segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O ansianense Mestre jesuíta Dr António dos Santos Coutinho!

Certo dia, liga-me a minha filha, do Santuário de Nossa Senhora da Lapa – “mãe adivinha onde estou?” Resposta escorreita - Sernancelhe, onde faleceu o obreiro da Igreja da Misericórdia de Ansião, pela leitura do livro de 1986 do Padre Coutinho e  graças a um documentário televisivo, há pouco mais de um ano, que conheci a requalificação da Residência Jesuíta do Santuário da Lapa, iniciativa há 25 por um padre que  meteu mãos à obra. Desconhece-se a a Imagem mais antiga da Senhora da Lapa  encontrada na gruta é  a que se encontra no  Museu.

Santuário de Nossa Senhora da Lapa no concelho de Sernancelhe na Diocese de Lamego 

Foi implantado em planalto inóspito de penedos graníticos quase estéril a rejuvenescer com uma  lenda ocorrida em 1498.

Versões «https://autocaravanista.blogs.sapo.pt/senhora-da-lapa-sernancelhe-viseu de Abílio Louro de Carvalho (...) general mouro, Al-Mançor, pelo ano de 982, atravessou o Douro para a margem esquerda. Havendo destruído Lamego, progrediu para Trancoso. No trânsito arrasou o Convento de Arcas, onde martirizou muitas das religiosas. Atravessada a serra de Pêra, chegaram ao convento de Sisimiro, sito na actual Quinta das Lameiras, freguesia de Pinheiro, concelho de Aguiar da Beira. Parte das religiosas sofreram o martírio, outras escaparam levando consigo uma imagem de Nossa Senhora, procurando abrigo nos matos por onde se embrenharam. Acharam a gruta ou lapa, onde guardaram a dita imagem que ali resistiu à agrura dos séculos, durante uns 515 anos.»

» (...) Em 1498, uma pastorinha chamada Joana, muda de nascença, da freguesia e lugar de Quintela, andando a guardar o gado de seus pais, lembrou-se um dia de entrar ali na gruta e encontrou a santa imagem que meteu na cesta onde guardava as maçarocas e a merenda. A imagem era de pequena dimensão, mas muito formosa. E a pastorinha guardou-a e enfeitava-a como podia e sabia, com as mais lindas flores que topava nos campos ou no monte. Ao voltar a casa, no fim do dia, cuidava da roupa da imagem. As ovelhas, apesar de fartas e nédias, eram apresentadas quase sempre nos mesmos lugares, o que motivou acusações por parte de outrem à mãe de Joana. Tudo isto e as teimosias da filha a fizeram enervar e, sem mais, tirou-lhe a imagem, que teve por uma vulgar nena ou boneca, e atirou-a ao lume. A menina, transida de pavor, gritou; “Tá! Minha Mãe! É Nossa Senhora! Ai! Que fez?”. A fala começou a prender irreversivelmente a mocinha pastora e a mãe ficou com o braço paralisado, transe de que se curou com a oração de ambas.»

« (...) foi permitido aos Jesuítas, a título transitório, que dirigissem o culto da Lapa, auxiliando os fieis e atendendo-os de confissão. Porém, no ano de 1575, o padroado da Abadia de Vila da Rua passa a jurisdição e posse da Coroa Portuguesa, com o curato de Quintela que lhe estava adstrito e em cujo limite se encontrava a Ermida da Senhora da Lapa. Em 1576, sob autorização do Papa Gregório XIII, D. Sebastião, deu a Igreja da Rua, com metade dos seus réditos, ao Colégio de Jesus, que os Jesuítas fundaram em 1542 e possuíam em Coimbra, ficando-lhes a pertencer também o Oratório da Lapa. Efectivamente, D. João III tinha-lhes entregue o Colégio das Artes, com a promessa de um dote, para côngrua sustentação, promessa que não satisfez na totalidade, cabendo o ónus do cumprimento ao seu sucessor. Vindo estabelecer-se na Lapa, os Jesuítas dão corpo, com o auxílio de particulares, à edificação do Santuário e do Colégio, obras iniciadas no século XVI. O Colégio, junto ao Santuário, começou nos finais do século XVII, mais exactamente em 1685 e ficou sempre obra não acabada. O complexo religioso e escolar afirma-se progressivamente como um prestigiado e prestigiante santuário de peregrinação nacional e um notável pólo de de aquisição e consolidação de cultura. O colégio locupleta-se de escolares. E a Senhora da Lapa impõe-se como um centro de irradiação do culto à Virgem e como fermento de mais povoações, cidades, dioceses e santuários um pouco por todo o mundo, sobretudo pelas inúmeras estâncias por que andarilharam os padres jesuítas. »

 « em 1576, a Lapa foi confiada aos Padres da Companhia de Jesus, sediados no Colégio de Coimbra onde vieram a construir no planalto inóspito de penedos e fraguedos um Santuário com a gruta de Nossa Senhora da Lapa a ficar dentro de portas e ainda um ColégioA Senhora da Lapa, em Portugal e Santiago de Compostela em Espanha chegaram a ser os dois Santuários mais importantes da Península Ibérica até à expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal em que ficou ao abandono». 

Até ao inicio do século XX foi frutifico ouvir falar de Milagres onde o profano e a religião cristã se confundem em brutal simbiose para estranhar a família jesuíta tão crente abençoada de sapiência intelectual e filosófica os cimentar com facilidade. Curiosamente a Imagem da Senhora da Lapa parece imitar a imagem do Menino Jesus de Praga, ao se mostrar  ingénua, com as vestes rematadas por lacinhos. Se a lenda reporta a 1498 aventa ter sido trazida por judeus em fuga do êxodo de 1492 de Espanha, como outras achadas escondidas entre pedras...Como o sítio da Senhora da Luz de Pedrogão Grande. 

De imediato pedi à minha filha para estabelecer abordagem com a Irmã Lídia Lemos, o que fez em boa hora. Mais tarde esta veio a solicitar ajuda a outro jesuíta - Abel Estefânio. Então doente, de realçar o seu exaltado contributo, por o conhecido ser escasso. Empenho dedicado, que muito se agradece e, se descrimina: 

No Livro Loreto Lusitano, Virgem Senhora da Lapa, do Padre António Cordeiro, de 1719 reeditado em 2019, páginas 59, 85, 1111 (…) o Padre António dos Santos era doente antes de chegar à Lapa onde melhorou, vivendo muitos anos, tendo sido Superior da Residência da Lapa.

Era desconhecido o fato de ser doente, por isso deixou Lamego.

Na obra Synopsis annalium Societatis Jesu in Lusitânia, de António Franco de 1726, página 418, refere o ansianense, falecido a 25 de dezembro de 1704, era coadjutor espiritual, possuidor de uma rara gentileza, de uma grande tendência para o desenvolvimento espiritual, incansável para ouvir em confissão o grande número de peregrinos que acorriam à Nossa Senhora da Lapa e auxílio dos doentes e pobres.

Segundo o Padre José Eduardo Reis Coutinho nos eu livro de 1986  «movido pelo zelo caritativo e com um forte espírito de serviço para com os pobres e necessitados, foi assistir soldados vitimas de doenças infecto- contagiosas, que acabou por contrair, vindo a morrer em 25 de dezembro de 1704, na residência de Nossa Senhora da Lapa em Quintela da Lapa em Sernancelhe junto ao Santuário do mesmo nome, e no qual assiduamente ouvia os peregrinos em confissão, pois, na Companhia, tinha o grau de coadjutor espiritual.» 

No Arquivo da Universidade de 21 de novembro de 1701 (…) Processo na Câmara da diocese de Coimbra, à autorização pedida pela Misericórdia de Ansião ao bispo para se poder celebrar missa na Igreja que tinham acabado de construir. Dizem o provedor e mais irmãos da Mesa da Misericórdia da villa de Ancião que por the o prezente se não ter acabado a igreja da dita Santa Caza se não celebrou nella o santo sacrifício da missa. E porque os supplicantes a têm acabado e preparado com todo o ornato necessário e está capaz para nella se celebrar o dito santo sacrifício da missa, o que não pode ser sem licença de Vossa Ilustríssima Senhoria (…) Reverendo arcipreste do Alvorje fui a villa de Ancião fazer vestoria na igreja da Mizericordia e achei acabada com muito aceo e perfeição no tocante ao material de paredes, altares, púlpito e portas, em que não ha indecencia alg˜ua, e por ditto de muitas pessoas das principaes da ditta villa me constou que o doutor António dos Santos Coutinho, conigo em Sée de Lamego se tem obriguado a dar para ornato do altar-mor dois frontaes, duas vestimentas com tudo o neceçario para se dizer missa e hum calix de prata sobre dourado e galhetas de prata e que a isso se obriguara o ditto conigo por h˜ua escriptura que esta nas notas da ditta villa e que se obrigua também a dar sem mil reis para renderem sinco perpetuamente para a fabrica da ditta igreja, por cuja cauza me parece que se lhes deve conceder aos irmãos da Mizericordia a licença que pedem. Alvorge, em 3 de Março de 1702. Passe licença para o reverendo parocho benzer a igreja de que se tracta por evitar o damno que lhe pode rezultar de pella falta de se não dizer missa perder h˜ua grande esmolla de hum devoto de que consta na informação atras, querem os supplicantes aprezentar ao capitão Manoel Godinho da ditta villa e este obrigar-se por termo a restituir o ditto dinheiro quando delles sua Illustrissima lhe não fassa esmolla quando se recolher (…) Fazendo depozito na Câmara do marco de prata que pertence a sua Illustrissima, que se lhe restituirá sendo-lhes pello mesmo Senhor remetido. 

Obscuro, ter sido o vigário do Alvorge, o Dr. Francisco Freire da Silveira a inspecionar a Igreja. Mais adiante temos um registo de batismo aos 10 dias do mês de Março de 1711 de minha licença, o Doutor Francisco Freire da Silveira vigário do Alvorge. Diz-nos que o vigário sendo afeto ao Alvorge,  esteve de empréstimo na paroquia de Ansião, em 1702 quando fez a vistoria a igreja da Misericórdia e ainda vigorava em 1711.

Curiosamente encontrei  esta última informação na mesma altura que recebi a informação de Abel Estefâneo 

Obra Portugaliae Monumenta Misericordiaum de Maria Marta Lobo de Araújo e José Pedro Paiva  excerto https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/8636/1/PMM_Vol6.pdf 1701, anterior a 21 de Novembro, [Ansião] a 1702, Abril 3, Coimbra 

Processo elaborado na Câmara Eclesiástica da diocese de Coimbra, relativo à autorização pedida pela Misericórdia de Ansião ao bispo daquela cidade, para se poder celebrar missa na Igreja que tinham acabado de construir. Arquivo da Universidade de Coimbra – III/D,1,6,1,13, doc. 20. Dizem o provedor e mais irmãos da Mesa da Misericordia da villa de Ancião que por the o prezente se não ter acabado a igreja da dita Santa Caza se não celebrou nella o santo sacrifício da missa. E porque os supplicantes a tem acabado e preparado com todo o ornato necessario e está capaz para nella se celebrar o dito santo sacrifício da missa, o que não pode ser sem licença de Vossa Illustrissima Senhoria. Pedem a Vossa Illustrissima Senhoria lhe faça merce conceder licença para que na dita igreja se celebre o dito santo sacrifício da missa. (Rubrica). O reverendo arcipreste do Alvorje fazendo vistoria informe. Coimbra, em mesa, 21 de novembro de 1701. (Assinaturas) Teixeira. Carvalho. Antam.

Illustrissimo Senhor. Fui a villa de Ancião fazer vestoria na igreja da Mizericordia e achei acabada com muito aceo e perfeição no tocante ao material de paredes, altares, pulpito e portas, em que não ha indecencia alg˜ua, e por ditto de muitas pessoas das principaes da ditta villa me constou que o doutor António dos Santos Coutinho, conigo em a Sée [fl.1v.] a Sée de Lamego se tem obriguado a dar para ornato do altar mor dois frontaes, duas vestimentas com tudo o neceçario para se dizer missa e hum calix de prata sobre dourado e galhetas de prata e que a isso se obriguara o ditto conigo por h˜ua escriptura que esta nas notas da ditta villa e que na ditta escriptura se obrigua tambem a dar sem mil reis para renderem sinco perpetuamente para a fabrica da ditta igreja, por cuja cauza me parece que se lhes deve conceder aos irmãos da Mizericordia a licença que pedem. Alvorge, em 3 de Março de 1702. 

