quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O aniversário da minha amiga Leonor!

  • Hoje é dia de aniversário da minha amiga mais antiga - Leonor...que gosto de chamar Ava Gardner!
Travámos conhecimento no local de trabalho há mais de 30 anos na baixa lisboeta, embora em seções diferentes, sendo ela mais velha do que eu precisamente uma década. Os últimos anos trabalhámos juntas num espaço restrito, sem privacidade, onde a maioria  de mulheres desestabilizava o ambiente pela intriga, inveja e competição.Os homens de espírito fraco, em minoria, três, nós cinco.
Solicitei transferência  para o local de residência para acompanhar a minha filha quando entrou no ciclo, começou a ter a responsabilidade de andar com as chaves de casa.
Vim substituir a  Leonor, na altura ainda não éramos amigas, apenas colegas,  até acho que ela já nem se lembrava bem  de mim,  por sua vez  ela ia ascender a um lugar de front-office onde auferiria melhor remuneração.
Leonor, mulher  de grande estatura, pele cândida, olhar quebrado,carisma de estrela de cinema num semblante de descendência real italiana no meu julgar, voz forte, rígida, autoritária, sem meias medidas mandou-me bater à máquina os impostos com a retórica "o mês passado paguei multa e não tive culpa"...
Naquele momento" vi-me a braços" com uma tarefa difícil, logo eu que nem sabia escrever à máquina nem tão pouco fazer mapas, mal ou bem, assustada, com um dedo a teclar , os fiz por imitação do anterior. Consegui!
Seguiu-se a passagem do serviço de contabilidade , serviço que me suscitava algumas dúvidas, pelas constantes alterações,ao questioná-la em voz alta, oiço uma outra colega que a ensinava no seu novo serviço, que lhe diz baixinho e eu ouvi " ela não percebe patavina"...
Aguentei a ferro e fogo.Aqui  aprendi a ser bancária. Julgava eu que sabia, pelos meus 12 anos de antiguidade,engano crasso,aqui foi a minha escola. Ninguém parecia gostar de mim. Só os homens se mostravam afáveis...Ou impostores!

