terça-feira, 27 de março de 2018

O farmacêutico Francisco Teixeira Botelho em Ansião

Falar do farmacêutico do meu tempo de criança na vila de Ansião no intuito de não se esfumarem as memórias de gente que aportou a esta vila no dever de as aflorar. Personagem distinta julgo jamais foi destacada na visão que bem merece em lhe acrescentar informação, debalde, pouco, quase nada, encontrei escrito sobre a vida e estada em Ansião. O título de ilustre apenas privilégio de alguns, assim considerados.Sem rigor desconheço o que a palavra ilustre retrata, melhor, não sei a bitola que foi usada para distinguir outros concidadãos para os vir a considerar neste reconhecimento pessoas  nascidas ou aportadas a Ansião. Para mim o conceito de ilustre é todo aquele que deixou obra feita ou prestação de serviço de interajuda ao povo, num tempo passado beatizado e de incultura, sem receber gorjetas nem afins.
O Dr Teixeira Botelho aqui aportado como farmacêutico mostrava-se homem de extraordinária figura, e boa personalidade, pacato, tanta vez o vi passar de casa para a farmácia ou vice versa. Vestido de perfil e carater selecto, a soberba alta silhueta, homem mui distinto no estar e no falar, um doutor, como se dizia naquele tempo pela distinção dada no elegante cumprimento e no trato no atendimento,  casado, a esposa de nome Domitilia , o povo dizia que só saia de casa para atravessar a rua para o quintal do Sr Quintela onde o marido estacionava o carro, seriam naturais do norte, teria aqui aportado para exercer a profissão, tendo vivido provavelmente desde o inicio da década dos finais de 30 (?) até se reformar.Não teve filhos.
Excerto de http://pesquisa.adb.uminho.pt . Inquirição de genere de Francisco Teixeira Botelho
«Código de referência PT/UM-ADB/DIO/MAB/006/09112 Datas de produção 1731-11-20 ? a 1731-11-20 ? Âmbito e conteúdo. Filiação: João Correia Mesquita e Joana Botelho. Natural e/ou residente em CARVA, São Sebastião, actual concelho de MURÇA e distrito Vila Real. Outra informação: Árvore Genealógica.» Alvitra este excerto apesar de não descrever a árvore genealógica desta família, detentora dos mesmos apelidos, a sua provável origem atribuída a norte em Carva, Murça. Em abono da verdade já assim pensava que tinha raízes nortenhas para agora ficar com mais certezas. Desconheço se foi muito ou pouco participativo na vida social na vila de Ansião, no seu tempo nem sei se ainda haviam as palestras do Partido Republicano na casa do grande impulsionador - Adolfo Figueiredo sita defronte do fontanário de ferro, na casa de grande letreiro aonde aos domingos muitos ansianenses se reuniam, e disso é prova esta fotografia atendendo aos trajes compridos anos 20(?).

No mesmo falar desconheço se foi frequentador assíduo do teatro amador no Ensaio, se era apreciador da Filarmónica, apenas encontrei uma notícia retirada do  jornal de Figueiró dos Vinhos Excerto do Jornal o Figueirense  de 15 de setembro de 1952 «(...) os sócios do Clube dos Caçadores em Ansião acorreram em grande número, acompanhados de suas famílias, lembrando-nos ter visto, entre muitos, os Ex.mos Srs. Drs. Adriano Rego, António Amado, Teixeira Botelho (...)» Dita o excerto que foi sócio do Clube dos Caçadores fundado em 1950 pelo colega médico Dr Fernando Travassos entre outros de Ansião, inicialmente o Clube se veio a instalar em regime de aluguer na casa mandada construir pelo Dr Pascoal José Freire de Mello dos Reis, que não a viu acabada, para um sobrinho de Almofala a ter vendido nos finais do século XIX ao  pai do jurista de Ansião Júlio de Lemos Macedo.
Acredito teria sido frequentador dos cafés do Calado e do Valente e ainda amante das tertúlias de poesia e de cariz politico que então se viviam em ascensão.Não foi professor no Externato António Soares Barbosa, pela actividade que se ocupava , mas podia ter sido. Em idade da reforma vendeu o alvará da farmácia, a minha mãe então viúva, ainda ponderou a sua aquisição, a pensar que alguma filha se licenciasse na especialidade...Expectativas goradas, recordo o valor sendo alto se mostrava simpático, mas que não tínhamos. Antes de deixar em definitivo Ansião em meados da década de 70 doou um lindo armário em nogueira ao seu grande amigo o Dr Fernando Travassos, que a sua governanta, a Srª D Lurdes veio a oferecer para o Espaço Museológico, debalde não o enxerguei...
Quando deixou Ansião  corria na  voz do povo" foi-se embora com uma mão atrás e outra à frente (?), valendo-lhe para se suprir uma irmã que tinha em Coimbra..." O que se estranha, sem estranhar ouvido da boca de quem o conheceu melhor do que eu, sem papas na língua sobre as alegadas e substanciais razões de um negócio sem rival na vila que se revelou fracasso para o seu dono...Alegadamente perpetuado pelas artimanhas de alguém que soube aproveitar a vantagem de um homem integro, bom, abnegado para lhe passar a perna nas contas...
Persistem ainda hoje genes dos vários clãs dos povoadores da comunidade judaica que se estabeleceu em Ansião. O clã de linhagem dada pela fisionomia de alta silhueta e caracter do Dr Teixeira Botelho serão os mesmos genes que também carrego por parte paterna natural de Ansião, mas  sendo o Dr homem oriundo do norte se explica no passado de Ansião migrantes do norte para esta região, de Murça, Macedo de Cavaleiros e outras terras, ainda hoje há gente igualzinha nestas terras com outros em Ansião. Todos os clãs se distinguem pela personalidade e aspecto físico, porque cariz inteligente todos aparentam ter  talentos, a distinção está em ser caracter bom e menos bom, em que os primeiros em nada se assemelham à linhagem do clã a que supostamente pertence o Dr Teixeira Botelho.
Em verdade reconheço que me  falta a lábia para enganar seja quem for, por isso não tenho nenhum jeito para ser dona de negócios, dou mais do que recebo, uma eterna fiel aos ascendentes judaicos do clã do Dr Botelho, cujo perfil ainda se existe em alguma descendência, disso não me suscita qualquer réstia de dúvida. 

