelo a clientes na concretização dos objectivos em revertido proveito pago na prática dúbia de excessivos louvores escritos e orais, a cegueira de ingénuos por lhes bastar e míseros trocados, em que os altos lucros eram distribuídos por quem pouco produzia em cargos de Direção. Deficiente era o desempenho da sua cabal função que se distinguia aquém do expectável no apoio à rede de balcões, poleiro ganho pela licenciatura sem aprendizado da real função só alcançada por quem começa de baixo, subindo todos os patamares. Tão pouco valia ao incentivo maior do que devia ser o intercâmbio gerencial "graxa de encantamento e lambe botas de criadagem" para auspicio de promoções e ascensão na hierarquia.Proliferou a inexistência de humanismo na alegada abertura da rede secundária de balcões para clientes de segunda linha onde recém licenciados alegadamente injectados de novas práticas comerciais na venda agressiva de produtos sem olhar ao perfil do cliente na meta de atingir altos ganhos a trabalhar desalmadamente sem horários com alguns a não aguentar a alta pressão onde se constou a surpresa da morte precoce... Em paralelo autodidatas de aprendizado no terreno sem formação académica no direito e normativo bancário, nem estágios, no mesmo ritmo laboral e do excesso de carga horária tomados pelo stress e vícios laborais trazidos na bagagem da herança da banca tradicional a contornar situações viria a ditar também o azar a surpresa do despedimento, em que se salvaram supostos afortunados pela ajuda fulcral da figura do "padrinho" apesar do total desaire e prejuízo à casa eram jogados na prateleira, melhor sorte que outros por muito menos ao mínimo deslize o fatal abandono, sem palavras a passar de bestial elogiado a besta despido e denegrido, sem eira nem beira!

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A Quinta de S. Lourenço no vulgo Mosteiro, em Ansião

Desenfreada em frenético prazer  e aventura  à laia de Françoise Choay, historiadora e investigadora das teorias e formas urbanas e arquitectónicas ao curioso interpretar do  vulgo mosteiro, ao Vale Mosteiro que  foi plantado a  sul do primeiro burgo de Ansião. Na oralidade corria o  dito ainda vivo -  a cama em pedra da Rainha Santa Isabel ...Depois da minha vida de trabalho mais disponível em tempo de reforma para me dedicar com paixão ao passado de Ansião. Demorei mais de meio século a conjecturar um sonho, que tinha sido palco de um pequeno mosteiro...Debalde nada havia escrito e o topónimo Vale do Mosteiro e hoje Vale Mosteiro, induziu-me  a más interpretações.Tomei como linha de investigação o  parecer do  Dr. Manuel Dias  "(...) Falando ainda de História, mas de Ansião, cada vez mais me convenço que não houve nenhum Mosteiro em Ansião, o que houve foi uma Igreja dedicada a S. Lourenço na parte Poente da Vila, que hoje não se vislumbra onde seja (provavelmente aquela de que conhece vestígios). E digo que não houve convento porque a documentação vernácula do início do século XVIII descreve a vila e as suas instituições e não fala do Convento (diz-se sempre que há ligações da Igreja local com o Convento de Santa Cruz de Coimbra). O António Simões levou-me ao local, mostrou-me um arco de volta perfeita e registou outras  fotos."
Seguidamente o Sr Padre Manuel Ventura " (...) Sobre o Vale Mosteiro pouco ou nada sei. Como sabe, a Igreja velha de Ansião ficava para aqueles lados  dentro do atual cemitério, e era pertença daquele Mosteiro. Penso, mas não vi isso em nenhum documento, que perto da Igreja teria de haver residência para os párocos frades que serviam a paróquia . O mais provável é que tivessem dentro do próprio solar uma capela, para não terem de se deslocar por tudo e por nada à igreja, quando atendiam pessoas ou faziam as suas orações comuns.A esta residência não chamaria "Mosteiro" mas uma sucursal do Mosteiro. O povo entretanto era capaz de lhe chamar mosteiro. Lembro-me de quando eu estava em Figueiró ter consultado muitos livros e documentos sobre mosteiros na Biblioteca da Universidade de Coimbra e na Torre do Tombo e nunca me apareceu referência a mosteiro algum em Ansião."
No Livro Ilustres Ansianenses do Dr Manuel Dias, refere  em  José Luiz de Macedo (...)  o local do primeiro burgo, foi a poente, o povo no seu linguarejar chamava Ribeiro da Igreja. Descobriu-se à pouco tempo um seu pagamento de foro de um  seu cerrado ao Ribeiro da Igreja  (Ribeiro da Vide) ao limite do  cemitério que aparece referenciado na escritura da minha avó, Piedade da Cruz, a quem o pai dela teria comprado à posterior aos herdeiros. O topónimo Ribeiro da Igreja atesta em definitivo a primeira igreja foi localizada na junção dos cemitérios - do velho e do novo, no seu ponto mais alto e não,  onde foi a capela de S Lourenço, ambos os cultos existiram mediados pelo adro velho inseridos no olival de S Lourenço da  quinta com este nome,  foreira do Mosteiro.

