sexta-feira, 31 de julho de 2015

Merecido descanso ao Paço da Rainha D. Catarina de Bragança

O brasão de Catarina de Bragança por casamento com Carlos II de Inglaterra.
Desta rainha reza a história que levou na bagagem a geleia de laranja, o uso dos talheres e do tabaco. 


Também no hábito de se beber chá , mas apenas D. Catarina o transformou na Instituição que hoje conhecemos por "five o'clock tea".
"Quando em 1685, Carlos II de Inglaterra morreu sem descendência legitima ( o filho de ambos morreu à nascença), a viúva, filha de D. João IV, e Filipa de Gusmão, decide regressar a Portugal em 1693.
Sem morada própria em Lisboa, decide adquirir a D. Francisca Pereira Teles as casas nobres e a vasta quinta agregada, não longe do centro de Lisboa.
" A quinta adquirida, da qual se conhece uma única descrição, apresentava-se da seguinte maneira: (…) cazas de hum sobrado com huma salla extravagante, câmara, ante câmara, casa de oratório, e outras em numero 17, alem das baixas, em que havia escriptorio, cavalharices, e outras casas de despejo; havendo por detrás dellas hum jardim, e cerca com muitas arvores de fruto, parreiras, poço de agoa com engenho de nora, e tanque, bem como hum pomarinho com arvores de fruto, e espinho da China, e hum vão para galinhas e outros despejos, tudo cercado de muros à roda; tendo de fora da dita cerca hum pedacinho de terra, que era a serventia das dittas cazas e cerca, aonde tinha huma porta (…)"
Nesse sítio da Bemposta  mandou construir um palácio com capela agregada, ficando na gíria conhecido como o Paço da Rainha."
A edificação na viragem do século XVII para o século XVIII, na colina de Santana, do Paço da rainha D. Catarina de Bragança , iria alterar definitivamente a feição da Bemposta, assim como toda a sua vivência social à época.
O Paço da Bemposta também conhecido como o Paço da Rainha, mas poucos saberão que se trata de D. Catarina de Bragança.
A D. Maria II doou o palácio ao Estado, passando aí a funcionar a Escola do Exército em 1837, agora Academia Militar. 
Por cima das portas da entrada principal da Academia Militar, ainda hoje se pode ver o Brasão de Armas da Rainha D. Catarina de Bragança. As armas em lisonja partidas, o primeiro de Inglaterra, Escócia e Irlanda e o segundo de Portugal entre dois Tenentes - Leão e Licorne.

Na calçada defronte ao paço da Rainha deparei com um memorial oferecido à cidade de Lisboa pela British Historical Society Of Portugal e a Espírito Santo Financial Group por ocasião do Jubileu de S. M. a Rainha Isabel II de Inglaterra.
Supostamente o busto da Rainha  com a Cruz nas mãos, em bronze, foi desviado...
Havia janelas abertas, através de uma deslindei uma parede com azulejos azul sobre branco
"O paço como residência real, estava munida de uma meridiana, também ela com a função de dar o meio-dia solar verdadeiro e, assim, servir de controlo para acerto de relógios mecânicos. 
Atualmente esta meridiana real, está no estado que se vê, ignorada, num parapeito ignoto."
Sentada num banco à sombra dos plátanos, o Vicente adormeceu...
A capela 
"Na capela da Bemposta de orago a Nossa Senhora da Conceição existe um quadro do retábulo, em que está representada a Rainha D. Maria I e o Rei D. João VI, que aqui no paço viveu depois de regressar do Brasil e lá veio a morrer." 
Defronte ao paço a antiga torre do relógio, à posterior transformado em Posto Astronómico e Geodésico 
 Fachada de prédio do outro lado da rua com azulejos da Fábrica do Desterro
No gaveto defronte ao paço apresenta-se de casario que se nota afundado ou subterrado com a subida do pavimento.
"A aquisição de terrenos por parte de D. Catarina de Bragança, que visava engrandecer o património daquela que foi a sua última residência, assim como as edificações que reergueu em seu redor, para albergarem a sua corte, terão consolidado a morfologia urbana pré-existente. O facto coincidente do arquiteto da sua eleição, João Antunes, morar, juntamente com outros mestres ligados à arte de edificar, nas imediações, terá sido certamente conveniente para o acompanhamento das obras que iam alterando a feição da já existente “Bemposta”."
As evidentes faltas de reboco deixam adivinhar estrutura de arcos em cerâmica que atesta a antiguidade das possíveis casas nobres que a Rainha inicialmente adquiriu (?).

