sábado, 21 de novembro de 2015

Divagar sobre a Depressão Calcomargosa do Rabaçal

A Depressão Calcomargosa do  Rabaçal em Proto-História!
Muito por explorar da rede castreja se começar no castro de Conímbriga, da idade do Bronze, muito  conhecida por cidade romana, assente à origem do povoamento e seus carreteiros, os caminhos, permitiu a chegada de povos na proto-histõria entre gregos, romanos e legado Al-Andaluz.
Inegável um Marco a desafiar mil horizontes, estonteante a desencadear panóplia de múltiplas sensações inspiradoras  ... 
Segundo o Dr. Lúcio Cunha "Uma excelente compilação! A geomorfologia ao serviço da história ou como o relevo regional e local condicionou ocupações humanas ao longo dos tempos."

A mais valia ao  conhecimento e interpretação da região cársica tão esquecida, quanto bela.

Paira no ar ainda a mítica a célebre batalha de Ourique, pese celebrizada no Alentejo

1142 - 114 « (...) o fossado da Ladeia referido numa carta de doação e venda de um casal em Travancela concelho de Sátão feita por Afonso Henriques a Mónio Guímares, procurando descortinar da possibilidade de a Batalha de Ourique ter ocorrido no Chão de Ourique da Ladeia.Contudo numa obra posterior Região do Rabaçal. A terra e o homem do Dr Dias Arnault dá tal hipótese pouco provável».

Em 1669 a comitiva do Conde Cosme de Médicis vinda de Ansião não imortalizou os montes em forma de cone, característicos no Rabaçal que se impõem pela brutal diferença  na paisagem única e avassaladora. Volta a ser referenciada nas Memórias Paroquiais de 1758, nos assentos da Casa Cadavalaté à queda de D. Miguel, em 1832, todo o vale do Rabaçal pertenceria ao Senhor Duque do Cadaval.  Também a merecer obra nos escritores; Camilo Castelo Branco (em parte escrita na quinat do Salgyueiral em Chão de Couce) e Fernando Namora que vinha ao Vale Florido (Alvorge) passar férias a casa de uma avó. 

Altaneira a muralha do Castelo do Germanelo também chamado do Rabaçal
Fotos retiradas do google
D. Afonso Henriques doou em testamento a herdade de Alvorge e sua torre, situada na Terra da Ladeia, ao Mosteiro de S. Jorge que a passou a administrar. E mais tarde a herdade da Ateanha ao Mosteiro de Santa Cruz como era já a Herdade de Ansião.
A nascente defende o historiador Padre José Eduardo Coutinho, a existência de um povoado castrejo no cimo do morro de Trás de Figueiró e a poente a torre medieval de Santiago da Guarda.

O Foral do castelo do Germanelo 

« Tanto Rodrigo Pais como Maninho Nunes foram alcaides de Coimbra e é crível que esse cargo 
se estendesse também aos castelos de Penela e Germanelo .O 1º aparece como testemunha em muitos documentos e o 2º como proprietário.» 
O Rei D Afonso Henriques atribuiu Carta de Foral ao Concelho do Germanelo sem se saber a data se 1142 ou 44 - determinava além de serem livres de impostos, concedia paz, perdão e isenção de justiça a todos que tivessem cometido crimes de homicídio ou de furto, sob a condição de se refugiarem nas terras do Germanelo e de as cultivarem.
O pequeno Castelo do Germanelo também conhecido por Castelo do Rabaçal, julga-se tenha sido erguido sob um castro romanizado, construído ao estilo da época - o romântico, implantado numa área de 80 mil metros quadrados com mata circundante, foi mandado edificar por D. Afonso Henriques ara defesa de posto avançado da segurança  da  cintura fronteiriça da capital Coimbra, com limite descortinado mais tarde  a sul  na Fonte das Bogas, Formigais, hoje Fonte Grande. 
A sul do Germanelo davam-se constantes  algaras mouras vindas de Santarém integrado na cintura defensiva entre castelos e  pequenas torres de atalaia . Na maior parte desaparecidas, resta na toponímia a Torre do Chão de Pereiro,  em Penela.

Com o avanço da reconquista de Santarém e Lisboa, o Castelo do Germanelo perdeu a sua principal função estratégica, vindo a ser rapidamente abandonado como estao perdidas muitas referências sobre o que foi o espírito e limites da  Genea, vulgo Ladeia. 

Cortesia de Jorge Sá Nunes
Planta do castelo do Germanelo de arquitectura militar

Excerto Esquilha Em 1890 Delfim José de Oliveira faz a primeira descrição da fortaleza: ‹‹tinha 33 metros de comprimento leste-oeste por 20 de largo e duas portas: uma ao nascente; outra ao poente. Os muros estão demolidos até à plataforma; existe d’elles só a base, feita com abundância de cal, tendo ainda hoje do lado exterior, em toda a sua circunferência, dois a três metros d’altura e dois de espessura››. Em 1939 no livro Ladeia e Ladera, com a planta do castelo e duas fotografias, uma descrição: ‹‹107 metros de perímetro, 58 de comprimento leste- -oeste e 22 de largura. (...) 


