domingo, 25 de setembro de 2011

Alcochete, Samouco e Rosário...

Sábado, último de setembro, o primeiro do solstício, o dia acordou meio cinzento!
Primeira paragem nas Hortas em Alcochete.
Uma fragata do Tejo ou será um varino? a morrer aos bocadinhos atolado no sapal...em terreno de aluvião construíram um centro de animação ambiental, casas de madeira, nelas vi estrangeiros...um paraíso para eles...nas bordas de uma quinta de gaveto com o rio gentes improvisaram courelas, nelas também construíram casinhas caiadas,nos terreiros aqui e além amontoados casebres feitos de paus, madeiras e latas, na sua volta ovelhas em redil abrigadas do sol sem sombras de sobreiros e por todo o lado, hortas com o riacho de fronteira e nele pontes de madeira!
Salinas do Samouco.
Felizmente a autarquia decidiu manter um núcleo museológico sobre a faina do sal no estuário do Tejo outrora o maior produtor.Revitalizados alguns tanques das antigas salinas para os turistas poderem apreciar esta arte tão antiga em vias de extinção.Mantiveram o espaço mais perto do rio,aqui no alto o armazém onde guardam as alfaias e atrás dele os vestígios da cozinha a céu aberto que no tempo deveria ter alpendre com mesa corrida e bancos onde no lume faziam a comida, ao lado o sitio da descarga do sal.Alteraram os carreiros, agora mais largos para a passagem do dumper para a carga do sal, outrora transportado em canastras à cabeça, homens e mulheres corriam entre as salinas e o local da descarga, chegavam a transportar por dia 1000k, faziam riscos pretos nos braços e pernas por cada canastra despejada, que ao fim do dia eram contados e sobre eles recebiam o parco salário...
O sapal está repleto de tantas outras salinas abandonadas, atoladas de lamas e vegetação típica do sapal onde muitas aves nidificam e vivem protegidas. Na frente do rio vêem-se ainda armazéns da seca e armazenamento do bacalhau. Nesses tempos pela abundância do fiel amigo os homens do sal criaram uma receita:Bacalhau à Salineiro.
Ainda mantém o sistema da entrada da água em maré alta no moinho da beira da praia,aqui elevada encaminha-se pelo esteiro que chamam viveiros, perdendo salinidade a caminho dos tanques onde chega com 2% de salinidade, fechadas as comportas a água de cor rosada dada pelo fundo de barro fica a moirar ao sol...
Produto da faina, o sal espera compradores,aguarda entaipado neste grande monte em formato de telhado coberto com palha fina disposto em escamas rematado a lama.
Palheiro em forma de carro a secar para ser utilizada e as escadas de madeira usada pelos salineiros para nelas subirem ao monte de sal e a colocar como se fossem telhas ou escamas, uma arte digna de ser apreciada.De saída perdi o norte tal a falta de sinalética e o enredo de estradas e becos,valeu a pena, louca fiquei não fotografei um chalé com torre,faixas de azulejos com amores perfeitos, portadas de ripinhas em redondo nas janelas presas com cordéis, na frontaria estendal de roupa...aquilo mais me pareceu abrigo de gente que aqui encontrou abrigo sem ser dono do imóvel...pior foi fazerem prédios ao lado e o chalé perdeu a vista para o rio e tão lindo merecia outra sorte... alguém acuda ao Samouco, urge uma urgência numa nova estrada de circunvalação que a ligue ao Montijo, pensem!
Rosário na Moita.
O que resta da depuração de ostras num tempo que o rio Tejo dava cartas neste marisco.
Em 2005 encontrei este espaço abandonado, ontem vi-o revitalizado, nele funciona uma industria de doces...gostei de o ver totalmente arranjado, pintado, brancos e amarelos, o moinho esguio lindo e a casa da entrada, devia ter sido do antigo chefe, telhado novo, quase pronta, o muro partido virou novo, jardins com flores, calçada restaurada, e até o azulejo( Cavaco?) mantido, uma graça. Parabéns por terem reposto a dignidade deste local outrora tão famoso na depuração de ostras do Tejo!