Excerto http://www.cdf.pt «Em maio de 1928 aparece o nome de Francisco Teixeira Botelho, na lista de farmacêuticos convidados para a associação de farmacêuticos do centro de Portugal.»
« em  1939 aparece no maço de carteiras profissionais Francisco Teixeira Botelho
Com a Carteira n.º 539, do Sócio N.º 1160
Além da inscrição e no maço além dele aparecem também:
Antero Mendes Namora do Alvorge
José Augusto Lopes do Rego em Chão de Couce »
Os nomes do colegas de Cabaços e Maças de D Maria não os consigo na totalidade decifrar.

A Farmácia do Dr. Teixeira Botelho em Ansião sita em plena Praça do Município
Agora ornada a porta com flores da nova loja...
Prédio que foi herança da D. Clarisse Veiga, casada com o Dr Alberto Lima. A casa onde morava a D Angelina Franco, era a cocheira da casa.
A minha querida mãe sentada em banco de madeira
A Farmácia Botelho funcionava no r/c da casa sita ao meio da foto, que agora se mostra de porta enfeitada. No átrio da entrada haviam dois grandes bancos corridos fazendo-se a divisão do atendimento ao público por platibanda de balaustres em madeira com portinhola, como havia igual na Matriz para depois ao ser introduzido outro altar na capela mor foi retirada, sitio de poisar as mãos na espera de vez no atendimento, as vezes que aqui entrei para aviar algodão hidrófilo, palavra que repetia sistematicamente até ser atendida para não me esquecer mas na hora atrapalhada a pronunciava sempre mal-, o algodão vinha numa latinha, que depois de vazia se enchia com grilos apanhados com um junco de nó na ponta ao adro da capela de Santo António, para caçar passaritos em piscussanhas armadas com a minha irmã nos valados de figueiras e silvados. Também comprava comprimidos Melhoral e Saridom para a D. Maria Augusta Abreu, a chefe dos Correios, senhora natural da aldeia de S.Simão. Recordo as vezes que me perdia a contemplar os belos armários de madeira com as caixinhas arrumadas, ao meio a grande secretária com pedra mármore branca de laivos negros, antevia-se pelo tardoz uma porta de ombreira redonda de vidro fumado e espelhado em preto de letras douradas e brancas com o letreiro da farmácia, através dela quando estava aberta se descobria o laboratório, onde havia outra secretária e armários repletos de frascos de tampa grossa, potes e mangas de faiança e ainda uma balança. Um dia numa receita depois de tirar uma embalagem do armário foi ao laboratório misturar água no frasco e ficou uma espécie de xarope...

Foto da Praça do Município de Ansião
Provavelmente esta foto será da década do inicio de 20 do séc XX , porque a casa do Sr Franco foi construída depois de 1913.Apesar de espelhar mais o lado direito, mostra o lado esquerdo onde se veio a instalar a farmácia, nota-se por cima das portas do r/c uma cimalha de friso relevada sobre o comprido. 
O Dr. Botelho morou em regime de aluguer ao início do Cimo da Rua no 1º andar de uma casa de uma irmã  ou filha de Abel Falcão dos lados do Espinhal, na altura um outro seu irmão licenciado foi presidente da câmara em Ansião e  veio a ser Governador Civil em Leiria, casado no Avelar.
Esta casa reporta pela arquitectura aos tempos áureos do enriquecimento da emigração, não sei se foi feita por ele ou já a comprou. Na verdade sempre achei a casa enigmática, de r/c e 1º andar com escadaria de pedra, lindíssima de gradeamento em ferro ornado de trepadeiras, e a sul para a rua que desce ao Ribeiro da Vide tinha um redondo que nunca entendi a sua funcionalidade, o enigma era esse, depois de vendida sofreu remodelações, julgo com garagens e um terraço...Os pais da Maria Bandeira viviam no R/c com a filha até esta se casar.Disse-me que a dona se chamava Conceição, ao que parece teve problemas financeiros por isso arrendou a casa, segundo a Maria , a mãe ia pagar a renda à casa do Bastiorra, ao Moinho das Moutas onde ela vivia num quarto alugado.
Casa onde viveu em regime de aluguer
Depois foi vendida. Em junho de 2017 sofreu nova remodelação do telhado

