domingo, 15 de abril de 2012

Alfama até à Graça...num sábado de abril


Alfama com ruelas floridas de verde.Gostei da foto na escadinha da viela, embora reconheça o ângulo poderia ser bem melhor. Estou a aprender...
Sábado o último da 1º quinzena, o dia acordou com chuva e a feira da ladra estava para o pobrezito de gente e de feirantes, em demasia gente nova a vender de tudo, sobretudo roupas.
Falei com o "Igrejinha" já o "Pedrinhas" estava numa de enviar mensagem...não incomodei. Comprei uma leiteira da VA marca azul em branco igual a uns bules e açucareiro- falta-me uma tampa!
Vi azulejos lindos, nem me atrevi a comprar algum - o meu marido perdia o norte - ainda tenho alguns empacotados espetaculares, agora na última quinzena vou ausentar-me, vou fotografa-los.
Almocei na mansarda da minha filha e do seu namorado.Recebe muito bem - admirei a forma como calmamente se desembaraça da loiça e arruma tudo num instante, sendo a mansarda minúscula. Elogiei a sopa de grão que nos presenteou - deliciosa. A minha mãe fazia e ainda faz grossa com esparguete. Nada tem haver com a dela cremosa, saborosa, apetitosa - ao interroga-la como aprendeu - responde fui fazendo e contigo...
Digo que não, a dela é bem melhor que a minha, melhorei com o aprendizado que dela admiro a fazer jus ao letreiro da rua dos Remédios em Alfama pintado na pedra da antiga muralha .
Tarde passada em Alfama a olhar o Tejo e os paquetes a saírem em final de tarde, turistas em gabardina com máquinas a registar fotos, engomava umas quantas ti-shirts enquanto, eles foram dar uma volta, fazer umas compras. Acabei as minhas tarefas, chegaram eles. Vimos um filme - Obsessão. Muito interessante sobre o assédio feminino...fala-se é do masculino!
Horas para o nosso jantar marcado na Graça num restaurante com música ao vivo.Estava fechado, parece que se esqueceram de nós, só tinham reserva para um grupo de 30 pessoas. O empregado pedia-nos desculpas para voltarmos outra noite, não tinha lugar na sala para nos confortar como merecíamos - a minha filha interpelou-o sobre a surpresa de tal esquecimento, o meu marido ajudou o salvamento dizendo "não nos importamos de ficar aqui no bar nestas mesas", o apelo final para o êxito, esse foi meu - " se diz que o seu patrão não o atende, deve insistir, acredito que não esteja a esta hora em local que não possa receber uma mensagem sua e debelar este triste constrangimento - viemos de longe e não vamos sair sem jantar. Não sei se foi o tom de voz ou, a força da mensagem - acatou de imediato encaminhando-nos para um outro espaço para mim sumptuoso, teto em cúpula de cerâmica me transportou para a era romana e uma lareira espetacular.
O repasto foi bom : degustei um ensopado de raia - magnifico; o meu marido bochechas de porco preto em cama de mil folhas de maçã com queijo da serra- soberbo; a minha filha xárem ( prato típico algarvio à base de papas de milho com ameijoas e gambas fritas) e o seu namorado um bacalhau à serrano com broa. Deu para provar garfadas de todos. Vinho bom, água e sobremesas saborosas. O que faltou? o que dizia no folheto de compra do voucher - entradas de pão com morcela, e...do flut de champanhe e, da musica ao vivo, apenas vimos o conjunto nos acordes - eram 3...
Ao deixar o restaurante  constatei que o grupo ainda estava na sangria, sei lá a que horas o jantar acabaria. Valeu apreciar como apenas dois empregados demonstraram um à  vontade, desembaraço, educação e sucesso na resolução sem delongas do incidente - apesar de tudo e de nada, gostei da experiência.  Saímos a pé tal como fomos - apreciamos a noite lisboeta, as obras em prédios que só dignificam a cidade, conversámos de tudo e de nada, rimos, enroscados nos agasalhos. Atalhámos caminho pelo recinto da feira da ladra, vazio acabadinho de ser lavado, ainda lá estava o carro com o tanque de água. Só voltámos a ver gente em Alfama, alguns lugares de tertúlia que tomámos nota para experimentar noutra ocasião- Num deles a caminho do jardim do Tabaco com piano ao vivo.A noite estava caliente, cheguei a casa depois da meia noite...fula fiquei porque a séria inglesa que ando a seguir  na SIC falhou o episódio, tenho de ir averiguar.