Na véspera na sucursal quando souberam da minha vinda ,uma outra colega  teceu comentários sobre a  minha pessoa de cariz desabonatório, que em abono da verdade as deixou a todas "doidas", com vontade de me lixarem, de me fazerem a"folha", porque "era  má  colega como  me caluniou", os ânimos só abrandaram porque um dos homens disse "eu conheço-a, trabalhei com ela, é boa funcionária, sabe de crédito que nenhum de nós parece saber, deixem-na vir e mais tarde tirem as vossas ilações, de quem está certo"...
Assim foi. Olhada de lado,  aflita,deixavam-me no final do dia sozinha na sucursal com problemas para resolver de contabilidade, vali-me da minha vontade de vencer, arriscar, telefonei a este e aquele, ao help desk, finalmente conseguia fechar.
Demorei a perceber que me tinham rotulado de má colega, foi o  colega que as enfrentou na véspera da minha chegada que num belo dia perante o meu desespero me contou o episódio.
A mentora do aguisado, minha conhecida do anterior  local de trabalho quis fazer as honras da casa, convidou-me ao meio da manhã para tomar um café. Fomos.Comi um rissol de camarão, foi a única coisa que me soube bem, porque o que ela queria saber era o motivo maior da minha transferência.
Apenas deixavam transparecer que não era bem vinda apenas  por ser mais outra mulher, já eram muitas, isso concordei que tinham razão, mas a verdade que senti foi que lhes pudesse fazer frente na ascensão profissional  e, tinham razão, além de lutadora, obstinada,destemida, voluntariosa, guerreira sou justiceira, apesar de laivos de arrogância e até geradora de conflitos, ninguém é perfeito!
A minha escolha pela hierarquia só foi possível porque ninguém do quadro sabia de crédito. Mal chegada, vi-me a braços com a regularização de um dos seus "engates" , alguém procedeu ao desconto de uma letra, quando na realidade tratava-se de uma livrança.
Anos duros de trabalho e, amizades falsas.Cresci profissionalmente aos trambolhões, a errar, a perguntar, a teimar fazer sem medos...cheia de medo!
Um dos chefes que quase nada fazia, abria o correio, entulhava-me a última gaveta da secretária, deu-me o mote para me lançar a fazer de tudo.Polivalente, passei por todos os cargos.Comecei cedo a substituir o sub gerente. Gozo, nessas alturas aproveitar para demonstrar que não tinha medo e aventurar-me. Como?   Reunia os pedidos de crédito reprovados. O gerente na altura era um homem analítico no pormenor do saldo médio do cliente, só esse valia para ele...ora se fosse alto o cliente não precisava de crédito...mas adiante, como não conhecia a clientela, não dava a cara, medroso, apesar de estratega, faltava-lhe o conhecimento, o traquejo, o expediente, a vontade, porque querer queria e muito o sucesso,teve-o à custa de todos e, de mim excecionalmente, porque ele quase nada fazia, era bom em estatísticas em exel que todos os dias ostentava a lista atualizada na entrada do gabinete...
Homem de caráter frio, arrogante até ruim, então não me lembro de um dia me chamar ao gabinete, com aquela cara de mau dizer-me que não estava a produzir, o que se passava comigo...enervei-me e disse-lhe
" nunca registo tudo o que faço, trabalho sempre com o objetivo de fazer mais e mais, não perco oportunidades, mesmo que me dêem muito trabalho, se não está satisfeito com a minha prestação, não seja por isso, mande-me embora"...
Ao ver que me tinha transtornado, levanta-se, diz-me "olhe para o ecrã"  nada consegui deslindar naquele emaranhado mapa, tal a minha insatisfação, pega no meu braço, diz-me...você é a melhor, de longe sempre foi a melhor, você vai longe,nunca conheci ninguém com a sua garra, fiz isto para a chatear, gosto de a atiçar..."
Eu também gostava de chatear e, fi-lo, no seu período de férias, empossada no cargo provisório de sub gerente, a altura ideal para  aprovar os casos reprovados, na gíria " com batata", bastava a minha explicação plausível ,bem argumentada para serem aprovados sem receios.
Num regresso de férias , logo de manhã entrei no seu gabinete, disse-lhe "quero que saiba que durante as suas férias aprovei os créditos que o Sr. tinha reprovado"...
O que revela que também o sub gerente não tinha ação em opinar porque era igual a ele, só eu tinha arcaboiço para contrabalançar e tomar atitudes na mediação, porque era a única que sempre atendi o público, o conhecia e, as suas estórias.
Imaginem a cara bexigosa, branca, cor de defunto, pior, a ira que senti que se instalou dentro dele, olhou para mim, levantou-se da cadeira furioso e diz-me " sente-se nesta cadeira, sinta se não é difícil decidir.."
Respondi apressada, " não preciso sentar, a cadeira é o menos, a diferença é que o Sr. tem medo porque não conhece a clientela, nunca vendeu, não está habituado a ouvir "não", por isso não se sente à vontade, por isso reprova tudo..gosta de dormir descansado, o mais fácil, só aprova estando seguro da operação."

Entretanto a minha amiga Leonor, cansada do sistema e não agraciada em mérito como julgava merecer pediu a reforma.

Aconteceu a fusão do banco. Consegui sem o saber chegar ao topo, apesar do que se dizia "não gostarem de mulheres", porque pediam muitas baixas, porque produziam pouco, porque não eram inteligentes, porque...
Passámos a carregar um número mecanográfico que nos identificaria nas nossas operações .Fui uma extraordinária comercial.Fartei-me de trabalhar, de produzir em todas as áreas. Percebi rapidamente o que a empresa queria enquanto outros andavam a debater-se em questões irrisórias.Valorizei o produto estrela,  vali-me dos meus melhores atributos- comunicar pela escrita ao produzir pareceres, apesar dos poucos carateres, com o pensar em  engrandecer o perfil do cliente, na perspectiva que o analista ao receber a proposta aleatória, se não fosse apelativo,corria riscos de maior rejeição, afinal todos somos humanos e, a nossa vida afetiva se não estiver a navegar em boa onda, acaso se anda carente, acredito que se terá pouca paciência para se analisar, questionar, interrogar e,...o meu pensar como mulher em relação à cabeça dos homens...
Num repente na hierarquia questionavam-se "quem é aquela mulher na faixa dos 40 anos, donde veio,não é licenciada, quem a descobriu(?)"
Fartei-me de trabalhar, demonstrar para receber. Recebi mais elogios, louros do que riqueza.
Nunca pedi para mim nada a ninguém. Pedi sempre para os outros para a minha equipa.
Na visita que recebi o administrador da empresa, pedi-lhe que efetivasse uma colega, porque eu própria comecei no mercado de trabalho como assalariada, sentia na pele o que  é trabalhar "na corda bamba", na insegurança do dia de amanhã. Ela esqueceu-se de me agradecer. Nem um obrigado, nem um telefonema, porque eu estava de férias. Rapariga fria, sem  educação,julgava-se a  maior, esqueceu-se que a recebi de braços abertos a pedido do diretor, vinda de outra sucursal , o gerente não a queria, tal o azedume criado no primeiro dia, ao cruzar-se com ele fora da sucursal, achava ela ,que ele a deveria reconhecer e fazer vénia ...A única coisa que sabia, era informática, de resto aprendeu comigo, que nunca fui mulher de ficar com "trunfos na manga".
Rapariga enigmática, hostil, mole, pouco responsável nas tarefas conferidas, apesar de uma imagem doce, afinal, aparente!