No Livro de 1986 do Padre Coutinho (...)Embora já existisse anteriormente, apenas no último quartel do séc. XII urgem as primeiras referências escritas àcerca de Ansião , mediante os documentos em que o Mosteiro da Santa Cruz em Coimbra - na pessoa do seu Prior Dom João Teotónio - ali aparece a adquirir bens a partir de 1175.Era uma extensa propriedade que, demarcada por três limites determinados, confinava a nascente  pela Moita do Açor, dai seguindo o cimo da vertente até ao lombo  da Fonte Galega; descia para o Pedrulhal e ia até Figueiras Podres . A poente Osumio e esmoliadouro em Ansião; a norte, a ribeira de Sarzedela . 

No Estudo arqueológico da prospecção no Vale Mosteiro em 2010 classificado Mancha de Ocupação Romano e Medieval Cristão  « (...) O Vale Mosteiro está limitado a Norte pela Igreja Velha e a Sul pelo Ribeiro de Vide. Para J. E. R. Coutinho (1986), o topónimo "designa não um mosteiro ali existente, mas o vale pertencente ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Pois segundo o autor, as estruturas que observou no local, eram propriedade daquela instituição religiosa, até à extinção das Ordens Religiosas, em 1834, de acordo com o que refere o Livro de D. João Teotónio, fl. 10 e 142 v.º a 144 v.º, sobre a aquisição e localização da herdade de Ansião pelo Mosteiro. A própria tradição popular (lenda da Rainha Santa) é reveladora da importância de Ansião como possível ponto de paragem para descanso dos viandantes, bem como da existência de um esmoliadouro. Este topónimo indica que havia um local, propositadamente preparado para que os viandantes deixassem as suas esmolas, o que logicamente seria junto à estrada. Também o Livro de D. Teotónio o refere, onde entre as delimitações registadas da herdade de Ansião, aparece o "esmoliadouro". Assim a estrada designada por "estrada coimbrã", passaria por Vale Mosteiro e Igreja Velha. No decurso da prospeção levada a cabo numa área com 166.980 m², foram detetadas a Sudeste do estaleiro do município de Ansião, num local que se encontra ocupado por uma construção devoluta, estruturas que, pela sua volumetria aparentam estar parcialmente soterradas, e que foram reutilizadas para o levantamento daquela construção. Numa habitação contígua identificaram-se também alguns elementos arquitetónicos, que poderão estar relacionados com as estruturas detetadas. E que se encontram integrados numa escadaria, que permite o acesso ao primeiro andar da habitação. O sítio em questão faz parte do conjunto de sítios que se identificaram no perímetro urbano da vila de Ansião, onde foram detetados vestígios com interesse arqueológico. Tendo em conta a informação existente sobre a localização e o tipo de espólio que foi detetado, é lícito interpretar a mancha de ocupação em causa, associada aos vestígios que se encontraram por uma vasta área na malha urbana da vila de Ansião, que vai desde a Igreja Velha até ao Vale Mosteiro (limite Oeste da vila), passando pelo centro da povoação, na Avenida Victor Faveiro. Neste sentido, poder-se-á estar na presença de um assentamento do período romano (uma possível Villa) e do período medieval.»

Qual a opinião a retirar  do que aqui existiu afinal?

Verossímil a imagem transmitida dos relatos sobre a quinta de S Lourenço, ao Vale Mosteiro, uma das cinco quintas que vieram a constituir a Herdade de Ansião, em relação às outras quatro teria já a valia da estalagem. E ainda seria a última (parcela) a ser adquirida em Junho de 1176, segundo o Livro de 1986 do Sr Padre Coutinho" o oitavo final, a Pedro Soares e a sua mulher Maria Pais, por igual preço do anterior e constitui a Herdade de Ansião."
As antigas vias romanas a privilegiar Ansião, em época medieval tomaram nomes diferenciados. A estrada de Braga a Lisboa com traçado por Vale Figueira, hoje Figueiras de S. João, teve derivação para a Constantin, Lagoas, onde se bifurcou com dois troços: nas Lameiras, Nabão, Vale Mosteiro, veio a ser chamada estrada real. Com o abandono do burgo antes de 1593, que se mudou de poente para nascente, onde está,  foi reativado o outro troço romano  que derivava abaixo das Lameiras, paralela ao Nabão onde o ultrapasasva na atual Ponte da Cal, talvez por ponte de pedra ou de madeira. Seguia pela frontaria da igreja, Cimo da Rua, Empiados, Casal Soeiro, Casais Maduros, Venda do Negro e Alvaiazere, no atual Caminho de Santiago de Compostela . 
A via romana XVI, de Antonino, bifurcana ao limite de Ansião, na Varzea de Aljazede, A via principal seguia pelo algar da Povoa, Venda das Figueiras, Togeira, Pontão, Cabaços, Rego da Murta, que   em época medieval tomou o nome de Estrada de Coimbra .

Em setembro de 2016 nos Cadernos de Estudos Leirienses nº 9 de Saul António Gomes e Mário Rodrigues. O Povoamento do Território de Ansião nos séculos XII/I
 (...) in ocidente  à Sumo e Esmoliadouro de Ansion - Pedro Soares e a mulher Maria Pais vendem ao MSCC uma herdade em Ansião. 
Retira-se das duas transmissões - o Sr. Padre José Coutinho apresenta-se mais completo na descrição aquisição da última parcela, o oitavo final. Induz  dizer tenha sido o mais difícil de vender pela riqueza associada da estalagem para ter ganho novas valências dadas pelo mosteiro - cadeia e a almoçateria, verossímil afirmar. E ainda porque o apelido Soares continuou  vivo na vila. Na centúria de 700 da mãe e do avô materno dos ilustres - Soares Barbosa, cujo pai de apelido Freire foi intrinsecamente ligado a Ansião, nesta quinta de S Lourenço e nas  envolventes; Quinta das Lagoas e Quinta do Bairro .Ainda se verifica a  discrepância nos dois autores, ao topónimo mencionado a poente de Ansião:
O Sr. Padre Coutinho refere Osúmio - o relaciono com o  topónimo actual Suímbo,  antes da Sarzeda. 
E o topónimo Sumo para o mesmo local referenciado nos Cadernos de Estudos Leirienses. 
Quem estará certo?