Foto tirada debaixo do Arco da Rua Augusta

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Feira de velharias na Costa de Caparica em passeio!

O dia  era feriado, sexta feira Santa, pedia que se comesse peixe -, fiz uma massada com alas de maruca e gambas,debalde não tinha massinha de cotovelo, sujeitei-me a uma massa de rosca às cores. Deliciosa na mesma, o que sobrou depois de quente no dia seguinte ( não está tempo para estragos)  parecia acabada de fazer, porque a massa é de qualidade, se fosse outra ficava espapassada...
Bebeu-se o café em casa  na máquina, oferta da minha filha pelo natal. Saímos para dar uma voltinha até à Costa, mal chegados senti pouco transito, muito estacionamento e pouca gente. Encaminhei no sentido da feira com poucos feirantes , as marcas dos espaços para as bancas  pintadas num amarelo ocre esbarravam aos olhos, avisando - perigo?! Seria a meu ver melhor só terem optado pela numeração sem a ligação... lembra coisa 3º mundista...em Azeitão só há nºs e brancos!
Vi pela primeira vez na linha da frente feirantes de artesanato que não conhecia por lá  - diziam colegas que sim - vieram algumas vezes, ficavam no passeio em frente ao mercado...alguém comentou que houve uma delas - não tendo lugar - veio diretamente à Câmara de Almada...abancada  a vi sob o seu grande chapéu de sol...seria tal boato verdade passar por cima da Junta? Faz-me confusão a ser verdade, porque o respeito é importante no diálogo entre as pessoas seja qual for a situação, entretanto no dia 2 do corrente enderecei novo e-mail à Junta:

Exmo Sr Presidente

Ontem na feira de Montemor o Novo constatei que houve reunião na Junta para entrega de lugares aos feirantes. Gostei de saber pormenores de organização  a meu ver bem vindos.( não há estaminés pelo chão nem se pode comer nas bancas, o horário das 9 às 6 e...
No entanto falei com uma colega de Setúbal que ai se deslocou, não satisfeita com apenas um lugar atribuído lhe foram concedidos 2 depois de fechados(?) os 40 inicialmente distribuídos. Disse-me ela que já tinham sido mais 4 após isso...Pergunto, mas como tal é possível se quando entreguei a minha documentação - a funcionária  me disse ter apenas 3 em lista de espera o que ditava eu ser a 4ª. Espero que reconsiderem a minha situação. Vivo no concelho, frequentei a feira e estou credenciada. Tenho bancada, só preciso de 3 metros.
Gostava imenso de poder voltar a fazer a feira da Costa agora na sexta no feriado.
Gosto de escrever o que vejo, o que sinto, tenho conhecimento de faianças, gosto de partilhar e aprender, sei que sou uma mais valia nestas feiras, pelo carisma. Relatos  para mote para fazer um livro. Espero com ansiedade os V/ comentários a tão merecido agraciamento.


Sem resposta telefonei . A funcionária administrativa encarregue da tramitação da feira estava de férias, liguei para a sede, fui atendida por outra funcionária que me disse o Sr Presidente ainda não lhe ter dado a resposta , com a conversa " tem muito que fazer", agradeci... continuo à espera, já vamos a 12...
Não vi gente a comprar, poucos a passear, muito fraco o movimento na Costa de Caparica, até junto ao mar era um descampado de gente...só o restaurante Carolina do Aires estava cheio, porque era dia de comer peixe!
Senti o desassossego dos feirantes. Também eu estou assim, triste, dececionada, por falta de entendimento na atribuição dos lugares na feira de velharias. Senti que deram prioridade aos pedidos para dois lugares , na vez de primeiro encaixarem os mesmos e, depois se sobrassem -, ai  sim, seriam atribuídos pelos restantes.Falharam a meu ver em só marcarem lugares de 3 metros...curiosamente tinha chovido, a D. Tina, última feirante na linha da frente antes da passagem para o quiosque viu-se obrigada a avançar com a banca porque havia muita água, ainda assim a entrada era mais do que suficiente,o que revela que depois da marca da sua banca poderia ainda existir um lugar de 2 metros... podia ser o meu, porque foi o lugar onde abanquei na 1ª vez!
Todos me diziam " tem de vir reclamar aqui na Junta no edifício atrás do centro comercial  e fincar o pé porque há aqui feirantes que nunca vieram, outros que não pagam segurança social "... passavam das 3 horas apareceram feirantes ambulantes a vender feijão verde e morangos...de inverno aparece sempre o homem das castanhas que colide com os demais, tem dias de perturbar o ambiente da feira! 
A pergunta é pertinente  estarão coletados (?)  pagam terrado de 10 €?- ao longo da rua a caminho do mar outros feirantes colombianos e do norte a vender mantas, panos e,...todos pagam?