As  inimizades existentes adensaram, num repente todas as minhas colegas sentiam que ser gerente era coisa fácil, banal, afinal se eu era, elas que se consideravam tão boas quanto eu, ou melhores, porque razão não haviam de sonhar também com tão alto cargo (?).
Sonharam todas, passaram 8 anos e, não ascenderam...
Nem nunca!
Apesar da competência angariada de anos de trabalho, falta-lhes  carisma,  paixão de gostar de fazer, sobretudo de serem ousadas no prazer de  sentir orgasmos inteletuais a cada dia e,...
Em se destacar pela diferença!

Mas, hoje é dia de anos da minha amiga Leonor. Vou telefonar a dar os parabéns. Sei que vem hoje à cidade a consultas, tem andado achacada, vou dar-lhe um abraço apertado e levar a minha prenda que a minha filha comprou a meu pedido, um vestido em malhinha cinzento, espero que aprecie.
Estou com pouco tempo...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Comprar casa antiga, remodelada...os quês e os porquês!

Vive-se um tempo sem fim à vista de austeridade.Fazer aquisições, comprar - deve ser encarado como um ato  ponderado, seja pela fragilidade profissional seja pelo crédito bancário restritivo.
Há exceções. Comprar a pronto pagamento, nos limites da razoabilidade!
Só tenho uma filha. Maravilhosa, doce, inteligente, linda,a melhor filha do mundo. Merece tudo, porque tudo o que tenho é para ela. Vive numa mansarda  alugada, pequenina, sem espaço para guardar o edredon...
Entre o alugar outra casa maior - surgiu o pensamento de comprar, juntando as economias de uns e de outros, porque as poupanças dela são na verdade a fatia maior - consegue-se encontrar uma casinha remodelada em Lisboa até 120/130.000€.
Último sábado dia de visita. Escolheu uma casa que tinha visto com o namorado. Adoraram, apesar de alguns "senão". Há sempre coisas que não se gostam, a ideia é contrabalançar e, decidir em rigor.Aceitei o convite com o pai para novamente a acompanhar e ajudar na escolha.Fomos mais cedo, a pé demos uma caminhada na zona para conhecer o local, seja na frente e nas traseiras.
Casa bem situada no Areeiro.Razoável parque de estacionamento na envolvente, ainda um quintal de 40 metros, aliciante com churrasqueira.
As nossas más impressões: Afinal não são 40 metros mencionados na publicidade, isso, é o total dividido por o 1ºandar o que equivale dizer 20 metros para cada inquilino, isso sim, um erro crasso por parte da imobiliária, haveria de encontrar mais!
Prédio edificado na década de 40, na frontaria nas águas furtadas fizeram duas marquises em alumínio - desenquadradas, descaraterizam a fachada do prédio.Na frontaria a multiplicidade de fios dos TLP embrulhados , desalinhados em barriga, coisa que se vê em bairros de lata...um horror!
Escada interior apertada com implantação de escada rolante para transporte de deficiente, atrapalha e um perigo para crianças.
Constatada a alteração do fornecimento da eletricidade através de um cano largo a contornar a escada  sem qualquer sentido de estética, desagradável à vista.
Contadores de água, luz, gás dentro da habitação. Deveriam pedir autorização às entidades competentes para a sua deslocalização para o hall da escadaria - como é obrigatório, sendo que as novas instalações se estendem pelo chão do corredor por cima do soalho antigo - ficam assim escondidas debaixo do novo soalho em ripas de madeira de pinho - chão flutuante tipo plástico - com um desnível de 10 cm  de altura em relação ao primitivo, notando-se na varanda.Pior, não há planta da distribuição das redes, se houver uma rutura, na pior das hipóteses tem de se levantar o chão...remodelação de paredes em pladur, existem no mercado dois tipos de placas de gesso cartonado, o normal em branco e o hidrófugo em cor esverdeada.Desconheço a resistência de um e de outro, qual o mais resistente à humidade a ser utilizado em instalações sanitárias e cozinhas e o outro, dito normal, o branco no resto da casa.Fiquei sem o saber. A mim o pladur pareceu-me todo igual numa cor acinzentada.
A sua utilização nesta casa retira à metragem inicial qualquer coisa aproximada de 20 metros, mais coisa menos coisa, ou seja uma casa dentro de outra casa, forrada a pladur, um caixote dentro de outro...
Na publicidade focava a orientação solar como sendo nascente poente - a mais apelativa, na verdade trata-se de norte, sul -  inevitavelmente nos desagradou profundamente, a cozinha e o quintal - afinal as zonas de lazer não vêem o sol.Apenas uma nesga durante minutos, de inverno deve ser de fugir!
No quintal do prédio seguinte um grande pinheiro nórdico que não sendo limpo há muitos anos, os ramos secos vêem-se das janelas e, os altos enegrecem o prédio nas traseiras, quando faz vento deve assustar!
Pior, as canalizações antigas em cerâmica apresentam fraturas, no futuro transpiram humidades para o pladur, as águas das cozinhas seguem por canalizações exteriores ao longo da fachada do tardoz do prédio, e adesivos publicitários na porta de entrada - "Desintop" e outros, são prova de constantes entupimentos que deixam a pensar!
O andar ao lado já reabilitado, moderno a branco, a sala com paredes em mosaico espanhol a imitar pedra, bons pormenores estilísticos, graciosos,mas...conhecendo " in loco" como se faz a remodelação deixa qualquer pessoa de bom senso a pensar e com dúvidas plausíveis que a levam a não comprar "gato por lebre".

