quinta-feira, 8 de abril de 2010

Piedade a minha avó materna e madrinha

Confesso que me começo a encantar com fantásticos testemunhos sobre as mais variadas temáticas de cariz religioso e profano. Em especial - as Verónicas. Despertada por uma especial referente a Nossa Senhora da Mersiana, que me exaltou porque me fez lembrar a minha avó paterna, também ela de seu nome - Piedade. Minha madrinha de baptismo, como era hábito na época tinha o condão de dar o seu nome à sua afilhada. Porém, a minha mãe não gostando do seu nome decidiu em boa hora dar-me o nome de Maria Isabel, e assim ficou a minha graça.Há quem diga que os nomes das pessoas tem uma consonância com a personalidade que cada um irá perfilar na sua vida.A talhe de exemplo, sempre ouvi dizer que os "Luises" são excelentes pessoas. De facto todos os que conheci, assim o atestaram, assim é o meu marido e alguns amigos.
O meu batizado com os meus avós patrenos, meus padrinhos
Quanto à minha avó Piedade na foto no dia do meu batizado, teve uma vida muito infeliz.Mulher com mais de 1,80 abençoada de cabelos negros brilhantes que lhe rondavam os pés, mulher deslumbrante, de tez branca e olhos grandes, a mais bonita de todas as suas irmãs, tinha umas mãos de oiro para bordar à máquina. Trocou encantos com um magistrado da comarca chegado de fora, mas naquele tempo os pais dela não viam um homem de Letras o marido ideal para a filha (padeiros, tinham horizontes curtos?) e a escolha para marido recaiu num pedreiro, homem do Bairro de Santo António cujo pai trabalhava na Câmara nos serviços externos; obras, plantio de árvores  e limpezas das minas e fontes, sendo o filho homem trabalhador que se afirmou bom mestre de obras, mas rude nos afetos, e reza a verdade que a noiva fugiu na noite de casamento para casa dos pais...
A minha avó Piedade levou uma vida insípida sem amor, resignada no trabalho, afamada padeira e boleira, além de bordadora, teimou no tempo abafar as suas mágoas na adega que era paredes meias com a copa a dois passos da padaria.Recordações menos agradáveis ...Um dia os meus pais mandaram-me ir a casa dela buscar azeite, sem quê nem para quê, bateu-me, fiquei sem perceber a razão, apesar de criança apenas trazia o recado que os meus pais me pediram...
Só de me lembrar que também me podia chamar  Piedade, até arrepio, porque não gosto é do nome, já dela apesar de tudo sempre gostei muito!
Melhor nome seja o de  Isabel, a lembrar a Rainha Santa, que os  meus verdadeiros amigos escrevem assim o meu nome Izabel!
No dia de Páscoa abri a minha casa à visita pascal. Enfeitei a entrada com flores brancas e o oratório com alecrim. Usei o cálice da Vista Alegre de 1824 para pôr a água benta com o raminho de oliveira, que foi herança desta avó, comprado em Lisboa pelo pai quando foi à tropa.
A minha avó viveu mesmo na casa defronte à minha, incrível a sua adega na direcção do meu oratório. Coisas que fazem pensar.Saltou-me a visão para a coincidência do nome da Santa, o nome da terra Merciana, que é como quem diz, a lembrança de adegas, vinhos a rodos. Alegoria que se enfeitiçou na minha mente. Será que é prenúncio vinho versus Piedade, Pietá? Não, não pode ser  que uma das imagens de Santos mais emblemática das nossas igrejas, para mim assim o é, apenas igualável a Nossa Senhora da Conceição.
Trilogia a Nossa Senhora da Mersianna , Piedade e vinho. Hoje lamentavelmente deu-me para prosear em devaneios!
"A história passa-se no século XII para XIII na zona do concelho de Alenquer, em Portugal continental.Tinha a ver com um pastor, portanto era uma zona onde havia muito gado bravo, touros que pastavam na região chamada Montes de Alenquer. Essa região hoje, essa terra, chama-se Merceana que como era uma zona de grandes pastagens com “ganadarias” que ali havia. Havia um pastor que todos os dias um touro lhe faltava na manada. E esse touro tinha o nome de Marçano. O pastor percorria montes e vales, todos os dias, à procura do touro.