Sapal no Rosário junto ao parque de merendas com água, registo melhoras com obras que vi a serem feitas a seguir ao Gaio a caminho da Moita, serão também salinas? Gostava de ver restaurado o moinho de maré de pedra, num relance da estrada não o vi com a vegetação e fiquei em pânico, na volta consegui vê-lo, sim...em 2005 estava praticamente preso por umas pedras...acudam depressa, é tão linda a vista que senti pelas janelas abertas...escafuderam-se os caquinhos de porcelanas e faianças que aqui encontrei nessa altura e trouxe...
Sapal e o parque de merendas,logo a seguir a praia, o rio e a capital...vVale muito a pena visitar este local aprazivel.
No Montijo improvisei um piquenique a pedido da minha filha. O inusitado criou em todos nós uma expetativa que acabou por ser melhor que bom. Fantástica!
As compras:vinho, água, mortadela de peru com azeitonas para entrada e paté de atum, pão fatiado alentejano, frango assado, salada pré lavada, azeite e vinagre de sidra para tempero, queijo fatiado, uvas e merendeiras de frutas. A toalha um rolo de papel de cozinha, garfos, pratos, copos de plástico e a faca não foi precisa para nada.Muita gente, um grupo ordeiro de gente de Cabo Verde,panelões de cachupa e tachos grandes de...reluziam ao sol que por vezes aquecia, e...aparelhagem com música suave ligada ao gerador na ribanceira do parque com o sapal...outros assavam carapau, outros trouxeram farnel aviado de casa e outros banhavam-se...
Em frente da ermida do Rosário a contemplar o rio e Lisboa...local para sonhar e descobrir a história e estórias desta terra à beira rio plantada e tantos anos abandonada e com tanta beleza para arregalar touradas e pegas na praia, uma arte destas gentes nas festas.
A vila do Rosário é pequenina, airosa, típica com belo casario baixo pintado de cores fortes, quintas transformadas em vilas após a revolução?, uma ermida com portal gótico, um jardim com calçada antiga basáltica, um coreto, sapal e rio. Na praia um resto de um moinho de pedra entalado na falésia, lá dentro puseram uma mesa de piquenique, recanto mais acolhedor não há, pena a falta de manutenção e as silvas a invadir o espaço,no cimo uma rede improvisada sem dizer "perigo", na vez de completarem o muro para ninguém se aleijar...
Junto à praia existe um bom restaurante e marisqueira. Sou do tempo que foi durante anos um amontoado de lataria e plásticos...mas boa comida!
É sempre um grande prazer revisitar, mas quero mais,as autarquias tem tanto para ainda fazer, assim haja vontade, determinação e saber fazer e não estragar como se viu muito após o 25 de abril...isso não quero, cansei!

2 comentários:

  1. Em primeiro lugar, parabéns pelas fotografias.

    Desculpe-me a sinceridade, mas a Maria Isabel fotografa muito melhor a natureza que as faianças.

    Depois gostei da sua descrição de uma área do País que desconheço de todo, o Saipal do Tejo em redor de Lisboa. Foi um post interessante e bem ilustrado.

    Obrigado

    Beijos

    Luís

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  2. Olá Luís. Regressei.
    Obrigado pelo seu comentário. Gostei da sinceridade, os verdadeiros amigos conhecem-se nestes pormenores.A natureza é a mimnha maior paixão, por isso sou do Sporting!

    Perco-me a sonhar a contemplar.Quanto ás faianças, gosto, mas é um amor secundário...ehehehe
    A família ralha comigo...dizem que sou a maluquinha das fotografias...

    Deixo um desafio.Um sábado com partida de Alcochete até às Hortas, Samouco e Rosário com piquenique, quer atrever-se e ir com o Manel?

    Nãom se acanhe!
    Bjs

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