Estamos no século XXI. Estas casas antigas foram construídas em tabique e tijolos de cinza que imitam os de fibro cimento, na zona da cozinha as placas são frágeis onde a cal é predominante. Este tipo de casas ao serem remodeladas deveriam estar sujeitas a vistorias camarárias e também das entidades dos serviços fornecedoras:água;luz e gás.Estão. Só que os remodeladores por falta de trabalho na construção fogem a licenças e demais encargos, para ganhar mais. É inadmissível a canalização não obedecer a normas modernas de segurança, nomeadamente na modalidade de "bicha" isto é, a existência de uma ou mais caixas que em caso de rutura, o cano é substituído sem estragar absolutamente nada. As paredes sendo todas em pladur, frágeis, não suportam grandes pesos de quadros por exemplo.
Outro fator negativo é a grande carga térmica que estas casas tem. Em caso de incêndio arde todo o prédio (?)quem suporta os custos?
Também em termos de seguro multiriscos uma casa nestas condições paga muito mais do que se tivesse placa em cimento.Outra nota importante é saber se os vizinhos tem seguros atualizados de responsabilidade civil
Quem suporta as despesas  de responsabilidade civil em caso de incêndio ou ruturas, se não houver seguros?
Também é pertinente neste caso ter conhecimento prévio do vizinho que limita o muro do quintal, no caso um baldio, saber se é particular ou camarário e se existe viabilidade de construção ou outra no futuro.
Outra coisa que me apercebi. Pertinente: o construtor encarrega-se de alindar a escada e as fachadas, isto a meu ver para compensar os inquilinos do transtorno da obra - no fundo de os comprarem- assim não os denunciam com a falta da licença de obra às autoridades. Aceitam a ilegalidade a troco de alguns melhoramentos - porque na verdade não tem dinheiro par os suportar.
Deste modo se vive neste país à beira mar plantado...
Subornos, compensações, compadrio, pagamentos...para fazer calar!

Portanto fica o alerta nem tudo o que se vê luz oiro. As aparências iludem. Não comprem bonito sem conhecer o que o pladur esconde.
Também alerta para sites de bancos que fomentam a compra com a análise do índice de avaliação do imóvel...tretas - os valores correspondem ao que eles colocam no software  alusivo ao prédio...inevitavelmente o metro quadrado sai ao preço que lhes convêm para dar certo no preço final que pretendem vender...
Anda meio mundo a enganar outro meio. Há casos de vendedores "espertos" arranjam a fachada do prédio - os olhos também comem, esquecem-se contudo do tardoz:das escadas de emergência em ferro forjado, obsoletas, podres e muros a cair dos quintais, do telhado, da conduta da água se é de origem ou foi substituída, se existe administração do condomínio, qual o valor.