Passe licença para o reverendo parocho benzer a igreja de que se tracta e nella se poder diser missa. Coimbra, mensa, 17 de Março de 702. (Assinaturas) Teixeira. Carvalho. Simões. Francisco Theive da Silveira. 

Querendo os supplicantes tirar a licença na forma do despacho retro, lhes pede o escrivão da camara sete mil reis dezasseis tostois para elle e hum marco de prata para o Illustrissimo Senhor Bispo, sendo que o Illustrissimo Senhor Bispo para ajuda da dita igreja deu a sua esmolla e de prezumir he que tambem dê por esmolla o ditto ma[r]co de prata, porque conhece a muita pobreza da dita Santa Caza da Mizericordia, e para isso determinão os supplicantes recorrer ao Illustrissimo Senhor Bispo. E no entanto, por se não dilatar o dizer missa na ditta igreja, por evitar o damno que lhe pode rezultar de pella falta de se não dizer missa perder h˜ua grande esmolla de hum devoto de que consta na informação atras, querem os supplicantes aprezentar ao capitão Manoel Godinho da ditta villa e este obrigar-se por termo a restituir o ditto dinheiro quando delles sua Illustrissima lhe não fassa esmolla quando se recolher. Pede a Vossa Merce lhe faça merce mandar que obrigando-se o ditto capitão por termo na Camara, o escrivão della lhe passe mandado de licensa na forma do estillo. (Rubrica).

Registada em mesa. (Assinatura) Teixeira. 

Fazendo depozito na Câmara do marco de prata que pertence a sua Illustrissima, que se lhe restituirá sendo-lhes pello mesmo Senhor remetido. Passe licença, Coimbra, mensa, 3 de Abril de 1702. (Assinaturas) Carvalho. Caldeira. Antam. 

Passada a licença aos seis de Abril de 1702

Igreja da Misericórdia de Ansião

                             

Nas Memórias Paroquiais de Ansião a informação do juiz Manuel Rodrigues em 1721  «o Doutor António dos Santos Coutinho cónego que foi da cidade de Lamego fez uma igreja de Misericórdia que não tinha rendas à qual se anexou uma albergaria de Nossa Senhora da Conceição (...) instituiu um Morgadio em que parte dele estava na vila, sendo seu administrador Manoel dos Santos da Guarda, termo da villa do Rabaçal, que auera 25 annos que foi instituído». Pela dedução é apurado o ano de 1696, quiçá o da sua chegada a Ansião (...)  " mandou erigir uma Capela  entre Santiago e Rabaçal" .

Retira-se da informação que o Morgadio foi  instituído em 1696, credível a poente de Além da Ponte, pelo chão na mão de descendentes; o meu quinhão e o da minha irmã. E a capela foi erigida na Junqueira, que teve frontaria inicial a poente. Então o limite do Rabaçal seria por ali e  anular a hipótese de ter sido a capela da Ribeira de Alcalamouque.

A estela de pedra na Igreja da Misericórdia refere-o 

                               

Doutor em Teologia, cónego magistral da Sé de Lamego e Provisor geral do seu bispado. Como encargo, Missas aos domingos e dias santos, pela sua alma e a dos fundadores e irmãos da Misericórdia de Ansião, assim como pelos seus pais e benfeitores da mesma Santa Casa.

Devoto, pela escritura da esmola de cem mil réis, a render cinco perpetuamente. Em 1706, um grande vendaval deixa a Igreja desativada e, a Imagem recolheu à matriz. A demora do seu reparo mais de 60 anos. Se havia farta esmola e outra a render, em que mãos andaram? Em março de 1769, o Padre Serra informa o bispado; já apresenta a Misericórdia com tudo o necessário para servir o culto do santo sacrifício da Missa.

Em vão a pesquisa do seu registo de batismo. Especula-se nascido por volta de 1650 e, aos 12 anos, ingressou no noviciado a 6 de maio de 1662, data avançada pelo seu descendente Padre Coutinho no seu Livro de 1986 « com o grau de coadjutor espiritual ouvia peregrinos em confissão e movido pelo zelo caritativo e com um forte espírito de serviço para com os pobres e necessitados, foi assistir soldados vítimas de doenças infeto-contagiosas, que acabou por contrair, vindo a falecer a 25 de dezembro de 1704».

Desconhece-se ainda se frequentou o Noviciado, na Residência da Granja dos Jesuítas de Évora, em Santiago da Guarda, ou em Coimbra. Contudo, ao ter instituído um morgadio com parte na vila  até à imediação do Rabaçal, se avente  tenha frequentado a Residência da Granja, a que se junta a escolha do administrador da capela da Junqueira, ser da Guarda. Sobre ele, não encontrei informação nos Jesuítas de Évora nem de Coimbra. Como não encontrei o seu registo de óbito. Na penumbra  se teve amparo na sua ascensão e tomada de cargo importante na Sé de Lamego, se atender a um  tempo com muitos indivíduos ordenados se mostrar ser superior aos lugares a ocupar. Foi Mestre, cónego magistral desse bispado,  com o papel de Provisor ( punia quem não cumprisse com a indumentária, barba e tonsura e passava cartas de cura. Os examinados ficavam descritos num livro, que daria ao escrivão da Câmara .A ele estava reservado passar licença para peditórios e cautelas com o selo do Bispo. Como o Provisor e ao Bispo estava permitido passarem licenças para a pregação entre outras funções). Vivência ao tempo do  bispo  que ali esteve até 1706 - D. António de Vasconcelos e Sousa, filho do 2.º conde de Castelo Melhor, com terras na Guarda, em Ansião . Em genealogia, abre-se perspetiva a costado da condessa de Vagos - D. Maria Coutinho do Senhorio de Abiul e terras na Comenda de Soure.  Também se conhece este apelido Coutinho  com um licenciado no Rabaçal.

O padre Coutinho no seu seu livro de 1986

« segundo uma tradição familiarmente conservada, viveu na casa senhorial defronte a igreja matriz e a ele também se deve a edificação da ermida da Rainha Santa Isabel, em Além da Ponte.» 

A casa senhorial, hoje palco da pastelaria Diogo, não existia na centúria de 600 do séc. XX. Foi mandada construir pelo novo-rico Manuel dos Santos Franco, com o ouro verde do Brasil. Uma forte possibilidade atendendo ao pedido de passaporte em janeiro de 1913 para o Brasil  de Augusto Maria Coutinho, levando a mulher Cecília e 5 filhos. No Brasil já estava o seu irmão Artur; em  supor  foi o Augusto quem lhe vendeu o lote e casa de família Coutinho, já que tinha necessidade de custear a viagem e se suprir no Brasil até arranjar emprego. E assim crer que a rica memoria familiar conservada do sítio da família Coutinho em 600, tenha sido ali onde o laureado Mestre nasceu e seus descendentes, mas, a casa que existe é que não.

Sobre a capela em Além da Ponte, a mim faz sentido dizer que foi erigida a marcar o inicio do Morgadio, para não se perderem as memorias da Rainha Santa Isabel, de quem era estremoso devoto como todos os jesuítas e, não apenas uma ao limite norte do fim do Morgadio. Ate porque ele tinha conhecimento da Feira Franca que lhe era dedicada na Constantina - debalde sem noticia que tenha lá ido tão pouco deixou esmola. Porque seria? Rivaliddae com a Confraria da Misericórdia onde os seus pais tinham papeis a desempenhar? O mais provável. 

 Em 1706 houve um grande vendaval que deixou desativada a Igreja da Misericórdia, ora estando na mesma direção da suposta existente em Além da Ponte, tenha também deixado esta capela, muito mais pequena, demolida. Porém por ser particular e o donatário já ter falecido em 1704, não foi mote de menção nas noticias do juiz em 1721, nem aposta de restauro pelos herdeiros. A capelinha que existe foi apenas erigida nos finais do séc. XIX e ao orago S. Pedro , só mais  tarde foi entregue, e não se sabe por quem,  um oratório com  Imagem da Rainha Santa Isabel. 

Lateral norte e tardoz da Albergaria que instituiu em Ansião adoçada à Casa da Misericórdia          Pelos telhados, percebe-se que a parte do portão foi acrescentada depois do aluguer em 1924, onde funcionou uma taberna.

Se analisar a estela - encargo, Missas aos domingos e dias santos, pela sua alma e a dos fundadores e irmãos da Misericórdia de Ansião, assim como pelos seus pais e benfeitores da mesma Santa Casa. Casa. Suscita os seus pais tiveram algum papel na Confraria da Misericórdia. A quem a tenha deixado a gerência da nova albergaria com apoio assistencial de enjeitados.       Na lateral existe a porta inicial, com a tranca da fechadura e uma montra que foi aberta nessa altura (1924) onde  se suponha foi  a janela da roda. 

No tardoz da albergaria 

No tardoz da Casa da Misericórdia e da sua Albergaria , houve as cavalariças e palheiros e naturalmente casario adjacente a pessoal que aqui trabalhava. Numa delas veio a nascer segundo  a São do Ti Estevão  Tojo, nos finais do séc. XIX -  João Gomes dos Santos. Foi emigrado ao Brasil uns anos e depois de regressado comprou um lote a seguir à casa onde nasceu onde  construiu uma vivenda de gaveto com a Travessa da Misericórdia  e a Avª Dr. Vitor  Duarte Faveiro. Casa de arquitetura graciosa ao estilo Português Suave que o dinheiro do ouro  verde do Brasil lhe proporcionou onde viveu os últimos anos de vida e faleceu, a sua filha Paulete. Era também pai do poeta mais célebre de Ansião - Políbio Gomes dos Santos, nascido em 1911 no r/c da casa onde funcionou o Posto da GNR. 

Conclusão 

Informação relevante, a depreender que o Mestre era doente, para ter deixado o cargo na Sé de Lamego e se transferir para desempenhar o lugar de Superior na Residência da Lapa, onde melhorou de saúde. De Sernancelhe, veio à sua terra - Ansião, pelo afeto ao comum topónimo Senhora da Lapa - o cerrado nascente do atual cemitério, antes em 1800, onde era foreiro da Quinta de S. Lourenço - António Caetano dos Santos Coutinho. Um seu ascendente.

Não foi incumbido por Dom Luís de Menezes, o Senhor de Ansião, por ter falecido em 1690. Não se vislumbra outra influencia , antes vontade própria no propósito de construir uma Igreja para a Misericórdia de Ansião. Sendo percetível que os seus pais eram confrades  com papéis na Casa da Misericórdia. Ao tomar conhecimento que a ermida de NSConceição que a servia, era pequena para atender enfermos, prestar sacramentos e receber enjeitados, tenha tomado a decisão da obra , como está exarado na estela na Igreja. Além de ter deixado uma Albergaria anexada, sem rendas, para cumprir essa função, de apoio assistencial ás crianças.Um digno benfeitor de Ansião.

Quando os ouvidos e olhos ignoram a Cultura resta a Palavra na informação!
Reivindica-se no direito à Cidadania justiça cívica de o vir a agraciar na toponímia. Exalta-se repto sugestivo à alteração da Rua Almirante Gago Coutinho, por ora sem significado na vila, graças ao estrangulamento ao Ensaio – para Sul: Rua Sociedade Filarmónica Santa Cecília de 1903 e para norte, pese menor, assim grande pelo palco do Hospital, Casa da Misericórdia e Albergaria a ser atestada - Rua Dr. António dos Santos Coutinho. Numa só emenda, a correção a duas grandes faltas, na voz do povo matar dois coelhos de uma só cajadada a dois grandes esquecidos!

Situação a merecer reparo e urgente, para isso haja gente de gabarito a se impor e a todos calar agora pelo sábio saber!

Em fica pé, em repor a legitimidade do passado. Ao se exaltar do esquecimento ilustres presentes no progresso de Ansião, em  honra  a reparar e a fazer bem feito a melhor herança a deixar aos vindouros o que foi o passado histórico e suas individualidades! 


