Mais um feliz reencontro com gente amiga a convite da minha amiga Isa Saraiva.
A Lena Cunha
Artesã quarentona, de bela silhueta alta e esbelta, muito bonita , abençoada de finas mãos - mulher de cariz energético, doce, gentil e criativa, levou a sério o desafio que o meu marido o ano passado lhe ditou-, para experimentar fazer qualquer coisa alusiva aos signos.
No seu dizer, as carteiras tem sido um sucesso, ofertou-lhe um exemplar com o símbolo animal alusivo ao seu signo.
Comprei -lhe umas botinhas mimosas para o meu neto por 3€, se eu as soubesse fazer não as venderia tão baratas...
Na banca do Fernando Valença, nos restos de uma retrosaria, comprei fita de seda azul celeste
Para debruar a barra da mantinha amarela( a foto é péssima) de lã feita no ponto lérias -, que foi estreada pela mãe, crochetada por mim em tempos que me dava a essas artes
Ainda lhe comprei uma camita pequena em ferro para pôr no quarto da mãe em Ansião, que lhe faltava uma travessa comprida,ainda foram a Nelas ao armazém,debalde não a encontraram.Situação resolvida, como só a pretendo com 1,30 de comprimento a deixei na serralharia para cortar, com o que sobra acrescenta-se para a que falta, depois é lixada para pintar para estar pronta para quando nascer.
Prostrado no chão sobre colchas lavradas em patine branca o estaminé do meu bom amigo Arnaldo Silva com revistas , jornais e livros desde 18..
O colecionar Dr. Rui Veloso de Seia, um distinto politico, julgo foi figura importante em governo neste País, se revela amante fervoroso de Afonso Costa, Nossa Senhora do Carmo e publicações antigas. Aqui comprou jornais e,...
Lástima pensar que a autarquia de Seia onde mora, não denota vontade em a mostrar em Museu, como o anterior sucessor já assim o tinha decidido.Sendo coleção importante, que já alguém a quis comprar -, ao que parece o Dr. Rui Veloso, não tendo descendentes diretos, fazia gosto na sua dádiva - , grandioso gesto de tamanha oferta deveria ficar como é sua vontade na sua terra, porque gestos destes os há poucos!
A doce e bela Inês, a filha do Arnaldo e da Ilda, os meus bons amigos de Torre de Moncorvo que fiz no gosto em convidar, aqui vêem pelo 2º ano.
Revista EVA que escolhi- , a esposa Ilda disse-me para tirar as revistas que quisesse, só trouxe uma EVA de 1931, porque adorei a capa, pela fascinação do rouge que a minha mãe usava , e tantas vezes na socapa roubei a esponja para pintar as bochechas que eram tremendamente brancas...era mesmo pãozinho sem sal...
Ao folhear a revista encontrei bordados quase minúsculos a Ponto Cruz, que se usavam assim na altura em panos tipo lenços, com monogramas -, tenho dois que comprei em feiras, curiosamente neste agosto fui a casa de umas amigas em Ansião -, Adelaide e a Fátima onde vi numa parede um lenço semelhante, bordado pela mãe como prenda ao noivo, o pai delas, que carinhosamente emolduraram.
O monograma do nome do pai ao centro e os desenhos na borda tudo minúsculo.
Vou fazer o mesmo com os meus, que tem letras maiores
Ainda perguntei à minha prima Júlia, o significado destas pequenas toalhas -, disse-me que eram usadas para receber o Senhor em casa, na Páscoa e na extrema unção...
Desenhos por os achar uma graça, quem sabe poderão ser úteis à Lena ou quem sabe a você!
Ao folhear a revista encontrei o figurino, que me fez recordar as histórias que a minha mãe me contava quando
era miúda,ao tempo o seu pai se deslocava de camioneta a Coimbra para comprar fardos de fazenda, para vender na sua arte de paneiro, e
trazia figurinos, com eles as irmãs da minha mãe faziam lindos fatos, como outros na
região não tinham.
Foto tirada na década de finais de 30, a minha mãe nasceu em 34, na frente da igreja de Pousaflores, no concelho de Ansião, no dia 15 de agosto , dia da padroeira Nossa Senhora das Neves- , merece honras de Museu se o fizerem em Ansião, por ser antiga, de grande interesse sócio cultural à época.
A minha mãe ainda miúda de laço de seda na cabeça, saia às pregas e blusa estampada, no chão a fogaça trazida de casa com leitão -, a tradição do tabuleiro está no tempo perdida, mas ainda viva em Tomar, a pouco mais de 30 km, a fogaça era leiloada e comprada pelo pai, o meu avô, depois a família a comia na Chousa, terrenos da igreja nos costados da aldeia à sombra de belos carvalhos alvarinho, sentados na manta de trapos que traziam na carroça.
Na foto a minha mãe ladeada pelos irmãos, o Alberto, a Clotilde, a Rosária e a Maria da Luz, primogénita, estudou em Coimbra, usava chapéu e mala, todas de fato, menos a minha mãe por ser criança. Falta na foto outro irmão, o Carlos, porque ao tempo já era casado e vivia no Alentejo.
O contraste com a mulher de xaile na direita e na esquerda outra de blusa e saia.
O reclame do Ovomaltine, não encontrei o do Milo, o que se usava ao tempo na minha casa.