quarta-feira, 21 de março de 2018

O Ensaio no associativismo do teatro e da música de Ansião

O primeiro conhecimento de associativismo amador na vila de Ansião
Excerto do livro Estremadura de  Alberto Pimentel na sua estadia em Ansião  (...) Não há Teatro. Em 1903 fez-se a tentativa de fundar  um Club - tentativa que não sei ao certo se chegou a vingar.Até essa época, e talvez ainda  hoje, o ponto de reunião à noite era a Farmácia Lima.
O Ensaio
Foi construída no quintal da residência paroquial,  expropriada após a Republica,com janelas a poente, fato que estranhava em criança quando ao beco entrava no portão para o correio velho. 
Conheci o Ensaio como sala de teatro amador e sede da Filarmónica Santa Cecília.
A minha mãe contava-me que aqui assistiu a teatro com gente de Ansião, actores amadores, Artur Paz, "Júlio do 29" com a irmã Fernanda , César Nogueira e,...A crónica  pretende realçar esta gente e o seu talento abençoados de genes com ascendência judaica em várias facetas e artes; escrever, declamar poesia, veia musical, actores e ainda o associativismo, amigos para a vida, que hoje deixa inveja aos demais, essa alegria que sentiam e viveram na sua amada terra de Ansião. Recordo de ouvir falar que a mãe da Anabela Paz, tinha um baú com as roupas e acessórios para o teatro. Julgo nesta arte apenas a família Valente, ao Fundo da Rua, deu continuidade ao teatro amador, com rábulas ocasionais por altura de festas em família ou com amigos, tive o privilégio de assistir no cinquentenário da minha irmã, no seu salão, a uma rábula para crianças e adultos com a Anabela Paz, vestida a preceito,  no final de rosa vermelha na boca, com a minha irmã a fechar a cena, e havia de me deixar a mim e ao público de boca aberta, atrevimento maior de improviso desliza  no corrimão de inox desde a mezanine, envolta em grande pano de cetim azul clarinho trazido pela tia Amélia do Brasil  em voo esvoaçante, mágico, sobrenatural, autentica princesa!
Num dos últimos espectáculos que aqui assisti, o ilusionista solicitou um voluntário, apressou-se um rapaz da Sarzedela-, sentado no palco, num instante o vi a comer uma batata crua com pele..
Imóvel deixado em total abandono foi vendido. Em agosto de 2014 começaram as obras de requalificação do edifício para a restauração. 
 Citar excerto de http://www.bmfigueirodosvinhos.com.pt
Jornal A Regeneração nº 0909 de 15 de outubro de 1956
«Grupo de amadores do teatro ansianense Artur Paz actor e ensaiador . 
Fernando de Araújo Miranda, Armindo Simões Rodrigues, João Monteiro, Fernando Silva, Álvaro Rodrigues Carvalho, Armando da Veiga Cardoso, Germano Simões Pires, e ainda os componentes da orquestra do mesmo Jaime Freire da Paz. 
Abílio Duarte da Silva , António Duarte da Silva, e António Maria Coutinho, que está chegada a época propicia para dar inicio aos ensaios daquele Grupo cénico, afim de poderem este ano mais umas récitas que continuem o brilhante prestigio naquelas que levaram a efeito no ano transacto e já no principio deste.Daqui se pede a todo os elementos do Grupo que não desanimem , pois que , da união , boa vontade e espírito amador de todos , se fará mais e melhor pelo Grupo de Amadores do Teatro ansianense»

Récita ao Comércio de Ansião
Do início década de 40, pelo verso ao campo de futebol, doação do cunhado do Dr. Adriano Rego.Incompleta, graças à Sra D. Piedade Lopes, minha vizinha em Ansião, com mais de 90 anos que a cantou para eu escrever. Versos da lavra dos irmãos poetas João e Virgílio Valente (pai) do Fundo da Rua.
 
Virgílio és cantador
Cantas bem ao coração, canta-me lá por favor
O Comércio de Ansião, o Comércio de Ansião

E o Comércio de Ansião, cantas tu, cantas eu
Cantas lá óh Fernanda, não digas que te esqueceu
Fernando José da Silva, Fernando José da Silva
O comerciante afamado, no armazém tudo é bom

E na loja tudo é  do Melado
Ourives de profissão lá dos lados da Tojeira
É um grande calmeirão, o Diamantino Ferreira

José Maria dos Santos é da cor da chaminé
Barrigudo e come tanto, vende solas e caxinés
Comerciante afinado  lá de cima da Beira
Também tem o seu pecado, também tem o seu pecado
O prudente do Oliveira, tem dinheirinho de sobra

Anastácio Gomes Monteiro
É direito, direitinho, que nem um fuso
Quando conserta um relógio, quando conserta um relógio
Sobra sempre um parafuso

O Sr. Dr. António Amado de todos és estimado
Alegre sempre na sua chocolateira
Sr. Dr. Adriano irá o Dr. Botelho
Fazer em cima de um telho o campo de futebol?
..........................................................
                                                 
Prédio com mansarda  que foi do Sr. Alfredo Rodrigues e da esposa "Sra D. Augusta do 29"
A alcunha retrata o número da lanchonete no Brasil, segundo nota do seu neto Alfredo Lopes. Agora varreu-se a memoria se foi este avô ou o bisavô. Logo que descubra venho emendar. Mas, de quem teria sido esta casa no passado, a quem a compraram, pois não sabemos...Aqui nasceram os irmãos actores " Júlio e Fernanda 29" e trabalharam no estabelecimento do pai.
A casa comercial de miudezas e tasco da família com alcunha "do 29" viria a ser alugada  e mais tarde vendida, ao Alexandre e Helena, que a exploraram no meu tempo de cachopa; taberna e mais tarde acrescentaram um Café, onde fui amiúde, tinha um reservado com vidros fosco e na ligação do café para a taberna tinha  um frigorífico Bosch. O prédio anos mais tarde voltou a ser dos antigos proprietários, onde se mantém.
O "Sr Júlio 29" 
Falei com ele algumas vezes, foi  meu colega bancário. Muito amigo do Dr. Travassos que visitava amiúde.Julgo que deixou alguns escritos, que deveriam ser reeditados igualmente como os livros de César Nogueira, com estórias de um passado de geração anterior à minha, lacuna que falta reviver de novo sobre Ansião.