O Dr. Salvador Dias Arnaut, obreiro da História Regional e local de Penela, o adquiriu em 1941.  Marca o começo de um largo período de sistemático estudo  e  coordenou nos anos 40/50 pesquisas nas ruínas do Castelo de Germanelo,  às quais dispensou particulares cuidados no sentido da sua preservação, pondo a descoberto o sítio da porta, a cisterna, base de casas e o local da lareira e ainda a reconstrução da sua muralha norte.
Teimei conhecer a muralha do Castelo que conhecia desde criança que a distingui a caminho de Coimbra, e tanto me fascinava. Aconteceu  nos primeiros anos de casada, aos 25 anos . O Volkswagen carocha subiu  sem medo a  subida íngreme em terra argilosa, debalde teimou resvalar na lama... fácil deixa-lo e continuar a subida  a pé. Lamento naquele tempo não ter registado fotos.Brutal orgasmo intelectual pela miragem do extenso e deslumbrante  vale circundante de grandes contrastes ao invés de luxuriante, desnudado, vestido de formas belas a poiso de  muita história, para acordar e  tentar redescobrir o traçado da via romana a ligar Olisipo a Bracara Augusta, com Conímbriga .

O Vale do Rabaçal e áreas limítrofes onde se encontram quase duas dezenas de estações arqueológicas de época romana. 

O que resta do pequeno Castelo do Germanelo ou do Rabaçal 
Nos dias d'hoje nada mais do que uma muralha com 107 metros, situado na vertente oeste do vale fértil, mas apertado pela esterilidade dos montes em forma arredondada.

Interpretação ao Vale do Rabaçal e da civilização romana
"Quanto às vias que serviam o vale, elas apresentam-se indispensáveis para alcançar os mercados, tornar o território um lugar seguro e possibilitar, porventura, o regresso das riquezas produzidas, de que são reflexo a arquitectura áulica, os mosaicos e os baixos-relevos presentes, de forma eloquente, na Villa do Rabaçal. Estas constituíam um dos elementos mais importantes da prosperidade do vale do Rabaçal, pois por ele passava a estrada imperial, ligação charneira entre o Conventus Scallabitanus e as cidades capitais da Lusitânia e da Galécia. De realçar que, por aqui passavam e continuam a passar os peregrinos com destino a Santiago de Compostela-, chamados de Peregrinos, do latim "Per Aegros", "aquele que atravessa os campos"..
Como dizia Agostinho de Hipona, em De ordine, I,1,3, 

"Se alguém olhasse com tal minúcia que, num vermiculatum pavimentum, nada o seu olhar conseguisse abarcar para além da dimensão (módulo) de uma tessela, censuraria o artifex como ignorante da ordem e da composição". Isto porque consideraria perturbada a multiplicidade das pedrinhas, por não poderem ser vistos e apercebidos de uma só vez esses emblemata (ornatos) que contribuem para a configuração de uma só beleza."

"Nada menos que isto acontece aos eruditos que, não conseguindo ver em conjunto, por serem dotados de mente fraca, a adaptação e a harmonia de todas as coisas, se algo os impressionar por ser superior à sua capacidade, consideram que uma grande fealdade é inerente às coisas..."

Rotas por Sicó no palco poente da Ladeia
Terra rossa semeada a calcário
 Serra de Sicó

 Muros de pedra seca

                        
 Alminhas em pedra no Rabaçal
 Alvorge
Rota do Caminho de Santiago de Compostela
Conímbriga dista  em linha reta uns 5 Km .Outra vez parei à saída da Fonte Coberta para tabelar conversa com um peregrino espanhol, trazia às costas a gaita de foles, disse-me que vinha de Lisboa, era um passeiozito até Compostela, coisa de 700 km, e ainda confidenciou ter adorado o Rabaçal e a comida.
  
A Ladeia, Ladera, com terras metidas umas nas outras das herdades de S. Jorge, do Convento e do Mosteiro de Santa Cruz, Comenda de Soure, de Ega e do  islado Convento de Celas, onde ainda prevalecem marcos antigos de delimitação das suas propriedades, com marcas da Casa de Cadaval , Ordem de Cristo, Universidade de Coimbra e dos mosteiros e casario de gente nobre-  Casas dos Almadas, Figueiredos da Guerra ( solar com capela Nossa Senhora do Pilar no Alvorge), Corte Real e,... 