Fontes
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/8636/1/PMM_Vol6.pdf

Testemunho de Abel Estefâneo
Livro do Padre Coutinho
Memorias Paroquiais

domingo, 25 de novembro de 2018

Padrão ao Fundo da Rua ao Senhor de Ansião Dom Luís de Meneses

A crónica para Memória Futura ao monumento de Ansião descrito por Gustavo Matos Sequeira no Inventário Artístico de Portugal em 1955. 
Ao qual não registou foto..." Esta vila que teve o título de Mordomado pelo Foral de Coimbra de 1465, teve também Foral novo dado por D Manuel I em 1514. D Afonso VI deu-lhe o título de Vila em 1663. Foi do Senhorio dos Condes da Ericeira, como está documentado num Padrão com longa legenda latina que ainda se encontra conservado na ponte, na entrada da vila . é um monumento lapidar de reconhecimento , ereto em 1686, ao conde da Ericeira vencedor da batalha do Ameixial.

Postal  do início do séc. XX, a preto e branco
O Padrão  ao Senhor de Ansião Luís de Menezes encontra-se na esquerda, embora se distinga mal, é percetível. Sendo de interesse referenciar o   Padrão foi ali colocado isolado, a nascente da rua na frente do muro descarrilado de pedras da quinta cujo nome ainda se desconhece, e lhe corre pelo tardoz.
A foto pese a folhagem da mimosa, mostra-o. Ansião na primavera devia ser bonita com esta espécie de mimosas, que não se proliferam. No meu tempo havia uma extraordinária na frente da casa do Sr. Albertino, em Aquém da Ponte e no Bairro de Santo António duas, uma no adro da capela e outra no gaveto poente da Cerca da Misericórdia. Todas se perderam. O seu tronco era avermelhado.
A razão do Senado de Ansião em 1686  aqui o mandar edificar?
A razão da escolha deste local esteja ligada à entrada da vila a norte, a mais importante desde a construção da Ponte da Cal em 1648 na ligação à vila pela antiga via romana/medieval que se passou a chamar Rua Direita. 
A quinta no tardoz do Padrão foi de uma família de apelido Paula e Veiga com origem em Góis, onde ainda vive sua descendência . No cemitério lamentavelmente o canteiro ao fazer a lápide de um jazigo escreveu Paulo...E por isso foi grande a dificuldade de a enquadrar na sua genealogia.
Vista do Pelourinho ao Fundo da Rua da foto acima em relação à foto abaixo ?
O muro da quinta a nascente em desmoronamento da 1º foto encontra-se mais recuado em relação ao que vem de sul ao cruzamento para se mostrar evidente na foto abaixo no gaveto já com prédios dos irmãos Júlio e José Silva. Supostamente deu mote a "entalar o Padrão" e ninguém se condoeu...
O Padrão em 2018 com uma vida de 332 anos 
Sem ter tido sempre uma vida pacifica foi alvo de atrocidades, e as pedras disso nos falam. 
Durante anos o Padrão, passou despercebido do seu valor patrimonial ao ter sido "entalado" por alto muro na década dos anos 30 do séc. XX, e assim o conheci,  conforme a foto acima explicita ao lado direito, onde se encontra uma carrinha estacionada, o local da paragem da camioneta, correndo-lhe debaixo um ribeiro encanado coberto por lajeado largo. 
Atualmente no pé do Padrão estão agregadas pedras laterais resultantes do entablamento mural...
Nos finais do século XX, o rasgo de uma nova variante a Rua de Erbach e a construção de um prédio mais recuado, sem estética na linha do passado histórico espectável para este local , ainda assim  a benesse  a  destacar o Padrão, como bem o  merece e,  finalmente voltar ao brilho que lhe foi retirado durante anos.
O Padrão depois de liberto do muro
Desconhece-se o seu escultor. 
Se alvitre o Mestre de Obras José da Fonseca natural de Ansião que construiu a Ponte na Fonte Coberta, no Rabaçal em 1637, ou seu descendente, por hoje ainda denotar veia artista em Ansião os seus descendentes. 
Atrocidades ao Padrão
Diz o Padre Coutinho
O Padrão sofreu umas valentes sacudidelas com uma camioneta, a intenção era muda-lo para a Mata...Mas alguém lúcido falou alto para ser deixado ficar no seu local.
Ainda há poucos anos por altura da festa do S. Pedro , foi derrubado um pináculo que demorou muito tempo a ser reposto depois de ter denunciado essa grave falta à preservação do património publico. 
O Padrão como se encontra atualmente 
Teria o pedestal no passado sido em baixo enriquecido com painel de azulejos?
O Padre Coutinho afirma que sim, pese não haver qualquer indício azulejar. 
Ficaria bem o nome Ancião a azul e branco.

O texto em latim
«IN PERPETVAM REI MEMORIAM/D LUDOVICO MENESIO COMITI ERICEIRÆ RE-/GIS PETRI II A CONSILIO SATVS ET FISCO/PRÆPOSITO IN TRASTAGANA PROVINCIA/MAXIMO TORMENTORVM PRÆFECTO IN/TRANSMONTANA PRÆTORI PRO VICTO CA-/NALENSI PRÆLIO IOANNE AVSTRIACO EBO/RAQ RECCVPERATA HOC ILLI OPPIDVM CVM IV-/RISDITIONE CONCESSV AVCTVSQ FVIT ALIIS/PRÆMIJS ET HONORIBVS QVOD XVIII ANNOS/BELLO IMPENDIT QVINQ PRÆLIJS ET PLVRI-/MIS VRBIVM OBSEDIONIBVS INTERFVIT AD-/EPTVSQ EST GLORIAM MILITAREM ET/POSTQVAM FVIT PACE MVTATVM MAXI/MA EJVS MVNIA CVM LAVDE EXERCVIT/IDEO ANSIANENSIS SENATVS HOC ERI-/GI MVNVMENTVM CVRAVIT/ANNO DOMINI MDCLXXXVI»
A tradução do memorial em latim, do Padre José Eduardo Coutinho, perito nestas coisas da história de Ansião: « Para Perpétua Memória/A D Luís de Meneses Conde da Ericeira d'El-/Rei PedroII Conselheiro de Estado e do Fisco/Intendente Na Província do Alentejo/Supremo General de Artilharia/Governador da Província de Trás-os-Montes/em vez de João de Áustria/vencido na batalha do Canal/E após a recuperação da cidade de Évora/esta pela jurisdição/que lhe foi concedida o cumulou de tais/prémios e honras por durante 18 anos/se haver dedicado à guerra por ter travado/cinco batalhas e ter participado em tantos/cercos à cidade obtendo glória militar e/alcançada a paz exerceu os maiores/cargos com louvor Por isso o Senado/de Ansião tratou de lhe mandar erigir/este monumento/No ano do Senhor de 1686»

Marco turístico referente ao Padrão
O Padrão pela arquitetura Civil foi classificado como Imóvel de Interesse Publico em 1980
Excerto http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt Nota Histórico-Artística (Rosário Carvalho)
«A contribuição decisiva do Conde da Ericeira para a vitória portuguesa na Batalha do Ameixial, uma das etapas mais importantes das Guerras da Restauração, foi muito celebrada em Ansião, pois D. Luís de Menezes recebeu o senhorio desta vila como recompensa pelos serviços prestados ao reino e, em particular, pelo seu papel de destaque na referida batalha, que teve lugar em Junho de 1663. 
Em frente da sua casa, ergue-se um pelourinho com uma lápide comemorativa deste acontecimento. Na ponte à entrada da vila, o senado da vila mandou erigir, em 1686, o padrão que perpetua a memória do Conde da Ericeira e dos seus feitos. Aí se refere, em latim, que D. Luís de Menezes foi conselheiro de Estado do Rei D. Pedro II, Intendente do fisco, supremo General de artilharia da província do Alentejo, governador da província de Trás-os-Montes, que durante dezoito anos se dedicou à guerra. 
O padrão seiscentista, de secção retangular, é formado por uma base que se divide em três registos. O primeiro separa-se do seguinte por um friso, e em ambos os cunhais exibem pilastras, sendo que as superiores são rematadas por capitel e entablamento, sobre o qual se erguem pináculos. Remata o conjunto uma pirâmide sobre base de secção quadrangular. A inscrição latina já referida, encontra-se numa das faces. »

Aguarela espetacular de José Carlos retirada da net
                   

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Maçonaria na região de Ansião, circundantes e antigas Cinco Vilas ?

Atribuo a televisão que consumo relativa a 90% ao Canal 2 onde na semana passada despertei para um documentário sobre a Maçonaria em Portugal, no imediato me remeteu para a partilha de uma simples conversa recente onde foi abordada com o meu bom amigo João Patrício, espero não leve a mal a partilha, em abono da verdade trata-se de transmissão de Cultura!
Pentagrama
«Com a letra G a indiscutível melhor significação da Gnose, ou seja, Conhecimento. Esquadro e o compasso por detrás da história maçónica com a letra G a sétima letra do nosso alfabeto com os seguintes significados: Gravitação;Geometria;Geração;Génio;Gnose;Glória;Grandeza e Gomel.»
 

« - Olá. Sempre à espreita de um novo "post" teu. Seja sobre o que for. Ás vezes pela tua escrita tão peculiar. Desta vez chamou-me à atenção o tema "pedras" . E pus- me a pensar. Não tendo tu passado ao lado da “vida”, de maneira nenhuma... fico sempre com a sensação se não devias publicar as tuas investigações ou simplesmente as tuas “divagações “. Mas hoje não era isso que te queria falar. Ao ler “ Uma pedra” ...lembrei- me do simbolismo da Maçonaria . Serás tu “Iniciada”??? Desculpa isto nunca se deve perguntar!!! 
Muito obrigado por leres a crónica https://quintaisisa.blogspot.com/2018/09/quinta-de-sarzeda-em-pousaflores-no.html e mais uma vez enalteceres este gosto que a escrita me confere. 
-Também porque pelo que conheço de ti estás muito próximo dos ideais da Maçonaria.
Sobre a questão que colocas de facto nunca me inteirei sobre o que trata efectivamente a Maçonaria tendo ouvido pela primeira vez este nome no BPSM onde trabalhei quando foi integrado no BCP em que acordei para uma novíssima forma comportamental dos seus dirigentes dado pelo estar intelectual, altivo, snobe e conservador com punhos d'oiro, os escolhidos para desempenho de altos cargos tendo apenas em mira o sucesso, sem olhar a que preço a esminfrar clientes e empregados, brutal imagem em nada a obedecer aos meus padrões de liberdade, tão pouco ao prazer de partilha gratuita em ajudar todos sem olhar a quem, na premissa quanto mais ensino mais sei,difícil foi encontrar alguém com as mesmas capacidades... E sim, nunca mais visto um tailler, em verdade os fatos que tive de usar nesse tempo na minha irreverência alindava com conjuntos em ouro tudo a condizer comprado com prémios nos leilões da CGD, a faísca e show indirecto de tanto brilho em contraste à fazenda escura na minha forma de rebeldia mas também em espicaçar o sistema...Mais tarde a minha casa foi assaltada e roubado todo o espólio da montra áurea. Lembro um porém por altura da fusão e do conhecimento do pessoal ocorreu por altura da notação profissional em que por cautela ou falta de firme postura comportamental de quem procedeu à notação não a ter executado em rigor que a mesma merecia pautando toda a equipa por igual não destacando quem era polivalente, substituía o subgerente estando sempre disponível para acorrer a tudo, sem receber horas extraordinárias, para no confronto lhes dizer que não concordava com a atribuição da  letra "C" não acreditando que os meus colegas por estarem abaixo  jamais receberiam um "D"  e assim todos eram pautados por igual quando o desempenho era diferenciado, afinal de que valia a notação profissional, era fachada? Inflamada  disse-lhes que nas minhas veias corria sangue e não água, sem qualquer culpa do meu líder não saber reconhecer a destrinça e qualidade do trabalho de cada um por estar sempre fora do balcão, mas também por desinteresse, bastava analisar os objectivos concretizados, pelo que me restava a partir de amanhã passar a ser mais uma funcionária normal  apenas no cumprimento de horários para receber o ordenado e,...Falei da boca para fora, na verdade sempre fui obstinada no trabalho e nada me faz esmorecer nem mesmo a negligente falta de visão que o meu gerente teceu sobre mim para no dia seguinte de semblante triste pelo ocorrido na véspera desenvolvi a minha rotina  laboral aproveitando as oportunidades que ao longo do dia apareceram no balcão e foram algumas e boas...Já passavam das 18 horas e continuava a trabalhar acompanhada pelo subgerente quando o director lhe telefona e o questiona para responder honestamente como tinha sido o meu dia de laboração em que lhe responde abonatoriamente tecendo elogios no destaque, nunca assim  outro profissional conheci, em verdade não tinha como dizer o contrario, só se fosse por má fé ...Tenha sido a descoberta de talentos que os obrigou à necessidade de saber de onde eu vinha, quem foram os meus ascendentes, se era da família de "sicrano e beltrano"para num deles acertar, igualmente sem licenciatura, na valia ser homem em prol de mim mulher acrescida de ter vindo de um Banco considerado com gente retrógrada, na faixa dos 40 anos, para os alertar a tamanha versatilidade ao seu produto estrela muito antes dos demais começarem a dar cartas  pela tenacidade, empenho e  vitória onde o dissabor também se fazia ouvir pelas vezes que os questionava quando não entendia as novas regras para ouvir sobre mim falar que era uma chata de gente rotulada com licenciaturas que de banca e negócios nada abonavam para enfim ter sido elevado o crédito de novo aprendizado em apreciar algumas mulheres que dignamente as vieram a honrar no posto de gerência, sem cunhas, pelo profissionalismo, fui uma delas! 
Mas atenção apesar de tanto elogio e pancadinhas nas costas apenas conhecida pelo número mecanográfico onde jamais senti ponta de humanismo quando no BPSM sentia o seio de uma família. Gente mirabolante, poderosa com mira apenas no lucro onde existia um Pelouro para ajudar a solver problemas internos e a dar "gracha" assim o passei a conhecer quando me ligaram a dirigir convite para um evento anual de nomeada quando mais ninguém do balcão o tinha sido...
- BCP e maçonaria? Pois !!!
- Nessa altura ainda não havia Maçonaria Feminina em Portugal. Tem poucos anos, mas segundo me parece está com muita força.Sociedade discreta ,quase secreta.

