domingo, 29 de julho de 2012

Aniversário da minha mãe de 2012 m«, em Santa Cruz na costa oeste!


Perdido nos tempos a comemoração deste dia - tal e qual - como se fosse dia Santo!
Dita o mote da companhia, a disponibilidade das mulheres . Sim porque só mulheres se faz a festa. Este ano juntamos 3 gerações - coisa rara - a aniversariante, eu e a minha irmã, e a minha filha.Saídas de locais diferentes com ponto de encontro na Lourinhã e destino o Vimeiro. Cheguei com a minha filha mais cedo percorremos o centro histórico.
Gostei da forma criativa como o município esconde os caixotes do lixo.
 



Aperaltei-me fresca e colorida
Visita breve à igreja
A minha primeira vez que vi estes painéis de vasos com flores a forrar toda a nave da igreja 
Capelinha de Santo António
Dei de caras com o Museu dos dinossauros, e não só...vale a pena a visita!
A minha filha

Heis que chegam - aniversariante de sorriso hilariante, vaidosa na sua blusa nova ofertada por mim, a quem mandei em encomenda postal a fazer jus ao tempo que trabalhou nos correios e lhes passavam todos os dias pelas mãos...Em plena rua abraçadas em jeito de cantilena...Há 78 anos neste dia de S- Pantaleão no Lugar de Mouta Redonda nascia uma menina branquinha filha da Ti Luz com 48 anos de idade - mãe trigueira, velha, e filhos casadoiros - o pai tendeiro saiu pela alvorada com a filha mais velha, Clotilde a caminho da feira de Figueiró dos Vinhos - na sala o relógio americano dava as badaladas das 9 no anunciar do seu nascimento. Ricardina - recebeu de graça igual nome da sua madrinha das Ferrarias - parteira e mãe felizes ouviam o chilrear dos pardais nos galhos dos loireiros no ribeiro da Nexebra...ao chegar da noite subia o macho o Vale - o Fernando Coimbra vinha na sua direção anunciar a boa nova - "Ti Lucas já tem em casa uma menina muito bonita - é a sua cara, loirinha e olhos verdes, igualzinha a si"...qual pai emocionado, largou as rédeas, e correu para tomar nos braços - a sua menina!
Linda a minha mãe no varandim do Hotel Golf!
A minha irmã a brincar com a nossa mãe na praia

Praia muito aconchegante cheia de algas roxas que pisámos por serem macias - graciosa baía resguardada por um muro de rochas onde as ondas se despedaçam.Fiz palhaçadas. A minha irmã atrevida escorregou nos limos verdes das pedras - por acaso não foi grave - mas podia!
A minha boa ação...banhava-se uma senhora vestida de fato de banho e saia raiada de vermelho...ao sair da água passei por ela, a sorrir disse-lhe "desculpe a pergunta...porque toma banho com a saia?"...resposta escorreita..."olhe por vergonha...os meus filhos dizem-me sempre o mesmo...não fui habituada e,... " naquilo respondi " minha querida - esqueça o passado e viva o presente - deixe-me tirar-lhe a saia"...assim o deixou sem delongas...admirável sentir a sua alegria estanpada no rosto...quando deixei a praia veio com a sandes na mão a correr para dizer adeus...
Descendo a falésia pelas escadinhas ou de carro está-se na praia - no topo o Hotel Golf onde ficámos instaladas. As vistas são incríveis e a panóplia de ofertas também. Adorámos a piscina exterior porque a interior aquecida 29º com água termal - obrigatório o uso de toca.
Festejámos o aniversário na varanda de um dos quartos onde juntamos a mobília dos dois e os copos de vidro - enfeirámos na Lourinhã comes e bebes - festa de arromba com Parabéns a Você - porque o almoço foi numa das esplanadas da praia - O Ernesto - aqui nos deliciámos com sardinha frequinha e da boa com muita variedade de saladas.
Contornando a falésia a caminho da praia de Santa Rita pelo carreiro marcado na argila encontrámos um aglomerado de casebres abandonados. Esta foto foi tirada do varandim com vista para o mar onde alguém comeu marisco - ainda de pé a mesa grande e bancos.
Impressionante. Emblema da Mercedes cravado numa portinhola de um dos casebres...feitos de madeira, canas, painço, chapa e,...
Paliçadas com canas
Paliçadas a fingir paredes em folhas de palmeira doutra espécie mais estreitas... 

Vista dos casebres do cimo da falésia
Foz do rio Alcabrichel- logo de manhã um bando de patos mudos na margem 

Falésia do Hotel .Varanda com vista para a serra e para o rio - A minha mãe chegada da praia
Vestidas para a noite coradinhas da maresia...
Euzinha com a minha mãe . Em demandada fomos passear de noite até Santa Cruz - e na manhã de sábado avançámos neste socalco de vista privilegiada para a praia ,tempo quente mas encoberto. A minha irmã junto à falésia deitada e na frente a minha filha e mãe. Tínhamos por companhia uma bela senhora de cabelos alvos com 80 anos - na aula de ginástica dada pela minha irmã - disse-me "se não tivesse de ir fazer o almoço para o meu marido ficava também para fazer, ando aflita dos joelhos"...respondi "é tempo de ele aprender a desenrascar-se - pense mais em si porque ainda está nova e bonita"...ainda pergunta " ela é professora ? " disse "é só minha irmã - mas sabe mandar e tem jeito para tudo - é uma líder" sorridente, senti que simpatizou connosco, ainda mais quando lhe disse que estávamos juntas para festejar o aniversário da nossa mãe...com os olhos raiados de água - agradeceu as minhas palavras. O almoço foi um bom picnic aqui mesmo na falésia a olhar o mar...dizia a minha irmã " a Dina tem muito jeito para fazer compras, gasta pouco dinheiro, trás fartura ".
O vinho verde, fresco...sobe a pouco...entradas: truta fumada, presunto, azeitonas verdes com pimento e queijo, pratos: bacalhau Espiritual e salada de frango. Bom pão e pêssegos ainda bolo do aniversário.

                                                          a minha filha em Sta Cruz






Vistas da azenha em Sta Cruz

Outrora o solero deveria ter sido belo
Na caminhada com a minha filha fomos interpeladas por estes dois jovens...alcoolizados ...dizia-me o que vai a fugir " quer ficar com este rapaz"...respondi " não já tenho uma filha"...naquilo diz o outro " hoje dia 29 faço anos - 23 - já estou velho - tire-me uma fotografia" ...impulso aceite...ainda remata " sou leão"...o outro fecha com sabedoria - "as senhoras são muito simpáticas"...Possivelmente viriam da discoteca - o som que se fazia ouvir era brutal!
No varandim das praia dizia-me adeus ...O sol abria-se em raios estrelares - o mar calmo...cenário por demais bonito lindo!
Grandes passeatas ao longo da costa oeste: Ribamar, Maceira até Torres Vedras. Muitas estufas. Muito casario. Muitas estradas secundárias . Parecia o algarve interior...perdemo-nos na Cerca numa estrada alcatroada que terminava na estufa......voltas e mais voltas passámos ao Vimeiro - as Termas - estava na hora do fecho do euromilhões.
Jantamos na Adega do Careca na Atalaia . 
A sapateira confortou o estômago de todas - o borrego delicioso se comeu foi pouco. 
O vinho branco maduro e seco - amarelo forte era pomada!
Bandeira verde. O nosso lugar da véspera já estava ocupado.
Horas de regresso. Foi muito bom. A minha irmã portou-se bem...ficámos admiradas ao aderir facilmente às nossas aventuras. A minha mãe estava feliz...falava de outras festas vividas neste dia em Pousadas...Valença...Alentejo...Algarve...Porto...Espanha...Funchal...Porto Santo e,..."que riqueza as minhas filhas estarem comigo"!
Muito verdade. Tantos pais ricos e os filhos não lhes conferem atenção nem mimos, ainda outros menos afortunados e,...no caso pobrezitas remediadas - quem pagou? A minha filha e a minha irmã, que de mim não me deixaram gastar nem um cêntimo!
Na ribanceira da falésia sai do carreiro para me fazer à foto
                              

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Despedi-me do Prof Hermano Saraiva com traje de vendedora