Fotos de dois marcos DE e V da Universidade  
Agradeço a cortesia da partilha a Norberto Marques
Marcos Miliários
Miliário encontrado no lado sul do vale do Rabaçal , próximo da povoação dos Tamazinhos, nos terrenos da Quinta da Ribeira de Alcalamouque, na estrada imperial marca a distância de 8 milhas (cerca de 12 Km que ainda falta cobrir para chegar até à cidade caput viae de Conímbriga.
Curioso formato fálico. Não resisto a contar.Tive o privilégio de sentir na minha mão um fálico em pedra encontrado no Rabaçal, apesar de imensamente frio, tão soberbo achado devia estar plantado em vitrina do seu Museu, nada mais do que o órgão genital masculino encontrado por uma pastora/queijeira que despertou interesse ao seu olhar peculiar e o guardou e que belíssima peça do neolítico. E só me o mostrou porque perante uma sala cheia de fósseis marinhos, entre outras pedras lhe perguntei onde as tinha encontrado e qual a motivação de olhar para as pedras e lhes distinguir subtilezas , no juízo errado, não teria cultura para as apreciar...debalde enganei-me, armada de sorriso maroto deixou-me e foi a outra divisão trazendo na mão um fálico completo em pedra e claro não resisti a pedir-lhe para o sentir na minha mão...Frio, imensamente frio, mas belo...Infelizmente já falecida, dona de um belo par de olhos azuis, natural do Alvorge, viveu de paredes meias com a igreja do Rabaçal, onde teria sido estalagem. Voltei a sentir mais tarde outro fálico, em negro com ranhuras como se fosse um coluna jónica, em Torre de Moncorvo.
Outro miliário grande e alto em calcário local, originário de Mocifas nas Degracias, data de 250 d.C. Nele consta o nome e título do então Imperador Décio, o que atesta a importância da via romana que viria a ser, depois, estrada medieval e, mais tarde, a Estrada de Coimbrã que (ainda o era, no século XIX).Doação do Marco Miliário: Kees e Maria Isabel Alçada Koenders. 2001, encontra-se no Museu do Rabaçal.

Fonte Coberta
Ponte filipina na Fonte Coberta  com o Rio de Mouros em caudal abundante
José da Fonseca o Mestre de obras de Ansião

O caminho entre Fonte Coberta e Poço das Casas na passagem dos invasores franceses em 1810
"Em 1854, por estas paragens passaram os exércitos das Invasões Francesas, deixando atrás de si rastos de devastação, pilhagem e muita descendência.Depois de não ter conseguido ultrapassar as Linhas de Torres, Massena e as suas tropas recuam até à região de Coimbra ,com a intenção de passarem o rio Mondego, indo ao encontro das forças de Soult estacionadas em Badajoz, para, desse modo, utilizando o rio Tejo e as planuras alentejanas procurarem, de novo, a conquista de Lisboa. Como Coimbra se encontrava devidamente protegida pelos militares luso-ingleses, Massena decide tornear o obstáculo encontrado através da circulação pela ponte da Mucela, inflectindo para Miranda de Corvo, a partir de Condeixa-a-Nova. Antes de partir nesta direcção, Massena aquartelou, no dia 13 de Março de 1811, em Fonte Coberta (freguesia do Zambujal), debaixo de uns frondosos carvalhos, hoje inexistentes, preparando, ao ar livre, o jantar, tendo por companheiros alguns membros do seu Estado-Maior, a amante e cinquenta e cinco soldados, na presunção que as divisões sob o comando do Marechal Ney lhe davam cobertura suficiente no caso de um ataque inimigo, bem como os soldados de Loison (o famigerado Maneta) dispostos entre a Fonte Coberta e a Póvoa de Pegas, e o pequeno vale fértil que se estende até à povoação do Poço das Casas e é atravessado pelo medieval e central caminho português para Santiago . 
O descanso dos invasores franceses foi inopinadamente posto em causa quando se aproximam perigosamente de Massena cinquenta militares ingleses e os espaços circunvizinhos foram ocupados por tropas da mesma proveniência. Na circunstância valeu a Massena, General Eblé, Comandante Pelet, a amante do «Filho Querido da Vitória» e granadeiros da guarda, o nevoeiro espesso anunciador do aproximar da noite. Aproveitando essa benesse natural, às vinte e duas horas do mesmo dia, o quartel-general francês abandonou a região, evitando a captura, após um irmão do General Barão de Marbot, Adolfo, de seu nome, profundo conhecedor da língua inglesa, ter ido ao encontro da força opositora escondido pelas condições climatéricas, e, em nome de Wellington, sugerir em voz audível a sua deslocação para outro local. "
Serra de Janeanes, muros de pedra seca
A valentia do povo do Vale do Rabaçal contra os invasores franceses
"Segundo reza a tradição popular da freguesia, criada em 1528, a população da aldeia da Serra de Janeanes, localizada numa pequena cadeia montanhosa mais a poente, aproximou-se do pico da Lomba, do monte sobranceiro à Fonte Coberta, e fazendo grande algazarra ajudou a afugentar os franceses.Na Fonte Coberta, a população, utilizando o caminho do Valinho. dirigiu-se para a vertente do monte anteriormente referido, escondendo-se onde foi possível, e, em particular, na reentrância geológica conhecida por «buraco da raposa». Entre os populares destacou-se a Dona Carolina, “a Velha”, que nasceu nos finais do século XVIII e faleceu no início do século XX com 114 anos de idade. Transportou consigo os galináceos que pode mas como o galo cacarejava, de modo a evitar a sua audição e reconhecimento do terreno pelos invasores, cortou-lhe a cabeça com uma pedra. "
"No monte das Pegas, situado junto da aldeia da Póvoa de Pegas, a norte, o povo local e das terras vizinhas refugiou-se no seu topo com o gado caprino e ovino produtor do afamado queijo do Rabaçal, tendo colocado nos cornos dos animais tochas acesas que deram aos franceses uma imagem dantesca e poderosa daqueles que os odiavam, contribuindo para a sua fuga. Este estratagema, utilização de tochas acesas nos cornos dos animais ocorre na ocupação romana, invasões muçulmanas e Guerra da Restauração do actual território de Portugal. Na Serra do Caramulo, monte Lafão, existe a este propósito a lenda do castelo do rei Cid Alahum, e já Aníbal, chefe cartaginês, na II.ª Guerra Púnica, século III a. C., ao ver-se, na Península Itálica, encurralado por Quinto Fábio Cunctator, colocou archotes nos galhos de dois mil bois para distrair as tropas romanas e conseguir escapar ao cerco.
Não pondo em causa a veracidade do comportamento das pessoas (aglomerações, algazarra, tochas acesas nos cornos dos animais, etc.), o que, efectivamente, levou os franceses a fugir foi o eminente aprisionamento de Massena, que teria dado ao exército anglo-luso um estrondoso incentivo psicológico e simbólico, e a presença das tropas britânicas no vale da Fonte Coberta-Poço das Casas. "

