A maçonaria portuguesa feminina tem 20 anos, perfilha tal como a masculina a mesma linha de fachada dos ditos altos valores  que se devem professar em sociedade, mas na  pratica é elite só para alguns angariar ganhos para mais  riqueza ...Sabes que conheci o Grão Mestre Dr António Arnault?
- Quanto ao Dr Arnaut, teve consultório junto aos correios (antigos) em Ansião. 
O Dr Arnault advogado, natural da Cumeeira (Penela) recentemente falecido, conheci-o no tempo que teve esse escritório em Ansião, sabias que foi colega do meu pai no Colégio Nuno Álvares em Tomar. Em Coimbra ele seguiu Direito e o meu pai matriculou-se em Economia, mas abandonou para casar porque a minha mãe estava grávida de mim, quando inesperadamente o meu pai faleceu em 1972 foi o primeiro a dirigir-se a nossa casa para prestar condolências. A seguir ao 25 de abril chumbei a ciências no 5º ano tendo ido receber explicações com colegas de Ansião ao Colégio do Avelar, íamos na camioneta para num dia não ter havido e não me apetecendo por lá ficar , fiz mal devia ter percorrido o Avelar para mais me lembrar do seu passado, ao jus de um repente inexplicável deu-me na veneta para me pôr a pé sozinha a caminho de Ansião, e ao endireito da britadeira, ao alto do Camporês, num tempo de poucos quase nenhuns carros eis que passa o Dr Arnault olha para mim sem me dar boleia, também não pedi, não me conferiu importância alguma, para antes do ramal do Maxial passar uma camioneta dos Transportes Serras de Ansião com o motorista Costa que o conhecia de vista de o ver como outros a limpar a frota ao Ribeiro da Vide, esse sim deu-me boleia. 
- Tinha acabado falar de ti, estive em Ansião.Fui com os meus pais a uma consulta de rotina e levei as minhas irmãs da Rua Trouville 4 no Monte Estoril .
Onde vai a vivência do colégio religioso no ano de 71/2 e a vivência com a tua irmã Fernanda que abraçou o espírito de casar com Deus... 
Numa feira de velharias em Figueiró dos Vinhos fui abordada por um apaixonado pela Maçonaria que me perguntou se tinha símbolos para um museu que tinha em Pedrogão Grande.Trazia uma coleção de loiça "ratinha" de boa qualidade a um preço exorbitante, debalde nem se estreou... 
- Esse senhor que te pediu símbolos maçónicos é Aires Henriques em Troviscais Cimeiros no concelho de Pedrogão Grande.
Museu da Republica e Maçonaria 
Citar excerto de https://universatil.wordpress.com/2010/02/03/coleccionador-constroi-museu-da-republica-e-maconaria-em-pedrogao-grande/ «Economista construiu um edifício com características neo-medievais para instalar o Museu da República e Maçonaria, com base num acervo de centenas de peças raras. Aires Henriques associou ao seu projecto de turismo rural Villa Isaura, na aldeia de Troviscais, uma unidade museológica que constitua “um pólo de referência política, cultural e histórica dos valores da igualdade, da liberdade e fraternidade universais”. Várias colecções e temas integram o espólio, que abrange o período entre o Ultimato Inglês, em 1890, que marca a ascensão do republicanismo face à Monarquia, e o Estado Novo, passando pela I República, as primeiras revoltas contra Salazar e a II Guerra Mundial. Enquanto percorria o país de Norte a Sul como inspector do Ministério da Agricultura, Aires Henriques já aposentado foi juntando peças diversas, com destaque para adereços, documentos e instrumentos maçónicos ou identificados com a República. Ao todo, são centenas de objectos do quotidiano, como estatuetas, pratos e outras peças de cerâmica, relógios, cartazes, postais ilustrados, fotografias de dirigentes políticos, jóias, espadas, livros raros, caricaturas e ilustrações. “Houve todo o meu interesse em não deixar morrer este espólio nas arcas e nas vitrinas” 
“(...)Esta é uma colecção de gente humilde, mas também do que foi possível juntar ao longo destes anos”, afirma. Ao longo de quase 25 anos, “as viagens levaram-me a conhecer a realidade deste país, a repressão e a limitação das liberdades” durante o Estado Novo, refere. “Deste modo, fui também formando o meu espírito democrático e participativo”, conta, ao folhear um álbum de fotos de presos políticos dos anos 30, bem como dos primeiros deportados para as ilhas dos Açores (Angra do Heroísmo) e Cabo Verde (Tarrafal). Presidente da Casa de Pedrógão Grande em Lisboa e autor de vários estudos locais na área cultural, Aires Henriques idealiza um Museu da República e Maçonaria como “projecto aberto à comunidade”.

“(...)Há aqui um campo aberto para uma colaboração entre a Villa Isaura e as escolas e universidades”, reitera. Através das peças, “devidamente tratadas e estudadas”, o coleccionador projecta “um futuro de democracia, participação, convívio e entreajuda” dos concidadãos. “É um conjunto muito equilibrado e significativo de objectos ligados à Maçonaria, ao movimento republicano e à I República”.
O Museu da República e Maçonaria, em Pedrogão Grande, encerra ao público em geral no final do ano, mas em 2019 o proprietário permitirá ainda a visita de membros das diferentes obediências maçónicas."a decisão de fechar está tomada", independentemente do destino que venha a ser dado ao acervo. 
A Torre do Inferno do Rei do Lixo em Coina 
Quando visitei a torre do Inferno em Coina também conhecida por outros nomes mandada construir por Manuel Martins Gomes Júnior conhecido como o "Rei do Lixo" pelo exclusivo da recolha dos detritos da cidade de Lisboa que trazia em barcaças para engorda de porcos em pocilgas que tinha na margem do rio Coina, quando este ainda era navegável, hoje completamente assoreado com canaviais se fosse limpo seria lindíssimo com os seus moinhos de maré... Há historiadores que defendem que o palácio com a torre foram idealizados para ser a sede da Maçonaria por na altura ter ardido a de Lisboa .

Obviamente foi tema para outra crónica http://quintaisisa.blogspot.com/2016/09/palacio-ou-castelo-do-rei-do-lixo-torre.html. 
Depois destes episódios ocasionais jamais aprofundei a Ordem da Maçonaria para te ser sincera nem tão pouco me inspira. Talvez porque não atino com a imposição de regras rígidas, embora sempre me pautei por as cumprir e gosto que se façam cumprir, o seja pelo meu lado irreverente e a necessidade de me sentir livre sem amarras a rituais em que a cena do avental me reporta à origem celta do kilt com sacola usada pelos escoceses, apesar da simbologia fundamentada, acho que tudo tem o seu tempo se a comparar com as mulheres cristãs, em criança costumava entrar na igreja de véu a cobrir a cabeça que veio a cair em desuso, em verdade se comparar os últimos 50 anos, muito se mudou na vida, alterou e caiu em desuso com a globalização na maneira de estar, pensar e agir no que respeita a simbologia em rituais do passado!
O que sei e sinto um gosto desalmado por pedras, na Maçonaria gostam delas "brutas" e eu não, as brutas não me dizem nada, gosto da pedra esculpida pelo homem para no Louvre me deixar perplexa, extasiada, moribunda com tanta e brutal beleza, igualmente adoro as pedras esculpidas pela erosão, sobretudo as que encontro na serra que durante anos te fez sombra em Lisboinha. A família do meu avô paterno teve homens na arte de pedreiro, com a minha irmã na idade de imitar os adultos acompanhámos o reforço de uma placa da padaria dos nossos avós onde foi aplicada rede com cimento, o mote para fazer uma casota para o nosso cão, debalde não procedemos à dobragem da rede com mestria para a placa se apresentar nos cantos com rede saliente, um empecilho, onde de vez em quando se prendia a corrente do cão...mas durou mais de 20 anos sendo apenas demolida para se fazer uma calçada no patim.Mas sim identifico-me com alguns dos seus preceitos, sobretudo nos fins filantrópicos, educacionais, filosóficos, progressista e ação educativa. Assim tem sido o meu papel de mais partilhar sem nada receber muitas das vezes em resposta ao incentivo de amigos como tu que me estimulam a continuar este caminho de contadora de estórias com história.
Um pedreiro a desbastar pedra bruta
A história como a vemos sempre foi uma Nação de Religiões contrárias ao Papa em que a célebre Batalha de Ourique disso é exemplo em que uns e outros com Reis contra Reis tendo por detrás de tudo o que se fazia a mão da grande organização anti-papal " Os Pedereiros Livres" em meter irmão contra irmão e Rei contra Rei ao jus de um anjo S. Miguel contra um S. Pedro? Em que um era o Libertador contra o outro Absolutista!
Esta luta sobre quem ia salvar os povos das trevas travava-se dentro da fronteira às vezes em plena vista mas de certo na maioria às escondidas, em que a Maçonaria de certeza descendeu daqueles frades Templários que se transformaram na Ordem de Cristo e que se manteve secreta até o seu poder ser igual ao da Inquisição do Papa para em 1700 o pai do Marquês de Pombal ser conhecido como Maçon, viveu numa quinta no concelho de Pombal cujos apelidos "Carvalho Mello" o indiciam com ascendência judaica. Em mente tanto de um lado como do outro se controlava a propaganda que lhes assegurava a ascendência ou a queda do poder, a arma secreta do poder absoluto sobre os demais a se ajoelhar em desígnio de má sorte!
- Apesar de Tomar ser a terra da " Pedra trabalhada", segundo sei não há "Lojas" Maçónicas" por cá. Ironia do destino???!!
Um dos principais símbolos da Maçonaria mostra o pedreiro com o maço e o cinzel vestido de avental, peça de vestuário que se amarra à cintura, utilizado para proteção dianteira da roupa do próprio usuário quando desbasta a pedra bruta e a alavanca representa a força utilizada de modo sábio, ajudando a recolocar as pedras nos seus devidos lugares.
O termo maçom ou mação provém do inglês mason e do francês maçon, que quer dizer pedreiro, construtor. Histórias sobre os primórdios de sua existência com vertentes afirmando que teve início na Mesopotâmia, outras confundem os movimentos religiosos do Egito e dos Caldeus como sendo trabalhos maçónicos. Há escritores que afirmam ser o Templo de Salomão o berço da Maçonaria fechado com a flor pervinca.No documentário televisivo sobre a Maçonaria despertei pela simbologia de um símbolo esculpido numa pedra da letra "A" em que o traço a cortar a letra se mostra um delta invertido.
Jerusalém
Pervinca
Flor de cinco pétalas usada pelos trovadores depois de serem aceites na Ordem outros ofícios além dos pedreiros.Planta herbácea que conheço de miúda havia ao cimo do quintal dos meus pais na envolvente do poço de chafurdo e que cobre parte do ribeiro ao Vale na Moita Redonda a ditar um cariz lúdico e fresco a lembrar Sintra.
A letra "A" imediatamente me reportou para outras duas semelhantes que encontrei esculpidos ao meio do arco Manuelino do que foi um palácio em Abiul que revisitei em agosto. 
Citar excerto de http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/327730Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público por Decreto n.º 5/2002, DR, I Série-B. n.º 42, de 19-02-2002. 
Segundo Catarina Oliveira -« Pensa-se que este arco integrava originalmente o portal principal do solar de André de Sousa Coutinho, que adquiriu parte do senhorio da vila ao Mosteiro do Lorvão. Depois da sua morte, a vila passou para os domínios dos Duques de Aveiro. »
Contrariando de certo modo a autora em história e arte, para mim do que ainda existe em Abiul aventa ter sido um palácio e não solar e ainda o apelido do dono não seria "Sousa" e sim "Silva"para realçar o mais importante não encontrei referência dada à relevância das letras esculpidas onde o arco fecha.
Arco Manuelino em Abiul
«Uma coluna é um elemento arquitectónico destinado a receber as cargas verticais de uma obra de arquitectura ( arco como barramento,arquitrave,abóboda) transmitindo-as à fundação. Representam o suporte de algo superior e dão sustentação à obra. A maçonaria utiliza tanto colunas inspiradas no templo de Salomão quanto as colunas da Arquitectura da Grécia Antiga. 
O conjunto de três colunas gregas formam As três pequenas Luzes. 
A coluna de Ordem Dórica, mais robusta e de ângulos retos representa a força e o Primeiro Vigilante, a de Ordem coríntia, adornada de folhas de acanto, representa a beleza e o Segundo Vigilante e a coluna da Ordem jónica, onde é enfeitada com volutas, representa a sabedoria e o Venerável Mestre.» 
Estarão as letras ligadas à Maçonaria? 
«A origem da Maçonaria, segundo o manuscrito hebreu .Acredita-se que a Franco-Maçonaria moderna tenha sido criada em 1717 quando a sua Grande Loja da Inglaterra foi estabelecida. Se este palácio que teve este arco Manuelino segundo Matos Sequeira (1955), descreve: “…é um dos elementos que resta do solar de André de Sousa Coutinho, (também referiu mal o apelido, devia ser Silva) edificado entre os finais do século XV e os primeiros anos do século XVI.»
Ao meio das duas letras "A" aparece o "G" seguido de NF(?) onde passa o fio de iluminação parece outra letra (?). Os "A" cortados em cima e em baixo reportam para a tradição Celta, a necessitar estudo!
 