Não se deixem enrolar e enganar. Podem ser novos mas não sejam tolos.Peçam ajuda aos pais que podem ajudar a ver pontos de vista que a gente nova pode passar despercebida. Ninguém nasce ensinado. Só se aprende com os erros ou se formos alertados.
Cuidado com prédios com mais de cem anos,bonitos por fora a cair de velhos por dentro ainda obras e paredes deitadas abaixo sabem lá (?) alguns o que são paredes mestras...vejam as rachas nas paredes - a cedência resultante das alterações dos andares remodelados!
No caso de interesse de compra não deixem de consultar a caderneta predial e fazer valer os vossos direitos.
Perguntem sobre tudo o que achem estranho.Alguns vendedores  "afiambram-se aos sótãos" -interesse de o vender aos condóminos do último andar - para fazerem duplexs e desfrutar de vistas deslumbrantes sobre a capital...sendo este - o sótão -  uma parte comum de todos os condóminos a partir do momento que legalizam o prédio em propriedade horizontal, tal e qual o mesmo das caves - partes comuns do prédio com acesso pelos quintais de outros...coisa que faz pensar - o que deveria ser feito? Uma boa sala de condomínio e outra de arrecadação para ser utilizada pela senhora das limpezas.Se o dono quer vender o sótão que seria de todos é justo que seja sincero e dê contrapartidas ao comprador e,não tente por-lhe areia para os olhos...auscultem e não aceitem aquilo que o vendedor diz e teima afirmar..." só vendo se assinarem um papel por causa do sótão..os outros já assinaram...". Isto considero uma afronta, fazer das pessoas parvas!
Na realidade ele - o ganhador do negócio neste tempo de recessão e crise. O novo comprador se tiver um problema à posterior e o quiser vender apesar de remodelado...vai ver-se aflito, a casa continua a ser velha a cada ano que passa...em pouco tempo chega aos 150 anos!
Cuidado com as partes comuns - sobretudo se o acesso não é direto e tem de invadir a casa alheia de outro condómino...imaginem alguém se lembrar de fazer uma festa na parte comum - toda a gente entra e sai pela casa do vizinho do r/c ou da cave que lhe dá aceso. Resolvam antes de comprar. Exijam legalidade para o vosso lado.Não me digam que gostariam de ver a vossa casa invadida de gente num entra e sai para usufruir do quintal que é de todos...mas só um tem livre acesso.

Exijam os vossos direitos -não assinem contratos só com obrigações! 

Os construtores compram andares e prédios a preços da uva mijona. O valor matricial é francamente irrisório - casos de herdeiros cheios de dívidas que vendem ao desbarato -com pouco dinheiro e alguma criatividade fazem maravilhas que deixam qualquer pessoa verdadeiramente encantada -o pior são as entranhas. O construtor, ele sim - o ganhador deste negócio, meio por meio,tal como o herdeiro direto do avô ou bisavô que no inicio de 1900 com os lucros de fabricas - conservas, cortiça, tecelagens e outras - construíram metade de Lisboa - pior é se o novo comprador tiver necessidade de ter de o vender à posterior por qualquer emergência...andares com mais de 100 anos...o lucro - esse foi ganho na última venda - onde está a fiscalização desta nova modalidade, a remodelação de casas antigas??? na gaveta por certo e não deveria!

Nunca em Portugal houve tanta gente estudada.No entanto é drástico apreciar que pouco ou nada sabem mandar,orientar,exigir fazer bem feito ou tomar medidas preventivas nas empresas que dirigem, isto porque entregam as obras a sub empreiteiros que por sua vez as entregam a terceiros e assim os serviços são feitos por gente que vai aprendendo, sem especialidade,mal remunerados tão pouco são conhecedores das regras de conduta sobre serviços, de estética nada sabem, nem tão pouco se interessam. Ridículo é ver um trabalhador a laborar em plena via pública, o menos qualificado na obra, à volta dele uns 4 a 5 doutores "gajos",um técnico, um paisagista, um arquiteto, engenheiro ou,...todos a olhar para o trabalho do operário,sem fazer nenhum, pior não sabem mandar,coitado do operário deve sentir-se mal a trabalhar sobre o olhar deles, eu sentiria!

Basta de pagar altas faturas de despesas domésticas. Estas empresas auferem grandes lucros anuais,  é imperativo que haja leis que punem serviços mal feitos, inestéticos de cabos e mais cabos enrolados em barriga presos e mal presos a postes, postaletes e em casas que desvirtuam as fachadas que deveriam ser agradáveis de olhar, afinal a nossa casa, mora ali e, não olhar o céu para só ver fios pretos desalinhados a atravessar estradas...
Vive-se um tempo de dizer basta, de continuarem a deixar roubar energia a torto e a direito em bairros desfavorecidos e noutros, sem nada ou pouco fazerem, quem se habitua a roubar, rouba toda a vida...então roubamos todos...é o que nisto vai dar dia menos dia, estamos alguns, a maioria, fartos de pagar a tempo e horas e a ser mal tratados.Pensamento que deveria deixar a pensar qualquer pessoa sensata. Neste país há multas para tudo e mais alguma coisa, comessem a multar estas empresas , obriguem-nas a repor a dignidade dos cidadãos que pagam e tem direito de exigir, tem direito a ter fachadas limpas sem fios a torto e a direito.
Porque razão não há parcerias entre as empresas para a instalação subterrânea dos cabos,  horrível ver os postes da EDP, ao lado os de madeira mais baixos da PT...é simplesmente horrendo.