Maria Fernanda Rodrigues Lopes nascida em Ansião no mês de julho de 1928 podia ter sido uma grande atriz, pela carateristica "fogo" do seu signo, e pelos papéis desempenhados com brio, no palco do Ensaio.
Foto retirada do álbum do Grupo Ansião
Onde ainda fiquei a saber que era poetisa pela partilha de Rui Valente "Esta Senhora, por ocasião duma excursão ao Santoinho, fez uma quadra para cada excursionista. 
A minha era assim:
E o Ruizito do Valente,
Coitadito a vomitar,
Na fanfarra vai à frente
E nunca o vi enjoar
Livro da irmã "Sra D Fernanda 29"editado pelo filho Alfredo Lopes
A D. Piedade Lopes, sua cunhada, emprestou-me o livro e  foi uma delicia a leitura com relatos do dia a dia que aconteciam sobretudo com os filhos. 

Família Freire da Paz
Músicos, a tocar violino e viola
Praça do fontanário de ferro
Os irmãos Freire da Paz da Praça do Município: Artur, Ilídio, António, Adolfo e Jaime . O Ilídio tocava violino acompanhado pelos irmãos à viola, davam concertos no sobrado da casa de gaveto, não se identifica na foto é a seguir para sul,  no passado em 600, do séc. XX, deslindei foi da família Freire
 
Ilídio Paz a tocar violino
Quase perdida no meu tempo a tradição em Ansião de envolver os cidadãos no teatro amador. Recordo vierem atores de Lisboa fazer umas rábulas nas Festas de Agosto,  com o palco em cima das casas de banho do recreio dos rapazes e também na Placa da Praça. Deixei Ansião em 1978. Existe há anos desde julgo 1997, o Grupo amador de Teatro Olimpo, que não tem sede, ocupa o Centro cultural.
Mas, quando tudo começou nada faltava; desde o ensaiador, a orquestra e os actores e ainda o desfrutar de uma sala acolhedora no Ensaio de varandim suportado em ferro forjado ...
Mantendo-se o prazer da música vivo na orquestra ligeira e filarmónica de Ansião.
Mas julgo violino não se toca (?).Quantos bons actores e actrizes se perderam depois deste grupo amador? Recordo a minha filha na pré  adolescência fazer teatros no colégio , no papel de encenadora, actriz e ainda do guarda roupa, pois levava sacos de casa cheios de roupas para as colegas vestirem.Quando a instigava a razão de levar a roupa dizia-me que as colegas não tinham a mesma responsabilidade que ela, sempre se esqueciam...No fim de semana passado assisti a uma cena teatral com os meus netos Vicente e Laura  com apenas 3 e 2 anos  em palco o sofá, onde tudo foi demais perfeito, bem sei que os pais os levam ao teatro, seriam resquícios do que viram da última vez e os estimulou, com tanto àvontade e graça me envolveu na sua cumplicidade teatral para me deixar francamente emocionada!
Mas, eu nunca fui mulher de Teatro, a veia vem de outro lado!
Nem poetisa, esses foram o meu pai e a minha mãe igual "leão" de signo, poetisa com facilidade.