«O Vigário de Ansião António Martinz a 19 de Março de 1627 relata no elenco das capelas (...) a de São Lourenço no adro velho fabricada pelos fregueses  sem para isso o mosteiro Contrebuir Com Cousa algua, sem obrigação alguma do mosteiro.» 
Retira-se do excerto que a capela de S. Lourenço foi  instituída pelos fregueses.Na envolvente do que foi o seu palco, nas escavações arqueológicas foi identificada uma mancha de ocupação romano/medieval cristão. Verossímil no passado houve reaproveitamento do habitat romano e moçárabe onde foi fundada  a primeira estalagem  antes de 1175, cujo esmoliadouro já existia por aparecer referenciado nos limites desta herdade, cujas esmolas serviam para apoio caritativo a necessitados, enfermos e pobres na costumada prática assistencial desde sempre associada à Igreja, mosteiros, albergarias, estalagens, pousadas, albergues, os muitos nomes para definir  lugares de passagem, implantados na beira da estrada, quem efectivamente prestava ajuda aos desafortunados ali aportados. A Enfermaria seria  dotada de enxergas para descanso a quem chegava cansado e doente, com ala diferenciada para a acomodação dos passageiros mais limpos, comparativamente com análogas assim acontecer,  para lembrar a cama em pedra onde a Rainha Santa Isabel tenha alguma vez dormido, se aconteceu, em Ansião, foi aqui e não noutro lugar. Portanto a estalagem seria apetrechada com alcovas diferenciados para os viandantes  pobres e sujos dos  limpos, asseados e endinheirados. Todos tinham direito a se recolhe, alimentar e receber cuidados nas doenças. Naquele tempo a lembrar-me da cozinha do meu bisavô, acredito foi mais tarde outra estalagem,  com grande lareira e grande chapéu assente em poderoso tronco de madeira, na sua volta bancos para se sentarem, além de favorecer o aquecimento em tempo de friagem, era o meio para se cozinhar e ainda ter água quente para amassar o pão e para se lavarem. Também aqui os enfermos procuravam curas que os afligiam e lhes seriam administradas mezinhas e tisanas da sua botica, estes povoadores vindos da Galiza, entre celtas e judeus sefarditas, letrados com talento , no conhecimento de ervas medicinais então abundantes nas serras de Ansião e das quais sabiam tirar proveito em  misturas para fazer emplastros  e enxundas,  as gorduras das galinhas derretidas em púcaros, depois usadas sobre feridas e dores, em rituais de rezas e lengalengas. Recordo a que me fizeram para matar o cobrão - no chão de cimento palhas de alho com enxofre e azeite, tudo pisado a martelo e dantes em almofariz, a papa colocada  no sitio enfermo e coberta por ligadura. De facto sarou e antes com a botica do médico não. Os viandantes depois de revigoradas forças voltavam ao caminho e outros  substituíam as cavalgaduras estafadas dos caminhos pedregosos da viagem por outros mais descansados. Mais tarde com o aparecimento das  Misericórdias e dos seus hospitais , passaram estas a cumprir essa função social,  no continuado procedimento a receber pobres e viandantes de todas as estirpes na sua jornada de viagem e  também de peregrinos, no mesmo apoio; comida, descanso e na doença até recuperação de forças para  prosseguir viagem recebendo Cartas de Guia, e também se despachavam as que chegavam das demais  Misericórdias.Desse tempo há registos de viandantes  que  morriam na estalagem ou no hospital.

Tive o privilégio de ter vivido a minha infância e adolescência  relativamente perto desta centralidade que conheci em meados dos anos 60, do séc. XX, perto da casa dos meus bisavós,  a  sul do vulgo mosteiro, ao Alto da Vinha, no mesmo caminho do cemitério onde ia enfeitar as campas de familiares, com a tia Maria e ainda atalho à fazenda da Lameira, para fugir ao Fundo da Rua . 
O vulgo mosteiro tinha duas entradas onde moravam famílias em paralelo com  ruínas .