A titulo de curiosidade na passagem destes invasores franceses o povo do Rabaçal com medo dos saques enterrou na frente da igreja, as imagens de pedra dos seus Santos. E ali ficaram mais de duzentos anos, só descobertos por casualidade quando abriram uma vala de saneamento(?) há poucos anos. Encontram-se no Museu.

Painel azulejar comemorativo da passagem dos invasores franceses
 A Junta de Freguesia de Zambujal fez erguer um painel de azulejo  perto deste local .
Citações brutais a rivalizar comigo a mesma paixão por este vale
"Eu, em Portugal, de Lisboa a Condeixa, passei por uma única terra que compreendeu o interesse desta posição estratégica e investiu de maneira inteligente no Caminho de Santiago: em sinalização, em placas, no aspecto atractivo da terra. Uma autarquia inteligente – parece haver tão poucas. Situa-se entre o Rabaçal e Condeixa; chama-se Fonte Coberta.” 

" (...) escritores também falam deste vale com paixão e acuidade.Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Miguel Torga e Fernando Namora referem este lugar do Rabaçal em prosa, em poesia e em obras pictóricas, conforme exposições, catálogos e guia.
E outros como Santos Rocha, João Manuel Bairrão Oleiro, Lúcio Cunha, Vasco Gil Mantas, Fernando Rebelo, Justino Maciel, A. João Nunes Monteiro, Salvador Dias Arnaut e Jorge de Alarcão e eu e ,...

A Depressão Calcogarmosa do Rabaçal é extensa- 12 km por 1/2 de largo - uma grande banheira informação complementar de Sérgio Medeiros . 

Na verdade a leitura do nº 9 dos Cadernos de Geografia de 1990, Coimbra do Dr Lúcio Cunha Alguns Problemas Ambientais em áreas Cársicas, de sobeja importância, quiçá inédita, a mais valia para melhor conhecimento e interpretação da região, afinal tão esquecida, quanto bela, que  devia ter referenciado, a falha que lamento.
Um dos mais emblemáticos e místicos locais  que eu gosto em puro delírio revisitar.
Conheço o vale desde semente na barriga da minha mãe e na viagem no táxi do Sr Estrela de Ansião com pressa de nascer em Coimbra...Voltaria de carro vezes sem conta e na camioneta do Pereira Marques a caminho da cidade, ou vinda dela para casa (Ansião). A primeira vez que senti em plenitude o chão calcomargoso, inóspito, seco, estéril, pedregoso, vestido de cepas e olival raquítico e enfezado, teria 8 anos, para conhecer a Fonte do Alvorge, onde saciámos a sede e de longe avistámos o abandono do solar dos Figueiredo da Guerra, na beira da estrada romana .
Do Alvorge na descida ao vale por caminho tortuoso as vistas eram ímpares, deslumbrantes, pese  outeiros nus a salpico de vegetação. O meu pai falava-nos  do peso da história, dos romanos e da importância da água em terras cársicas, por isso haviam poços de chafurdo, com escadaria para acesso à medida que a água escasseava até se chafurdar no fundo do poço.O primeiro que conheci no quintal dos meus pais, sob o comprido, abaulado dos lados, a mim reportava-me para caixão com grande escadaria de pedra, as vezes sem conta a subir e a descer de balde cheio o deixava ao meio da escadaria  para a minha irmã despejar em pleno agosto para regar o couval, sem  deixar afrouxar o caudal...