Quis o destino ditar mais  uma feira em  Setúbal  - sábado- desta vez  além da minha homónima apadrinhei outro colega - António.
Feliz coincidência - no mesmo dia na cidade no Convento de Jesus estava em câmara ardente - um dos meus ídolos televisivos de sempre  -Prof Dr Hermano Saraiva. Felizarda vivi numa vila de província onde a televisão entrou na minha casa em 1962 - o 1º comunicador que retenho na memória - Vitorino Nemésio - apesar do sotaque forte da ilha da Madeira aquele homem de cariz pesado e óculos grandes de massa sentado num maple em frente de mesinha de sala de estar tinha sob o tampo jarra de flores e  um copo de água - estrebuchava com as mãos em gestos alternados de força elevada exasperava a voz forte - sem o entender mesmo assim prendia-me ouvi-lo falar...fazia-se ouvir...se bem me lembro...semelhança haveria de encontrar no início de 70 com o Hermano Saraiva a falar de história, de reis, de terras deste Portugal , gastronomia e...veleidade esta minha de ser genuína em gostar de contar estórias, julgo adquiridas a ouvi-lo tantos anos, houve altura... desejei conhece-lo... empiricamente sonhava em o poder substituir na descoberta e mostra deste nosso Portugal - no mesmo gosto de falar com gente anónima, saber outros saberes em via de extinção, entender a história dos locais, e estórias  que delas no tempo se foram cimentando...veleidades...desculpem. Quem se atreve a não sonhar?
Vesti-me fresca  e colorida para as agruras da feira em terreno aberto. Mesmo assim quis na companhia da minha amiga homónima entrar no convento no atrevimento mayor em prestar os sentimos pêsames à sua querida esposa  vestida de luto - imagem incrivel de beleza , na televisão nas poucas vezes que se fez à fotografia nunca foi tal beleza exaltada...ouvi-a a partilhar emoções com alguém muito especial agachada ambas de mãos entrelaçadas... confidenciava-lhe..." amava-o muito "...fiquei sem pinga de sangue - como é possível amar-se tão fervorosamente durante décadas, e décadas...do Prof, sei a conduta de alto cavalheirismo, e presenteador  à laia de namorado eterno - tal as prendas que constantemente surpreendia a sua amada. Amo este tipo de atitudes - pena não haver homens desta índole e igual  envergadura romântica!
Nas minhas poucas palavras deixei a convição do meu eterno carinho e simpatia por ele e seus programas .Despedi-me - o seu rosto sereno exalava a sono profundo...ao limite das mãos havia um pergaminho atado com fita de seda branca a fazer lembrar tempos de antanho - na minha cabeça imaginei se tratar da despedida dos seus netos ou bisnetos adorados , neles via o continuar da sua descendência.
Tenho o privilégio de ter um livro seu autografado onde estive pacificamente na fila horas...também com ele estive numa exposição na Caixa Geral de Depósitos na João XXI sobre velharias - ali aprendi que a Vista Alegre começou a laborar em vidro por falta de caulino - havia um exemplar que por acaso era igual ao da minha avó paterna - hoje meu - Fiquei exasperada de paixão! 
Resta-me a memória da sua voz eloquente ,e da paixão em falar  para as massas - tivesse eu professores na primária do seu gabarito seria hoje uma mulher mais conhecedora da cultura, dos saberes da nossa terra e da globalização do mundo. Aprendi com ele o jeito de agarrar as pessoas na conversa, na partilha de saberes, no gosto de ir  na louca aventura a calcorrear trilhos para saber, e mostrar - homem nascido em Leiria por mero acaso - ali os seus pais moravam - de pequeno deleitava-se com os irmãos a descobrir o castelo - sorte a dele - igual em Donas - terra com muita história onde o seu pai nasceu - que dizer das filhoses que adorava saborear  aqui , e do calor do madeiro de natal a arder na praça - um nato contador de histórias, com história - jeito simples, cativava todas as faixas etárias de público - longe do jeito pesado que outros historiadores teimam persistir - quando lidos - há  2ª linha desisto da leitura...apesar de muito bem escritos, acredito.
Homem antigo, mais de 92 anos - moderno no estar - apesar de bem vestido de fato, gravata, e colete. Soube como ninguém COMUNICAR!
Sinto-me honrada em ter participado por breves minutos no seu velório, no meu dizer... disse-lhe muda...descanse em Paz e ,... até mais logo ...

Na saída ...tomámos o rumo transversal para matar caminho - havia a intenção de passar pelo mercado na expetativa de lhe mostrar um espadarte - nunca tinha visto in loco...
No desfilar da feira tabelei conversa com um colega  que antes nunca por aqui visto, nem noutra poisado o olhar - silhueta ímpar de beleza escultural, bem vestido, rabo de cavalo cor d'oiro, olhos pequenos ligeiro amendoado, e sorriso aberto tímido- João de seu nome vive em Mafra- confidenciou ter duas filhas, sendo uma delas linda...olhando ao pai - uma Miss com certeza - catapultou-me para falar sobre as nossas origens sendo eu fenícia ele é de origem celta - que a gosto condiz com o símbolo da t-shirt  . Se fiquei deslumbrada com o style mais ficaria a ouvi-lo falar - de cabeça racional senti apurado estudo de antropologia social  - garra na entoação da palavra , líder, um comunicador nato - senti e apreciei o grande sentido de justiça de tal modo vincado - não tive outro jeito senão perguntar o signo - delirei ao saber que é Touro - 6 de maio - sem qualquer comparação adorei a coincidência lunática - véspera -  do meu!
Tinha muitos bons preços  - móveis, malas de lata e em cabedal - peças belas a fazer jus à sua pessoa ainda algumas peças de José Franco assinadas.
A feira foi estonteante pelas abordagens ao acaso. Ao fim da tarde apreciava uma saboneteira em faiança branca grande  com a D. Isabel... levanta-se o marido - Antero - num relance pega nela, oferece-ma!
Oferta do Sr Antero

Disse-me trouxe-a de França há 15 anos ,era azul, alguém lhe disse que é do século XVII...não creio - apesar de ser muito graciosa - vou ofertá-la à minha filha se a quiser por na sua casa de banho a servir de suporte para vela ou uma flor.
São gestos igual a este que nos últimos tempos tenho sido agraciada  - não é tanto o valor das ofertas, sim o gesto de ofertar - a quem perguntei o porquê - resposta escorreita " a senhora é muito simpática" ...já tinha ganho outro presente logo de manhãzinha do Paulo Filipe - um almanaque de 1982 - ano de nascimento da minha princesa - perguntei o preço..."dou-to, quando te começo a dar coisas logo de manhã é sinal que vendo..."
Havia ao final do dia lhe comprar esta molheira de Alcântara - mui graciosa.
Na minha amiga homónia enfeirei num bule de caldo - o que equivale a dizer que o dinheiro que faturei o gastei, e julgo não chegou!
O Paulo Filipe em tempo de despedias deu-me um fogareiro de cobre a petróleo, um  Cristo em meio corpo em lata que uma das mãos mexe e uma lanterna antiga usada nos barcos que foi electrificada - o companheiro da minha homónima dizia entre dentes - agora percebi - vocês são iguais gostam de lixo - ri-me...porque ele está redondamente enganado. O fogareiro areado fica novo é para mim, o que tenho em latão, mandei-o electrificar em Odemira - fiz dele um candeeiro de mesinha de cabeceira que foi do meu bisavô num quarto com cama de ferro, a lanterna vou oferece-la à minha irmã que sei adora recuperar...raspar e pintar, no seu churrasco acredito irá ficar!
Ainda voltando a falar de lixo - deve entender-se em várias nuances. Nem tudo o que é velho e em mau estado se considera lixo - para mim lixo não tem qualquer hipótese de reutilização, sem contar com  a analogia da palavra a compras desmesuradas por fanáticos...