Cemitério do Avelar
Onde encontrei simbologia ligada aos ofícios de pedreiro e outros.
Tardoz da igreja da Aguda
Brasão dos Duques de Vila Real a parte final em delta invertido ...
O que transparece é que a Maçonaria teve na região centro em Ansião, circundantes e antigas Cinco Vilas discípulos e apaixonados onde se destacou o Dr António Arnault como Grão Mestre. Por não haver informação escrita deste passado na região ou a havendo, desconheço para numa pequena abordagem pela rama falar do que conheci e sinto sobre a Maçonaria. Uma teoria sobre a mística origem seja reportada aos povoadores aportados à região com ascendência franco/judaica vindos de países europeus e do Médio Oriente que se expandiam pelo País, Ilhas, Brasil e no Mundo a denotar cariz aventureiro e sapiência em atingir metas de riqueza sem olhar a meios para atingir os fins vestidos de temperamento reservado mas visionário a novos filões de negócio de tenaz astucia encapuçada com préstimo de amparo onde privilegiados recebem ajuda de bandeja de bons empregos enquanto outros menos afortunados, sem ser aprendizes, gente de trabalho supostamente se aproveitaram deles até ao tutano sugando o seu talento para angariar maior riqueza com reverso da medalha pouco, quase nada receber, francamente sinto grande desigualdade para me desculpar nesta frontalidade, Ordem à qual jamais podia ser membro por não a compactuar ao ser pautada por Escolhas, em que só uma elite tem acesso vestida de roupagem com finalidades aparentemente convincentes que aprecio e gosto de praticar, a meu ver no passado tenham tido mais realce do que no presente para comparar a sua suposta filosofia com gente enigmática onde o cariz ao embuste e recurso à mentira compulsiva seja repleta de manietação com engano e desengano em uso e abuso de praticas testadas ao limite com um único desígnio - Fortuna, sem equacionar prós e contras, antes desprezando o incalculável prejuízo a terceiros, engodo desprezível em que não me revejo, também por coroar supostos "afilhados" maçons no trampolim da fama com ascensão a bons cargos políticos e outros cargos meritórios em grandes empresas de referência, sem aparente teste ao seu perfil nem ao teor de conhecimento de onde outros supostos emergiram à laia da maçonaria passando a ser reconhecidos pelo número de processos de alegada corrupção e engrandecimento de riqueza pessoal de milhões, comandita ideológica que alcunhei " punhos d'oiro" ao género dominante gente com apetite vaidoso, sedento de status social e de angariação rápida de riqueza pessoal onde um porém é muito evidenciado - o trajar conservador inglês coroado de charme sedutor em falar calmo e calculado, para noutros se evidenciar de linguagem ditada pelo raciocínio ágil no fio da navalha a ditar inteligência no ensejo de encantar, puro engano da mentira presente para quem ouve, acreditar ser verdade, ambas as formas da transmissão da palavra em aviso, as aparências iludem! A que acrescia no ambiente de trabalho o alegado desprezo de quem vinha de uma classe considerada inferior a ser usado no implantado sistema importado do mercado financeiro, estratega mirabolante e assustadora a labuta no dia a dia a esminfrar o couro e o cabelo a clientes na concretização dos objectivos em revertido proveito pago na prática dúbia de excessivos louvores escritos e orais, a cegueira de ingénuos por lhes bastar e míseros trocados, em que os altos lucros eram distribuídos por quem pouco produzia em cargos de Direção. Deficiente era o desempenho da sua cabal função que se distinguia aquém do expectável no apoio à rede de balcões, poleiro ganho pela licenciatura sem aprendizado da real função só alcançada por quem começa de baixo, subindo todos os patamares. Tão pouco valia ao incentivo maior do que devia ser o intercâmbio gerencial "graxa de encantamento e lambe botas de criadagem" para auspicio de promoções e ascensão na hierarquia.Proliferou a inexistência de humanismo na alegada abertura da rede secundária de balcões para clientes de segunda linha onde recém licenciados alegadamente injectados de novas práticas comerciais na venda agressiva de produtos sem olhar ao perfil do cliente na meta de atingir altos ganhos a trabalhar desalmadamente sem horários com alguns a não aguentar a alta pressão onde se constou a surpresa da morte precoce... Em paralelo autodidatas de aprendizado no terreno sem formação académica no direito e normativo bancário, nem estágios, no mesmo ritmo laboral e do excesso de carga horária tomados pelo stress e vícios laborais trazidos na bagagem da herança da banca tradicional a contornar situações viria a ditar também o azar a surpresa do despedimento, em que se salvaram supostos afortunados pela ajuda fulcral da figura do "padrinho" apesar do total desaire e prejuízo à casa eram jogados na prateleira, melhor sorte que outros por muito menos ao mínimo deslize o fatal abandono, sem palavras a passar de bestial elogiado a besta despido e denegrido, sem eira nem beira!

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A Quinta de S. Lourenço no vulgo Mosteiro, em Ansião

Desenfreada em frenético prazer  e aventura  à laia de Françoise Choay, historiadora e investigadora das teorias e formas urbanas e arquitectónicas ao curioso interpretar do  vulgo mosteiro, ao Vale Mosteiro que  foi plantado a  sul do primeiro burgo de Ansião. Na oralidade corria o  dito ainda vivo -  a cama em pedra da Rainha Santa Isabel ...Depois da minha vida de trabalho mais disponível em tempo de reforma para me dedicar com paixão ao passado de Ansião. Demorei mais de meio século a conjecturar um sonho, que tinha sido palco de um pequeno mosteiro...Debalde nada havia escrito e o topónimo Vale do Mosteiro e hoje Vale Mosteiro, induziu-me  a más interpretações.Tomei como linha de investigação o  parecer do  Dr. Manuel Dias  "(...) Falando ainda de História, mas de Ansião, cada vez mais me convenço que não houve nenhum Mosteiro em Ansião, o que houve foi uma Igreja dedicada a S. Lourenço na parte Poente da Vila, que hoje não se vislumbra onde seja (provavelmente aquela de que conhece vestígios). E digo que não houve convento porque a documentação vernácula do início do século XVIII descreve a vila e as suas instituições e não fala do Convento (diz-se sempre que há ligações da Igreja local com o Convento de Santa Cruz de Coimbra). O António Simões levou-me ao local, mostrou-me um arco de volta perfeita e registou outras  fotos."
Seguidamente o Sr Padre Manuel Ventura " (...) Sobre o Vale Mosteiro pouco ou nada sei. Como sabe, a Igreja velha de Ansião ficava para aqueles lados  dentro do atual cemitério, e era pertença daquele Mosteiro. Penso, mas não vi isso em nenhum documento, que perto da Igreja teria de haver residência para os párocos frades que serviam a paróquia . O mais provável é que tivessem dentro do próprio solar uma capela, para não terem de se deslocar por tudo e por nada à igreja, quando atendiam pessoas ou faziam as suas orações comuns.A esta residência não chamaria "Mosteiro" mas uma sucursal do Mosteiro. O povo entretanto era capaz de lhe chamar mosteiro. Lembro-me de quando eu estava em Figueiró ter consultado muitos livros e documentos sobre mosteiros na Biblioteca da Universidade de Coimbra e na Torre do Tombo e nunca me apareceu referência a mosteiro algum em Ansião."
No Livro Ilustres Ansianenses do Dr Manuel Dias, refere  em  José Luiz de Macedo (...)  o local do primeiro burgo, foi a poente, o povo no seu linguarejar chamava Ribeiro da Igreja. Descobriu-se à pouco tempo um seu pagamento de foro de um  seu cerrado ao Ribeiro da Igreja  (Ribeiro da Vide) ao limite do  cemitério que aparece referenciado na escritura da minha avó, Piedade da Cruz, a quem o pai dela teria comprado à posterior aos herdeiros. O topónimo Ribeiro da Igreja atesta em definitivo a primeira igreja foi localizada na junção dos cemitérios - do velho e do novo, no seu ponto mais alto e não,  onde foi a capela de S Lourenço, ambos os cultos existiram mediados pelo adro velho inseridos no olival de S Lourenço da  quinta com este nome,  foreira do Mosteiro.

No Livro de 1986 do Padre Coutinho (...)Embora já existisse anteriormente, apenas no último quartel do séc. XII urgem as primeiras referências escritas àcerca de Ansião , mediante os documentos em que o Mosteiro da Santa Cruz em Coimbra - na pessoa do seu Prior Dom João Teotónio - ali aparece a adquirir bens a partir de 1175.Era uma extensa propriedade que, demarcada por três limites determinados, confinava a nascente  pela Moita do Açor, dai seguindo o cimo da vertente até ao lombo  da Fonte Galega; descia para o Pedrulhal e ia até Figueiras Podres . A poente Osumio e esmoliadouro em Ansião; a norte, a ribeira de Sarzedela . 