FONTES
http://www.bmfigueirodosvinhos.com.pt  
Testemunho de D.Piedade Lopes

sábado, 17 de março de 2018

Lobbis em deslocar a mostra da feira de antiguidades e velharias de Setúbal

Recebi à algum tempo uma circular  dando nota de reunião marcada para um departamento do Mercado em Setúbal  para esclarecimentos e novos procedimentos na MAV de Setúbal, à qual não assisti porque não sou feirante assídua, apenas faço algumas feiras quando me apetece, é mais um hobbie para descomprimir com gente anónima pela partilha de saberes que em abono da verdade me dá sempre prazer inexcedível, e claro rever os meus bons amigos, que alguns considero como família. Debalde estive ausente na província e faltei a duas feiras, ainda assim o ganho e sorte da boa amiga, a Maria,  pelo telefonema que me distinguiu dando conhecimento da sua apreensão com as substanciais alterações  que por aí se anunciavam, contudo sem saber se seria boato ou verdade. De imediato enviei um email ao departamento de feiras cuja resposta trazia um organograma do novo espaço onde doravante se passa a desenrolar o certame  e ainda um telefonema despoletado pela incerteza que podia pairar numa maioria de feirantes,  porque a última feira também não se realizou pelo mau tempo não tendo sido entregue circular dando conhecimento dessa realidade. Apenas foram afixados alguns prospectos na baixa da cidade com a indicação da mudança do local da feira, não havendo nenhum Out  door publicitário, o que inviabiliza à partida o insucesso da mesma no acrescer a outras arbitrariedades focadas descaradamente aos feirantes. Fiquei chocada ao saber que na reunião de 22 de fevereiro no Mercado de Setúbal, foram informados dois representantes dos feirantes - Sr Vitor Neves e Sr António Pires,  sobre as novas mediadas a implementar na MAV em deslocar do terreiro habitual  o jardim Luísa Todi  para o Largo Zeca Afonso a partir de 17 de março. Aos meus olhos com dois dedos de testa, trata-se de um lugar desabrigado, uma parovela invadida por gaivotas a esboçar na roda dos caixotes de lixo e habituadas aos empregados dos restaurantes que se divertem em atirar ao ar  carcaças secas para o terreiro onde doidas em magote se debatem em voos a pique até que as picam...Se a feira já se mostrava fraca sendo o seu local central, aqui pela certa será fracasso total por se mostrar desenquadrado dos meandros geradores de grande movimento como o  Pingo Doce, Mercado, centro histórico e do movimento das excursões.
O novo terrado em  calçada antiga já com bastantes aluimentos hoje se mostrava alagado em grandes poças de água, os lugares não estão marcados, antes medidos a "olho", quando o deveriam ser pela medida certa, a que efectivamente é paga, como em qualquer outro certame assim ditam as regras, embora pese a ideia que um bocadito a mais não implica em nada, e nisso se tem o staf mostrado benevolente. O que se lamenta e protesta é a atitude apressada com a brutal mudança de local  o habitué efectivo há anos para vendedores e clientes fidelizado por ambos na restauração ali a dois passos, e do  buliçoso movimento gerador dos vários pólos; Museus e do Mcdonald's, mas sobretudo das excursões pela novidade que lhe davam vida, havendo  sempre alguém que compra alguma coisa, porque o Sado, esse belo rio azul em distância  se mostra relativamente, a mesma. O lobbie do estacionamento na avenida, necessário para os turistas que enchem os hotéis...o que falta fazer pela câmara é  um silo com restaurante panorâmico no mirante e resolver a falta de estacionamento!
Desagrada substancialmente a forma como os vendedores foram tratados, sem respeito algum que bem o mereciam, quer pelos seus representantes, em abono da verdade não reconheço os nomes, podendo até os conhecer de vista, o certo é qualquer pessoa que aceite ser líder de uma comandita para os representar deve ser  pessoa armada de perfil bastante para se debater nos interesses que representam, com garra para marcar posição e destaque, quiçá se  impor determinado às contrariedades, e na verdade constatei que ninguém me abordou sobre esta temática ou me transmitiu fosse o que fosse, afinal pergunta-se que papel tiveram estes representantes a favor dos seus interesses e o dos colegas?
Também desprestigiar o papel da Sra Presidente da edilidade, sendo uma senhora filiada no partido comunista, de quem à partida pelos normativos que se rege esperava sinceramente mais na abordagem pessoal, no terreiro da feira, onde supostamente nunca foi e devia ter ido para auscultar da boca dos feirantes, as suas mágoas, entre muitas estiveram anos a fio sem casas de banho, apenas agora o foram recentemente abertas ao público e a pagar, e ainda a imposição do impropério na obrigatoriedade de todos terem chapéus brancos para o sol para o certame se apresentar esteticamente harmonioso, digo eu... o que a sra Presidente devia ter feito era o trabalho de casa e deslocar-se a Lisboa a feiras como Belém, de grande afluência turística e retirar proveitos, local onde a JF disponibiliza um atrelado com as bancas e respectivos telheiros fazendo publicidade à freguesia, e assim todas as bancas se mostram no certame iguais que em nada colidem com ninguém aos pés dos Jerónimos,  somente a sala de visitas a poente de Lisboa!
Estranhei pelo Natal a colocação de uma enorme árvore alusiva à época natalícia patrocinada por um hotel, ao meio do jardim,  sem aviso prévio obrigou à deslocalização de alguns feirantes, que os vi coitados durante o tempo que ali esteve andarem na procura de um lugar provisório para armarem a banca.Não é justo, os feirantes tem direitos e obrigações, mas todos lhes faltam ao RESPEITO. Nomeadamente a sra Presidente feliz com a nova viragem que a cidade está a tomar comandada pelos grandes interesses de meia dúzia de capitalistas milionários depois de quase toda a Lisboa já comprada alguém do imobiliário lhes abriu os olhos para investirem a 50 km, atendendo às acessibilidades das duas pontes em meia hora estão na capital. Lembro-me bem como era Setúbal desde há 20 anos onde em geral me deslocava todos os sábados para desfrutar do centro histórico que me deleitava e fazia compras sobretudo no Mercado, de todos os que conheço no País o mais deslumbrante pelo painel azulejar azul e branco da parede sul, do buliço e policromia na abundância de peixes, frutas, legumes, queijos e pão... Para assistir a se definhar abruptamente com lojas a fechar e a galopante  reviravolta que se assiste há uns poucos anos pelas grandes obras de vulto, que a cidade bem merece para desfrute de todos os concidadãos quer setubalenses e os demais que aqui  aportam. A grande explosão imobiliária que está a acontecer a olhos vistos nas malhas da cidade de Setúbal não é alheia a ninguém que vá ouvindo o que diz o povo desprotegido, ao que parece alegadamente estão a desalojar um grande mamarracho perto do Mercado para se fazer mais um hotel. E são estes os lobbis de grandes interesses que chama  turismo de massas e gente muito endinheirada que alegadamente exerce  forte pressão na autarquia para a libertação do jardim Luísa Todi para se poderem fazer passear livremente no passeio púbico, à imagem do século XIX...Portugal a cada dia mais pobre a vender-se descaradamente aos estrangeiros, não me conformo!
Medidas desta natureza drásticas, desprestigiando o cidadão feirante, aquele que tem menos recursos sem quaisquer atenção, tão pouco o merecido respeito em os rotular de coitadinhos, emergentes desempregados, sem eira nem beira, uns pobretanas, tanto descrédito aos profissionais mercantis ambulantes que se desgrudam para ganhar alguma coisa e ainda se habilitam a confrontar as intempéries do mau tempo de chuva, calor e vento, quantas vezes a perder mercadoria e a sair da feira sem fazer um euro, ainda tem de acatar o que lhe ditam sem refilar, ninguém lhes dá ouvidos, ninguém os protege, ninguém os defende, é comer e calar, analisados com altivez de cima para baixo sem lhes denotar qualquer crédito, actuação fria e calculista porque os reconhecem como arraia miúda , sem voto, ou o tendo não lhe dão qualquer valia nesse continuado desprezo, agora de maior verticalidade este vexame de os enxotar para fora de portas para um infinito marasmo imensurável de chão a perder de vista, por se mostrar tão cru nem apetece ao comum visitante atrevimento de o ultrapassar, mal alindado de pórtico inestético, quanto a mim o grande Zeca Afonso merecia  ser perpetuado com arquitecto de melhor traço e ainda urbanista em retraçar o terrado que se mostra um fracasso naquela urbe.