Falava-se à boca cheia que iam escrever uma carta à Junta.Senti descontentamento da atribuição dos lugares - ouvi dizer que na reunião - não era permitido stands de artesanato, apareceram mais do que velharias. O preçário aqui é alto preço, uma das feiras mais cara , e ainda de feirantes que só querem abancar no verão porque de inverno não os vem por lá...ora - eu comecei no outono!

A feira ganhou dois elementos da Junta ao invés do cobrador que só procedia à coleta. Não sei se dão conta do recado...a sua presença deve ser notória para acatar problemas...

Não gostei nada da feira -, muito menos da Costa na sexta feira Santa!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Évora na minha 1ª feira de velharias e artesanato

Feira de velharias  e artesanato de Évora em dia de Páscoa!Foto com uma vista parcial da feira, do lado esquerdo banca com peças variadas em ferro e afins do Sr. Laureano, seguida do estaminé também prostrado no chão com espólio de biblioteca que me pareceu ter sido um dia de casa abastada para os lados de Miranda do Corvo: romances, postais ilustrados, outros manuscritos e,...sem pompa nem circunstância igualmente pelo chão  a minha  bancada com o meu espólio: loiça, fósseis e livros. Na hora prolongada de almoço delas tomou conta a minha  filha, apostou neste dia fazer a feira connosco, o repasto: carne à alentejana com ameijoas e migas de espargos com carne de alguidar, bom vinho, melhor pão, sobremesa conventual, almoço barato não fosse acrescido de IVA de 5€, o que é correto, mas doí no bolso em tempo de crise.O casal de estrangeiros ao nosso lado, mandou para trás o couvert, o empregado até se assustou -  só comeram uma dose de  carne à alentejana e um jarrito pequeno de vinho - Uns "unhas de fome" - desses turistas Portugal não precisa!
Sob um sol escaldante de verão, saboreando um livro de Stenhall, não sei como ela aceitou a ideia de se proteger com um chapéu em algodão branco comprado na véspera na feira da ladra por um euro, lavado ficou como novo. Cheguei em cima da 9 horas, se não fosse o Sr. Laureano a debelar os empregados camarários não me deixavam abancar. Grande favor lhe devo, apreciei a brutal calma com que falou e expôs a sua argumentação a meu favor "sem papas na língua" : aclarou eu vir de longe, estar coletada, mais feirantes só vinham enriquecer  a feira e, que Évora os deveria acolher melhor, rematando "que jeito tem estar a senhora aqui e mandá-la embora, acho que falo bem ( no seu sotaque bonito, soou a poesia)". Falou e calou-os, apenas um deles, o Sr. Domingos opinou com a retórica " devia chegar até às 8.30". Sujeitei-me ao lugar disponível na entrada ao lado do antiquário também alentejano Sr. Francisco que conheci nesse dia, julgo por ironia do destino já o conhecia de "ouvir falar dele" quem sabe até de o ter visto em novo, teria eu os meus 11 anos num dia de prova do vestido cor de rosa, enfeitado com favos na cintura e nas mangas para estrear na Páscoa na modista Lurdes 
" Cardosa", lembro-me de lhe ouvir dizer "traga tudo o que tiver de velho, papéis, loiça, rendas mesmo rotas" -  fiz espera ao seu lado no átrio onde estava o seu carro estacionado, passados instantes vejo a D. Lurdes  com uma braçada de coisas a dar-lhas para as mãos - testei-o - ele acertou nas cordenadas na rua da sapataria e da taberna, ao cimo ficava a casa. Mais tarde ouvi da Bina do Piloto que tinha vendido um móvel muito antigo quase a desmantelar a um antiquário alentejano, contei este episódio à minha mãe que me confidenciou que o tinha apreciado quando foi dar os pêsames pelo falecimento do pai, era por demais bonito, seria muito antigo já que o solar tem lindas janelas de avental, sendo grande deveria no seu tempo de esplendor ter mobiliário muito bom e interessante.Também do Dr. Mota de Santiago da Guarda ter vendido uma mesa século XVII que estava no lagar acima do seu solar e, de ouvir falar da sua governanta se ter "governado" com  pratas negras de sujas e,...também de outro homem ajuntador de velharias na Junqueira lhe ter vendido duas belíssimas cómodas e, mais peças igualmente boas, o melhor foi saber de um padre do Rabaçal que lhe vendeu um Santo da igreja em pedra, com autorização do bispo ( sorte a dos irmãos também Santos enterrados há 200 anos para evitar o seu roubo pelos invasores franceses, ocasionalmente descobertos há coisa de 6 anos com a abertura de uma vala na estrada em frente da igreja. Quem diria haver padres  que ousam atentar na blasfema ao desfazerem-se de património do povo à conta de dinheiro e, da recompensa do retorno do bom vinho alentejano para a Eucaristia. Também sobre a venda do altar da igreja da Aguda já a tinha ouvido em 1ª mão da boca do Dr. Vasconcelos na minha visita ao seu Museu de Almofala de Cima - o Sr. Francisco apenas acrescentou que se lembra quando o foi buscar à sacristia andava de roda dele uma beata perdida de vinho,  não o queria deixar levar da igreja por nada deste mundo, gritava que pertencia ao povo , o álcool não tirou o tino à mulher, já do  padre desse tempo não se pode dizer o mesmo ao vende-lo sem mais nem menos, obra talhada por marceneiros nascidos e criados naquela freguesia. Mas sobre ele haveria de coexistir um  final feliz, haveria de ser novamente comprado anos mais tarde ao mesmo antiquário que nunca o vendeu e que para se ver livre dele se sujeitou à retórica do ditador do negócio
 " compro-o, se você o for levar de onde ele veio". Assim aconteceu. Hoje, o altar jaz numa capela do Museu Maria Fontinha em Castro Daire em homenagem à mãe do signatário que o redescobriu , o Dr. Vasconcelos quando vinha de regresso de férias do Algarve parou no antiquário, um prazer que tem - reconheceu o altar que um dia tinha sido pertença da igreja da Aguda onde a esposa foi batizada. Algumas madeiras de talha sobrantes e capitéis  encontram-se no Museu de Almofala de Cima para atestar o regresso do filho pródigo (altar) à sua terra, de onde nunca deveria ter saído. Sempre é melhor do que nada. Ainda relatam o nome e, façanha dos artífices que o fizeram , lindo foi constatar que escreveram nas traves do teto do Museu os seus nomes!