Em mim. este vale desde sempre desencantou encantos tamanhos com vontade desenfreada de o percorrer para mais sentir e descobrir. Seguiram-se no tempo outras  aventuras na companhia da minha mãe e outras vezes com o meu marido, jamais sozinha, para alcançar e desfrutar em plenitude a extraordinária paisagem e a beleza que irradia a vila do Alvorge, serra de Janeanes, Mocifas, Rabaçal, Fonte Coberta, Casas Novas e Aljazede, onde sempre me deslumbro e jamais me canso de olhar e sentir paixão e venho de espírito renovado por encontrar fósseis e pedras esculpidas pela erosão...trago sempre alguma no bolso! 
A minha visita à villa do Rabaçal num dia de agosto tórrido
Mosaico referente à estação do ano - Inverno

Dolina cársica da várzea de Aljazede 
Fechar a visita a nascente com a água da sua dolina na várzea...
Aos pés da que foi a Herdade da Ateanha que D. Afonso Henriques doou ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e o quanto ficou por dizer...


FONTES

Salvador Dias Arnaut, Ladeia e Ladera - Subsídios para o estudo do feito de Ourique, Coimbra, 1939
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/46578/1

http://itinerante.pt/
http://www.fmsoares.pt/
http://www.cm-ansiao.pt/
http://www.distritosdeportugal.com/leiria/alvorge/patrimonio.htm
https://www.uc.pt/fluc/depgeotur/publicacoes/Cadernos_Geografia/
file:///C:/Users/User/Downloads/Dissertação de mestrado Manuel Cravo
Duas fotos de marcos de Norberto Marques
Uma foto informativa de Jorge Sá Nunes
Testemunho de Sérgio Medeiros

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Acordar memórias dos conventos de Figueiró dos Vinhos


"Marco religioso de grande significado simbólico para os figueiroenses, o Cruzeiro denominado Cruz de Ferro, situa-se no cruzamento da Rua D. Diogo de Sousa com a rua Dr. António José de Almeida, incrustado num muro sobre um plinto de pedra. Com a altura de três metros esta cruz feita em chapa de ferro apresenta as terminações lanceoladas, bem como o alto relevo de Cristo Crucificado, com as insígnias da paixão em contraste.
Datada de 1816 foi por certo das últimas obras das Ferrarias da Foz de Alge.
 O documento vindo à luz pelo  investigador Miguel Portela: Manuel Fernandes, mestre pedreiro da cerca do Convento dos Carmelitas Descalços em Figueiró dos Vinhos"Atestamos, também, que Pero de Alcáçova de Vasconcelos faleceu em Figueiró dos Vinhos a 12 de setembro de 1617, tendo sido sepultado pelos frades carmelitas neste convento. Sua esposa, D. Maria de Meneses, faleceu em Madrid no ano de 1638, deixando a este convento 200 000 réis (SANTA ANA, Fr. Belchior de, Chronica de Carmelitas descalços…, op. cit., tomo I, pp. 393-395). Sabemos que durante a primeira metade do século XVII foi edificado todo o complexo conventual, sendo que a 15 de novembro de 1620 os religiosos procederam à contratualização com Manuel Fernandes, mestre pedreiro de Braga, da empreitada da cerca deste convento (doc. 1). Nesta escritura estiveram presentes o Padre Frei Domingos do Espírito Santo e os restantes padres do dito convento, nomeadamente Frei Ângelo de S. Domingos, Frei Diogo da Cruz, Frei Sebastião dos Reis, Frei João de Santa Maria, Frei João de Cristo e Fr. Aleixo de S. Paulo, para além do referido Manuel Fernandes, mestre-de-obras de pedreiro morador na cidade de Braga, na Rua dos Cónegos, freguesia da Sé. Sabemos que o contrato determinava «sobre lhe aver de fazer a toda a serqua da sua serqua que estava por fazer do dito convento e sobre comesamdo do cabo do muro que ele pedreiro tinha feito e ahi ao longuo de Manoell Garro para a fazemda deles padres ate a de António Moxão a peguar com o muro do dito convento ate fiquarem de tudo sercado e tapados». Através da leitura desta escritura, reconhecemos que Manuel Fernandes havia já construído uma parte do muro deste convento e que, agora, se pretendia cercar todo o complexo conventual."
O processo construtivo é descrito de forma precisa nesta escritura, sobretudo a definição de que este muro «seria de alltura de douze palmos fora da terra com espiguão // [fl. 129v] e de aliserse teria dous pallmos onde fose nesesario e em cazo que fose nesesario seis palmos de aliserse que teriam comtado que o dito aliserse ate sair da tera seria de largura de tres palmos e da tera pera sima seria de dous pallmos emensotado de tera e baro emcrespado de qual a area d’ambas as partes como o que elle ofisiall já tinha feito da maneira que se costuma tres de cal e duas d’area e faria o dito muro tambem feito como que timha feito da estrada». Esta empreitada foi contratualizada pelo valor de «cem mil reis em dinheiro de contado e sinquo allmudes de vinho e dous allqueires de azeite e dous mill reis pera cal e as serventias da dita obra livres e desembarguadas".
Convento Masculino de Nossa Senhora do Carmo
Gravura retirada do Jornal O Século
Datada de 18 de julho de 1897, onde se pode observar, do lado esquerdo, o muro da cerca do Convento dos Carmelitas Descalços, em Figueiró dos Vinhos.