Tem de haver mais preocupação pelos direitos do cidadão. Deveria!
Mas este país tem sido governado por "conas de sabão" que só olham para os seus interesses,dos seus familiares e amigos.

Procura-se com muita urgência uma mulher de "colhão preto" para endireitar o País. Praticar afincadamente a abolição da conduta de "cunhas",exigir segurança e atitude nas decisões, obstinada em mudanças fulcrais,defensora dos direitos do povo numa justiça igual para todos numa fiscalização empenhada a "ferro e fogo" em todas as áreas, pôr a banca no seu lugar, não a privilegiando mais, exigir rigor  na magistratura, alterando significadamente leis, abolindo outras, assim como normas processuais de recursos que só empenam o sistema,favorecendo quem tem dinheiro, criar mais trabalho para todos, não fazer o que se tem feito...dar cabo das empresas que se mudam para países mais favoráveis para isenção ou menor percentagem de impostos, e outras que não se instalam por as leis e as exigências serem desfavoráveis.

Mudar, é urgente para Portugal!
O nosso rumo para seguir a linha do progresso é deixar de assistir à fuga diária de cérebros para o estrangeiro, afinal estudos pagos pelos impostos da maioria de nós.
O governo tem falta de gente pensante.Desde o 25 de abril que as escolhas são feitas na maioria na hierarquia do partido, antigas namoradas, amigos e cupinchas de última hora... 

Prefaciando a minha avó materna Maria da Luz...onde estás tu Mulher que tanta falta nos fazes para pôr este País na linha!!!


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Odisseia por Lisboa num sábado comum com manifestação!