Perguntava-me surpreso o Laureano no seu sotaque alentejano " você é muito alegre, gosta de conversar, acomodou-se bem" - respondi - gosto de pessoas, de ouvir e contar estórias, a minha vida foi ajudar a resolver problemas, dá-me prazer, fui bancária - espantado acrescenta " olha, diz-me ela que foi bancária"...
Em jeito de bom aviso o Sr. Francisco alvitrava -   "olhe que você safa-se melhor pela sua zona de Coimbra e arredores do que por aqui". Há mais de 40 anos que a percorro, conheço cada aldeia, cada vila ,e no Alentejo cada monte.Dormi muitas vezes no Solar da Rainha na sua terra, agora deixei de lá ficar, aqueles dois irmãos é sempre a mesma coisa, fico-me por Pedrogão. Tenho dias que preciso de me  sentir  um homem solitário, gosto de andar sozinho na procura de antiguidades com o meu detector de metais, na sua terra há por lá um núcleo medieval - estive agora na feira de Miranda do Corvo. Daqui a dias vou outra vez para  cima para buscar um brasão que ainda está na parede - isso sinceramente, entristeceu-me.Os brasões foram feitos para continuar nas paredes onde um dia alguém de estirpe os mandou colocar, para as gerações vindoiras conhecerem o legado dos seus antepassados - assim perde-se história  deste Portugal  à beira mar plantado!

Esqueci qual a peça que deu  ao Sr. Francisco para comprar um jipe - azar foi roubado!
Será que foi coisa antiga no Lugar de Casas Novas?