No Estudo arqueológico da prospecção no Vale Mosteiro em 2010 classificado Mancha de Ocupação Romano e Medieval Cristão  « (...) O Vale Mosteiro está limitado a Norte pela Igreja Velha e a Sul pelo Ribeiro de Vide. Para J. E. R. Coutinho (1986), o topónimo "designa não um mosteiro ali existente, mas o vale pertencente ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Pois segundo o autor, as estruturas que observou no local, eram propriedade daquela instituição religiosa, até à extinção das Ordens Religiosas, em 1834, de acordo com o que refere o Livro de D. João Teotónio, fl. 10 e 142 v.º a 144 v.º, sobre a aquisição e localização da herdade de Ansião pelo Mosteiro. A própria tradição popular (lenda da Rainha Santa) é reveladora da importância de Ansião como possível ponto de paragem para descanso dos viandantes, bem como da existência de um esmoliadouro. Este topónimo indica que havia um local, propositadamente preparado para que os viandantes deixassem as suas esmolas, o que logicamente seria junto à estrada. Também o Livro de D. Teotónio o refere, onde entre as delimitações registadas da herdade de Ansião, aparece o "esmoliadouro". Assim a estrada designada por "estrada coimbrã", passaria por Vale Mosteiro e Igreja Velha. No decurso da prospeção levada a cabo numa área com 166.980 m², foram detetadas a Sudeste do estaleiro do município de Ansião, num local que se encontra ocupado por uma construção devoluta, estruturas que, pela sua volumetria aparentam estar parcialmente soterradas, e que foram reutilizadas para o levantamento daquela construção. Numa habitação contígua identificaram-se também alguns elementos arquitetónicos, que poderão estar relacionados com as estruturas detetadas. E que se encontram integrados numa escadaria, que permite o acesso ao primeiro andar da habitação. O sítio em questão faz parte do conjunto de sítios que se identificaram no perímetro urbano da vila de Ansião, onde foram detetados vestígios com interesse arqueológico. Tendo em conta a informação existente sobre a localização e o tipo de espólio que foi detetado, é lícito interpretar a mancha de ocupação em causa, associada aos vestígios que se encontraram por uma vasta área na malha urbana da vila de Ansião, que vai desde a Igreja Velha até ao Vale Mosteiro (limite Oeste da vila), passando pelo centro da povoação, na Avenida Victor Faveiro. Neste sentido, poder-se-á estar na presença de um assentamento do período romano (uma possível Villa) e do período medieval.»

Qual a opinião a retirar  do que aqui existiu afinal?

Verossímil a imagem transmitida dos relatos sobre a quinta de S Lourenço, ao Vale Mosteiro, uma das cinco quintas que vieram a constituir a Herdade de Ansião, em relação às outras quatro teria já a valia da estalagem. E ainda seria a última (parcela) a ser adquirida em Junho de 1176, segundo o Livro de 1986 do Sr Padre Coutinho" o oitavo final, a Pedro Soares e a sua mulher Maria Pais, por igual preço do anterior e constitui a Herdade de Ansião."
As antigas vias romanas a privilegiar Ansião, em época medieval tomaram nomes diferenciados. A estrada de Braga a Lisboa com traçado por Vale Figueira, hoje Figueiras de S. João, teve derivação para a Constantin, Lagoas, onde se bifurcou com dois troços: nas Lameiras, Nabão, Vale Mosteiro, veio a ser chamada estrada real. Com o abandono do burgo antes de 1593, que se mudou de poente para nascente, onde está,  foi reativado o outro troço romano  que derivava abaixo das Lameiras, paralela ao Nabão onde o ultrapasasva na atual Ponte da Cal, talvez por ponte de pedra ou de madeira. Seguia pela frontaria da igreja, Cimo da Rua, Empiados, Casal Soeiro, Casais Maduros, Venda do Negro e Alvaiazere, no atual Caminho de Santiago de Compostela . 
A via romana XVI, de Antonino, bifurcana ao limite de Ansião, na Varzea de Aljazede, A via principal seguia pelo algar da Povoa, Venda das Figueiras, Togeira, Pontão, Cabaços, Rego da Murta, que   em época medieval tomou o nome de Estrada de Coimbra .

Em setembro de 2016 nos Cadernos de Estudos Leirienses nº 9 de Saul António Gomes e Mário Rodrigues. O Povoamento do Território de Ansião nos séculos XII/I
 (...) in ocidente  à Sumo e Esmoliadouro de Ansion - Pedro Soares e a mulher Maria Pais vendem ao MSCC uma herdade em Ansião. 
Retira-se das duas transmissões - o Sr. Padre José Coutinho apresenta-se mais completo na descrição aquisição da última parcela, o oitavo final. Induz  dizer tenha sido o mais difícil de vender pela riqueza associada da estalagem para ter ganho novas valências dadas pelo mosteiro - cadeia e a almoçateria, verossímil afirmar. E ainda porque o apelido Soares continuou  vivo na vila. Na centúria de 700 da mãe e do avô materno dos ilustres - Soares Barbosa, cujo pai de apelido Freire foi intrinsecamente ligado a Ansião, nesta quinta de S Lourenço e nas  envolventes; Quinta das Lagoas e Quinta do Bairro .Ainda se verifica a  discrepância nos dois autores, ao topónimo mencionado a poente de Ansião:
O Sr. Padre Coutinho refere Osúmio - o relaciono com o  topónimo actual Suímbo,  antes da Sarzeda. 
E o topónimo Sumo para o mesmo local referenciado nos Cadernos de Estudos Leirienses. 
Quem estará certo?

«O Vigário de Ansião António Martinz a 19 de Março de 1627 relata no elenco das capelas (...) a de São Lourenço no adro velho fabricada pelos fregueses  sem para isso o mosteiro Contrebuir Com Cousa algua, sem obrigação alguma do mosteiro.» 
Retira-se do excerto que a capela de S. Lourenço foi  instituída pelos fregueses.Na envolvente do que foi o seu palco, nas escavações arqueológicas foi identificada uma mancha de ocupação romano/medieval cristão. Verossímil no passado houve reaproveitamento do habitat romano e moçárabe onde foi fundada  a primeira estalagem  antes de 1175, cujo esmoliadouro já existia por aparecer referenciado nos limites desta herdade, cujas esmolas serviam para apoio caritativo a necessitados, enfermos e pobres na costumada prática assistencial desde sempre associada à Igreja, mosteiros, albergarias, estalagens, pousadas, albergues, os muitos nomes para definir  lugares de passagem, implantados na beira da estrada, quem efectivamente prestava ajuda aos desafortunados ali aportados. A Enfermaria seria  dotada de enxergas para descanso a quem chegava cansado e doente, com ala diferenciada para a acomodação dos passageiros mais limpos, comparativamente com análogas assim acontecer,  para lembrar a cama em pedra onde a Rainha Santa Isabel tenha alguma vez dormido, se aconteceu, em Ansião, foi aqui e não noutro lugar. Portanto a estalagem seria apetrechada com alcovas diferenciados para os viandantes  pobres e sujos dos  limpos, asseados e endinheirados. Todos tinham direito a se recolhe, alimentar e receber cuidados nas doenças. Naquele tempo a lembrar-me da cozinha do meu bisavô, acredito foi mais tarde outra estalagem,  com grande lareira e grande chapéu assente em poderoso tronco de madeira, na sua volta bancos para se sentarem, além de favorecer o aquecimento em tempo de friagem, era o meio para se cozinhar e ainda ter água quente para amassar o pão e para se lavarem. Também aqui os enfermos procuravam curas que os afligiam e lhes seriam administradas mezinhas e tisanas da sua botica, estes povoadores vindos da Galiza, entre celtas e judeus sefarditas, letrados com talento , no conhecimento de ervas medicinais então abundantes nas serras de Ansião e das quais sabiam tirar proveito em  misturas para fazer emplastros  e enxundas,  as gorduras das galinhas derretidas em púcaros, depois usadas sobre feridas e dores, em rituais de rezas e lengalengas. Recordo a que me fizeram para matar o cobrão - no chão de cimento palhas de alho com enxofre e azeite, tudo pisado a martelo e dantes em almofariz, a papa colocada  no sitio enfermo e coberta por ligadura. De facto sarou e antes com a botica do médico não. Os viandantes depois de revigoradas forças voltavam ao caminho e outros  substituíam as cavalgaduras estafadas dos caminhos pedregosos da viagem por outros mais descansados. Mais tarde com o aparecimento das  Misericórdias e dos seus hospitais , passaram estas a cumprir essa função social,  no continuado procedimento a receber pobres e viandantes de todas as estirpes na sua jornada de viagem e  também de peregrinos, no mesmo apoio; comida, descanso e na doença até recuperação de forças para  prosseguir viagem recebendo Cartas de Guia, e também se despachavam as que chegavam das demais  Misericórdias.Desse tempo há registos de viandantes  que  morriam na estalagem ou no hospital.

Tive o privilégio de ter vivido a minha infância e adolescência  relativamente perto desta centralidade que conheci em meados dos anos 60, do séc. XX, perto da casa dos meus bisavós,  a  sul do vulgo mosteiro, ao Alto da Vinha, no mesmo caminho do cemitério onde ia enfeitar as campas de familiares, com a tia Maria e ainda atalho à fazenda da Lameira, para fugir ao Fundo da Rua . 
O vulgo mosteiro tinha duas entradas onde moravam famílias em paralelo com  ruínas .

A antiga estrada real, recordo os altos muros abobadados a caliço escuro com grandes buracos esventrados dos rodados dos carros dos bois. 
Aos 8 anos em férias de Natal, depois do almoço com a minha irmã Mena, pegámos nos cestinhos de verga que o nosso pai encomendara na Feira dos Puseiros, em agosto ao "Ti Zé Mau de Aquém da Ponte" e partimos para a fazenda da Vinha, a fazer de conta  de as encher de azeitona para retalhar, e enfeitar a campa do nosso caniche, o "Franguinhas" sepultado debaixo de um frondoso pereiro, como tinhamos visto no jardim zoologico em Lisboa... O céu escureceu de tal maneira medonha, a ditar abrigo no Mosteiro, a escassos 100 metros. Metemos pés ao caminho a saltar buracos de pedra em argila amarela , hoje parte da Avª Sá Carneiro . Mal chegadas ao gaveto da entrada sul, havia uma pequena casita em ruína, onde se presume  esteve uma Cruz alta assinalando o Esmoliadouro, pela segurança e proteção a ladrões, pela estalagem. E, possível portagem do complexo por a entrada da capela ser por aqui e na entrada a norte, um portelo, a cadeia e as cavalariças.  Distingui na entrada sul à  direita  um rectangular relvado debruado a patamar fino em pedra com friso relevado, e ao fundo portal arqueado virado a poente, igual ao que conhecia no tardoz da Misericórdia, que revia em tempo de cerejas no jardim do Tribunal, pese de menor dimensão . Foi preciso alçar a pernita para subir a sapata,  e no portal, arrojar a  portada de madeira, esbranquiçada de velha e  entupida de cordéis no buraco da fechadura, extraordinária visão de alvas lajes quadradas a jus de  passadeira, em corredor largo ladeado a terra e, ao fundo, no que foi o corpo da Capela de S Lourenço, e depois a morada “do Miguel e Miguela” até um incêndio apressar a venda com emigração para o Brasil. Fechado um quartito a norte, seria para não profanarem objetos de culto cristão, uma pia de água benta, e uma Cruz alta em pedra. No cimo das paredes haviam restos de arcos que teriam sido da sustentação da cúpula da Capela de S. Lourenço. Brutal cenário  grotesco com um grande buraco no telhado onde se via o céu negro aterrador, com barrotes negros em derrocada de telhas Marselha a pender sobre as nossas cabeças...Demorei anos para entender a razão das telhas serem iguais às da casa dos meus pais, quando a maioria do casario as tinham mouriscas  de canudo e, se aqui tinha sido um mosteiro, a razão de  haver telhas recentes...Pois ainda estava longe  de saber que após a extinção das Ordens Religiosas, estas ruinas foram vendidas a vários compradores onde cada um fez a sua  morada, reutilizando materiais e adaptando outros. A  luz que entrava por outra porta da capela, aberta a norte, ditou o mote de saída na ligação a um corredor lateral com acesso a um portelinho de ferro forjado de ombreira encimado por elegante  e gracioso pescoço a remate de esfera em pedra, como já conhecia outras maiores, no Convento de Cristo em Tomar.
Anos mais tarde a Carmita do Bairro disse-me que  tinha recebido de herança do sogro a parte que foi a capela, o seu  marido  tinha vendido ao "Ti Inácio do Bairro de Santo António" a pia de água benta  que a despachou na Feira da Ladra em Lisboa e a Cruz em pedra o marido a vendeu para a capela do  Cemitério novo de Santiago da Guarda. Perguntei pelo Santo, disse-me que não havia nenhum . Depois de muita procura o localizei na Capela do Cemitério, pedindo nessa altura ajuda ao Sr. Padre Manuel Ventura Pinho, para identificar a Imagem, pois não a reconhecia . Evidências que ali tinha sido fundado um pequeno mosteiro pela existência da capela  outros  ditos; o túnel a ligar  a Santa Marta, e os  arcos de volta perfeita na ligação ao Senhor do Bonfim, caídos com o terramoto de 1755 ficando de pé apenas um que se distinguia no casario a norte...Na boca das minhas primas Júlia e São Silva do Bairro, e das vizinhas e amigas Lúcia e Tina Parolo do Ribeiro da Vide e outros . Demorei a refletir que a ligação dos arcos ao Bonfim, não me parece viável pelo grande desnível  do vale e do costado. O único arco  de volta perfeita que havia no exterior,  segundo as minhas investigações foi da entrada para as cavalariças. Com o abandono do burgo por volta de 1593, houve reutilização para lagar, além da pedra do senfim, descobri mais dois arcos de volta perfeita na cave da casa que foi do "Ti António serrador" associada ao plantio de vinha, sendo vivo o toponimo Alto da Vinha, morada da minha irmã. 