A antiga estrada real, recordo os altos muros abobadados a caliço escuro com grandes buracos esventrados dos rodados dos carros dos bois. 
Aos 8 anos em férias de Natal, depois do almoço com a minha irmã Mena, pegámos nos cestinhos de verga que o nosso pai encomendara na Feira dos Puseiros, em agosto ao "Ti Zé Mau de Aquém da Ponte" e partimos para a fazenda da Vinha, a fazer de conta  de as encher de azeitona para retalhar, e enfeitar a campa do nosso caniche, o "Franguinhas" sepultado debaixo de um frondoso pereiro, como tinhamos visto no jardim zoologico em Lisboa... O céu escureceu de tal maneira medonha, a ditar abrigo no Mosteiro, a escassos 100 metros. Metemos pés ao caminho a saltar buracos de pedra em argila amarela , hoje parte da Avª Sá Carneiro . Mal chegadas ao gaveto da entrada sul, havia uma pequena casita em ruína, onde se presume  esteve uma Cruz alta assinalando o Esmoliadouro, pela segurança e proteção a ladrões, pela estalagem. E, possível portagem do complexo por a entrada da capela ser por aqui e na entrada a norte, um portelo, a cadeia e as cavalariças.  Distingui na entrada sul à  direita  um rectangular relvado debruado a patamar fino em pedra com friso relevado, e ao fundo portal arqueado virado a poente, igual ao que conhecia no tardoz da Misericórdia, que revia em tempo de cerejas no jardim do Tribunal, pese de menor dimensão . Foi preciso alçar a pernita para subir a sapata,  e no portal, arrojar a  portada de madeira, esbranquiçada de velha e  entupida de cordéis no buraco da fechadura, extraordinária visão de alvas lajes quadradas a jus de  passadeira, em corredor largo ladeado a terra e, ao fundo, no que foi o corpo da Capela de S Lourenço, e depois a morada “do Miguel e Miguela” até um incêndio apressar a venda com emigração para o Brasil. Fechado um quartito a norte, seria para não profanarem objetos de culto cristão, uma pia de água benta, e uma Cruz alta em pedra. No cimo das paredes haviam restos de arcos que teriam sido da sustentação da cúpula da Capela de S. Lourenço. Brutal cenário  grotesco com um grande buraco no telhado onde se via o céu negro aterrador, com barrotes negros em derrocada de telhas Marselha a pender sobre as nossas cabeças...Demorei anos para entender a razão das telhas serem iguais às da casa dos meus pais, quando a maioria do casario as tinham mouriscas  de canudo e, se aqui tinha sido um mosteiro, a razão de  haver telhas recentes...Pois ainda estava longe  de saber que após a extinção das Ordens Religiosas, estas ruinas foram vendidas a vários compradores onde cada um fez a sua  morada, reutilizando materiais e adaptando outros. A  luz que entrava por outra porta da capela, aberta a norte, ditou o mote de saída na ligação a um corredor lateral com acesso a um portelinho de ferro forjado de ombreira encimado por elegante  e gracioso pescoço a remate de esfera em pedra, como já conhecia outras maiores, no Convento de Cristo em Tomar.
Anos mais tarde a Carmita do Bairro disse-me que  tinha recebido de herança do sogro a parte que foi a capela, o seu  marido  tinha vendido ao "Ti Inácio do Bairro de Santo António" a pia de água benta  que a despachou na Feira da Ladra em Lisboa e a Cruz em pedra o marido a vendeu para a capela do  Cemitério novo de Santiago da Guarda. Perguntei pelo Santo, disse-me que não havia nenhum . Depois de muita procura o localizei na Capela do Cemitério, pedindo nessa altura ajuda ao Sr. Padre Manuel Ventura Pinho, para identificar a Imagem, pois não a reconhecia . Evidências que ali tinha sido fundado um pequeno mosteiro pela existência da capela  outros  ditos; o túnel a ligar  a Santa Marta, e os  arcos de volta perfeita na ligação ao Senhor do Bonfim, caídos com o terramoto de 1755 ficando de pé apenas um que se distinguia no casario a norte...Na boca das minhas primas Júlia e São Silva do Bairro, e das vizinhas e amigas Lúcia e Tina Parolo do Ribeiro da Vide e outros . Demorei a refletir que a ligação dos arcos ao Bonfim, não me parece viável pelo grande desnível  do vale e do costado. O único arco  de volta perfeita que havia no exterior,  segundo as minhas investigações foi da entrada para as cavalariças. Com o abandono do burgo por volta de 1593, houve reutilização para lagar, além da pedra do senfim, descobri mais dois arcos de volta perfeita na cave da casa que foi do "Ti António serrador" associada ao plantio de vinha, sendo vivo o toponimo Alto da Vinha, morada da minha irmã. 

Sobre o túnel na ligação a Santa Marta..A Fátima Carvalho, uma das herdeiras de um lote que esteve em venda transmitiu-me " adorava que a casa tivesse sido uma parte do Mosteiro, o meu avô filho do António, serrador dizia que sim,  que ate existiam uns túneis que levavam os moradores até à capela no Escampado ou lá perto, já não me lembro bem".  O túnel  pode ter sido uma realidade a ligar a igreja matriz que foi a primeira assente no palco do atual cemiterio. Separa os dois cenarios um extenso olival, pese trajeto curto, servia o padre quando vinha  celebrar Missa na capela de S.Lourenço, aos viandantes importantes, estrangeiros e nacionais, a  resguardo de salteadores. Pela  existência de um buraco a poente da capela de S.Lourenço, aventa vinha da igreja e não  para o Escampado de Santa Marta, nem da quinta da Boavista, no Senhor do Bonfim. Pese em ambos os locais viveu gente importante na centúria de 500, quem instituiu  três capelas, hoje apenas existem duas em Santa Marte e S. Miguel . Nos registos paroquiais nesta época  aparece com muita frequência  André Freire, no papel de  padrinho de muita criança da quinta de S. Lourenço.
A  Fátima Pego do Bairro", em miúda entrou neste buraco na frente do portal da capela e dizia  havia um algar". O "António Simões, Arrebela" nascido e criado no local, confirmou a existência do buraco mas nunca lhe viu jeito de ser túnel, cujo  teto feito com uma  laje de um varandim que foi  da capela onde a irmã criava coelhos. Confirma que a laje  foi reutilizada para fechar o buraco para coelheira, o que parece viável afirmar. Contudo é estranho a existência do buraco ali para ser expectável a ter existido um túnel tenha sido o terramoto de 1755, que o desmoronou na entrada, debalde jamais se apurou e devia! Dizia ainda que ali se tinham escondido pessoas no tempo da guerra…
Mas que guerra, seria na passagem dos invasores franceses?