Gostei das pessoas de Évora. Simpáticas em geral, pelo menos duas disseram que a minha banca tinha coisas bonitas.No pior, uma mulher mal disposta, entre dentes resmungava para dentro com vontade de se fazer ouvir ao mesmo tempo que contornava a  banca "coitados dos pais, os filhos tão novos já andam a vender tudo de casa"...a minha filha, que nesse instante tomava conta, para eu ir à casa de banho, fincou pés na calçada para não se indispor com a dita transeunte. Porque nem tudo o que parece é - no caso vendo coisas  supérfluas que comprei e ajuntei em 30 anos, ainda de outras que forçosamente se foram substituindo. Gosto das feiras seja pelo contacto humano, pelas estórias  que oiço e conto, ainda pela festa.Vendi umas peças de loiça, livros e fósseis do Cristo Rei, o saldo foi francamente melhor do que tem sido, apesar dos colegas dizerem à boca cheia que estava muita gente para fora, para comer o borrego em família no campo na segunda feira, uma tradição no Alentejo.
Senti que a feira tem condições para melhorar. A meu ver há falta de sinalética alusiva, não vi uma única tabuleta a dar indicação da mesma - e faz falta para as pessoas na Praça do Giraldo saberem da sua realização e não só, até porque se realiza a um nível abaixo da igreja e da capela dos Ossos, só do varandim ou quem use a escada se apercebe da realização da mesma.Outra nota desagradável, os sanitários públicos do jardim, a WC das senhoras, avariada, vi sair uma turista da dos homens, sujeitei-me na imitação estava de aflitos, tão emporcada que me deu vómitos, deveria haver um empregado permanente para manter a sua higiene, porque  Évora merece, cidade património da humanidade com muito turismo, ainda tive de ver o inusitado, sem o ser, eu é que estava no lugar errado - um homem abotoava a braguilha. Também as casas de banho no mercado escondidas pela arquitectura em cinzento tipo persianas debaixo da escadaria, pior a falta de sinalética visível na entrada do mercado, dei duas voltas ao recinto e, não as via, ainda a falta de manutenção do equipamento, tampas das sanitas no chão, deixam transbordar o cheiro nauseabundo dos esgotos e, sem sabão para lavar as mãos.De tarde fecha o mercado e, claro fica-se sem o acesso às casas de banho. Outro senão são as pedras da calçada a saltar, a pedir remendo imediato, vi pessoas de saltos finos a tropeçar, se caíssem e partissem a loiça toda, quem pagava?
A meu ver o espaço deveria estar mais bem aproveitado, cada feirante se remedeia com o espaço que quer, o que inviabiliza a mostra de poucos stands e, parece pagam a mesma maquia (?). Na frontaria do mercado poderiam também coexistir alguns stands mais pequenos, tornava a feira mais apelativa na sua mostra de velharias e artesanato. O que eu francamente gostei? Dos toldos em verde que a Câmara disponibiliza aos feirantes residentes, uma marca turística de bom gosto.Adorei o contacto humano com alguns colegas. Revi o Sr. Laureano e a esposa não menos simpática Ana Maria, o "Igrejinha" que em abono da verdade se chama António, o David  estava com a mãe minha conhecida das feiras de Oeiras e Algés, do Sr. Francisco e da esposa Teresa. Com este casal, comecei por estabelecer conversa franca com ele, senti  afinidades:   coincidência nos espaços, nas pessoas e, boatos... quanto à esposa Teresa  nesse momento mantinha-se afastada, do lado   de fora da banca, parecia não acatar o que o marido lhe dizia " sabes esta senhora conhece a Aguda, aquele altar..." a Teresa, a bem dizer pouco ou nada se mostrava interessada em participar na conversa, no meu achar senti um nadita de ciumeira - afinal eu era uma desconhecida, conversava e, ria com o marido. Não sou mulher de deixar para amanhã o que posso fazer hoje, nunca gostei de equívocos, nem tão pouco ser conetada de uma coisa que não sou - urgente testar sem delongas - mal ela se chegou a nós, eu, no meu sorriso franco e conversa escorreita lhe confidencio tal pressentimento, a sorrir ela o negou dizendo repetidamente estar apenas chateada com o marido - não me convenceu, não tivesse eu sido uma relações públicas  mais de 30 anos.Num relance ficaram  espantados com o meu estar, diziam " vejo que  é uma boa pessoa, simples, de confiar". Levanta-se num impulso o Sr Francisco do banco para apanhar dois livros da sua banca : Temas de Portugal de hoje e outro do Prec editados em 1972/3 a  quem mandou a esposa escrever dedicatória: num deles referencia a eles donatários, no outro mandou acrescentar o nome do amigo Laureano. Ofereceu-mos, ainda me deu postais de 1895 dum Andrade do Espinhal e, um alfinete em metal antigo. Faria mais ofertas: à minha filha ofereceu  outro alfinete que colocou logo no casaquinho, que bonito ficou, ao meu marido ofereceu uma fíbula medieval, incompleta - peças que encontra  em cenários de guerras por Cuba, núcleos romanos e medievais -  mostrou-me ainda uma cruz antiga com os buraquinhos onde um dia estiveram cravadas pedras preciosas, também de uma estela em metal com um Santinho que andavam no bolso do casaco.Sei que lhe disse " o que lhe hei-de dar veja na minha banca" respondeu " deixe lá isso"...
A tarde fazia-se. Eis que chegam as sobrinhas do Sr Francisco - fizeram-se apresentações. Muito bonitas e simpáticas, uma delas parecidíssima à tia Teresa, afinal só é sobrinha por afinidade. Senti que ficaram encantadas com o elogio, não era para menos - bonitas raparigas com lindo olhar quente - não se fizeram rogadas ao endereçar convite para o ensopado de borrego - a mim e, a outros pagaram na esplanada do café o que cada um quis e, ainda insistiram vastas vezes para irmos comer a  sua casa, a que o tio acrescentava " a casa não é minha, é da minha irmã, mas é como se fosse "...
Agradecemos. Despedimo-nos com a certeza de nos voltarmos a encontrar. Gente muito sã, senti!
Dizia-me o Laureano " a melhor feira que aí está é Estremoz, tem é que lá estar às 5 da manhã!"