Sobre o túnel na ligação a Santa Marta..A Fátima Carvalho, uma das herdeiras de um lote que esteve em venda transmitiu-me " adorava que a casa tivesse sido uma parte do Mosteiro, o meu avô filho do António, serrador dizia que sim,  que ate existiam uns túneis que levavam os moradores até à capela no Escampado ou lá perto, já não me lembro bem".  O túnel  pode ter sido uma realidade a ligar a igreja matriz que foi a primeira assente no palco do atual cemiterio. Separa os dois cenarios um extenso olival, pese trajeto curto, servia o padre quando vinha  celebrar Missa na capela de S.Lourenço, aos viandantes importantes, estrangeiros e nacionais, a  resguardo de salteadores. Pela  existência de um buraco a poente da capela de S.Lourenço, aventa vinha da igreja e não  para o Escampado de Santa Marta, nem da quinta da Boavista, no Senhor do Bonfim. Pese em ambos os locais viveu gente importante na centúria de 500, quem instituiu  três capelas, hoje apenas existem duas em Santa Marte e S. Miguel . Nos registos paroquiais nesta época  aparece com muita frequência  André Freire, no papel de  padrinho de muita criança da quinta de S. Lourenço.
A  Fátima Pego do Bairro", em miúda entrou neste buraco na frente do portal da capela e dizia  havia um algar". O "António Simões, Arrebela" nascido e criado no local, confirmou a existência do buraco mas nunca lhe viu jeito de ser túnel, cujo  teto feito com uma  laje de um varandim que foi  da capela onde a irmã criava coelhos. Confirma que a laje  foi reutilizada para fechar o buraco para coelheira, o que parece viável afirmar. Contudo é estranho a existência do buraco ali para ser expectável a ter existido um túnel tenha sido o terramoto de 1755, que o desmoronou na entrada, debalde jamais se apurou e devia! Dizia ainda que ali se tinham escondido pessoas no tempo da guerra…
Mas que guerra, seria na passagem dos invasores franceses?

Afinal o móbil do que aqui existiu?
Verdadeiramente aclarado o que aqui se viveu em leitura mais atenta ao ponto 2.1.3.6. do Livro do Sr  Padre José Coutinho - Clérigos Franceses «( ...)Dom Edme de Salieu, abade de Claraval, veio à Península Ibérica visitar as abadias cistercienses em companhia de uma comitiva, entre os quais o seu secretário, Frei Claude de Bronseval, o autor do diário das viagens, onde descreve as sínteses das ocorrências: - Dia 6  de julho de 1532, depois de percorrerem uma péssima estrada que os trouxe do Rabaçal, chegaram ao lugar campestre de Ansião, onde foram bem recebidos num bom albergue; ali almoçaram bastante bem e dormiram. Dia 7, de manhã, ouviram Missa na capela onde na véspera já tinham celebrado, e meteram-se por um terrível  caminho  através de montanhas extremamente altas, arborizadas e cobertas de rochas... Extraordinário excerto em ditar a imensa luz do que aqui se pretende afirmar dia 7, de manhã, ouviram Missa na capela onde na véspera já tinham celebrado. Em 1532 o burgo tinha a sua  igreja primitiva, de orago a Santa Maria de Ancião, desde pelo menos 1259, no palco do cemitério novo .O autor ao referenciar capela, e não Igreja e, a ausência do Padre, parecem legitimar em definitivo, o palco da estalagem que aqui existiu e, não de outra em Ansião, pela análise ao volume arquitetónico do complexo, reutilizado por povoadores anteriores, romanos e moçárabes, em local estratégico de formato quadrado, ao jus de forte, sustentado por muro alto a poente e pela frente a estrada real com o seu Esmoliadouro, derrubando em definitivo o que julguei anos ter sido um pequeno mosteiro outra coisa não foi que o primeiro albergue como lhe chamou e bem, em Ansião, na beira da estrada real  (...) a 7 de dezembro de 1532, dirigindo-se para Évora de novo por aqui passou Frei Claude de Bronseval, fazendo uma descrição semelhante à anterior, onde pontualmente insiste na particularidade da estrada: passada a ponte de Coimbra, sobre o Mondego, era pedregosa e muito má , ao longo de uma légua; a outra légua que ia até Cernache era de estrada plana,dali a Rabaçal era bastante boa; em seguida, tornava a piorar, de modo que a légua até Ansião era cheia de rochedos, de muitíssimos penedos e coberta de imensos escolhos, e fastidiosíssima. Em Ansião, ficaram hospedados numa excelente e honestissima estalagem, onde já anteriormente, tinham estado e ficado. No dia seguinte, depois de esperarem ouvir Missa, até as 8 horas, o que não aconteceu, partirem por uma estrada horrível, para a vila de Alviázere».  
Na descida ao vale a poente, assolou-me a nítida sensação de aparente forte, onde distingui  uma pedra retangular esculpida a formato de gárgula, se juntar o arco gótico  do portal da capela, a passadeira lajeada, a pia de água benta, a Cruz alta, arco de volta perfeita no exterior a norte , e mais dois na cave da casa do “Ti António Serrador” a pedra de  senfim, dois varandins em pedra, sapata reutilizada em degraus na casa da Deolinda , dois fragmentos de coluna que pode ter sido do primeiro Pelourinho, janela com grade de ferro  da cadeia, culmina o empreendimento estalajadeiro já activo antes do séc. XII, com Capela e Enfermaria, e depois de adquirida pelo Mosteiro a ganho de novas valências; Cadeia e  a Almoçataria - onde se transaccionavam os produtos do burgo ; vinho, azeite, farinha, entre outros . 

A aguarela de Pier Baldi de 1669 
A  primeira representação icónica de Ansião, apresenta casario adoçado à igreja primitiva no atual cemiterio, afecto à residência do sacristão e do padre, frade crúzio e,  também aqui em Ansião na função de Procurador do Mosteiro com outros frades serviçais na supervisão e cobrança de foros, de os levar para Coimbra, e ainda teriam a função de controle da sede da almoçataria e do (s) seu(s) almocaté(s) aos  pesos e medidas usados. 

No Livro do Sr. Padre Coutinho « (...) Dar cada povoador, anualmente,uma fogaça , dois alqueires de trigo em dia de S Miguel e um capão. As mulheres pobres dessem, apenas, cada ano,, uma galinha.Se alguém ali quisesse morar sem cultivar a terra, desse todos os anos um soldo. Se ali o Mosteiro quisesse vender o seu vinho, que o vendesse durante um mês e sem que nesse tempo alguém da própria vila lá vendesse outro vinho. Se alguém nesse mês trouxesse vinho de fora e o quisesse vender, devia dar um almude ou o seu preço em dinheiro. Se alguém ali quisesse edificar um forno ou moinho, desse ao Mosteiro a décima parte do rendimento.Se na praça alguém vendesse um porco, desse um lombo.De carneiro ou de gado miúdo, desse um só dinheiro. De vaca, seis dinheiros. De cervo. dois dinheiros. De pescado e de sal, pagassem como os de Abiul. De portagem, o Mosteiro nada determinava.Se alguém tivesse uma besta e fosse almocreve, fizesse uma viagem desde Leiria, ou duas a Ansião ou do Ulmar. Se alguém quisesse vender os bens,que os vendesse ao homem que ali habitasse, fizesse foro dele e desse a décima parte.Tais princípios de coactividade, assim preceituada, são reconhecidos como exigências de ordem jurídica que actuam informadores e factores delimitativos de acção intersubjectiva, bilateralmente acordada entre o Mosteiro e os povoadores,, quer atingidos em primeira instância, quer em tempos futuros. Concomitantemente, perpassam relações funcionais sobre o relego e os vários tributos a receber pelos crúzios. »

Pela escolha estratégica para sediar o Esmoliadouro, em local defendido de salteadores onde viandantes nacionais, estrangeiros, peregrinos e a Rainha Santa Isabel, deixaram esmola. As esmolas serviam ao apoio assistencial da Enfermaria, no cuidado caritativo a enfermos, pobres e peões de viagem, claridade enxergada no Livro Notícias e Memórias Paroquiais a Bula da união a Mesa Conventual, e Infermaria  deste Mosteiro de Santa Cruz da Igreja de Ansião por renuncia que dela fez no Mosteiro Gaspar Fernandes:cuja bula se passou em Roma no ano de 1559.Em vão tentou, nessa altura, a Universidade de Coimbra apoderar-se da Igreja de Ansião, em demanda que travou com os cónegos crúzios.»  (...) A de  1 de agosto de 1577, o Bispo D. Manuel de Menezes fez publicar uma sentença que extinguiu a vigaria da Igreja de Ansião, que a transformou em curato anual
Almeja o declínio desta primeira estalagem e de todas as suas valências sociais a precipitar a mudança do burgo, para nascente, depois de 1593, com reactivação de outro troço romano e agora medieval, entrando este do Vale Mosteiro em abandono.  

Após a extinção das Ordens Religiosas em 1834
O  que ainda restava das terras das quintas do mosteiro foram arrematadas em haste pública, por vários particulares.O administrador do Concelho, o Visconde da Várzea, amigos, correlegionários e o Dr. Domingos Botelho de Queiroz ficaram com os melhores terrenos na vila e fora dela, ainda no meu tempo o poderio da terra era mantido na posse de meia dúzia de conterrâneos...Aos  pobres restou as migalhas das ruínas do complexo do vulgo mosteiro, comprada por vários, o que atesta a sua grande pobreza. 

António Joaquim de Bastos Guimarães, o meu tetra avô paterno, nascido em Fafe, foi deixado na Roda de Expostos de Guimarães. Procurei pelo seu registo, encontrei um Faustino António, do Lugar da Ponte, seria o seu pai? Cuja mãe tenha morrido de parto e o pai para  continuar a trabalhar o tenha ali deixado, pagando os seus estudos. 
Já a razão de ter aportado a Ansião, abre varias perspetivas; ou o pai seria vendedor de couros que vinha comercializar na Feira dos Pinhões e na da Rainha Santa Isabel, na Constantina, aos sapateiros e, quiçá comprar peles curtidas, tradição que ainda recordo - morreu-nos uma cabrita e o meu pai curtiu a sua pele que esticou com canas para secar. 
Localizei no livro do Dr. António Baião, de Ferreira do Zezere, uma nota de uma estalagem na Venda da Maria, vulgo Vendas de Maria, em Alvaiázere, que em 1775 era de um tal Cruz, apelido do meu lado apterno que veio para uma estalagem no Bairro, em Ansião, onde veio a morar nos finais de 800 o meu tetra avô. Indicia que vindo pela estrada medieval e ficou por ali na Venda da Maria, em idade já maduro . Casa no Bairro, alguns filhos nascem em Maças de D.Maria. Foi Oficial de Diligências no Tribunal na Cabeça do Bairro, presume que o ordenado lhe permitiu comprar um grande quinhão de terra ao Alto da Vinha, um gaveto contornado por caminhos onde veio a viver o meu bisavô Elias da Cruz , noq ue fora outra estalagem onde fundou a primeira padaria em Ansião, antes só se cozia pão nas estalagens do Bairro de Santo António; na da Ti Maria da Torre e da minha avoenga Maria Zé Guimãres. 