Tamanha  descredibilização e irritação neste mau estado a que acrescento no último mês ter assistido em Algés à passeata do Dr Isaltino Morais a ser abordado por uma  colega  sobre a questão da entrada das viaturas no recinto, que lhe responde - "estou em dia de folga, por favor não me incomode"...quando o certo é todo e qualquer presidente camarário estar sempre presente, a toda a hora, para auscultar os seus cidadãos por isso se candidatam a um cargo de extraordinária exigência, e ainda o dever em ser delicado sem magoar na resposta ali a feirante que usou um tom frio e ríspido, que era também sem ele o saber, o dia do seu aniversário!Podia ter tido a sapiência de responder por outras palavras, sem magoar!
O meu grito em repto no lamento que nas últimas autárquicas o PS não tenha ganho as eleições em Setúbal!
Engº Fernando Paulino  candidato à Câmara PS e o seu staf
Citar excerto do Diário da Região
" O Engº Fernando Paulino, candidato à Câmara Municipal, salientava que “a lista para a Câmara Municipal era constituída por número igual de homens, mulheres e de independentes” e que a candidatura se alicerça “nas pessoas, nos jovens e menos jovens, pessoas que nos diferentes órgãos autárquicos do concelho se candidatam para afirmar a sua cidadania, em prol da sua terra e das suas gentes, para tornar Setúbal a capital da igualdade e da solidariedade”.
O programa estratégico do PS para os próximos quatro anos de mandato “assenta em seis eixos, Setúbal Qualifica, Setúbal Emprega, Setúbal Aproxima, Setúbal Solidária, Setúbal Justa e Setúbal Melhor”.
Os portugueses sabem hoje que, graças ao governo do PS, temos um Portugal melhor. Pois também os setubalenses e azeitonenses sabem que confiar no PS para liderar a Câmara Municipal é sinónimo de uma Setúbal de todos e para todos, uma Setúbal Melhor”, afirma o cabeça-de-lista à Câmara Municipal para vincar os compromissos assumidos pela candidatura socialista."
Conheço o Engº Fernando Paulino há anos, cliente e visitante habitual do certame de velharias de Setúbal e de Azeitão, onde há mais de 10 anos numa banca o meu marido apreciava um relógio para encaixar numa peça que herdou do pai , até ao momento que se aproxima acompanhado da esposa, apenas nos conhecíamos de vista das feiras na cumplicidade do mesmo gosto de apreciar e comprar, que ao se aperceber tira do bolso um relógio já comprado na feira e ali nos oferece. São gestos simples como este, independentemente do valor facial que nos deve engrandecer e fazer acreditar que se trata de pessoa de valores credíveis e altruísta, teria sido a escolha certa no voto útil dos setubalenses, e o não foi porque infelizmente o grau cultural das gentes é ainda muito baixo a que acresce a "cassete riscada da cdu" que ainda se mostra tão vincada em muita mente apesar de mais de 40 anos de globalização e televisão sem qualquer ganho ou capacidade de pensar filosófico, de gostar do seu eu, de ser lutador da sua causa e audaz em fazer aquilo que meditou e achou melhor para si e para a sociedade onde vive. 
Em Almada por a cidade estar mais perto de Lisboa  mostrou-se primeira a consegui-los derrubar....e muitas outras câmaras ganhas pelo PS.Felizmente!
Havia de o vir a reencontrar na feira após as eleições e dizer-lhe no meu jeito frontal e espontâneo faltou-lhe ter na campanha uma pessoa da minha estirpe,  nas redes sociais apesar de não votar pela terra que amo Ansião, desempenhei desalmadamente esse papel -  diz-me ele, pois foi e ganharam em Ansião, ao que lhe respondo, ao Engº faltou-lhe alguém para acordar mentalidades e abrir os olhos a quem tem MEDO DE MUDAR, partindo da premissa de valorizar  cada um em lhe dizer cara à cara tu tens de decidir o melhor para ti e não para os outros no voto que é secreto... ambos a rir  no adeus em aceno de vitória ... 
Na verdade este episódio dá-nos conta que este candidato é apreciador do certame antiguidades e velharias ao invés da Sra Presidente que se mostra sem gosto algum, aliás o desprestigia e de que maneira mais imprópria e contundente, sagaz e desumana!
Hoje desloquei-me a Setúbal sob uma chuva intensa com muitos lençóis de água abundantes que se mostravam de perigosidade. Chegada ao local os representantes do departamento que se tem revelado pessoas amigáveis de boa formação e capacidade de encaixe para aguentar reclamações, mas de pés e mãos atadas, em resolver mais do que o estipulado. Não me agradou em nada o local. Pior fiquei ao ter conhecimento por um transeunte que a sra Presidente supostamente se encontra no Brasil no gozo dos últimos resquícios do verão e nós ali todos encharcados. Não que a senhora não mereça férias, como qualquer outro cidadão, claro que merece, o que estranho é ter ido para o Brasil, quando se fala que os filiados no partido comunista tem de entregar alegadamente uma parte do seu salário ao comité central.  A deixar-me guiar pelo presidente da CDU o Sr Jerónimo de Sousa, se mostra pessoa pacata nem deve passar férias cá dentro, quanto mais lá fora ...A Sra Presidente na voz de quem a conhece é de boas famílias e endinheiradas, alegadamente dinheiro é coisa que não lhe falta...Será que tanta riqueza se mostra compatível com a doutrina de esquerda?
Prudente estar alerta sob o que possa alegadamente estar acontecer em Setúbal, se especula à boca cheia haver supostos lobbis e supostas  contrapartidas a deslindar por quem tem competências nesse juízo no justo direito de se isentar uma câmara destas insinuações desabonatórias olhando à sua cor politica de esquerda, a certeza e o dever de ser ainda mais do que qualquer outra se  mostrar idónea na defesa dos interesses dos seus concidadãos mais desfavorecidos em todo e qualquer certame por chamar mais gente e da vida que acrescenta à cidade,  no rigor e elegância de jamais se deixar corromper com o deslumbre dos milhões e da suposta boa vida caliente em águas mornas na crista da onda da corrupção, porque cá ainda mandam os portugueses e ainda são eles a ditar ordens e não o contrário, era o que mais faltava!
Feira de Setúbal 
Não sou guarda tão pouco fiscal, mas levo jeito!