A Teresa, ao final de tarde não se calava com o dito repetitivo a bailar na cabeça ...

" TU GOSTAS, MAS APANHAS POUCO"...


   

segunda-feira, 2 de abril de 2012

1ºdomingo de abril na feira de velharais de Montemor o Novo

Dia 1 de abril, podia ser uma mentira, mas foi verdade. Feira bimensal de artesanato e velharias. Recordei nesta terra aqui parar pela primeira vez quando era ainda adolescente no verão de 75 - ano da efeméride da liberdade. Lugar de eleição para se comer e verter águas a caminho dos Algarves. Tanta afluência de gente que aqui parava - enchia cafés e restaurantes, ainda dava tempo para apreciar o bom artesanato em cobre, latão e cortiça. Falo de Montemor o Novo com o centro histórico altaneiro e vista fabulosa sob a planície alentejana. Voltei outras vezes, fiz as mesmas coisas, aqui  haveria de voltar para comemorar o meu aniversario - 45 primaveras, desta vez em caminhada percorri ruas e ruelas desconhecidas do burgo, subi a grande escadaria a caminho do castelo, uma vez  lá, deambulei de um lado para o outro a ver a paisagem, as ruínas, o jardim e,...deleitei-me nas muralhas a sonhar com uma papoila nas mãos. Adorei conhecer o monte histórico, julgo que na altura a única coisa que me fez confusão foi ver num dos  conventos uma discoteca...passei o tempo a abaixar-me na louca procura de caquinhos de faiança do século XVIII e XIX - a terra lavrada deixou-os à vista  - sem rodeios em dia de aniversário dei uma prenda a mim mesma: fingi que estava magra!
Em rota de despedida do monte altaneiro pela estrada  vislumbrei o Museu aberto, senti que  tinham vontade de fechar para almoço...sem ter batido as badaladas!