Domingo - o vento afastou-nos da praia. O inusitado aconteceu na feira de velharias de Algés. Trocava impressões com a D. Maria uma feirante que conheço há tempos - apreciava na sua banca belos pratos de faiança - Coimbra e havia um em especial do norte - nisto reparo num belo homem, jovem de sorriso pasmado a deleitar-se com o ouvir da conversa - segundo seguinte percebi comungarmos os 3 a mesma paixão por pedras, e no meu caso e dele também por faiança...convidou-me a ir ao seu restaurante "Touro Ibérico" a dois passos onde fui com o meu marido - mostrou-me o espaço - amei pela eloquência  da mistura onde o mobiliário antigo brilha e se destaca do moderno - apreciei tampos de mesa que outrora foram portadas com grades e fechaduras agora assentes em postes dos telefones e tampo de vidro - lindas, havia outra igualmente bela com pés de azinheira que apanhou na estrada cortadas à pressa numa dessa ventanias sem explicação...mostrou -nos com orgulho o livro da - Quinta Vila Vitória - sobranceira à praia das Maças construída de raiz ao gosto antigo com pedras, madeiras, azulejos e afins comprados em demolições e antiquários. Fabulosa. Golpe de pasmo haveria de me transportar para a infância - sempre existiram homens fascinados pelo belo - hoje conheci o Jorge Figueira noutros tempos fui ao local ver o que restou depois da morte do Dr Bacalhau no Espinhal nas faldas da Lousã - também ele um visionário adquiriu em demolições do hotel Sherton e palacetes na Linha do Estoril  -  pedras e construiu uma estância de luxo...fatalmente a morte chegou-se sem herdeiros - ficou ao abandonado - incrível como gente sem escrúpulos assaltou o espaço arrancou mosaicos do cimento, surripiou estuques, azulejos...pedras, vasos enormes...um desatino de mau gosto!
Despedimo-nos com vontade de voltar aqui para um jantar com sevilhanas ao fim de semana - julgo que será no aniversário do meu casamento no principio de setembro. 
O melhor? O êxtase era comum ao meu marido. Nestas andanças apresenta-se sempre mais distante - julgo foi a 1ª vez que lhe senti ver admiração por mim ao constatar que outros me admiravam no passar da mensagem sobre faiança - sentimos que portas foram abertas, sem ser esperado - uma abertura para outros conhecimentos...a minha explicação!
Tudo por causa do mesmo fascínio, vício  - pedras e velharias - lancei o mote - se quisesse comprar havia  dois pratos maravilhosos, e de muito valor: um covo pequeno marmoreado com o brasão das Armas de Portugal da Fábrica Bandeira  cercado por filete azul, na aba motivos de flores com pássaros. O brasão não se apresentava delimitado a azul como se vêem noutros do tempo que o reino estava a ser disputado por Miguelistas e liberais. O outro maior será  -Fervença ou Santo António do Vale da Piedade - exuberante o esmalte e as cores que delem exalam -  verdes a preenche -lo no todo, salpicado por laranja, e raminhos revirados do grande ao pequeno em vinoso quase preto, no rebordo filete fino laranja - amazing!
Mais tarde voltaria a passar  - congratular-me ao ouvir dos vendedores o  agradecimento na minha ajuda par as vendas - com o remate - pena a senhora não ter ficado com ele - sendo que são dois vendedores distintos, e disseram -me  o mesmo - elevo o pensamento para o conhecimento com que amavelmente me distinguiram...
Adorei ter tido este privilégio, na feira conhecer assim do quase nada um homem como é raro ver-se em Portugal - trabalhador, e com muito talento na preservação do património ao dar-lhe nova vida para desfrute de outros - eventos, casamentos, e dele próprio que ama o espaço sendo que a  sua família prefere viver num apartamento...a vida não é perfeita! Podendo viver num palácio nunca viveria em propriedade horizontal...
Bem haja Jorge Figueira pelo prazer que me deu na mostra gratuita dos seus tesouros!
Havemos de nos voltar a encontrar!
O dia prometia - com a Isabel de Carcavelos conversei mais de meia hora - na minha espera o meu marido tabelou conversa com um novo vendedor de cerâmica - de todas as peças a mais emblemática - um canhão assente em estrutura de madeira  - tal perfeição achei barato para decorar um jardim.
Deu uma "seca" sobre religião ao meu marido - notoriamente  lê muito , explicou a diferença do homem para a mulher - nos cromossomas - que estas vão comandar o mundo - pior os homens estão a ficar efeminados... justificou!
Ups!!!!
No início da feira perdi-me de amores com este prato, comprando os dois o preço foi muito convidativo - o vendedor é porreiro - faz-me sempre bons preços. O 1º gateado lindo o 2º num esmalte cor de grão  de pintura exuberante - marca uma época (?) ultimamente tem aparecido alguns.


cacos de faiança encontrados no Castelo de Guimarães
A minha amiga homónima fez deles alfinetes - oferta em plena feira.
Amei os broches de faiança!
 A minha amiga homónima apresentou-me a um colecionador....de boa carteira viciado em loiça de Sacavém ornada com publicidade - falantes...no meio de uma banal conversa partiu em demandada, viu uma peça que passava despercebida, em tempos custava mais de 200€ , a comprou no momento por 35€...estava delirante!
Já em casa tinha uma mensagem " tou farto das feiras"...respondi  - eu não, amo cada vez mais...resposta - desiludes-me...julgo a forma de me fazer ver que me esqueci do seu recente aniversário...sendo assim tem toda a razão - facto que no momento ressalvei!
Foi um fim de semana estonteante!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Torre de Moncorvo e sítios arqueológicos em 2012

Torre de Moncorvo, terra quente no vale do Nilo português com o Sabor a beijar o Douro!

A minha selfie tirada no Expresso a caminho de Torre de Moncorvo. 
A pensar no calor da terra quente vesti-me fresca de vestido. 
Viagem morosa, nela quis que o dia se fizesse sentir nas 4 estações - no Marão choveu!
De Lisboa parti na frente do autocarro na companhia de uma mulher da minha geração, solteira,  Virgínia - Gina, para os amigos de Vinhais...não nos cansámos de conversa...confidenciou-me que no seu tempo de escola a pobreza era tal que para comprar uma folha de 24 linhas para fazer a prova a pagava com um ovo!
O desenlace deu-se em Vila Real, com a certeza de nos voltarmos a encontrar. 
Mudei de autocarro e de companhia, agora outra senhora também da mesma geração vinha de férias da Alemanha. Mulher sofrida...
Estradas novas por todo o norte, vi o túnel do Marão. Incrível, obra gigantesca a romper e desafiar o horizonte e as serras . De repente estou em Mirandela a cidade cresceu, a  meu ver candidata-se a ser a 5ª cidade do País . Não vislumbrei o Palácio dos Távora - longe vão os anos que vi a correnteza das janelas imponentes e tanto me fascinaram pela exuberância garbosa no imitar de babetes.

                                             
A minha chegada  a Torre de Moncorvo
O meu bom amigo fez espera por mim na estação da camionagem onde trocámos sentido abraço fraterno. Amizade cimentada na mesma paixão pelos cacos, e pelas fotografias. Caia o entardecer, seguimos o caminho para sua casa, a Ilda veio ao nosso encontro. Mulher alta, bonita de traços fisionómicos de beleza incomum, doce e meiga - atrevo a dizer que nesta vida de mais de meio século nunca tive visão de mulher tão distinta, e compreensiva - mulher que merece respeito, e muita gratidão - recebeu-me como se fosse sua irmã - fatalmente o que senti!

Sorte do meu bom amigo Arnaldo que a merece, igualmente lindo, da sua boca saí um sorriso aberto que irradia beleza dental de fazer inveja a muitos. Soberba, a foto com 13 anos na entrada da casa ao lado de outras da sua Ilda, e dos belos filhos, ainda um candeeiro a petróleo,  espólio que herdou da sua querida mãe que tantas vezes o ouviria assim pronunciar. Igualmente bela , a saudade refletida os vasos de fetos que dela foram um dia , e por aqui na sua casa preservados com tanto carinho, delicados no contraste com balanças antigas, onde os pesos noutros tempos a sua eram calhaus de pedra!

Devo esta visita de engrandecimento e conhecimento cultural com visitas gratuitas, graças à generosidade, hospitalidade, influências e disponibilidade do meu bom amigo Prof. Arnaldo Silva, esposa Ilda e filhos, Bernardo e Inês...a quem chamei Joaninha...outro nome carinhoso pronunciado pelo pai à sua princesa...dei-me conta quando ouvi o Bernardo a perguntar-lhe " a Joaninha é a nossa Inês?

Precisei vir a sua casa para descobrir esta faiança que me ajudou a catalogar outra que adquiri ultimamente .