Antes do restauro
Pintura naturista do Mestre Malhoa que viveu em Figueiró dos Vinhos  30 anos

"O convento de Nossa Senhora do Carmo está localizado na Rua dos Bombeiros Voluntários, impõe-se pela sua volumetria. Fundado em 1598, a sua construção remonta a 1601, sendo o imóvel classificado de Interesse Público em 1996.Fundado por D. Pedro de Alcáçova de Vasconcelos, senhor de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, por influência de Frei Ambrósio Mariano, destinava-se a albergar uma comunidade de Carmelitas Descalços. Sua filha, D. Ana de Vasconcelos e Meneses, e seu marido, D. Francisco de Vasconcelos, Condes de Figueiró, continuariam a sua ação de padroeiros deste convento, tendo de igual modo sido nele sepultados (SANTA ANA, Fr. Belchior de, Chronica de Carmelitas descalços, particular do Reyno de Portugal e Província de Sam Felipe, Oficina de Henrique Valente de Oliveira, Lisboa, 1657, tomo I, pp. 393-395). Este convento nasceu na Quinta da Eireira (Figueiró dos Vinhos), pertença dos mencionados Senhores de Figueiró e Pedrógão, que Pero de Alcáçova de Vasconcelos tinha doado para tal fim. A escritura de fundação foi constituída por este e por D. Maria de Meneses, em Torres Novas, em 14 de dezembro de 1598, numa quinta de que era proprietário Jerónimo de Melo Coutinho, comendador de Punhete, irmão de D. Maria de Meneses. Essa quinta possuía uma capela com a invocação da Senhora da Esperança, chamada de S. Lourenço, em meados do século XIX. Não chegaram aos nossos dias quaisquer vestígios desta edificação religiosa (Arquivo da Universidade de Coimbra, Capítulos da Visitação das Paróquias do Arciprestado de Alvaiázere (1823), D. III, 1.ª D, E.5, T2, N.º 13, fls. 15-16). Todavia, segundo o Padre Visitador, Frei José de Jesus Maria: «não convinha por hum Mosteiro em sitio tam afastado do povo, ao qual avia de acodir com os Sacramentos, e pregações». Para solucionar essa questão, Pero de Alcáçova de Vasconcelos adquiriu algumas casas com quintal e vinha a Francisco de Andrade, para a edificação da casa conventual junto aos seus paços, ao fundo da dita vila de Figueiró dos Vinhos. A primeira pedra do novo convento viria a ser lançada em 3 de julho de 1601 (SANTA ANA, Fr. Belchior de, Chronica de Carmelitas descalços…, op. cit., tomo I, pp. 393-395). Nas palavras de Fr. Belchior de Santa Ana, «Figueiró estava em sitio mui agradavel, assi por gozar de bons ares, e muitas, e excelentes agoas; como por ter de pão, e azeite suficiente quantidade; de castanhas, fruitas, e vinho abundacia: e que os arredores, bem providos de pão, e azeite, darião aos Rellegiosos, que sahissem a pedir por espaço das seis legoas, que mandão as leys, o necessario para seu sustento». O convento manteve-se até 1834 ano em que foram extintas oficialmente as Ordens Religiosas no País".O Convento possuía uma planta quadrangular envolvendo o claustro, sendo a Igreja desenhada em cruz latina. Este Templo apresenta uma frontaria aberta por galilé de três arcos, encimada por um nicho com imagem de Nossa Senhora do Carmo, janelão e óculo, rematada por uma empena triangular.O claustro seiscentista contém uma pia de água benta de finais do século XVI. No seu interior, a Igreja possui uma única nave abobadada, destacando-se os seus três altares com notáveis retábulos de talha maneirista portuguesa do século XVII e com decoração marcadamente barroca, bem como duas capelas laterais. Uma instituída por Francisca Evangelha com as paredes da sua nave revestidas com azulejos raros joaninhos de produção lisboeta do século XVII, com padrões de motivos florais em azul e amarelo, sendo a parte superior de ornato tipo renascentista, com cartelas contendo as imagens de Santa Teresa de Ávila e de Santo Elias. Existe outra capela, a de S. José, do lado do Evangelho, com data de 1639 e que apresenta um retábulo de talha de barroco popular do século XVII com imagens de S. José, S. Joaquim e Santa Ana. No pavimento do transepto, de fronte ao altar-mor, encontram-se quatro lajes sepulcrais pertencentes aos fundadores e benfeitores do Convento, D. Pedro Alcáçova e Vasconcelos, D.ª Maria de Menezes sua esposa, D. Francisco de Vasconcelos e sua esposa D.ª Ana de Vasconcelos e Menezes. O púlpito é de escada com baluartes de madeira entalhada, existindo ainda duas pias de água benta, ambas quinhentistas. No coro pode observar-se uma delicada gradaria de madeira lavrada, em estilo rococó e com paredes laterais percorridas por bancos de pedra, com espaldar de azulejos brancos com cercadura azul. A partir de 1625 foi o Convento destinado a Colégio das Artes, aí funcionando estudos de Filosofia, Teologia e Línguas Clássicas, tendo sido também aqui realizados vários Capítulos Provinciais da Ordem.