Afinal o móbil do que aqui existiu?
Verdadeiramente aclarado o que aqui se viveu em leitura mais atenta ao ponto 2.1.3.6. do Livro do Sr  Padre José Coutinho - Clérigos Franceses «( ...)Dom Edme de Salieu, abade de Claraval, veio à Península Ibérica visitar as abadias cistercienses em companhia de uma comitiva, entre os quais o seu secretário, Frei Claude de Bronseval, o autor do diário das viagens, onde descreve as sínteses das ocorrências: - Dia 6  de julho de 1532, depois de percorrerem uma péssima estrada que os trouxe do Rabaçal, chegaram ao lugar campestre de Ansião, onde foram bem recebidos num bom albergue; ali almoçaram bastante bem e dormiram. Dia 7, de manhã, ouviram Missa na capela onde na véspera já tinham celebrado, e meteram-se por um terrível  caminho  através de montanhas extremamente altas, arborizadas e cobertas de rochas... Extraordinário excerto em ditar a imensa luz do que aqui se pretende afirmar dia 7, de manhã, ouviram Missa na capela onde na véspera já tinham celebrado. Em 1532 o burgo tinha a sua  igreja primitiva, de orago a Santa Maria de Ancião, desde pelo menos 1259, no palco do cemitério novo .O autor ao referenciar capela, e não Igreja e, a ausência do Padre, parecem legitimar em definitivo, o palco da estalagem que aqui existiu e, não de outra em Ansião, pela análise ao volume arquitetónico do complexo, reutilizado por povoadores anteriores, romanos e moçárabes, em local estratégico de formato quadrado, ao jus de forte, sustentado por muro alto a poente e pela frente a estrada real com o seu Esmoliadouro, derrubando em definitivo o que julguei anos ter sido um pequeno mosteiro outra coisa não foi que o primeiro albergue como lhe chamou e bem, em Ansião, na beira da estrada real  (...) a 7 de dezembro de 1532, dirigindo-se para Évora de novo por aqui passou Frei Claude de Bronseval, fazendo uma descrição semelhante à anterior, onde pontualmente insiste na particularidade da estrada: passada a ponte de Coimbra, sobre o Mondego, era pedregosa e muito má , ao longo de uma légua; a outra légua que ia até Cernache era de estrada plana,dali a Rabaçal era bastante boa; em seguida, tornava a piorar, de modo que a légua até Ansião era cheia de rochedos, de muitíssimos penedos e coberta de imensos escolhos, e fastidiosíssima. Em Ansião, ficaram hospedados numa excelente e honestissima estalagem, onde já anteriormente, tinham estado e ficado. No dia seguinte, depois de esperarem ouvir Missa, até as 8 horas, o que não aconteceu, partirem por uma estrada horrível, para a vila de Alviázere».  
Na descida ao vale a poente, assolou-me a nítida sensação de aparente forte, onde distingui  uma pedra retangular esculpida a formato de gárgula, se juntar o arco gótico  do portal da capela, a passadeira lajeada, a pia de água benta, a Cruz alta, arco de volta perfeita no exterior a norte , e mais dois na cave da casa do “Ti António Serrador” a pedra de  senfim, dois varandins em pedra, sapata reutilizada em degraus na casa da Deolinda , dois fragmentos de coluna que pode ter sido do primeiro Pelourinho, janela com grade de ferro  da cadeia, culmina o empreendimento estalajadeiro já activo antes do séc. XII, com Capela e Enfermaria, e depois de adquirida pelo Mosteiro a ganho de novas valências; Cadeia e  a Almoçataria - onde se transaccionavam os produtos do burgo ; vinho, azeite, farinha, entre outros . 

A aguarela de Pier Baldi de 1669 
A  primeira representação icónica de Ansião, apresenta casario adoçado à igreja primitiva no atual cemiterio, afecto à residência do sacristão e do padre, frade crúzio e,  também aqui em Ansião na função de Procurador do Mosteiro com outros frades serviçais na supervisão e cobrança de foros, de os levar para Coimbra, e ainda teriam a função de controle da sede da almoçataria e do (s) seu(s) almocaté(s) aos  pesos e medidas usados. 