Faiança de Lagoa, Açores

 
Fachada de casa em Torre de Moncorvo





Nos azulejos  os meus olhos viram amêndoas em forma de pétalas. 
Na barra cachos de uvas a fazer jus ao bom vinho da região vinhateira do alto Douro. 
Nas flores senti o bom queijo Terrincho de ovelha curado. 
Na interligação senti o paladar macio e saboroso de lascas de presunto, nesta terra saboreado assim, o meu primeiro; talvez por ser espanhol...
Raios me partam, sempre ouvi dizer " de Espanha nem bom vento nem bom casamento"...na nítida provocação de rivalizar com o nosso, igualmente bom - de Montalegre e Alentejo. 
Nas folhas distingui a pureza destas Gentes no saber receber, exaltar o ego ao forasteiro -, sobretudo em obsequiar com tudo do melhor que tem!

No domingo de manhã fui ao café onde encontrámos o Prof Maurício Ferreira...Homem de olhar redondo, luminoso quando me foi apresentado me catapultou para descendência real-, sabendo que D. Dinis casou em Trancoso...haveria de me confidenciar na mesa do café da terra não ter especial interesse no assunto salientando que outros na sua família na pesquisa da árvore genealógica aventam descendência de linhagem por parte de D. João II, com uma senhora chamada Pelicana ,cuja casa dessa amante do monarca ainda existe em Torre de Moncorvo...haveria de ficar com aquele olhar tão subtil na mente, mais tarde fez-me lembrar tal brilho ...igualzinho ao da D. Manuela, uma senhora de Tomar cujos genes os transmitiu aos filhos, viveu em Ansião mais de 30 anos, quem sabe afinal reminiscências dos Templários!

Dei conta que a vila portuguesa do nordeste transmontano é apenas chamada pela maioria por Moncorvo, pertence ao distrito de Bragança, e tem uma população com cerca de 3 000 habitantes.

Perguntei a origem do nome Torre de Moncorvo?
Debalde não obtive resposta sustentável . 
No meu modesto julgar alvitro a existência de uma torre de vigia altaneira no sítio do Castelo, sendo que em tempos de antanho Moncorvo, foi um castro na outra margem do rio Sabor onde ainda se vêem vestígios da muralha de xisto . Possivelmente por causa das cheias se mudou para o alto onde estava a torre, adaptando os dois nomes que lhe assentam como uma luva!
A vila à noite apresenta-se iluminada em todo o seu redor com luzes cintilantes que se expandem no desenlace das serranias. Imagem brutal de luz e contraluz em meias luas de cantos, cantinhos (aldeias e vilas) de todos os tamanhos. Cenário idílico  que o brilho irradia  no horizonte, e o pôr do sol só vi igual em Serpa, na foz no Porto, e no alto da Ameixieira em Ansião...cores fortes laranja e vermelho - em brasa, escaldantes!
O município é limitado a norte pelos municípios de : Vila Flor; Alfândega da Fé; e Mogadouro, a sueste por Freixo de Espada à Cinta, a sudoeste por Vila Nova de Foz Côa e a oeste por Carrazeda de Ansiães.
O concelho recebeu foral de D. Sancho II em 1225.
Aqui há casas solarengas a meu gosto - Solar dos Pimentéis - não sei se da linhagem daqueles que viveram em Maças de D. Maria no concelho de Alvaiázere, conheci em miúda, e me ficou na memória pelos babetes em pedra - aqui nesta região tão evidentes.

Freguesias no concelho de Torre de Moncorvo: Açoreira, Adeganha, Cabeça Boa, Cardanha, Carviçais, Castedo, Felgar, Felgueiras, Horta da Vilariça, Larinho, Lousa, Maçores, Mós, Peredo dos Castelhanos, Souto da Velha, Torre de Moncorvo, Urros.

Só mesmo os ciganos aqui proliferam integrados na sociedade na antiga cadeia onde vivem em comunidade. Como em toda a arraia, e nas grandes metrópoles.

Espaço Museológico do Prof. Arnaldo Silva 
Amei ouvir ..."onde foi o pai?...foi ao Castelo..." o carinho que os meus bons amigos demonstram sentir pelo seu Espaço Museológico, sito no Castelo. 
O Espaço Museológico com três trepadeiras de jasmim a ladear a frontaria .
A arquitetura interior  foi obra de revitalização da primeira casa do fotografo de Torre de Moncorvo, estreita de fachada e comprida de fundo. Bem conseguido o painel de vidro para entrada de luz  no soalho do sobrado , de ficar de boca aberta.
Projeto particular materializado  Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior. 
Guardador de mais  de 100.000 registos fotográficos  para o estudo da história contemporânea da região. Os registos mais antigos remontam aos primórdios da fotografia, e alguns deles estão datados de 1884. A iniciativa tem sido levada a cabo sem quaisquer subsídios ou apoios institucionais. 
O interior do espaço museológico apresenta um conjunto de painéis alusivos aos movimentos populacionais, população agrícola, à cultura da amendoeira, ao gado ovino, produção de vinho, caminhos de ferro e à atividade da Ferrominas.
A joia da coroa deste espaço museológico é o seu arquivo fotográfico, onde se guarda mais de 100 anos de imagens da história local de finais do século. XIX e todo o século XX.

Lamentavelmente a minha máquina fotográfica avariou... fiquei sem registos, e havia tantos para todos os gostos, desde a fotografia que me encanta associado a outros artefatos encontrados na remodelação da casa; cacos de faiança dos bons, vidros, cerâmica, pedra esculpida  e,...
Difícil escolher a peça emblemática, aquela que no conjunto sobressai, nos eleva a sonhar!
A minha escolha recaí na casa onde habita o espaço, pela abundância de fotos da família dispostas em harmonia, de tamanhos vários, graciosa à vista, a fazer de quadros, nunca antes visto,  um autêntico tesouro!

Quanto ao espólio perdoem-me 
Não consigo ultrapassar o fascínio de ter visto tantos... fálicos de origem  romana. Perdoem-me a loucura da frontalidade. A, foi a minha segunda vez que tive um fálico na minha mão. Com o primeiro ainda mais belo por ser completo, em calcário encontrado no Rabaçal, perto de Conímbriga, onde passava a via romana a caminho de Tomar.
Há  2.000 anos já os usavam...e, questiono-me...encontrei um escrito As Máscaras de Deus onde retirei um enxerto...Primeiro  "o Deus bíblico é assexuado; ora descrito como marido e pai e outras figuras masculinas(com mais frequência);ora descrito como figuras femininas (como uma ave que abriga seus filhotes ou como uma grande Mâe).
Segundo  Nunca é dito na Bíblia que Deus tenha empregado instrumentos fálicos e penetrado sexualmente Maria. Deus, sobre naturalmente, a fecundou.
Terceiro as similaridades nos relatos podem servir como comprovação de que o substrato da história registada nos escritos sagrados é sólido. Contudo, não tem poder evidencial para estabelecer qual versão se aproxima mais da verdade"

Julgo sem modéstia que o Pelouro da Cultura de Torre de Moncorvo, deveria olhar para a cultura aqui exposta, dar uma mão e fazer acontecer cultura viva , patrocinando, e relançando este Espaço além fronteiras. Investindo no projeto com e publicidade, e a sua abertura ao público, cujo sucesso não há dúvidas de virar fenómeno. A juntar as barragens, e a criação de um Museu com o espólio encontrado possivelmente em Felgar, a Terra quente,  vai virar destino turístico. Os australianos estão a apostar forte no Douro . Afinal o Sabor , na foz beija aqui o Douro. Vai aparecer gente com muito dinheiro que aprecia cultura, gastronomia, e adora paisagens surreais por aqui em contrastes...é, a grande aposta neste futuro imediato para o desenvolvimento do nordeste transmontano!

Trocámos presentes...
Levei perfumes e chocolates para o Bernardo, e para a Inês quis a vendedora no Fórum ao ser por mim interpelada como distinguir os cartuchos, me diz em modo acelerado " não há como enganar, a cor do laço..." só sei que a Inês recebeu o telemóvel, e o Bernardo a caixa de batons...dando origem a forte risada...valeu este ter a ideia de a guardar para saborear com a namorada Mariane... 
Para o meu amigo Arnaldo copos em cálice da VA fabrico com mais de 150 anos, e pratos: Cantão Popular Cavaco de Gaia, outro verdadeiro em porcelana do século XVIII , China, e de faiança de Coimbra, um pratinho com corações , ainda lhe ofertei o catalogo de Faiança Ratinha elaborado por Ivete Ferreira sobre o espólio do Museu Gargaleiro em Castelo Branco de onde o pedi via correio ...
Para a Ilda um conjunto de bordados de bilros de Peniche , e da Madeira .