Um agrado especial para a Isabel Sobral que estando de férias em Quaios, me distinguiu com um telefonema alongado, é sempre um prazer falar com esta amiga, uma senhora elegante, estilista de profissão e de olhar doce, uma romântica.
A Isa Saraiva, anfitriã do evento, não menos querida, ofereceu-nos o almoço em casa, pois tem um excelente marido, o Sérgio, além de se revelar um cavalheiro, é muito culto, sabe ouvir, cozinhar, e tantos outro ofícios -, até doí, pensar que nem todos os homens são feitos da mesma estirpe.Atenção, a minha amiga Merece, como Merece. Ofereceu-me um prato em esponjados de Aveiro.
A Isabel Pires Paula, a lendária persa dada pelo exotismo da sua beleza e tamanha simpatia, é sempre presença atenta e cuidadosa. Deu-me postais e comprou-me um grande prato com aves exóticas pintado por Alcobaça.
Tive o cuidado de ver a oficina que fez os azulejos, esqueci-me...Julgo foi a Lusitânia em Coimbra(?)
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Mal entrei na ponte dei conta de arranjos e pinturas na mesma, e no parque de merendas, para surpresa a Casa dos Cantoneiros que estava em abandono e dela escrevi noutras cronicas, constatei estar em restauro.
Tive a sorte da Isa Saraiva me convidar a entrar e a conhecê-la. Chalet de cariz romântico. Fiquei pasma com a simpatia de todos -, julgo a Luísa também bancária tal como o marido, irmão do dono do espaço, construtor civil. Maravilhada perdi -me na conversa até me esqueci da banca na feira...
Além da casa principal existe do lado sobranceiro ao rio, sob o comprido um casario com janelas que está a ser restaurado como salão, em pedra, admirável e o teto em madeira. No recinto passei pelas antigas pocilgas em pedra muito interessantes enquadradas no espaço,também vão ser restauradas, a casa do forno, tanques de pedra com a água, que desce da mina...
A Casa, pois é bela!
Constatei que no tempo foram roubados os azulejos da chaminé da lareira da sala. O da fachada já o quiseram comprar. O chão em mosaico hidráulico em cinza é bonito. Os recantos, tetos e as ombreiras das janelas em madeira, o sobrado com telhados baixos e inclinados, tudo é nesta casa é um assombro de romantismo e bom gosto que no restauro acredito vão manter a traça.
Dei comigo a descer os degraus na saída a pensar como será amar e ser amada aqui a ver o Mondego e o verde das encostas, paisagem idílica a perder de vista, brutal!
Curioso foi uma cronica minha ter despoletado o interesse desta bela casa, um espanhol entrou em contato com o dono para a comprar-, com isso, e por haver pouco trabalho(?) decidiu em boa hora no restauro.
Estavam reunidos com a família a comer e a beber, eu também bebi, no lado a norte a olhar para a feira, onde já plantaram árvores.Bem hajam a todos que me receberam e distinguiam com tanto carinho!
Luísa, mulher atrevida como eu, somos do mesmo signo,sentimos muita cumplicidade, levou-me a conhecer a mina por um carreiro onde vi o tanque ornado a hortelã pimenta. Daqui sai no momento um cano que abastece de água o fontanário, que se encontra na fachada da casa, por o antigo estar talvez entupido...
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O chafariz com um belo painel de azulejos alusivo ao distrito de Coimbra
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Data de 1898 |
A ponte começou a ser construída em 1894,
e foi concluída em 1898, isto ainda no tempo da Monarquia, reinava então o rei
D. Carlos (1889-1908).Tendo sido construído ao mesmo tempo, um chafariz, onde
se destaca o painel de azulejos do distrito de Coimbra, e uma casa, a Casa
dos Cantoneiros.
Estas três construções custaram naquele
tempo 13.811$50... uma pechincha de tostões...
Parti com a Ilda e a Inês em caminhada até ao burgo das termas.
Mondego de leito doce, calmo, quase a dormir, depois da ponte uma represa com pescadores amadores
Os bancos em granito pintados a branco convidam a sentar e relaxar a contemplar Excelsa beleza
Na margem direita uma pequena casa que termina em jeito de ameias-, a fonte fria das termas.
Também extasiei a olhar o Mondego a pensar a recordar a querer...
Ao longo da Calda da Felgueira encontram-se bancos espalhados para os utentes das termas descansarem quando passeiam -,delicados, com bonecos pintados nos azulejos como noutras termas o mesmo género, os bancos sempre presença.
O complexo termal, dele já falei noutra cronica.
Soube mais tarde em 2019 por o Dr Costa de Vilar Seco - as termas tem pouco mais de cem anos quando foram descobertas as águas, o nome Felgueira é uma povoação perto que agora se chama Felgueira velha
Casario e capela em granito
Claro que de tarde houve farnel.
Tirei uma mesa do meu estaminé para fazer a mesa, levei toalha de linho, desta vez levei as petingas com molho de escabeche. O Arnaldo levou o pack do vinho branco, queijo curado Terrincho velho, salpicão, chouriço e tarte de amêndoa, a esposa do Sr. Alfredo levou um bolo de maçã e uma garrafa de abafado do seu lavrado.
Foi muito bom a confraternização com o Carlos, a Dulce, o filho Vasco, o primo, o Fernando Valença , a Isabel, a Isa, a Lena e,...
Bem hajam a todos, foi um dia de muito calor, mas muito bem passado, em ambiente de boa família!