No Livro do Sr. Padre Coutinho « (...) Dar cada povoador, anualmente,uma fogaça , dois alqueires de trigo em dia de S Miguel e um capão. As mulheres pobres dessem, apenas, cada ano,, uma galinha.Se alguém ali quisesse morar sem cultivar a terra, desse todos os anos um soldo. Se ali o Mosteiro quisesse vender o seu vinho, que o vendesse durante um mês e sem que nesse tempo alguém da própria vila lá vendesse outro vinho. Se alguém nesse mês trouxesse vinho de fora e o quisesse vender, devia dar um almude ou o seu preço em dinheiro. Se alguém ali quisesse edificar um forno ou moinho, desse ao Mosteiro a décima parte do rendimento.Se na praça alguém vendesse um porco, desse um lombo.De carneiro ou de gado miúdo, desse um só dinheiro. De vaca, seis dinheiros. De cervo. dois dinheiros. De pescado e de sal, pagassem como os de Abiul. De portagem, o Mosteiro nada determinava.Se alguém tivesse uma besta e fosse almocreve, fizesse uma viagem desde Leiria, ou duas a Ansião ou do Ulmar. Se alguém quisesse vender os bens,que os vendesse ao homem que ali habitasse, fizesse foro dele e desse a décima parte.Tais princípios de coactividade, assim preceituada, são reconhecidos como exigências de ordem jurídica que actuam informadores e factores delimitativos de acção intersubjectiva, bilateralmente acordada entre o Mosteiro e os povoadores,, quer atingidos em primeira instância, quer em tempos futuros. Concomitantemente, perpassam relações funcionais sobre o relego e os vários tributos a receber pelos crúzios. »

Pela escolha estratégica para sediar o Esmoliadouro, em local defendido de salteadores onde viandantes nacionais, estrangeiros, peregrinos e a Rainha Santa Isabel, deixaram esmola. As esmolas serviam ao apoio assistencial da Enfermaria, no cuidado caritativo a enfermos, pobres e peões de viagem, claridade enxergada no Livro Notícias e Memórias Paroquiais a Bula da união a Mesa Conventual, e Infermaria  deste Mosteiro de Santa Cruz da Igreja de Ansião por renuncia que dela fez no Mosteiro Gaspar Fernandes:cuja bula se passou em Roma no ano de 1559.Em vão tentou, nessa altura, a Universidade de Coimbra apoderar-se da Igreja de Ansião, em demanda que travou com os cónegos crúzios.»  (...) A de  1 de agosto de 1577, o Bispo D. Manuel de Menezes fez publicar uma sentença que extinguiu a vigaria da Igreja de Ansião, que a transformou em curato anual
Almeja o declínio desta primeira estalagem e de todas as suas valências sociais a precipitar a mudança do burgo, para nascente, depois de 1593, com reactivação de outro troço romano e agora medieval, entrando este do Vale Mosteiro em abandono.  

Após a extinção das Ordens Religiosas em 1834
O  que ainda restava das terras das quintas do mosteiro foram arrematadas em haste pública, por vários particulares.O administrador do Concelho, o Visconde da Várzea, amigos, correlegionários e o Dr. Domingos Botelho de Queiroz ficaram com os melhores terrenos na vila e fora dela, ainda no meu tempo o poderio da terra era mantido na posse de meia dúzia de conterrâneos...Aos  pobres restou as migalhas das ruínas do complexo do vulgo mosteiro, comprada por vários, o que atesta a sua grande pobreza. 

António Joaquim de Bastos Guimarães, o meu tetra avô paterno, nascido em Fafe, foi deixado na Roda de Expostos de Guimarães. Procurei pelo seu registo, encontrei um Faustino António, do Lugar da Ponte, seria o seu pai? Cuja mãe tenha morrido de parto e o pai para  continuar a trabalhar o tenha ali deixado, pagando os seus estudos. 
Já a razão de ter aportado a Ansião, abre varias perspetivas; ou o pai seria vendedor de couros que vinha comercializar na Feira dos Pinhões e na da Rainha Santa Isabel, na Constantina, aos sapateiros e, quiçá comprar peles curtidas, tradição que ainda recordo - morreu-nos uma cabrita e o meu pai curtiu a sua pele que esticou com canas para secar. 
Localizei no livro do Dr. António Baião, de Ferreira do Zezere, uma nota de uma estalagem na Venda da Maria, vulgo Vendas de Maria, em Alvaiázere, que em 1775 era de um tal Cruz, apelido do meu lado apterno que veio para uma estalagem no Bairro, em Ansião, onde veio a morar nos finais de 800 o meu tetra avô. Indicia que vindo pela estrada medieval e ficou por ali na Venda da Maria, em idade já maduro . Casa no Bairro, alguns filhos nascem em Maças de D.Maria. Foi Oficial de Diligências no Tribunal na Cabeça do Bairro, presume que o ordenado lhe permitiu comprar um grande quinhão de terra ao Alto da Vinha, um gaveto contornado por caminhos onde veio a viver o meu bisavô Elias da Cruz , noq ue fora outra estalagem onde fundou a primeira padaria em Ansião, antes só se cozia pão nas estalagens do Bairro de Santo António; na da Ti Maria da Torre e da minha avoenga Maria Zé Guimãres. 

Fotos alternadas da minha autoria e outras de maior qualidade de Norberto Marques, a quem agradeço a cortesia  da partilha