Ontem na feira só vi trapologia e objectos em prata, será que veria mal?
Velharias - essas sim, muita coisa e boa!
A feira desenvolve-se em lugar estratégico, depois do cruzamento para Ponte de Sôr a seguir à Rodoviária o recinto acompanha o passeio ao longo da estrada principal, com bom parque de estacionamento, casas de banho, uma mais valia, limpas - falta sabão.
Na boca do Sr. Custódio - "se não houver lugares, entra-se pelo cemitério adentro"...organizador da feira - homem de cabelos grisalhos, uma simpatia, melhor impossível, dá uma palavrinha a todos, pergunta como está a correr o negócio, e ainda o vi a tomar conta das bancas do Sr. Carlos e da esposa D. Maria de Lurdes enquanto foram almoçar. Um homem baixo, mas alto em personalidade!
Tomei conhecimento do certame através da Luísa na feira de Vendas Novas, funcionária na Câmara, mal a fui cumprimentar ofereceu-me a mim e aos demais, inclusive a um casal de potenciais compradores que passava no momento, fatias de bolo de iogurte com banana que fez de véspera, apesar de ter vindo a Lisboa participar na manifestação da abolição de Juntas de Freguesia. Fez-me lembrar o  Pão de Ló, húmido, doce da minha mãe. Pequena de estatura mas grande mulher, o tempo dá-lhe para tudo, é muito despachada, tal e qual a comparo com a minha comadre Odete!
No entanto, a 1ª pessoa que estabeleci conversa foi com o colega  David que conheço das feiras de Paço D'Arcos e Algés, estava ao telemóvel, na minha mania de inventar "acredito que a conversa era com o Nuno,  perguntava -lhe se a mãe dele aparecia em Oeiras para montar banca" - respondeu " que ela não pensava ir!
Revi o Sr. Carlos e a esposa D. Maria de Lurdes, sempre simpáticos e atenciosos. Reconheci outro colega que não sei o nome, vende prata. Comprei uma miniatura de uma sanita a fazer de cinzeiro, um saleiro de duas covinhas e asinha ao centro e uma moldura ladeada com a beata Saozinha e um crucifixo.
Conversei com o Sr. António, alentejano de gema, boa figura, 58 anos, cara tisnada pelo sol da feira de Estremoz e de outras, já que não usa chapéu, vale-se da forte cabeleira . Gosto do ver vestido de bata cinzenta na arrumação do estaminé - muita calma , sem pressas, depois de tudo exposto veste o seu lindo casaco de antílope - um homem charmoso. Se há coisa que adoro ver vestida num homem é - antílope.O Sr António - para os amigos Igrejinha, agora anda com um caozito lindo - grande o carinho como dele trata, nunca se esquece de por uma malga com água à sombra para ele se refrescar. Um senhor - sempre na companhia do seu fiel amigo Óscar!
Talvez por isso mesmo ultimamente tem sido a estrela escolhida nas reportagens televisivas feitas sobre o negócio de velharias.  No meu giro após o almoço ao passar pela mesa improvisada onde ele e outro amigo, o Laureano degustavam couvetes compradas no  Pingo Doce: feijoada de choco, bem servida, acompanhada com vinho do melhor, uma pomada de 14º de Évora, ainda tinham uma palete de queijos estrangeiros,vteimaram para comer, provei o roqueforte, e saboreei o nétar do tinto, apesar de só cobrir o fundo do copo numa de os acompanhar - sim nestas coisas alinho sempre, nunca me faço de rogada!
O Sr. Laureano, outro alentejano, louro, sardento, igualmente alto e chapéu à cowboy, muito falador, a esposa não alinha, vi-a atrás da  banca sentada, quando a instiguei para se juntar à festa disse-me" ele só quer vinho". A fazer parelha na conversa do almoço - o "Manel Ourives" estava de pé , disse que gostava de fazer a feira de Tomar onde tem um contato que lhe arranja rodas de carroça. Muito boa gente. Vendem sobretudo quinquelharia em ferro, latão, cobre, madeira e loiça. Bem - com o trago do néctar, deitei o copo  num saco de plástico que estava no chão...naquilo a Ana Rita disse-me "é para fazer companhia às bananas"...reparei o erro - pedi desculpa, o raio do caixote do lixo estava a um metro, afinal. Isto do álcool subir à cabeça é do Katano!
Abanquei entre dois colegas que já tinham as suas bancas armadas e compostas com a mercadoria. De um lado um casal na casa dos 40 de Carcavelos - Isabel e o Rogério. Tinham artigos variados: livros, loiças e bijutaria, tudo bem distribuído nas bancadas com os preços. Venderam bem.Simpáticos e afáveis.
Do outro lado igualmente outro casal da minha faixa etária vindos da Marinha Grande - Henrique e Ilda, grandes bancadas com vidraria, na frente roupas e algum  mobiliário, ainda tinham para venda um triciclo anos 60 igualzinho ao da minha irmã que acabou em trator da nossa mini horta atrás da casa, um canteiro que o nosso pai nos disponibilizou para as nossas sementeiras - na verdade as primeiras batatas a comer em casa eram as nossas, e o feijão verde igual..