Noite amena em Torre de Moncorvo
 
Chafariz Filipino
                         
"Cromo doutor Pimentel"
Junto à muralha do Castelo , ao lado da Porta da Traição ... por aqui há gente que lhe chama outro nome...obsceno...todos os dias pela noitinha o haveria de ver na esplanada a pedinchar fosse cerveja, cigarros ou mesmo uma moeda...
                               
Igreja matriz para mim uma catedral
Há anos que aqui entrei. Gostei imenso de aqui voltar entrar,  ouvir outra vez a estória do tríptico com a vida de Santa Ana de 1500, feito em Antuérpia...roubado por gente do património num inventário... foi recuperado à posterior - ladrões deportados... aqui veio um descendente de um repatriado e, contou a sua estória...tem de aqui vir - ouvir da São - mulher gira e com saber - se explica muito bem.

Edifício do séc. XVIII, com fachada barroca, pertenceu à família de Oliveira Pimentel. 
Aqui nasceu o General Claudino e o Visconde de Vila Maior.

                                                             
Hortas comunitárias sustentáveis  
O leirão dos meus amigos
                 
A sua criação para as pessoas mais desfavorecidas...faltou gente para a distribuição dos talhões. Deste modo os meus bons amigos tiveram direito a um, de gaveto junto à Mãe d'água...não sei se ela vai chegar para regar os tomates, pepinos, feijão frade que aqui chamam de chícharo, e não devia ser ( são duas leguminosas distintas sendo que o chícharo é da forma do tremoço em seco, e de sabor igual ao grão de bico).
Gostaria que a entidade camarária fizesse do espaço um jardim . Matéria prima tem de sobeja - xisto. Adoraria ver muros baixos em xisto e os tanques de água igualmente assim revestidos, com  banquinhos para se sentarem e uma casinha onde todos guardassem as alfaias. Preservassem os muros tradicionais lindíssimos e plantio de árvores de fruta na vez das que aqui foram plantadas típicas de jardins...ouvi dizer que são restos do projeto inicialmente previsto por um arquiteto de renome - que além de caríssimo sem serventia! 
Quanto à casa, linda colunata em pedra,  deveria ser reconvertida em salão de chá com venda de produtos endógenos biológicos das hortas de fazer inveja , muito bonitas , tanta gente jovem que delas trata com carinho, e que dizer das flores .
Destaco amigos fervorosos do Bernardo, que se tratam como irmãos. Denotam ter muita paciência nos seus leirões, a terra barrenta aperta os vegetais. Mesmo assim, mais o Pedro, trintão de cabelos, e barba da cor do trigo, olhar claro denota saber ( então não disse logo que a urina por ter azoto é um excelente fertilizante misturado com cinza....e, o Vitor, rapaz mais intelectual vestido de magreza com óculos de massa pretos os dois em roda viva de volta das plantas que me pareceram reles...pobrezitas...( alvitrei ao Vitor no futuro deveria semear os feijões em linha , para não germinaram do mesmo buraco 3 ou 4 , naquilo ele responde-me...são para transplantar...respondi - o feijão não se transplanta, é semeado no local ...diz-me de voz solta...na escola fazíamos assim em copos e,...Grande o encantamento com a sua horta, os vi abaixar, regar, e o carinho a mirá-las, ainda a tirar do embrião do feijão a terra seca para ele sair da dobra e se levantar para o sol... montaram uma estrutura aérea para suspender rede, e assim a proteger do calor tórrido, mas ainda não a tinha, e fazia falta. Naquele fim de tarde com o sol a bater na colunata de pedra da casa da quinta , estava o Ricardo, alto de belos cabelos escuros pelas costas, vocalista da Banda Duffa que se fazia ao palco, em pose de modelo com tiques a modelar o penteado...não o vi tratar da horta, prefaciando as palavras do Bernardo... Muito bons músicos, pena residirem no interior !

                      
                               
                     
Antiga casa da Roda dos Expostos aqui funciona hoje o turismo
Casa típica da arquitetura rural transmontana com varanda exterior de alpendre e pequena janela com a data de 1785.

Termos de Moncorvo
C'om caneco
Ao fechar da noite 
Rilhar maçã

Sarau de musica em  Mirandela 
Sarau de encerramento do ano letivo dos alunos da Escola de Música. 
A filha dos meus bons amigos - Inês, toca Viola d'Arco - usa franja - ao centro de blusa branca onde a abertura glamorosa no tardoz rivaliza com a frente não menos bela...um peito perfeito talhado por Deus com a ajuda genética dos genes da sua querida mãe! 
Menina mulher - olhar doce, voz meiga, fatalmente no meu passado me marcou por não o ter e nela se mostrar deslumbrante - peito de pasmar rara beleza faz inveja ao silicone! 
Daqui a tempos acredito será conhecida mundialmente tal como outros . Porque bons músicos o são, tal o empenho, dedicação a estudar, e ensaiar. Uma mestrina deu mote aos pequeninos os primeiros a atuar, haveria de ver outros maestros de alto gabarito.
No público senti denotarem o saber de apreciar cultura; de saber obsequiar , tantas flores vi serem ofertadas, e ainda o saber comer - tal a magreza - só vi dois adultos obesos, julgo problema hormonal-
Mas que bem se come nestas terras, silhuetas de fazer inveja, digno de ser visto...perco-me a pensar - terá haver com o lanche ajantarado, e antes de deitar torradinhas com leite...sem falar nos produtos ecológicos produzidos ainda sob a forma artesanal.

No final houve a entrega aos finalistas de prendas alusivas à região - uma oliveira para plantio, quem sabe algumas vão crescer . Por certo vai haver gente de brio e as replantem, e daqui a anos o digam com orgulho aos seus descendentes..."esta foi ganha por mim tinha eu 18 anos, e tratei com carinho..." também uma lata de azeite, e uma rosa branca de alto caule com espinhos - ainda assim bela, simbolizando a pureza, e a luta árdua pela vida simbolizada pelos picos... o Sr. Presidente da Câmara, homem com o dom e destreza da palavra, de pasmar a eloquência apesar de fadiga,  acabado de chegar de Lisboa, tal como eu , afinal podia-me ter dado boleia...bonita a amabilidade, e carinho pelos alunos no palco demonstrada.
Fiquei estupefacta com o acolhimento, auditório cheio, superlotado com gente de pé. Amei o Sarau. No final do concerto, nas despedidas, a conversar com a prima da Ilda senhora de belos olhos azuis, e da filha, recém médica, linda, Ana (?) mui graciosa passa por nós um miúdo com o instrumento descomunal às costas - um contrabaixo - pena não registar tal cenário, o miúdo não se via tal a grandeza do instrumento, apenas vi a ponta dos sapatos - parecia um pinguim - brutal, o seu empenho, como dizia o poeta - engenho e arte!
Amei presenciar a juventude em alegre cavaqueira nas suas despedidas de verão, alguns com os instrumentos às costas, de flores nas mãos, lágrimas no canto do olho, apresentaram-se vestidos a rigor para a cerimónia, gente bela de olhos claros, ora verdes ora azuis, raiados, e castanhos iguais aos meus, nestas terras de Trás os Montes, que também foi palco de uma comunidade judia ( por isso as alheiras - não comem carne de porco) entre outros.

Quinta da Portela
                        
Adorei o nicho de granito escavado, dentro dele um crucifixo. A caminho da Adeganha, o Arnaldo parou, registei esta foto e ainda do outro lado apreciei uma pequena capela, de um dos lados uma fresta da época visigótica.
A paisagem é deslumbrante, de tirar a respiração, se o visitante conseguir olhar para os penedos graníticos consegue ver arte talhada por Deus em formas arredondadas, e pelo homem  riscada - a arte rupestre. Tais os brutais achados a cada dia. Nesta zona situa-se a quinta do Tó Zé Martinho, ator conceituado de teatro, cinema e televisão . De facto a mãe dele é muito bonita - ele herdou-lhe a genética. Recordo-os na Cornélia.
Ainda a Sónia Araújo nasceu no concelho e,...