Estrada Real ao Vale Mosteiro,  a entrada sul para o vulgo mosteiro
O Esmoliadouro ou foi aqui implantado nesta entrada ou na outra a norte.Numa das entradas foi.
Alvitro que tenha aqui sido implantado nesta entrada ao gaveto, no lado esquerdo na portagem do complexo aqui instituído? Pelo contexto de ruína de casa pequena que se afunila sob o comprido...Não lhe vejo outra utilidade.Com as ruinas a ficar mais pequenas e o espaço limpo verifica-se que aqui existe um pequeno poço. Ora se antes nunca o enxerguei dita que foi uma cisterna em forma de poço, como havia na vila, duas, fechado com casa com  caleiras para canalizar a água, deixadas pelos romanos.
Actual piso da Avª Sá Carneiro segue para sul pela  fazenda dos meus pais
O palco da capela de S Lourenço a vivenda branca em destaque ao meio da foto
Continuação da Estrada Real 
Incorrectamente atestada na toponímia como Rua Vale Mosteiro
 O lote da casa do "Ti António Serrador" posto em venda há anos, concretizado em 2018
Reutilização de materiais, o varandim era da capela.
A pequena janela com grade na cave foi da adega pela sequência dos arcos de volta perfeita que entestava a norte com a capela.
Vivenda azul , sem ter espaço para fazer a cozinha, a Carmita do Bairro dispensou precisamente o portal gótico e o corredor lajeado da capela para a fazer . Os degraus da escadaria na frente reutilizados de uma sapata que havia e conheci na lateral da capela para poente.
Na frente do casario depois do caminho e do muro de sustentação a ruína de casario afunilado vindo da  entrada, que aponto ligado à portagem, almoçataria e esmoliadouro(?)

As pedras reutilizados em degraus da sapata com friso que conheci aos 8 anos
 Parte do muro tipo forte de sustentação a poente 
Distingue-se nesta foto a ruína  estreita entre o muro de sustentação e o caminho de dentro
Encontrei uma parte de gárgula, de escoamento aqui no chão...
O único arco de volta perfeita que se via no exterior a norte
Entrada para as cavalariças, com valência pelas duas entradas

O entulhamento de séculos deixou o arco mais baixo
Arco visto de dentro de onde foi a entrada para as cavalariças.
Ao limite do "forte"  uma coluna antiga pequena partida ao meio 
Arco de volta perfeita e o peso do lagar onde enroscava o senfim
Homenagear a minha querida mãe fiel companheira nas minhas aventuras e investigação
Na segunda vez que visitei o local quis perpetuar a minha linda mãe pela sua bondade ao me acompanhar nas minhas deambulantes aventuras em local emblemático sentada na pedra  a lembrar um miliário romano...
Reconstruções de casario com reutilização de pedras 
O pilar de pedra antigo é bem prova que aqui foram as cavalariças e antes sustentou um grande barrote, pela curvatura da pedra e nunca foi habitado, assim em parte continuou como barracão
Reutilizações de pedras em novos contextos de vida
Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834 , sabemos que em 1877 já tinha acontecido a venda em haste pública. Precipita dizer  houve  escolhas dos melhores terrenos, por terem chegado ao séc XX muita terra em poucos. As ruínas  do vulgo mosteiro foram compradas por  vários particulares a ditar a pobreza estrema para em tão parco espaço cada um ter feito a sua casa para morar. Chegou aos dias d'hoje ainda pertença de vários donos.
Em 1875 o cemitério volta ao local primitivo. A Junta da Paróquia pelo Padre José Rodrigues Portela comprou a fasquia entre o caminho e o cemitério inserido na quinta do  Dr Domingos Botelho de Queiroz, onde se veio a fazer a capela e muda-se o S Lourenço, em pedra, onde o descobri e, antes esquecido.
Portas  com ferrolhos em ferro e tranca de madeira dos últimos moradores
Arcos de volta perfeita da adega
Estavam e ainda alguns estão debaixo da fila de norte para sul à vivenda azul .
Em agosto de 2014 esqueci-me de levar a máquina fotográfica , desci ao vale onde constatei o muro de sustentação.Voltei uns dias depois tendo reparado que alguém nesse entretanto arrombou na cave uma porta cedendo a estrutura da parede frágil tendo ficado a notar-se um novo arco visível  arco  que tinha sido entaipado em 1933, onde foi deixado escrita a data no caliço quando foi feita a arrecadação.Voltei para fotografar acompanhada pelo Sr  Padre José Eduardo Reis Coutinho confirmou o peso de lagar, que desconhecia a função, e  afigurar a adega dada pela sequência de arcos.

O peso de lagar onde enroscava o senfim 
Entrada a norte do vulgo mosteiro
Já conheci esta casa perdendo-se os vestígios do que aqui foi palco antes. 
Podia ter sido a Enfermaria ,  Almoçataria,  Esmoliadouro ? Certo a estalagem e a Enfermaria !
Pela entrada a norte além do acesso ao vale, ao meio da rampa  havia uma palmeira das mais finas de Portugal, as primeiras introduzidas pelos povoadores, que  recordo e  morreu anos mais tarde. Ao fundo antes do vale havia um portão com acesso à cadeia e cavalariças.  