Fontes
Wikipédia
http://observatoriorelogioshistoricos.blogspot.pt/
centroculturaldaponte.wordpress.com
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/
http://mariomarzagaoalfacinha.blogspot.pt/

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O porquê da toponímia do 23 e 24 de julho em Almada e Lisboa

Na terça feira de regresso da feira da ladra, ao meio da calçada a caminho da Graça, junto a um antiquário ou ajuntador de velharias, havia uma furgoneta de porta traseira aberta com um caixote cheio de perneiras ou polainas em cru alinhado grosso com correias de cabedal, o que me apeteceu roubar umas!
Incrível a minha filha percebeu o meu intento (?), apesar de nenhum gesto, apenas mental e, "deu-me na cabeça" ...no meio de desculpas, acabou por confessar que também pensou no mesmo, para me confortar...Eram brutalmente interessantes, na lembrança do vestuário dos soldados no Museu do Buçaco, que o visitei ainda em miúda.
Tal imagem havia de ficar na cabeça, nem de propósito à noite em conversa com um bom amigo AR, veio à tona a batalha da Cova da Piedade, julgando ele, que tal facto eu desconhecia...mas como, se ambos somos gente com gosto pela cultura!

Guerra Civil da luta pelo trono no período de 1832/34
Caricatura dos príncipes irmãos -, D. Pedro IV (liberal) e D. Miguel (absolutista) 
Batalha da Cova da Piedade foi travada no dia 23 de julho de  1833, entre as forças Realistas (Miguelistas ou absolutistas) de D.Miguel e as forças Constitucionais (ou Liberais) de D.Pedro IV.
As tropas Liberais planeavam invadir Lisboa através da Margem sul do rio Tejo.
O terreiro da grande batalha entre os dois exércitos deu-se na Cova da Piedade nas imediações da praia do Caramujo antes dos pântanos, no atual jardim público, estendendo-se à praia da Mutela, no espaço a sul do que foi o estaleiro da Lisnave, antes da Margueira. 
Mas julgo sem lápide  ou memorial (?) que assinale tamanho marco histórico a todos os que por ali passam, supostamente haverá gente que desconhece a história do local da Batalha da Cova da Piedade travada aqui em 1833, de grande mérito para o destino de Portugal! 
Vista Geral — Cova da Piedade ed. desc., década de 1900
Imagem:Delcampe

Qualquer coisa como um exército de 1.500 homens-, os Liberais, vindos dos Algarves "à la pata", sob calor tórrido dos finais de julho, apesar da desvantagem numérica, tiveram forças salvo seja fossem as boas águas da região, para  combater destemidamente uns 5.000 Miguelistas, comandados por Telles Jordão, tropas folgadas que fizeram a travessia do Tejo em barcaças, só andaram a pé coisa de quilometro e meio...
O deleite do sabor e delícia das descrições de antanho
"e toda esta tropa quasi descalça, queimada pelo intenso sol de julho, e ralada de fadiga pelas não interrompidas marchas forçadas.Mas o pequeno número e o estado destas tropas ignorava-o Telles Jordão; pensava que sobre elle vinha todo o poder do mundo, e uma nuvem de lanceiros, arma desconhecida delle e dos seus. 
 Quem muito concorrera para esta falsa idéa fôra o Cavadas da Amora, interceptando correspondencias, e fazendo espalhar mentiras pelas populações da Outra-banda.
Montava Telles Jordão a cavallo, quando os insignilicantes piquetes realistas das estradas lateraes recolhiam à Piedade diante, das pequenas columnas que o duque da Terceira por ali mandára, e uma força consideraval de todas as armas batia em retirada pela estrada de Corroios; de sorte que n'um momento se viu Telles Jordao encurralado na Cova da Piedade e atacado furiosamente pelos flancos e pela frente.
— Avança a cavallaria! gritou elle. 

E immediatamenta abalaram os 200 cavallos. Ergueu-se logo aos ares uma nuvem de poeira, no meio da qual a cavallaria investiu com os 17 lanceiros, que começavam a golpear por aquella agglomeração de tropas;mas sendo estes em numero tão diminuto, resistiram um momento e retiraram, ficando alguns feridos, mas sem perderem um só homem.
Viu-se entao apparecerem como dois reductos de logo, os quadrados de caçadores 2 e 3. contra os quaes toi embalar o impeto da cavallaria miguelista.