Memoriável visita 
Possível graças à generosidade, hospitalidade, influências e disponibilidade do meu bom amigo Prof. Arnaldo Silva, esposa Ilda e filhos, Bernardo e Inês...a quem chamei Joaninha...outro nome carinhoso pronunciado pelo pai à sua princesa...dei-me conta quando ouvi o Bernardo a perguntar-lhe " a Joaninha é a nossa Inês?
A vontade férrea solta em frenesim dealbar em magnitude escaldante e frenética neste querer maior em narrar a odisseia desta viagem programada e nela as vivências, conhecimento, e olhares pelas escavações arqueológicas . 
Uma oportunidade única. Elevado privilégio nesta minha vida. Ver o que quase ninguém sabe estar a acontecer em Trás os Montes, com a feitoria de duas barragens no Baixo Sabor, cuja dimensão e modernidade antes nunca praticada em análogas construções no passado. 
Durante o Estado Novo, Salazar, mandou edificar bairros de casas e afins para se instalarem neles todo o pessoal técnico: Cabril; Bouça; Castelo de Bode, e outras. Nesta terra transmontana vemos em plena atividade a maior britadeira da Europa  de onde extraem o xisto que é de boa qualidade, o transformam em brita e com ela erguem paredões 24 sobre 24 horas. Do mesmo modo a empresa das turbinas deslocalizou a fábrica e operários para o estaleiro, fazem ainda aqui os túneis de forma inovadora para o peixe migrar rio acima. O que no passado não aconteceu com outras construções, em Coimbra a lampreia tem muita dificuldade de passar o açude no choupal . 
Por aqui nesta obra monumental há muita novidade em termos de construção e aplicação de novas metodologias muito avançadas. A média de operários ronda mais de 1600 , com  200 técnicos ligados à arqueologia, antropologia, conservação e restauro. 
A população alugou muitas casas desocupadas, outros compraram pelas redondezas, um investimento de futuro, porque toda a região tem especial encanto em todo o ano e não só no tempo das amendoeiras em flor. O estaleiro contempla outras infra estruturas de logística; cantina; posto médico; padeiro e,...salvo conduto para entrar - nem parece Portugal!

O primeiro dia de visita ao Laranjal sob sol escaldante, a aba do chapéu de palha revirou!
Emocionei-me, e de que maneira!

                                         


Em baixo, foto panorâmica de escavações em atividade sob terraços fluviais.
vê-se na foto uma fossa em terreno carbonatado apenas a 1 metro e meio da superfície...julgo daqui a mais uns mil anos se transformará em pedra...
                              

Grandiosa a empresa concessionária a EDP na aposta da preservação do património cultural relativo à ocupação humana desde um período ainda não certificado por fraco número de provas e de carvões por datar - calculado entre 100 a 200 mil anos até aos dias de hoje . A EDP contratou muitos técnicos para intervir julgo em 5 locais diferenciados. Um grande manancial de estudos com medições, fotografias e,...para quiçá daqui a 100 anos outros técnicos se deleitarem e com novas metodologias voltarem desta vez a mergulhar e voltar a redescobrir...porque a intervenção vai ficar devidamente "arrumada em submersão", por outro lado acredito a barragem não vai ser eterna!
Numa conversa com os especialistas levantei a questão se costumam escavar nas suas terras...resposta escorreita " Santos de casa não fazem milagres"  por aqui vim encontrar um conterrâneo Ricardo de Freixo, Torre Vale Todos. Que me deixou a pensar, tem o privilégio de viver numa terra com registo que remonta ao inicio da nacionalidade da herdade do Alvorge, afeta ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Aqui proliferaram torres pequenas no tempo da reconquista cristã e castros mais antigos com achados arqueológicos. Fiquei com a nítida sensação de tão rico património desconhecer, pior, sequer demonstrar curiosidade...estaria tímido, um amante destes artefactos do passado deve ser VIVO...estarei a exagerar,  é a minha paixão...nem todos são arqueólogos, nem apaixonados como eu ...há gente a manobrar máquinas, outros escavam, acarretam baldes de entulho para peneirar, agachados varrem para encontrar espólio, fazem medições e,...todos fazem trabalhos de pesquisa sob sol escaldante no meio de nenhures, com o Sabor sempre por perto!

Uma necrópole
                     
Lagar da Quinta das Laranjeiras em ruína- por detrás da porta aberta estão os tanques em pedra

Já os antropólogos visitam as populações envolvidas, fazem inquéritos com recolha de tradições, saberes, rituais, para melhor se perceber e saber fazer a interpretação do modo de vida das gentes e de locais que no passado foram à superfície referenciados - agora por causa das barragens explorados em profundidade .
A forte imigração nos finais do século XIX , igual na década de 50, do XX para o Brasil, tal como noutros zonas do País. Alguns deles regressaram com fortuna construíram casas apalaçadas e de lavoura com apontamentos artísticos interessantes à época - chalés que ainda persistem algumas. Apreciei um cor de rosa com beirado de madeira a branco em Felgar, que no imediato me catapultou para a casa da Barbie... 
A Quinta das Laranjeiras também comprada por um desses imigrantes que a viria a perder ao jogo - tal o vício descomunal ...hoje em ruína a casa, o lagar de azeite e de vinho, ainda um mais pequeno o alambique de aguardentes de vinho e figo.

Também se fala da Santinha de Vilar Chão
Senhora a rondar os 90 anos que vive em Bragança. Na minha perceção foi um negócio lucroso engendrado ( sendo ao tempo o povo beato e iletrado deu azo a ser enganado) no negócio que viria a ser gorado perpetuado por dois irmãos, um padre, outro médico e ainda um fotógrafo. Na mulher viram a santidade da oração, e da piedade...tanto ouro os peregrinos aqui deixaram na mira de receber milagres... já da Santinha, se diz só ter recebido umas arcadas e um fio...  
Nestas terras era uso a sazonalidade rural tendo em conta o inverno rigoroso.

As gentes de Felgar 
Tinham azenhas ao longo do rio Sabor. Por aqui lhes chamam moinhos de água, onde se moía a farinha com a força motriz da água do rio. A travessia fazia-se em barcas, que  levavam carroças pela altura da apanha da amêndoa , da azeitona, trigo, centeio, aveia e linho. Sendo que a festa rija se fazia no Santuário de Santo Antão da Barca, onde acorriam muitos romeiros de todas as redondezas. Atualmente encontra-se em trasladação para monte altaneiro. Em registo acelerado andam as terraplanagens em curso com vista deslumbrante. Os peregrinos irão desfrutar do outeiro rodeado de um lençol de água e praia fluvial insuflável aos pés do adro  "O Santo deve dar pulos de contente" ao sair da beira do rio Sabor que atravessei de jipe, quem diria num troço de calhaus rolados e cota de água mínima, mais  parecia um regato e vai voltar a ficar nele, mas desta feita em grandioso cenário!

Vista do Monte onde se vai reinstalar o Santuário Santo Antão da Barca e do pó da terraplanagem


Cilhades 
Aldeia desertificada, totalmente abandonada, que linda foi toda em xisto, saltam aos olhos as ombreiras das portas engalanadas com pedras grandes a entrar pelas paredes mais claras no contraste do reluzente xisto mais escuro ,dão mote da grandeza das gentes que nelas habitaram. Gostei francamente da oliveira no adro com um muro de pedra solta em redondo alto, no momento transportou-me para o Santuário de Fátima igual foi no passado de roda da azinheira onde dizem apareceu a Virgem Maria...
Linda aldeia na margem do Sabor.
Aqui a família do Seixas - tanto ouvi falar dele - teve haveres...riqueza mayor saber viveram sem o saber paredes meias com um cemitério de mouros a olhar para o Castelinho, pelo meio o Laranjal outra necrópole, onde foram encontrados dois esqueletos na mesma sepultura, noutra uma linda taça asada de cerâmica campaniforme de bojo alto canelado e base redonda. O fascínio que me provocou este achado - em tempos no blog da Maria Andrade postou um parecido mais recente 1600 fabrico de Aveiro Cojo(?) na minha intuição achei pela raridade estar associado a rituais, e não é que está! 

Também a capelinha de orago a S. Lourenço vai ter honras na mudança do terreiro em Cilhades, com reboco pintada de branco, a única na aldeia, tal e qual como na aldeia de Piodão por terras de Arganil .


Oliveira no adro enfeitada com muro de pedra solta

Neste lugar reza a tragédia ocorrida em 1917..
Levantados os pilares da ponte, ainda persistem nus e assim irão ficar para sempre...ou serão retirados tal como as árvores. Decorriam os trabalhos da última fase de acabamento para nela suspenderem o lastro em ferro e de repente o rio subiu, talvez uma enxurrada, e a barca com os operários vira-se, pereceram no rio afogados 17 pessoas ...
A ponte nunca mais foi acabada - julga - se que por nessa altura o valor do ferro ter encarecido devido à 1ª guerra mundial, também do viver da tragédia dos filhos da terra. Só nos anos 80 do séc. XX,  junto a uma azenha abandonada foi aproveitado o caneiro, e nela feito um passadiço com manilhas de cimento. Junto ao rio o verde em alguns locais transporta-nos para o romantismo de Sintra ao entardecer!