Portão  a fechar o complexo na entrada a norte 
O aceso ao vale  fazia-se por esta entrada.À esquerda  onde foi a cadeia e o acesso às cavalariças.
O portão com remate a pedra  com  característica  em casario antigo com a ombreira em pedra a rematar com outra igual no muro tipo "L" .
Em 1926 outra requalificação
Seria aqui a Estalagem ?
Não conheço pontos de água aqui. O tanque mais recente para retenção de águas da chuva?
Bloco onde foi o palco da cadeia a nascente com a janela com grade e para sul da Estalagem  
Quando aqui vim estava um almofariz em mármore. Quem ia comigo disse- não fica aqui e trouxe-o na mão...quando nos despedimos, ofereceu-mo!
Janela com gradeamento da  primeira cadeia
Depois de  retirar a hera voltei mais tarde para a fotografar
Volume a nascente do complexo do vulgo mosteiro
Compreendido  entre as duas entradas, sempre o conheci pela frente para o caminho unido, embora o barracão na esquerda é mais recente.
Não vislumbrei ombreiras nem lintéis gravados, nem datas.
O lote que foi de António Serrador em venda há anos
Na altura pedi autorização à minha amiga Fátima Carvalho  para fotografar deu-me recomendação de ter cuidado por estar a casa em derrocada.
Em agosto de 2018 reparei em limpeza sem saber que o lote tinha sido vendido.
Troquei conversação com uma das vendedoras, Fátima Carvalho - «Bem, o que eu tenho pena e de não conseguir recupera-la e ter que a vender, só espero encontrar alguém que a recupere... 25-09-2019, Era apenas para lhe dizer que a casa do Vale Mosteiro que era minha foi vendida... e por muito que eu me esforçasse o novo dono a derrubou...»A suposta falta de preocupação pela preservação do património histórico que o lote encerrava, pese aviso da vendedora  a marcar mais uma grande perca de património cultural em 2019, quando devia ser tão omnipotente em tempo de globalização, debalde, sem suposto pejo em demolir testemunhos históricos que as fotos servem para MEMÓRIA FUTURA.
Peso de lagar, o senfim
As pedras de suporte, piais, ao longo da parede a evidenciar que ali houve parreiral

A sequência de arcos  de volta perfeita e a pedra de fuso de lagar a ditar um lagar de vinho
Quatro arcos de volta perfeitos ainda de pé, embora só dois se vejam a descoberto, os outros ainda debaixo do casario da casa da Deolinda (2) e do Ti António Serrador (2), no dizer do António Simões (Arrebela)  havia um arco parede sim parede não). 
Fragmento de coluna 
 
Casa que foi do Sr. António Serrador
Construída sobre os arcos de volta perfeita da adega , de sobrado com reutilização da pedra de varandim pertenceu à capela a norte, segundo me confidenciou o "António Arrebela" haviam mais dois varandins. Desde sempre o  hábito de se  reutilizar as pedras já trabalhadas  pelo canteiro.
Cave  onde foi a adega  com a porta e uma pequena janela com grade
Resta ainda outro casario reconvertido no espaço
A casa com a chaminé é a casa amarela na entrada a norte, parece ser possível que a Enfermaria tenha sido ali e  pela porta lateral da capela iam rezar...
A demolição de arcos de volta perfeita é uma realidade, sem saber o paradeiro das pedras a ditar a banalidade à glória do que foi o seu passado, resta a janela com grade da primeira Cadeia de Ansião.
Onde teriam sido despejadas as pedras? Já antes o mesmo com o arco gótico? Será que daqui a 100 anos alguém as vai redescobrir ? Em imaginar a tremenda dificuldade da investigação para as colocar no seu real palco, onde foram plantadas!
Não é minha pretensão menosprezar proprietários, meus amigos de infância , a que acresce o lamento a muito presidente, apenas em 2010 houve a escavação arqueológica no local, mais, sem qualquer avanço, sem ninguém a lhe dar continuidade. Pior, sem aparente preocupação e preservação ao parco património de Ansião onde se  continua a perder património edificado, a se destruir pedras que foram afeiçoadas, que contam estórias com séculos e outras histórias...Por falta de Lei Municipal que obrigue a preservar os testemunhos do passado e a valorização das pedras , afinal testemunhos deixados pelos nossos antepassados que devem ser de todos de nós para se deixarem às gerações vindouras no dever e Compromisso cultural! 
Pese propriedade particular, o certo era a câmara, atendendo à investigação encetada em 2010 , quando o imóvel esteve em venda, ter  equacionado se havia interesse ou não ou apenas recuperar as pedras para decorar a excelência da Sala de Visitas a norte de Ansião, em projecto alicerçado de arquitectura em alencar como expoente máximo a recolocação dos arcos de volta perfeita com a pedra do senfim e outras que existem espalhadas por Ansião. Em fechar o Compromisso de se começar a valorizar o passado, do que  foi uma grande actividade lagareira;  azeite e de vinho, já referenciada em 1359, até hoje.

Sitio do albergue do séc. XII
No dever autárquico assiste respeitar a História de Ansião e dos seus Locais!
Quiçá, ainda se alvitra dizer que a suposta vizinhança sem jamais denotar o real valor do chão sua morada, nem se constranger com a recente toponímia - Canto da Nogueira na entrada sul e na entrada norte Canto do Sossego. Topónimos inoportunos. A valorizar árvore morta e em vida enfezada e Sossego no alegado desassossego com extremas e acessos ao vale uma vida desimpedida .
Acresce o regulamento da toponímia em vigor não contemplar - Canto, Beco, Quelha, Sitio, a merecer revisão. Urge emenda salvo melhor interpretar - Sitio da Estalagem do séc. XII e Sitio da Capela de S Lourenço pela exigência e respeito ao passado aqui vivido e da sua História, no dever serem dignificados em memória futura, honrando os seus palcos, em Ansião!
  Sítio da Capela de S Lourenço 


Fontes 
Livro Memórias Paroquiais
http://arqueologia. patrimoniocultural. pt
Testemunhos do Dr Manuel Dias, Sr Padre Manuel Ventura Pinho, Fátima Carvalho, António Simões
Livro do Padre José Eduardo Reis Coutinho
Tombo de Anciaõ, Livro 56 do Cartório de Santa Cruz
Cadernos de Estudos Leirienses nº9 de Saul António Gomes e Mário Rodrigues O Povoamento do Território de Ansião nos séculos XII/I

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