O certo seria repor o certame no jardim Luísa Todi, enquadrado esteticamente, para poder coexistir sem chocar o coletivo da urbe e passeantes, para isso a autarquia a cobrar terrado deve patrocinar as infra estruturas como Belém com vigilância para manter a ordem e controlar exageros e ainda  fazer a cobrança via Multibanco, porque estamos no séc XXI , de grande avanço tecnológico.
Aguarda-se a reposição do que deve ser feito na sapiência em discernir o certo, proteger os mais desfavorecidos,  e não se deixar levar na suposta  loucura  do deslumbramento fulminante sem se acautelar da perigosidade, a queda, no mau presságio lhe possa vir a ser fatal!
No meu ponto de vista dita a mudança do local a morte do certame pelo que devia ser Gratuito, e ainda assim se mantém as reservas do insucesso do certame MAV, Para já a única vantagem a do estacionamento gratuito em chão de terra e de entulhos de areia e afins...
Em repto sem ser bruxa nem astróloga quero expressar o desígnio do último reinado cdu, na câmara de Setúbal, se não voltar atrás neste hediondo proceder que envolve a  nefasta alteração !
Emano votos para que cresça de vez este povo  conservador e nas suas cabeças se faça luz à fulcral e urgente, a benvinda Mudança!

terça-feira, 6 de março de 2018

Escampado dos Calados em Ansião

O Lugar também foi conhecido por  Belchior ou Lugar de Calados. Aldeia desertificada que conheci pela mão da minha irmã há uns anos, debalde não levava máquina onde me deixei ficar extasiada pela ancestralidade , sobretudo pela aldeia se mostrar de casario concentrado, com um caminho ao meio de ligação a ponte ao Escampado de Belchior e de Santa Marta e para nascente pelo quelho da encosta onde detetei pedras a travar a descida ao jus de degraus, o fosse para não se escorregar até ao Vale Cerejeira contornava a lagoa cársica, assoreada nos últimos anos na ligação ao entroncamento para a Costa,  Fonte da Costa, Albarrol e  Bairro de Santo António, onde passava a estrada real.
Havia de voltar com a minha querida mãe a 21 de abril de 2015 a recordar boas pessoas no repto nesta vida tudo um dia acaba! Tinha falecido na véspera o seu primo António Lucas, conhecido por "António do Vale" nascido no Vale, na Mouta Redonda, freguesia de Pousaflores no concelho de Ansião. Da sua  linhagem de apelido "Lucas" só resta a minha mãe com 80 anos que não foi contemplada com o apelido, apenas Afonso. Em tempo de Pascoela, em fim de tarde, caminhada a redescobrir outra vez o Lugar de Calados a noroeste do Escampado de Belchior, em Ansião. Sitio altaneiro rodeado de carvalhos centenários com exemplares a rondar milénio onde ao alto fraguedo em sítio altaneiro se encontra a ruína de casario concentrado a ladear o caminho vestido de grandes lajes,  infelizmente alguém deixou lixo de obras que o tempo se encarregou em desvirtuar. Do complexo ruinal  resta uma coluna redonda de pedra miúda,  assim outra havia nuns barracões do meu bisavô ao Alto a metros do Vale Mosteiro junto da estrada real, uma janela de avental ladeada por bancos namoradeiros, um poço de chafurdo muito interessante por ser típico da região de Sicó, lamentavelmente em parte atulhado com telhas que o dono ali depositou quando mudou o telhado de sua casa, havia um forno isolado, seria comunitário, atualmente já nem se deslinda pela vegetação e a norte um  pequeno poço, do engaço? O tardoz de todo o casario quer a norte quer a sul se mantém cercado por correnteza mural apenas com uma porta de acesso. Rodeado de olival onde se cultivava o trigo e centeio para o pão e frondosos carvalhos para alimento dos porcos em local soalheiro, abrigado de bons ares, o senti mítico!
Na esperança que a minha querida mãe viva com saúde ainda  mais uns anos a fazer fé no primo que faleceu a um mês de festejar 100 anos, a quem rezámos em voz alta e deixo flores da sua e minha Mouta Redonda. Descanse em paz.
A minha mui amiga Elvira André deu-me parabéns por falar das Coisas que também Gosta ligadas à sua família. Esta aldeia foi do seu avô José Marques André , herdada pela sua tia Elvira que vendeu ao primo Chico Serra.
O nome da aldeia - Calados 
Pode advir por ter sido povoada por judeus aqui aportados na centúria de 500 expulsos de Espanha com estigma calado para não correrem riscos de ser denunciados à Inquisição, cuja alcunha  ditou o apelido em Ansião. No costado norte da aldeia a caminho da Fonte da Costa existe ainda uma grande quinta do Dr. Calado. O ano passado voltei sozinha porque a D. Elvira falou-me do poço de chafurdo e das últimas moradoras mãe e filha de apelido "Varzes" muito pobrezinhas, recorda da sua avó aqui vir trazer-lhes comida.  Pelo pedido de passaporte de Manuel Mendes Varzes 1908-09-16
Idade: 43 anos Filiação: António Mendes Varzes / Maria Rodrigues
Naturalidade: Escampado do Belchior / Ansião Residência: Escampado do Belchior / Ansião 
Destino: Santos / Brasil
Observações: Acompanhado de sua mulher, Teresa de Jesus. 

