quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Alvaiázere até às Fragas de S. Simão


PÁSCOA 2010
Desta vez perdi-me de amores na serra de Alvaiázere  para os lados do Vale da Couda, reza a lenda que seria Conda, diminutivo de condessa, o povo serrano com a falta de dentes expressava-se mal - prevaleceu Couda, logo depois vem a aldeia do Casal da Rainha. Entrei pela PORTA DA SERRA será este o traçado de origem medieval -,onde passaram Reis e comitivas a caminho de Ourém e Lisboa (?).
Há tempos numa visita à serra para apanhar alecrim e lírios para o meu jardim convenci o meu marido na aventura de seguir na direção da Mata , aldeia muito interessante  onde se podem observar as invulgares formações calcárias -, as Megalápias.
O percurso pedestre do Bofinho, ou das Megalápias, é um percurso circular que integra a Rede Natura 2000, com inicio e fim na antiga Escola Primária do Bofinho.Tem uma distância total de 13,4 quilómetros que demoram cerca de 4 horas e 30 minutos a serem percorridos, dependendo da velocidade a que for realizado. 


Na minha cabeça imaginei a via romana por aqui passar na direção do Bofinho a contornar a aba da serra até Alvaiázere na vez do percurso agora trilhado - pela acessibilidade.

Nunca me tinha  apeado junto ao profundo e abrupto vale antes do Vale da Couda - sempre me fascinou pelo declive cravado de cascalho calcário em montinhos a fazer terrado às enfezadas oliveiras. Atravessei o rali posto recentemente para sentir o vale -  magnífico, delirei sozinha, ninguém me quis acompanhar !
Desforrei-me, perdi-me por fragas e veredas, muito alecrim florido.Incrível aqueles ares fizeram-me perder o bom senso, num repente entre esculturas cravadas na terra debruadas a erva de santa Maria, verti águas - que alívio, só Deus sabe o que senti...trouxe um grande ramalhete, ainda arranquei dois pés para transplante.

No sábado em Ansião já não aceitavam encomendas de leitão, no Pereiro também não!
Consegui encomendar nos Palheiros, nas Vendas de Maria, mas no domingo quando a minha irmã o foi buscar, quem se tinha esquecido de encomendar ficou com água na boca,só com o cheirinho...Já só havia para as encomendas.
Programei este almoço na minha casa rural, fui mais cedo para abrir as janelas e engalanar a mesa na sala,tirei a toalha branca que fora do meu enxoval, os copos de cristal, no centro um lindo prato da VA decorado com ovos de chocolate, coelhinhos e amêndoas.
O leitão, esse degustei-o devagarinho, para saborear o estaladiço da pele na boca,bem regado com Messias bruto e boa alface do lavrado da minha mãe.
A minha irmã fez o favor de sujar a toalha, e eu é que tive de tirar as nódoas.
Refastelados e bem "aressuados" - hábito a minha mãe dizer, sugeri um passeio à aldeia de xisto reconstruída de S.Simão  nas Fragas na Ribeira de Alge.

O nosso olhar estendeu-se pelas fragas e, nos contrates dos verdes, ficámos seduzidos com tanta beleza, paz, silêncios, também recordar pessoas que conhecemos ao longo da vida, que aqui nasceram como a antiga chefe dos correios a D Maria Augusta Morgado; a Prof D Maria José Nogueira e uma vizinha minha que veio com a primeira como criada a Mavilde Murtinho, ainda a irmã desta com mais de 90 anos que a vi e tirei pela parecença no varandim da sua casa a espreitar o sol soalheiro.
A aldeia estende-se pelo cume de um outeiro, na Madeira chamaríamos-lhe fajã.
As casas em xisto tomam os lados da estrada sem saída, quase todas restauradas.
Gostei de ver em particular a casa castiça onde nasceu a D Maria José Nogueira, junto à fonte da aldeia, no quintal algumas cameleiras repletas de flores.
Quem gostar de reviver varandins em madeira tosca, fechaduras antigas, janelas e janelos, cortinas de linho, alguidares de barro a fazer de floreiras, mais não digo para aguçar a vontade de irem...
A aldeia é muito bonita, dali saem trilhos até outras aldeias nas faldas das serras circundantes e das fragas onde passa a lendária Ribeira d'Alge.
Vale muito a pena, quero fazer!

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