Até que um dia foi atrás do touro para ver onde é que ele se escondia. E acontece que encontra esse touro ajoelhado junto a uma árvore onde tinha, segundo se diz, que era a imagem duma pietá, duma Nossa Senhora com o Cristo ao colo.
Entretanto essa imagem foi depois, digamos que, recuperada pelo pastor e ele com um canivete foi talhando, de certa maneira, aquilo que tinha visto. Portanto, o pastor recolheu essa imagem e foi levá-la para outro lado que era a zona do Arneiro. E acontece que o touro nunca mais foi a esse local. E levaram então, alguns problemas na altura, sobre se a imagem era verdadeira, se era de carne e osso ou não, e o pastor ficou para sempre guardião dessa pietá. Acontece que a Rainha D. Leonor, passado uns anos, a Rainha D. Leonor, como ia muito às Caldas da Rainha o seu percurso era sempre por Alenquer. Um dia fez-se acompanhar de um bispo. Ouvindo falar nesta história, de que Nossa Senhora tinha aparecido a um touro e a um pastor, passou com o bispo nessa região, onde é hoje Merceana devido ao nome do touro que era Marçano, deu origem a esta terra que é Merceana. Acontece que encontrou, foi com o bispo ver essa imagem de madeira talhada e guardada sempre pelo dito pastor. "
Acontece que a lenda dizia que a Nossa Senhora era mesmo de carne e osso. 
"A lenda reside no seguinte: dizem que o bispo pegou num alfinete, para mostrar a Rainha D. Leonor que não era de carne e osso, que era mentira esta história que se contava. O bispo agarrou num alfinete e espetou na imagem. Segundo a lenda, jorrou sangue dessa imagem e o bispo ficou cego. Então, a Rainha D. Leonor prometeu que se o bispo se curasse, para reparar essa falta de confiança do bispo, que mandava construir, mesmo naquele local, uma igreja. O bispo curou-se e a Rainha D. Leonor, mulher de D. João, mandou então construir uma grande igreja, que ainda hoje existe, datada do século XV (a primeira construção) em honra da Nossa Senhora da Piedade da Merceana. Essa igreja teve sempre honras, esteve sempre ligada aos reis de Portugal. Embora seja uma grande igreja em termos arquitectónicos foi sempre considerada, tinha todas as tenças e as regalias de capela real porque a Rainha D. Leonor sempre que passava para Caldas da Rainha (fazia parte da sua vida com as misericórdias, como todos sabemos), passava sempre por ali. Tinha uma grande devoção a esta igreja, a esta imagem da Nossa Senhora da Piedade, que ainda hoje se encontra venerada nesta região, nesta terra de Merceana, em que vários círios, várias romagens ao longo dos séculos têm sido feitas. E o círio, digamos, essa romagem mais antiga do país é a da Nossa Senhora da Nazaré que todos os anos vão à Merceana em romaria, ainda hoje. Foi a partir desta ermida, desta lenda mas misturada com alguma realidade, porque é verdade que estas pessoas tinham uma grande devoção à Nossa Senhora e a imagem lá está, o altar desta igreja foi construído em cima da raiz da árvore onde o touro tinha sido encontrado ajoelhado de fronte desta pietá. O pastor morreu e está também enterrado neste altar. E até hoje, século XXI, há uma grande devoção a Nossa Senhora da Piedade e a esta história muito bonita que dizem que esta igreja foi construída por causa de uma promessa da Rainha D. Leonor que se o bispo ficasse bom dos olhos por causa de ter tentado ver e picado uma imagem sacra."

Fontes
http://www.lendarium.org/narrative/a-imagem-da-nossa-senhora/
Fotos Google

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