Aqui foi o grande o horror da peleja, e os quadrados soffrerarn alguma perda;

mas repeliram por fim a furiosa carga, apezar dos grandes brados de Telles Jordão, que nao podendo desenvolver toda a sua forca em tão estreito local, e estando na idéa, bem como os seus officiaes, de que o inimigo que tinham diante era apenas as avançadas de um poderoso exercito, perdera a serenidade de espirito indispensavel a um general nas occasióes de perigo.

Continuando o vivo logo dos liberaes a dizimar cruelmente aquelle acervo de inimigos, isto e a absoluta carencia de ordens apropriadas e rapidas trouxe a confusão, e relaxou-see até mesmo a disciplina.
Cada official comecou a dar a sua ordem, e as tropas a dividir-se pelas quintas, casas e valas do Caramujo, d'onde faziam fogo.

Comtudo, mesmo assim os realistas sustentavam o combate, e ainda depois de alguns tiros de artilheria e descargas de fusilaria mandou Telles Jordão dar uma segunda carga de cavalaria;
foi porém esta mais infeliz do que a primeira, porque grande parte dos cavalleiros foram aprisionados ou se entregaram, assim como quasi toda a artilharia.
Immediatamente se introduziu o panico na divisão, e principiou a desorganizar-se.

"Uns renderam-se, outros fugiram para o interior da Outra-Banda, e para o castello d'Almada, que se entregou no dia seguinte às 7 horas da manhã, e o resto começou a retirar sobre Mutella.
Ora, proximo d'esta povoacão, justamente d'onde parte a estrada para Almada, havia uma cortadura com artilheria 
Ahi fez Telles Jordao alguma resistencia; mas sendo vencido, tomou pela estrada tora com o grosso da columna em direcção a Cacilhas, sempre perseguido pelas tropas do duque da Terceira, que o não deixavam resfolegar um só instante."
Foto antiga do jardim da Cova da Piedade
Após o confronto de tropas, o exército Liberal conseguiu avançar sobre os absolutistas forçando-os a bater em retirada para Lisboa, sendo que muitos tomaram o caminho na Mutela, para Almada e se refugiaram no seu castelo.No dia seguinte, o castelo foi capturado pelos liberalistas e o General Telles Jordão das forças absolutistas foi morto a golpes de sabre por um oficial Liberal, sendo enterrado na praia  da Mutela (?) com um braço de fora.
Pois parece-me estranho o Telles Jordão ter sido morto no castelo, tendo depois sido enterrado vivo com um braço de fora na praia. Supostamente foi trespassado  pelo sabre pelas costas(?) ainda no campo de batalha em fuga a caminho de Almada na praia  da Mutela, tendo logo aí sido enterrado ainda vivo, segundo o boato com os braços de fora... 
A vitória da batalha da Cova da Piedade marcou o fim das esperanças dos Miguelistas de conter o avanço Liberal sobre Lisboa, sendo decisiva no desfecho da Batalha Liberal contra os Absolutistas. Os apoiantes de D. Pedro IV ganharam esta luta. Embarcaram no dia seguinte em Cacilhas para Lisboa e, na capital deu-se a derradeira vitória dos Liberais. 
No dia 24 de julho o Duque de Saldanha aporta ao Cais do Sodré vitorioso, onde viria a ser levantada uma estátua em sua homenagem e a avenida para poente ganhou o nome a perpetuar a data de 24 de julho.
Confidenciou-me um bom amigo AR "No concelho de Almada -,23 de julho na toponímia da avenida que liga a Cova da Piedade ao Laranjeiro, dado por mim quando era do executivo da Cova da Piedade em 1983 ( por altura dos 150 anos da batalha) ."
Assim os nomes das avenidas 23 de Julho (Cova da Piedade) e 24 de Julho (Lisboa) assinalam exatamente o percurso da vitória liberal da Restauração.
Pois ao tempo moradora no Feijó, e a cada dia nos transportes públicos, bem me recordo da colocação das placas com o nome da avenida que liga a Cova da Piedade ao Laranjeiro e, na minha cabeça sem entender o porquê de 23 de julho, conhecendo bem a 24 de julho em Lisboa, onde trabalhei num barracão dos CTT em 1980... 
Mais vale tarde do que nunca!
Os Miguelistas fugiram para o Brasil embarcando na Ericeira.
Caricatura do Duque de Saldanha publicada na edição de 2 de setembro de 1871 da Revista Vanity Fair. 
Na legenda, a frase "He might have been a King." (Ele poderia ter sido um rei.").
Vista de Cacilhas vista do Tejo, gravura xilográfica, João Pedroso, 1846
Imagem: revista O Panorama, n° 18, 1847
Ontem de tarde telefonei ao meu bom amigo de décadas-, AR para beber uma imperial em Cacilhas.Sedentos de conversa, às tantas dizia-me " tu és boa para conversar"...
Amei o encontro ao sabor da maresia do Tejo com olhar da cor do céu!