Ainda me disse que na família corria a história que aqui se tinham refugido fugidos de guerras de Espanha. Em finais de fevereiro depois de um bom arroz de cabidela que a minha querida mãe nos presenteou fomos até à Costa, na volta pedi à minha irmã para me deixar apeada ao cruzamento para passar pela aldeia mais uma vez onde me questiona se vou sozinha para logo o meu marido se apear comigo  para a conhecer pela primeira vez, eu já pela 4ª . A  crónica retrata a aldeia desertificada com fotos das 4 visitas.
Bifurcação do caminho do Escampado dos Calados na esquerda e na direita para a Ferranha 
Caminhos debruados a muros de pedra seca onde as juntas de bois do primo Lucas nascido em Lisboinha e do vizinho Chico Serra, há muito os deixaram de percorrer, por isso se mostram em alguns sítios invadidos por arbustos e silvedos... vimos-mos aflitas para passar a caminho da Ferranha, onde à extrema da fazenda da minha irmã  a minha mãe me diz " será a última vez que por aqui passo..."
Quelho para Escampado de Calados cercado de muros de pedra seca das courelas de olival...
 
  Aqui e ali grandes lajes naturais a revestir o chão
 Alguém sem escrúpulos aqui deixou entulhos de obras...
Na 1ª vez que aqui vim na frente do casario o grande lajeado havia também entulhos que felizmente o tempo se encarregou em dissipar...
Avista- se o complexo ruinal do que foi uma aldeia de casario concentrado onde apenas havia um forno que seria comunitário, e agora já não o distingui, pela vegetação. O dono tem o hábito de proceder a limpeza antes da Páscoa.Se tiver tempo voltarei para ver as flores...
Nesta aldeia  viveu uma pequena comunidade judaica onde hoje é uma imensa ruína .


Poçito do engaço?

Esta casa da família de João Marques André, com porta e uma janela de avental, fiquei com a impressão que o lintel da porta tem algo esculpido, porém com os líquenes não distingui nada...
               
                  

Sentei-me num banco namoradeiro, quem antes aqui se teria sentado? Um ascendente meu de apelido "Rodrigues", certo aqui viveu a família "Varzes"e "Bicho", talvez "Mendes" , "Silveiro" , "Assumpção" e...
 E ainda fui espreitar pelo caixilho da janela como seria a vida aqui noutros tempos...
 Defronte outro casario onde já lhe foi retirado pedras da janela
Uma coluna em redondo, grossa feita de pedra miúda.Muito antiga, só conheci outras assim num barracão do meu bisavô Elias Cruz ao Alto da vinha, que antes pertenceu à herdade do mosteiro.
           
 Envolta em  frondosa vegetação...
              
 Janelas e portas abertas...e entaipadas de pedras
              
              
              
              
 Absides de concavidade, vulgo prateleiras em pedra nas paredes
                           
O lado sul verdejante
Reentrância estreita acima do lintel, uma caracteristica da arquitectura ancestral que desconheço a função.
Entrada de ar?
Poço de chafurdo a sul do casario. De formato redondo com escadaria de pedra sobre pedra seca que se encontra pouco visível por estarem cobertas por musgo e outra vegetação.
Lamentavelmente o dono pensando que fazia bem o entupiu mais de metade com a mudança de um telhado...
                                      
                                          
A escassos 2 metros encontra-se outro poço de diminuta dimensão em formato de fole revestido a cerâmica, pode ser a mina do poço principal.
Blocos  cerâmicos grossos em aventar herança romana?
                                       
 Vista panorâmica dos dois poços apesar de pouco nítida pela vegetação
Vista de sul o mural de casario cerrado de poucas aberturas tal como o era a norte.Interessante a parede com aberturas minúsculas em quadrado, típicas da arquitectura ancestral, serviam pra na necessidade de lhe colocar um sobrado enfiavam os barrotes nos buracos, deviam permanecer (fechadas) em novas reconstruções para se entender como viviam as gentes que aqui se fixaram.
Deixei a aldeia desertificada pelo quelho que faz a ligação ao Bairro de Santo António
         
 Céu vestido de ramagens nuas de carvalhos
 O quelho apresenta também lajeado e traves em pedra para não se escorregar, tudo foi feito a preceito
 Um carvalho secular cortado há dois anos
  Outros degraus de pedra
 A minha pegada ecológica num quelho ancestral
Deixei o quelho pela descida da encosta já afogueada pelo passo apressado saciada a admirar muros de pedra solta bordados com musgo e hera na sombra de muito carvalho secular com o chão bordado a salpico de orquídeas e  jacintos silvestres até que vejo a marcação do trilho catalogado para caminhadas onde me interrogo se o pelouro da cultura tem conhecimento da ruína desta aldeia de passado importante na comunidade judaica que viveu em Ansião e dela a história nada reza ?
Quelho de ligação ao Vale Cerejeira a nascente