Outro pintor naturista conviveu com Malhoa - Manuel Henrique Pinto
Natural de Cacilhas falecido em Figueiró dos Vinhos em 1912.

O convento
 Pintou Malhoa
Pescadores no Nabão
Será em Ansião na ponte da Cal em baixo ?
Não, é mesmo em Tomar onde o pintor dava aulas.
Apesar de no século XX, a quase totalidade desta cerca ter sido demolida para se construírem novos equipamentos concelhios; mercado, as piscinas, o polidesportivo, a biblioteca, nasceu na ala nascente do corpo sul do antigo Convento de Nossa Senhora do Carmo entre outros, constatamos, nos dias de hoje, que uma pequena parte da cerca conserva as características referidas nesta escritura, e que são a marca da passagem de Manuel Fernandes, mestre pedreiro de Braga, nesta vila de Figueiró dos Vinhos.."
"Conheceu obras de restauro em 2000, mantendo-se a função cultural tendo sido possível salvaguardar o importante espólio que encerra."
"Desde 2007, em finais de Outubro, por altura dos Santos, realiza-se no Convento do Carmo, a Feira de Doçaria Conventual certame que traz a Figueiró dos Vinhos doceiros de diversas regiões do País e que conta com um programa de animação paralelo, que engloba concertos de Música Sacra, Animação de Rua, entre outros, proporcionando assim um contacto directo com este património histórico de Figueiró dos Vinhos."
Forma interessante de chamar o turismo com a doçaria conventual, agora no convento de cara lavada, sendo remonta desta origem o Pão-de-ló, uma especialidade da terra de fama reconhecida.
Prefaciando correspondência trocada com o Padre Manuel Ventura Pinho, pároco de Ansião
"Lembro-me de quando eu estava em Figueiró dos Vinhos ter consultado muitos livros e documentos sobre mosteiros na Biblioteca da Universidade de Coimbra e na Torre do Tombo e nunca me apareceu referência a mosteiro algum em Ansião, já Figueiró dos Vinhos teve dois: um masculino e outro feminino. A extinção das Ordens Religiosas no século XIX fez com que o património dos conventos fosse vendido ao desbarato e encontrei a Igreja do convento feminino de Figueiró dos Vinhos totalmente derrubada e a servir de cerca de galinheiro. Na altura ainda se viam alguns azulejos antigos."
Desde sempre me recordo da beleza excelsa e idílica que a paisagem a caminho da vila de Figueiró dos Vinhos a partir de Almofala me inspirava o verde, as águas, as cameleiras e quintas que me deixavam a sonhar quando passava ao longo da estrada, a caminho de Castanheira de Pera ou de Pedrogão. Em Figueiró dos Vinhos na rotunda da vila, no gaveto da esquerda existe uma grande casa, cujo marceneiro do telhado foi o meu sogro Fernando Coimbra de Chão de Couce, sendo mais à frente o convento do Carmo, reminiscências de memórias que o meu pai gostava, tal como eu de partilhar .

Convento Feminino de Nossa Senhora da Consolação
Até ao ano de 1606, usaram o orago de Nossa Senhora da Consolação, a partir daí mudaram-no para Nossa Senhora da Encarnação e posteriormente para Santa Clara.