Fontes
pt.wikipedia.org
http://www.m-almada.pt/
http://almada-virtual-museum.blogspot.pt/
http://histgeo6.blogspot.pt/

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Rua das Barracas altaneira a Santa Bárbara em Lisboa

O Largo de Santa Bárbara nasce numa confluência de vias; Rua dos Anjos; Rua Jacinta Marto e Rua de Santa Bárbara.
Tomando a Rua de Santa Bárbara destaca-se uma arriba com escadaria que emboca no que foi uma fábrica(?).
 Destemida aliada ao prazer aventureiro avancei sem medos...mas mete medo!
Ao cimo da escadaria nasce o Beco Petinguím ( não sei o significado) de empedrado basáltico com algum casario degradado.
Neste Beco do Petinguím nasce outro que medeia julgo do edifício habitacional da família do proprietário interligado por uma galeria em ferro forjado ao nível do 1º andar com a fabrica e armazéns(?), toma o nome de Beco do Félix.
Galeria de cariz romântico, produzida por altura do auge do ferro forjado dos finais do século XIX(?).
O que resta de tubagens da fábrica(?).
Porta de entrada da habitação ladeada por dois óculos de iluminação natural em oval
O Beco do Félix  emboca na rua das Barracas
 Perspetiva do que foi a fábrica, escritórios e armazéns(?).
Interessantes os algerozes com a cara de um leão
Porta do escritório
Julgo a Firma ainda existe no ramo do papel-, armazenistas e distribuidores(?)
 
Descobrindo a Rua das Barracas para norte
 
A Rua das Barracas a norte, termina num largo sem saída vedada por  rede, de paredes meias com a GNR e um prédio
 A maioria das habitações ostenta uma pedra com a inscrição CML
Um grande Largo sem marcações, necessita de requalificação, porque deve ser marcado
Pois tive de voltar para trás, fiquei amarrada nesta porta que me lembrou a minha infância, seja pelo postigo do janelo ou da mãozinha para bater...
 Distingui vestígios numa parede do que resta de azulejos de vários padrões, a céu aberto, garagem!
Frente das casas Beco do Petinguím, emboca para sul num largo "mal amanhado" e escadaria descarrilada
Escadinhas da rua das Barracas
Entrada para as escadinhas pela Rua de Santa Bárbara

Praticamente metade da Rua de Santa Barbara, se apresenta de moldura arquitetónica degradada, merecia ser devidamente reabilitada, e o mesmo da congenere, a rua das Barracas.
Caricatamente estando no centro de Lisboa, esta zona é privilegiada por apresentar bastante espaço para estacionamento e de lazer, e nada se faz, ou muito pouco. Os edifícios da fábrica mereciam ser requalificados, um hotel (?), atendendo à traça interessante, estando em local altaneiro, com muito sol.O morro de suporte poderia albergar um estacionamento subterrâneo, ou em cilo. Na envolvente o casario camarário deveria ser todo reabilitado ou vendido com essa finalidade.Quanto ao Largo das escadinhas merece ser intervencionado com um pequeno jardim, nova escadaria, aqui e a norte parques de estacionamento para residentes e boxis grátis.Não se entende uma camioneta estacionada em plena via...
Esta zona merece que "alguém de olhão, a olhe com olhos de ver melhor!"
Evocando os slogan pintados nas portas fechadas a tijolo e cimento, para não serem invadidas
Abre a Porta do Proibido
O teu lixo é o meu Ouro!