Fotos alternadas da minha autoria e outras de maior qualidade de Norberto Marques, a quem agradeço a cortesia  da partilha

Estrada Real ao Vale Mosteiro,  a entrada sul para o vulgo mosteiro
O Esmoliadouro ou foi aqui implantado nesta entrada ou na outra a norte.Numa das entradas foi.
Alvitro que tenha aqui sido implantado nesta entrada ao gaveto, no lado esquerdo na portagem do complexo aqui instituído? Pelo contexto de ruína de casa pequena que se afunila sob o comprido...Não lhe vejo outra utilidade.Com as ruinas a ficar mais pequenas e o espaço limpo verifica-se que aqui existe um pequeno poço. Ora se antes nunca o enxerguei dita que foi uma cisterna em forma de poço, como havia na vila, duas, fechado com casa com  caleiras para canalizar a água, deixadas pelos romanos.
Actual piso da Avª Sá Carneiro segue para sul pela  fazenda dos meus pais
O palco da capela de S Lourenço a vivenda branca em destaque ao meio da foto
Continuação da Estrada Real 
Incorrectamente atestada na toponímia como Rua Vale Mosteiro
 O lote da casa do "Ti António Serrador" posto em venda há anos, concretizado em 2018
Reutilização de materiais, o varandim era da capela.
A pequena janela com grade na cave foi da adega pela sequência dos arcos de volta perfeita que entestava a norte com a capela.
Vivenda azul , sem ter espaço para fazer a cozinha, a Carmita do Bairro dispensou precisamente o portal gótico e o corredor lajeado da capela para a fazer . Os degraus da escadaria na frente reutilizados de uma sapata que havia e conheci na lateral da capela para poente.
Na frente do casario depois do caminho e do muro de sustentação a ruína de casario afunilado vindo da  entrada, que aponto ligado à portagem, almoçataria e esmoliadouro(?)

As pedras reutilizados em degraus da sapata com friso que conheci aos 8 anos
 Parte do muro tipo forte de sustentação a poente 
Distingue-se nesta foto a ruína  estreita entre o muro de sustentação e o caminho de dentro
Encontrei uma parte de gárgula, de escoamento aqui no chão...
O único arco de volta perfeita que se via no exterior a norte
Entrada para as cavalariças, com valência pelas duas entradas

O entulhamento de séculos deixou o arco mais baixo
Arco visto de dentro de onde foi a entrada para as cavalariças.
Ao limite do "forte"  uma coluna antiga pequena partida ao meio 
Arco de volta perfeita e o peso do lagar onde enroscava o senfim
Homenagear a minha querida mãe fiel companheira nas minhas aventuras e investigação
Na segunda vez que visitei o local quis perpetuar a minha linda mãe pela sua bondade ao me acompanhar nas minhas deambulantes aventuras em local emblemático sentada na pedra  a lembrar um miliário romano...
Reconstruções de casario com reutilização de pedras 
O pilar de pedra antigo é bem prova que aqui foram as cavalariças e antes sustentou um grande barrote, pela curvatura da pedra e nunca foi habitado, assim em parte continuou como barracão
Reutilizações de pedras em novos contextos de vida
Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834 , sabemos que em 1877 já tinha acontecido a venda em haste pública. Precipita dizer  houve  escolhas dos melhores terrenos, por terem chegado ao séc XX muita terra em poucos. As ruínas  do vulgo mosteiro foram compradas por  vários particulares a ditar a pobreza estrema para em tão parco espaço cada um ter feito a sua casa para morar. Chegou aos dias d'hoje ainda pertença de vários donos.
Em 1875 o cemitério volta ao local primitivo. A Junta da Paróquia pelo Padre José Rodrigues Portela comprou a fasquia entre o caminho e o cemitério inserido na quinta do  Dr Domingos Botelho de Queiroz, onde se veio a fazer a capela e muda-se o S Lourenço, em pedra, onde o descobri e, antes esquecido.
Portas  com ferrolhos em ferro e tranca de madeira dos últimos moradores
Arcos de volta perfeita da adega
Estavam e ainda alguns estão debaixo da fila de norte para sul à vivenda azul .
Em agosto de 2014 esqueci-me de levar a máquina fotográfica , desci ao vale onde constatei o muro de sustentação.Voltei uns dias depois tendo reparado que alguém nesse entretanto arrombou na cave uma porta cedendo a estrutura da parede frágil tendo ficado a notar-se um novo arco visível  arco  que tinha sido entaipado em 1933, onde foi deixado escrita a data no caliço quando foi feita a arrecadação.Voltei para fotografar acompanhada pelo Sr  Padre José Eduardo Reis Coutinho confirmou o peso de lagar, que desconhecia a função, e  afigurar a adega dada pela sequência de arcos.

O peso de lagar onde enroscava o senfim 
Entrada a norte do vulgo mosteiro
Já conheci esta casa perdendo-se os vestígios do que aqui foi palco antes. 
Podia ter sido a Enfermaria ,  Almoçataria,  Esmoliadouro ? Certo a estalagem e a Enfermaria !
Pela entrada a norte além do acesso ao vale, ao meio da rampa  havia uma palmeira das mais finas de Portugal, as primeiras introduzidas pelos povoadores, que  recordo e  morreu anos mais tarde. Ao fundo antes do vale havia um portão com acesso à cadeia e cavalariças.  

Portão  a fechar o complexo na entrada a norte 
O aceso ao vale  fazia-se por esta entrada.À esquerda  onde foi a cadeia e o acesso às cavalariças.
O portão com remate a pedra  com  característica  em casario antigo com a ombreira em pedra a rematar com outra igual no muro tipo "L" .
Em 1926 outra requalificação
Seria aqui a Estalagem ?
Não conheço pontos de água aqui. O tanque mais recente para retenção de águas da chuva?
Bloco onde foi o palco da cadeia a nascente com a janela com grade e para sul da Estalagem  
Quando aqui vim estava um almofariz em mármore. Quem ia comigo disse- não fica aqui e trouxe-o na mão...quando nos despedimos, ofereceu-mo!
Janela com gradeamento da  primeira cadeia
Depois de  retirar a hera voltei mais tarde para a fotografar
Volume a nascente do complexo do vulgo mosteiro
Compreendido  entre as duas entradas, sempre o conheci pela frente para o caminho unido, embora o barracão na esquerda é mais recente.
Não vislumbrei ombreiras nem lintéis gravados, nem datas.
O lote que foi de António Serrador em venda há anos
Na altura pedi autorização à minha amiga Fátima Carvalho  para fotografar deu-me recomendação de ter cuidado por estar a casa em derrocada.
Em agosto de 2018 reparei em limpeza sem saber que o lote tinha sido vendido.
Troquei conversação com uma das vendedoras, Fátima Carvalho - «Bem, o que eu tenho pena e de não conseguir recupera-la e ter que a vender, só espero encontrar alguém que a recupere... 25-09-2019, Era apenas para lhe dizer que a casa do Vale Mosteiro que era minha foi vendida... e por muito que eu me esforçasse o novo dono a derrubou...»A suposta falta de preocupação pela preservação do património histórico que o lote encerrava, pese aviso da vendedora  a marcar mais uma grande perca de património cultural em 2019, quando devia ser tão omnipotente em tempo de globalização, debalde, sem suposto pejo em demolir testemunhos históricos que as fotos servem para MEMÓRIA FUTURA.
Peso de lagar, o senfim
As pedras de suporte, piais, ao longo da parede a evidenciar que ali houve parreiral

A sequência de arcos  de volta perfeita e a pedra de fuso de lagar a ditar um lagar de vinho
Quatro arcos de volta perfeitos ainda de pé, embora só dois se vejam a descoberto, os outros ainda debaixo do casario da casa da Deolinda (2) e do Ti António Serrador (2), no dizer do António Simões (Arrebela)  havia um arco parede sim parede não). 
Fragmento de coluna 
 
Casa que foi do Sr. António Serrador
Construída sobre os arcos de volta perfeita da adega , de sobrado com reutilização da pedra de varandim pertenceu à capela a norte, segundo me confidenciou o "António Arrebela" haviam mais dois varandins. Desde sempre o  hábito de se  reutilizar as pedras já trabalhadas  pelo canteiro.
Cave  onde foi a adega  com a porta e uma pequena janela com grade
Resta ainda outro casario reconvertido no espaço
A casa com a chaminé é a casa amarela na entrada a norte, parece ser possível que a Enfermaria tenha sido ali e  pela porta lateral da capela iam rezar...
A demolição de arcos de volta perfeita é uma realidade, sem saber o paradeiro das pedras a ditar a banalidade à glória do que foi o seu passado, resta a janela com grade da primeira Cadeia de Ansião.
Onde teriam sido despejadas as pedras? Já antes o mesmo com o arco gótico? Será que daqui a 100 anos alguém as vai redescobrir ? Em imaginar a tremenda dificuldade da investigação para as colocar no seu real palco, onde foram plantadas!
Não é minha pretensão menosprezar proprietários, meus amigos de infância , a que acresce o lamento a muito presidente, apenas em 2010 houve a escavação arqueológica no local, mais, sem qualquer avanço, sem ninguém a lhe dar continuidade. Pior, sem aparente preocupação e preservação ao parco património de Ansião onde se  continua a perder património edificado, a se destruir pedras que foram afeiçoadas, que contam estórias com séculos e outras histórias...Por falta de Lei Municipal que obrigue a preservar os testemunhos do passado e a valorização das pedras , afinal testemunhos deixados pelos nossos antepassados que devem ser de todos de nós para se deixarem às gerações vindouras no dever e Compromisso cultural! 
Pese propriedade particular, o certo era a câmara, atendendo à investigação encetada em 2010 , quando o imóvel esteve em venda, ter  equacionado se havia interesse ou não ou apenas recuperar as pedras para decorar a excelência da Sala de Visitas a norte de Ansião, em projecto alicerçado de arquitectura em alencar como expoente máximo a recolocação dos arcos de volta perfeita com a pedra do senfim e outras que existem espalhadas por Ansião. Em fechar o Compromisso de se começar a valorizar o passado, do que  foi uma grande actividade lagareira;  azeite e de vinho, já referenciada em 1359, até hoje.

Sitio do albergue do séc. XII
No dever autárquico assiste respeitar a História de Ansião e dos seus Locais!
Quiçá, ainda se alvitra dizer que a suposta vizinhança sem jamais denotar o real valor do chão sua morada, nem se constranger com a recente toponímia - Canto da Nogueira na entrada sul e na entrada norte Canto do Sossego. Topónimos inoportunos. A valorizar árvore morta e em vida enfezada e Sossego no alegado desassossego com extremas e acessos ao vale uma vida desimpedida .
Acresce o regulamento da toponímia em vigor não contemplar - Canto, Beco, Quelha, Sitio, a merecer revisão. Urge emenda salvo melhor interpretar - Sitio da Estalagem do séc. XII e Sitio da Capela de S Lourenço pela exigência e respeito ao passado aqui vivido e da sua História, no dever serem dignificados em memória futura, honrando os seus palcos, em Ansião!
  Sítio da Capela de S Lourenço 


Fontes 
Livro Memórias Paroquiais
http://arqueologia. patrimoniocultural. pt
Testemunhos do Dr Manuel Dias, Sr Padre Manuel Ventura Pinho, Fátima Carvalho, António Simões
Livro do Padre José Eduardo Reis Coutinho
Tombo de Anciaõ, Livro 56 do Cartório de Santa Cruz
Cadernos de Estudos Leirienses nº9 de Saul António Gomes e Mário Rodrigues O Povoamento do Território de Ansião nos séculos XII/I

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