Sábado, frio e sol, um hábito dos últimos meses.Mais uma ida a Lisboa.Saboreei a maresia do Tejo por detrás da vidraça do cacilheiro, havia um grande paquete que sem modéstia apitava a veleiros que lhe faziam frente em  danças atrevidas...
O dia prometia ser de caminhada. No Cais do Sodré  vi um rapaz a sair apressado de um café pastelaria, ato imediato, sai uma rapariga vestida de casaco a imitar vison, brutos saltos altos, meias pretas e pircings,  em passo corrido chama por ele, encantado com o chamamento, entram de novo juntos...enquanto isso homens limpavam com máquinas assopradoras o lixo deixado nas ruas na noite de sexta...muito copo de plástico, tal a  cerveja bebida, beatas, muito desvario e, ...
Na Rua do Alecrim mirei os condomínios fechados, prédios com fachadas de azulejo, novos, em  branco e azul, no repente me lembrei daquele espaço outrora anos abandonado, antiga fábrica que aí existiu, só conheci as ruínas,obras embargadas por terem encontrado vestígios arqueológicos...
Mirei a loja da Fábrica de faiança de Santa'Anna...sinceramente não é do meu gosto, a sua pintura. No palacete da frente há um antiquário que ostenta debaixo da montra um lindo painel de Lisboa da Praça do Comércio, com um único torreão, como era antes do terramoto de 1755, magnífico  em azul. Idiota esqueci-me de levar a máquina fotográfica...ficou-me na cabeça!
Senti novamente a sua falta no Chiado para tirar uma foto junto ao Pessoa na sua cadeira,dourada, e sentir o gélido frio e do calor  de milhares de mãos que todos os dias a acariciam...
Fui dar uma espreitadela na feira dos alfarrabistas, ando à procura de livros ou catálogos sobre faianças.Passou por mim um sem abrigo de farta barba conduzia o seu carrinho cheio de sacos de plástico sobretudos virados pelo avesso e, ainda um edredon vermelho. Não comprei nada, pareceu-me mercadoria cara.De volta à rua principal do Chiado voltei a cruzar com o sem abrigo, estranhei trazer pela trela dois belos cães, muito bem tratados. Imediatamente o meu olhar procurava pelo seu património ambulante, aquele que minutos antes se cruzara comigo, dei com ele estacionado no passeio depois da florista.Tal aberração me confundiu, estabeleci conversa com o meu marido, disse-lhe " tu não me digas que o gajo foi levar os cães d'alguma serigaita para fazerem as suas necessidades, se calhar dá-lhe uma miséria"...Uma certeza tão intrínseca aquela, é preciso ter estilo e displicência com os sofridos!
Frio de rachar a descer o Chiado, não fosse a camioneta do fado a romper o horizonte com a voz da nossa Amália, a grande!
Passa por mim uma mulher da minha idade, ou mais estragada, cheinha vestida de colans pretos, deveria ter acordado da noitada, esqueceu-se de vestir algo mais aconchegante para a silhueta não se parecer tão ridícula e até agasalhar, sim porque o frio era de cortar!
Fui ao celeiro comprar um suplemento para queimar gorduras...caro, agora não sei se resulta!
Entrei na casa da lotaria, o meu desejo de ser sorteada finou-se num segundo, enquanto isso, um negro comprava frações da popular...
Na Loja do cidadão tratei de um assunto pessoal e, sai, segui a direção da Avª da Liberdade para ver a feira de velharias. Numa banca vi um par de jarras de bicos do Juncal, perguntei o preço, o vendedor demorou tempo a dizer, o que detesto, matreira respondi, na feira da Figueira já a tinha visto, o Sr., só levava uma, disse-me que tinha o par...ficou de boca calada!
Noutra banca vi o pratinho de Coimbra, azul cobalto, com dois corações minúsculos ao centro a um preço exorbitante(25€)meu conhecido na última feira de Belém, vi também a colecão de faiança de Coimbra na banca da Paula, só de saber que os vi em feiras durante dois anos, no mês passado passaram para a banca do Vitor que me pediu 50€ por cada exemplar,para meu espanto na semana seguinte o lote passou  a custar nesta banca cada peça 150€ e o prato de sopa 100€...para pensar, não acredito que os vendam assim de mão beijada...apreciei  noutra banca um bule de caldo da VA, assinado a  azul  todo branco, pediu-me 60  €...
Compras (?) não vi ninguém as fazer, enfeirei num alfarrabista, comprei o livro da Real Fábrica do Juncal, antes marcado 50€, riscado para 30, novamente riscado para 20...veio comigo por 15€.
Atravessei a avenida, numa esquina vi as novas lojas de gente rica, numa delas, o segurança, um negro abria a porta a chineses...
Passei por detrás do Gambrinus, entrei numa tasca para comer uma carne à Portuguesa, no restaurante escolhi uma mesa junto à vidraça para me saborear com o sol, ao nosso lado estava uma mesa com homens e uma miúda, vinham  do Porto para a manifestação da CGTP.Só tabelámos conversa no hora da aguardente, todos visivelmente quentes, o vinho do novo, bom, sindicalistas, traziam um cartaz escrito a letras vermelhas, quiseram que o lêssemos...só me recordo das palavras... " que se fôda"...gostei do chapelinho no " o" -  é mesmo à norte, sendo eu do centro alinho na conduta!
Saímos em alegre cavaqueira caminhamos a pé até ao Rossio, eles foram à ginjinha rematei "aqui há 35 anos entrei pela 1 ª vez com o meu namorado, agora marido, o homem perguntou-me quer com elas ou sem elas"...não entendi, mas também não perguntei ,e disse-lhe - com elas...claro que me engasguei!