"O cronista Fernando da Soledade atribui a fundação a quatro mulheres moradoras na vila e que se juntaram no local chamado Fundo da vila, numas casas.
Foi a primeira casa monástica feminina de Clarissas, na região estremenha durante os séculos XVI ao XVIII com muita nomeada."
"Trata-se de um livro que será de referência para compreensão da História do período de maior riqueza artística da Estremadura portuguesa e da vila de Figueiró dos Vinhos, em particular. 
O principal objectivo deste estudo é dar a conhecer alguns aspectos relevantes da história do Mosteiro de Santa Clara de Figueiró dos Vinhos, com particular incidência sobre o seu passado artístico, valorizando a acção do escultor Leandro da Silva que, em meados do século XVII, contratualizou com os Condes de Figueiró a execução do retábulo para a capela-mor da igreja deste mosteiro feminino. Oferece também alguns considerandos para caracterizar Figueiró nessa época, dando especial ênfase à fundação deste mosteiro e à figura incontornável de D. Ana de Vasconcelos e Meneses, Condessa de Figueiró, na história desta casa monástica.
Elucida, igualmente, as relações familiares do citado escultor com indivíduos ligados às artes, nomeadamente, à pintura e à escultura, que residiram nesta vila e aqui desenvolveram actividade artística. 
Tendo sido este um edifício do período moderno de grande riqueza histórica para a vila e para a região, foi porém destruído na segunda metade do séc. XIX, pelo que o estudo das suas obras de arte, quer arquitectonicamente, quer de outra índole, ajudará a compreender e a valorizar a importância da História e do património ainda existente na região."

Fonte das Freiras
"Construída para servir o Convento de Nossa Senhora da Consolação, a Fonte das Freiras é dele o único vestígio remanescente. Embora a data aposta na moldura indique 1692, esta deve ser mais antiga, tendo desde a sua edificação sido usada pela população da vila, pela sua estratégica implantação à entrada do antigo convento. Esta fonte composta por uma cisterna quadrangular, a partir da qual se desenvolvem escadas de três degraus em forma de U, possui nas suas quatro faces cunhais de cantaria sendo encimada por um coruchéu hexagonal. Logo após um Tanque secular de uso comunitário.»
" O Convento de Nossa Senhora da Consolação de Figueiró dos Vinhos era feminino, pertencia à Ordem dos Frades Menores, e à Província de Portugal da Observância. Em, 1546 ou 1549, por breve pontifício de 26 de Setembro passou a casa de Terceiras Regulares. Anteriormente, já existia como recolhimento de Terceiras Regulares (mantelatas).Foi fundado por iniciativa de D. Paulina Leitoa, familiar de D. Beatriz Leitoa que fundara o Convento dominicano de Jesus de Aveiro.O cronista Fernando da Soledade atribui a fundação a quatro senhoras, entre elas Ana de Jesus, moradoras na vila e que se juntaram numas casas, no local chamado Fundo da Vila. Até 1564, ficaram na obediência dos padres da Terceira Ordem. Em 1591, constituiu-se como comunidade de clarissas da Segunda Ordem. Rui Mendes de Vasconcelos, fidalgo de Figueiró dos Vinhos, doou-lhes uma torre, contígua à praça da vila, e fez nela as obras necessárias de modo a acolher a comunidade que entretanto crescera significativamente. Em 1643, a 10 de Maio, na congregação realizada no Convento do Cartaxo, a Província de Portugal, decidiu dar o padroado a Ana de Vasconcelos de Meneses, mulher do conde da vila, D. Francisco de Vasconcelos e descendente do fundador Rui Mendes.Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" foi extinto até à morte da última freira, data do encerramento definitivo. Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional. 
Até 1835, existem referências documentais, desconhece-se, contudo, a data da sua extinção."
Vendido a particulares, foi transformado. Chocou-me saber que o que restou do convento feminino e da sua Igreja, chegou ao século XX a servir de cerca a galinheiro, onde ainda se distinguiam azulejos antigos...Nada como fechar a crónica em deboche a pensar nos galináceos sortudos pela quão eloquente vivência em terreiro sagrado, por certo vieram a conferir ao arroz de cabidela ou galo assado, estórias com história conventual, ao jus dos créditos que ouvi desde sempre sobre as mulheres destas bandas se mostrarem mui fogosas...

FONTES
http://cm-figueirodosvinhos.pt/c/o-concelho-patrimonio-historico-e-religioso.html
http://digitarq.arquivos.pt/details?id=1375565
https://www.academia.edu/12909199/As_Madres_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_de_Figueir%C3%B3_dos_Vinhos_-_Donas_e_Senhoras_de_huma_hora_de_agoa_todos_os_dias
Algumas fotos do Convento do Carmo, da página do face de Margarida Herdade Lucas