Boas as conversas quando não havia fregueses...falou-nos do seu tempo que trabalhou no vidro,como era feita a cor " casca de cebola" a temperaturas muito altas. Explicou-me que os filamentos pretos da aba do cestinho que eu tinha na banca  eram fios de cristal. Ainda falou sobre a arte do vidro branco e azul da fábrica Irmãos Stephans numa de imitar Bacará, disse o nome...
O Simão - "rapaz" de chapéu de palha rotooo...vende livros, parou ao passar na minha banca.Instruído, sabe o que diz, não come carne, só peixe, muito menos de porco, quando o meu marido lhe disse que tinha comido uma bifana à maneira, nada haver com a que tinha tragado em  Vendas Novas - enfezada, fina, esta grossa e saborosa! O Sr Carlos, lastimava-se da carestia do bitoque, 6€...como sempre levei farnel onde não faltaram morangos, chocolate ,amendoins, água e pão de forma integral com frango.
Reparei que a Luísa foi almoçar, deixou apenas a banca exposta, o terrado do chão já o tinha vendido, apenas uma saladeira de Sacavém saltou para a banca. Enfeirou bem, é da terra, sabe quem tem dinheiro!

Reparei também nuns pratões de faiança de Coimbra a muito bom preço, dois foram vendidos ainda de manhã.Ainda uma linda travessa oitavada com motivo casario e uma maravilhosa e resplandecente terrina que me ficou na retina - o pé não é raso como os demais, é aberto, denota um fabrico com sabedoria, não é coisa normal, sim refinada, agora saber a origem?. O motivo cantão popular numa versão com semelhanças a Miragaia em tonalidade escura. Noutra banca vi um conjunto travessa e terrina mesmo motivo, pasta muito grosseira e pesada e tonalidade azul clara. Na banca da D.Isabel apreciei uma escarradeira de Sacavém , branca, o preço apesar de o ter baixado, ainda caro para mim, não a trouxe comigo!
Noutra banca havia bilhas das Caldas e púcaros de duas asas, lindíssimos.O estaminé do David  "pobrezinho" nada comparado com o que conheço  por aqui...sorte a dele, ficar ao lado do Nuno onde compra barato peças excecionais, enriquecem qualquer banca como a da Luísa , seu fornecedor.

Podia ter feito "uma boa feira"... vendi um pratão de Sacavém e outro do cavalinho, caixinhas de miniatura, fósseis do Cristo Rei, livros e até rótulos do vinho Benfica do Arialva. Mesmo assim fiz o dobro de Torres Novas. Deixei de vender peças ( bule, jarra, terrina e...) porque "quem tudo quer tudo perde"...vou ter de aprender a ser mais esperta, fazer o preço a contento do cliente com a dica " é para ficar freguez"...
Gostei muito de ter ido à feira de Montemor o Novo. A meu ver a Câmara que sei vai legislar a mesma e cobrar pela utilização do espaço, no meu entender deveria ser mensal, para o cliente se habituar a enfeirar e também o vendedor se fidelizar, já que com o intervalo tem de arranjar alternativa!

Andava na feira uma senhora de boa estirpe cheia de compras...perguntou-me se sabia de um vendedor que vendia quadros...que lhe tinha vendido um "Pé- curto"(?) cuja  certificação, aguarda há mais de 6 meses e,...bem, vi um elemento GNR a acarretar sacos para o seu Mercedes!
Ameaçou chuva, ainda recolhi os livros, esqueci-me de levar o plástico.
Na vinda a 5 mn de caminho a berma da estrada estava cheia de "escardoça",assim chamada por terras de Ansião,  vulgo granizo!
Espero que o Sr António que ficou sem vontade de arrumar não tivesse sido surpreendido com a trovoada!
Disse-me que não tinha pressas " não tenho mulher à espera"...remendou " até tenho"...
Dizia-me o Sr Lauriano  - "então domingo vamos comer uma sopinha de tomate a Évora", respondi, tenho de convencer o meu marido, se estiver bom tempo, até sou bem capaz de ir.Também a Isabel me perguntou a próxima feira onde vou, falou-me de Ponte de Sôr, sobre a das Caldas disse que havia muita areia, sujava-se tudo.O Sr Henrique e a esposa ponderavam fazer a feira anual de Figueiró dos Vinhos, este ano como não vou à terra não a  faço.
No recinto vi andar uma senhora com uma máquina de filmar. De longe julgo que me apanhou, fazia-me também para os planos das minhas fotos!
Ao chegar a casa depois do duche sentia a cara quente. Culpa deste chapéu esburacado, tenho de comprar outro de aba mais larga.
Coisa para voltar!