Despedimo-nos endereçando votos de sorte. A caminho do Martim Moniz vimos gente que se concentrava para a manifestação. Roubei duas flores do jardim, apreciei os prédios quase prontos na barreira antes do hospital, obra embargada também décadas por vestígios arqueológicos, agora finalmente o cenário é bem mais bonito, começamos a subir a calçada dos Cavaleiros, no nº. 7 onde os meus sogros habitaram quando nos anos 50 vieram morar para Lisboa e o meu marido viveu até aos 4 anos. Gostei de ver o prédio reabilitado.Não gosto é de ver muita gente de olhos amarelados...por não serem bonitos, porque mal nunca me fizeram!
Na curva da subida no largo havia gente que fumava e deitava conversa fora.Alguns prédios de cara lavada, outros fechados a degradarem-se, uma pena no coração de Lisboa. Nisto um homem  quarentão, alto , de cabelos grisalhos destacou-se do grupo e veio atrás de nós, tabelou conversa com outro que descia, em voz alta falavam do futebol que dava à noite na tv ,parámos a observar um prédio devoluto e entaipado ele aproveitou o ensejo para estabelecer conversa connosco sobre a degradação das casas no bairro e nisto vi-o  entrar numa porta onde se abaixou, porque parecia  uma casa de bonecas, olhei o prédio e gostei, com varandas de ferro forjado e floreiras, de cara lavada, a porta com o passeio ficou pequenina...ao lado ainda a casa do fotógrafo de fachada engalanada a verde muito romântica,onde o meu marido tirou a 1ª fotografia, todo nuzinho, em pelota, em cima de uma poltrona!
Mais acima demos de caras com o Carlos Carvalhas,antigo líder do PCP, vinha de casa,atrás dele uma comandita de rapaziada, vinham para a manifestação. Na travessa das Mónicas chamou-nos a atenção um letreiro de venda, uma casita inserida na antiga muralha, cheia de sol, achámos que seria gira para a nossa filha, tirei o contato, ficámos minutos a sonhar com ela e, a inventar pseudos defeitos...
Na escadaria de S. Vicente de Fora estava gente sentada, lembrei-me de uma foto do meu marido em bebé a chorar...num repente deu-me para tal instinto imitar ocorrido há 57 anos, uma nota séria, o vinho do almoço estava  a fazer efeito!
Ao fundo avistei o arco na rua que liga o convento, através dele vê-se a panorâmica do Tejo e da feira da ladra.Alguns dos feirantes já não estavam.O meu marido encantou-se com uma garrafa de litro de brandy do José Maria da Fonseca, "Ouro Velho", o vendedor deu-lha por 7€, entretanto vi que tinha serrotes, a precisar de tal ferramenta para limpar as árvores da casa rural ,um veio comigo, novo 5€, o outro logo o vendeu também, tinha um relógio de sala por 45 € e alguma loiça de Aveiro, uma taça estava partida com os cacos dentro, foi no transporte quase aposto...noutra banca aprecei uma travessa cavalinho, um rapaz disse-me " ali em baixo está uma nova e mais barata" desci, nada vi, olhei para trás, percebi que se tinha equivocado ao perceber que procurava por uma moto serra...na entrada do recinto estava um imigrante com uma no chão, pedia 80€...parei,disse ao meu marido, precisamos de uma, se ele fizer 50€, compramos, voltamos atrás regateamos, pagámos 60€...temos de a experimentar!
Paguei 50 cêntimos por um sacão preto para a pôr,  dissemos adeus à feira a caminho de Santa Apolónia.
Ao fundo avistámos carros da polícia, muita gente que se chegava e megafones a ditar palavras de ordem. Mal chegámos deu-se início ao desfile, atravessámos por entre uma faixa corrida, fomos na avenida a caminho do Terreiro do Paço, a meio caminho um velhote meio quebrado meteu conversa connosco e com ele fomos a conversar borda fora. O homem falou do seu passado como padeiro, depois foi para o mar, andou embarcado em cargueiros e outros barcos, um dos quais o Timor, a fazer pão.Lamentava-se que a mulher lhe deu cabo do dinheiro, lastimava-se com a parca reforma, reformado desde 85 com 25 contos...o meu marido ainda lhe disse "mas olhe que ao tempo era uma boa reforma"...pois pois, dizia ele, o pior foi a maldita da mulher com os netos deu cabo de tudo...tenho uma casita perto de Santar, se quiserem lá ir fica perto da rotunda, está cheia de pó... limpo tudo...o pior é a minha coluna, vou aflito, do resto estou bom!
Despedimo-nos no jardim do Tabaco, havia um ajuntamento das forças especiais com bizeiras e,... uns metros à frente uns colegas chamam-nos, fomos até eles. Perguntaram para onde nos dirigíamos, se estávamos na manifestação, aí percebemos o buzilis (?) a moto serra meia dentro do saco de plástico com a lâmina de fora...tranquilizámos os homens da lei, dissemos que éramos pessoas normais, o mais atrevido disse, "pois normais são todos" " não podem ir de metro?" respondi..."não, gosto de ir à beira rio, não vai haver problema nenhum"...naquilo o colega perguntou-nos como estava a feira da ladra,"respondi estava para o fraquito, olhe comprámos um brandy para beber logo à noite e um livro de faiança, por aqui vê que somos pessoas de gosto eclético!
Atravessámos para o lado do Cais das Colunas, acabámos por nos sentar no muro à espera que passasse a manifestação vinda do Cais do Sodré, nisto somos abordados por um dos sindicalistas que tinha almoçado ao nosso lado com a filha, a sua 1ª vez na capital, foi mostra-lhe o Chiado e,...
Brutal no meio de mais de 300 mil pessoas, já nos tínhamos despedido, veio novamente até nós, isto sim é gente de calibre!
Decidimos vir embora a caminho de casa, sim o dia tinha sido longo.
O meu marido ainda viu gente conhecida a caminho do Terreiro do Paço.
Um dia cheio de emoções, tinha de ser contado!