Tive a oportunidade de ver reservas de Museus na cidade da EDP
Jamais julguei entrar nelas e foram duas com tesouros distintos;  no do Ferro vi um filme recuperado pelo meu bom amigo Arnaldo ,sobre o trabalho mineiro . No meu julgar as minas esventravam a terra em infindáveis túneis,  afinal laboravam à superfície...

Intrigada ando há muito com a toponímia
Coligi nesta zona do nordeste topónimos de localidades iguais a outras da minha zona no centro do País ;Almofala; Avelar; Rabaçal; Mogadouro; Penela da Beira - Penela; Carrazeda de Ansiães ; Ansiães - Ansião...será que ainda há mais?
O Dr. Valdemar disse-me que o Dr.  Paulo Dórdio, tem uma explicação para esta coincidência . Durante a reconquista cristã os cavaleiros vilãos ao virem de norte para sul foram repovoando as terras, dando-lhes nomes de outras já reconquistadas no norte ... agora pergunto - Rabaçal vem de Rabaça, não é topónimo romano? 

Vila Flor
Ao passar no Cachão relembrei os tempos áureos da indústria dos produtos do nordeste transmontano, hortícolas, frutícolas, e de transformação de carnes que DEVERIA RENASCER . Jamais me esqueço do nome, no tempo áureo ao ler a noticia no jornal com a minha pressa apressada - li caixão - por tal não me suar tive de voltar atrás e reler...

Rico Vale da Vilariça

O Rio Sabor chamado o Nilo Português fértil  vai desaguar no Douro!
Almoço domingueiro na Foz do Sabor a convite dos meus bons amigos

Diz o Bernardo : Miguinhas de peixe, toda a gente adora , no Rio Saborem casa da D. Aurora!
Muita fartura, as migas no dizer do Bernardo " tem de se aprender a gostar" exalam sabor a erva pesqueira que me pareceu da família do poejo...a D. Aurora não acatou a reserva, valeu-se do que tinha de sobras...julgo. lhe faltou o peixe estufado. Os barbos fritinhos até as espinhas se comeram. Na espera de mesa chega-se um "bruto mercedes, e dentro dele gente rica de Lisboa (?)..." perguntava se sabíamos onde era a tasca de peixe cujo dono falava alto, de modos, destravado... seria a casa João e Lucinda ou a tasca do Recta ou,...o importante o modo como interagiu connosco..."estive lá há tempos, pedi um bitoque, o bom homem disse-me em tom alto, forte e feio - aqui na minha casa só se come peixe e do bom"... 

As andorinhas adoram este beirado...
Na boca do meu bom amigo Arnaldo o maior beirado de ninhos de andorinhas.
Adivinhem qual a freguesia? Cardenha!
                         
Cardenha
Relógio da Fábrica Coisinha de Almada - na lateral o antigo relógio de sol

                           
Moldura do nordeste transmontano tirado por detrás do vidro do jipe...
 
Estrada romana a caminho de Adeganha íngreme pelo meio de giestas
                   
Calçada , julgo que esta será medieval ? 
               
Por aqui há castros nos cabeços graníticos - tanto castro , tantos vestígios de ocupação humana desde os primórdios da idade da pedra, do cobre, ferro, romana e medieval. 
No meu rápido dizer - O Mayor só falta encontrar um azulejo romano para a monumentalidade ser plena nestas terras do Baixo Sabor...não o consigo pronunciar, apesar de fácil, tal sapiência destas gentes...falam dele com amor, pela riqueza que lhes dá em peixe:  bogas; escalos, barbos pequeninos para fritar em azeite e grandes para as migas de peixe, achega e,...
Um pescador de Relhas anda aqui nestas águas desde os 7 anos, e já conta mais de 70...rijo que nem um pêro!

Espero que a atividade na Ferrominas renasça para bem da população e da riqueza do País
Incrível numa terra com exploração de minas de ferro  onde não distingui esculturas, como as camaras de esquerda, que teimam ostentar demasia escultura deste material como Almada e,...

Se houver empenho em preservar memórias podem aproveitar esta chaminé da Quinta das Laranjeiras...depois de limpa e tratada ficaria soberba enquadrada num dos recantos da vila a fazer jus a uma das riquezas transmontanas - o ferro - daqui extraído e fundido não sei onde.
                    
Pormenor da corrente onde se prendia a panela ao lume. Quantos Museus gostavam de ostentar assim uma...Há muitos espaços, passeios e paredes na vila para recuperar e modernizar,  alguns em reabilitação a paralelepípedo de cimento às cores,  outrora em cinzento em Espanha... longe da calçada portuguesa genuína!

                                                 

Adeganha aldeia viva 

Sábado 14 de julho de 2012 , dizia-me o historiador António Júlio Andrade, que o nome de raiz latina quer dizer...a caminho das minas...Festa rija, há anos que não se fazia, só possível graças a gente vinda de fora aqui radicada temporariamente ( a trabalhar na preservação do património que vai ficar submerso com o enchimento das barragens) arqueólogos, antropólogos, gente do restauro e conservação e,...gente muito jovem, moderna amante das tradições, de lhes voltar a dar vida. Iniciativa de envolver a população , tal paixão os cativou, deu forças para fazer acontecer. Das arcas retiraram vestimenta de antanho domingueiro e o de trabalho, mostrando as artes e ofícios da terra, improvisaram tasquinhas e bancas de vendas. O Dr. Paulo Dórdio, arqueólogo, deu-lhe o mote no negócio, muito pelo sorriso livre de encanto, quiçá do dente encavalitado a fazer lembrar o meu ídolo Richard Gere...( ainda me contou que se tem encontrado muita faiança de Aveiro no Canadá,  do tempo dos bacalhoeiros alvitrei...a resposta não poderia estar mais certa. Quem faltou? o antropólogo Dr. Valdemar que por razões que aqui não interessam sei visitou a feira de velharias em Vila Real...que inveja...ainda me disse com um sorriso aberto e franco " fui muito feliz em Tomar"...pudera...as mulheres são igualmente belas!
Havia gente sentada na praça em bancos feitos de Mós, de boa grossura granítica, cortadas e dispostas em círculo sob a sombra deliciosa das amoreiras. Sim, por aqui floresceu a rota da SEDA, em Alfandega da Fé. Ainda há indústria dessa arte- Apreciei workshop de fazer sabão com azeite, e jogos tradicionais: saltar à corda; malha,  feita de pedra e pesada, passeatas de burro; jogar ao arco, danças medievais. A que me fascinou a testar limites SEGADAS. Prefaciando o dito popular “Pelo junho foice no punho, e pelo São João sega o teu pão”.

Venchelos - molhos do cereal atados com o próprio cereal

                                            
A caminho da Segada...
Forasteiros e homens para malhar, mulheres para varrer o cereal no eirado de granito - coisa brutal - uma eira feita pela natureza.


Homem castiço o dono do jumento Zé...
Haveria de o questionar por que razão não levaram para o eirado uma mó manual para os forasteiros saberem como no antigamente se fazia a moagem manual...resposta escorreita...ah não, o cereal ia para a azenha lá é que é moído...voltei a insistir, a explicar...debalde não entendeu...voltei uma terceira vez, e nada...ate que me ri para a Ilda... percebi que não valia a pena  insistir, não tem culpa de não saber como se fazia há 100 anos...
Na aldeia haviam vários exemplares à laia de abandono , que deviam ser guardadas, antes que mudem de sítio !
                                           
                    
Pedi para ele parar e registar a foto
   

Chegada do cereal ao eirado de granito feito por Deus...

O Arnaldo apresentou-me um homem que fora seu aluno, com quem aprendeu a ler e a escrever  de sorriso branco, e olhar radiante a quem distingui com um piropo soft...no final disse-me ser padre...Eduardo o seu nome - um espetáculo!

      
Este bom homem quis presentear todos calçado como antigamente usando socos.
O ritual da segada foi  feito a preceito com o cereal disposto no eirado para ser malhado com o malho ou a mengueira, pelos homens possantes: no passo, e batida certeira. O malho ao alto se desvia, bate no peito do colega da frente, e o mata de imediato. Há muito guardados no celeiro , vi pelo menos 4 malhos a se desintegrar...
As mulheres carregam vassouras de giesta, umas grandes, perdi o nome, e outras pequenas, ainda havia a pichorra - cantarinha de barro com água fresca para se refrescarem e moringues (barris de dois bico).
Amei apreciar estes homens, bonitos, simpáticos, muito possantes, mas que força  de arrepiar,  sorte das suas mulheres, porque homens destes julgo nunca vi...alguns com 70 anos pareciam ter 50...coisa para pensar. As mulheres são lindas, mas também tem a sorte de ter maridos com energia,  coisa rara...um deles deu-me 4 beijos de fiada, trazia um chapéu vermelho à cowboy...

O baile dos malhos
Mós manuais para triturar o grão e fazer farinha
O Grupo de Teatro de Torre de Moncorvo a fazer exibição 
Malhada batida e palha tirada. Varrido o eirado para o centro onde o monte de grãos é agora limpo com pás de madeira atirados ao ar.
Tem arte o limpar o cereal. A Esperança do teatro vestida a rigor de pá em punho o atirou ao ar com preceito . Tem técnica, para um lado cai o grão e para o outro os ciscos.
Fazia-se horas de chegar o tacho com as sopas da segada : Pão demolhado com bacalhau, e ovo cozido regadas com bom vinho saboreadas à sombra do sobreiro.
 
Quem foi o herói da festa ?
ANDRÉ.  Homem novíssimo, com 29 anos, franzino, usa barbicha, olhar doce, e voz semi rouca , afável, de andar castiço ganho julgo, a bailar danças medievais. 
Presente sempre em todo o lado, em todos os momentos. 
Grande solicitação ... só se ouvia chamar pelo André..
O vi acudir a todos com carinho, vestido de calça surrada com remendo cozido à mão como em tempos de antanho era uso tal vestimenta, e camisa tradicional sem botões de atilho na gola do pescoço, na presilha das calças pendurado o púcaro de alumínio para se refrescar. Imprescindível a um bom trabalhador,  porque fontes há muitas como já não é uso ver-se!
Conheci a sua linda mãe senhora magra de estatura baixa, e cabelos sedosos alvos, dei-lhe os Parabéns pelo filho, que apreciei ter muito talento. Não resisti perguntar o dia de aniversário ; 30 de maio , igual ao aniversário do Bernardo,  filho dos meus bons amigos, coincidência gira que registei com agrado...também o meu mês, mas no início.
Tirei esta foto no adro de uma ermida graciosa de caras para a casa da D. Aida - senhora, que amavelmente nos ofertou comida, e bebida a roudos...sem falar nos doces.. destaco a amêndoa torrada, e o licor de laranjeira. O marido igualmente simpático, parecia um estrangeiro tal a finura da pele, e o jeito de matar o cabelo com o chapéu à campeão.



Igreja de Santiago da Adeganha 
Remonta aos primórdios de 1248. 
Feita com silhares de granito onde há poucos anos foram descobertos belos frescos, parcialmente destruídos julgo em 1976 pela conservação dos monumentos nacionais... felizmente interrompida por alguém que conseguiu ver tal património escondido pelas camadas de cal .
Pormenor das conchas de vieira esculpidas na madeira da porta lateral, a lembrar a rota do caminho de Santiago de Compostela

O  historiador António Júlio Andrade,  tive a sorte de me ser apresentado, com quem aprendi e troquei impressões...haveria de me confidenciar que a 1ª mulher portuguesa que entrou no Canadá foragida de Mogadouro foi  vestida de homem no tempo da inquisição.
Haveria de haver outros a quem o meu bom amigo me apresentou: realizador Leonel de Brito com quem gracejei sobre o Manoel de Oliveira...que me disse" quando estagiei com ele já lhe chamavam velho...teria na altura 60 anos.."
Esqueci o nome das meninas...que chatice, só me lembro da Rita, havia outra com tese em olaria, de Sintra e,...perdoem-me a falta de memória...esqueci o caderninho de tomar notas, e não devia.
Amei conhecer o Presidente da Junta, o Sr. Guilhermino  e a sua bela esposa,  então não estou farta de dizer que as mulheres são todas lindas, vestida de belos olhos azuis, exala rara beleza nórdica. 

Porta lateral virada a norte


O sineiro pareceu-me que mugia as tetas de uma vaca...
Haveria eu na mesma figura ficar registada numa foto registada pelo Arnaldo


O fascínio da luz do vitral da pequena janela

Alminhas
Santa Barbara quase na empena da casa ao invés das que conheço mais abaixo ao nível do olhar


Menino Jesus engalanado de vestido...e, calcinha com rendas

Intrigou-me esta porta de madeira virada a norte ter esculpidas conchas de vieira. Antes de saber o orago da igreja, final o descobri desta forma. A Rainha Santa na sua peregrinação a Santiago de Compostela por aqui passou , já que saiu de Coimbra. Só foi reconhecida em Espanha pelos presentes que levava, caminhou como qualquer peregrino.
O meu bom amigo Arnaldo gosta de escrever o meu nome Izabel tal como o dela...eu adoro!



Sepulturas no exterior de um lado e de outro da igreja escavadas para encaixe da cabeça e dos pés - uma ainda conserva a tampa com uma linda cruz esculpida

Artes tradicionais - algumas em desuso Teares...
Ouvi dizer que o André comprou um com uma colega, ou seriam dois...
Colcha lavrada cerise da cor das cerejas


Meias de algodão feitas à mão
Tigelas de barro do requeijão da Cardanha

Linho com maço e espadelas de madeira
Sabão de azeite
Lindos os meus amigos: Ilda e Arnaldo

Esperança 
Linda moça, já esteve no Espaço de Interpretação do Nabão em Ansião numa formação de teatro

Havia uma senhora que trazia nas orelhas uns belos brincos compridos com mais de 400 anos...guardados em cofre forte!

Apicultora vestida de traje domingueiro

Mãe da D. Aida com mais de 90 anos
Fresca,  quando lhe disse que tinha uns olhos bonitos...disse-me - já tive...Mesa onde almocei com o marido da D. Aida
Almoço


Ruína de casa que exala beleza imensurável de pedra e património


Torre de Moncorvo preserva as tradições das suas gentes
Só mesmo os ciganos aqui proliferam integrados na sociedade na antiga cadeia onde vivem em comunidade. Aliás o mesmo se passa em toda a arraia, e nas grandes metrópoles.
Ter escrito sobre estas terras foi um prazer, fiquei  maravilhada para não dizer em êxtase!
Acredito que estas terras longínquas do progresso, da beira litoral , está a ganhar foros de grandeza a olhos vistos com as feitorias e, achados arqueológicos enquanto testemunhos do passado, com riqueza e muito espólio para Museus. Esperamos venha a ser conhecido no mundo, sobretudo da sua arte rupestre. 



                                             











Chafariz Filipino

                                          
Junto à muralha do Castelo , ao lado da Porta da Traição, passava o "Cromo doutor Pimentel"... por aqui há gente que lhe chama outro nome...obsceno...todos os dias pela noitinha o haveria de ver na esplanada a pedinchar fosse cerveja, cigarros ou mesmo uma moeda...
                               
Igreja matriz para mim uma catedral
Gostei imenso de aqui voltar entrar,  ouvir outra vez a estória do tríptico com a vida de Santa Ana de 1500, feito em Antuérpia...roubado por gente do património num inventário... foi recuperado à posterior - ladrões deportados... aqui veio um descendente de um repatriado e, contou a sua estória...tem de aqui vir - ouvir da São - mulher gira e com saber - se explica muito bem.

Edifício do séc. XVIII, com fachada barroca, pertenceu à família de Oliveira Pimentel. 
Aqui nasceu o General Claudino e o Visconde de Vila Maior.


                                        
            
Hortas comunitárias sustentáveis  
O leirão dos meus amigos
                 
A sua criação para as pessoas mais desfavorecidas...faltou gente para a distribuição dos talhões. Deste modo os meus bons amigos tiveram direito a um, de gaveto junto à Mãe d'água...não sei se ela vai chegar para regar os tomates, pepinos, feijão frade que aqui chamam de chícharo, e não devia ser ( são duas leguminosas distintas sendo que o chícharo é da forma do tremoço em seco, e de sabor igual ao grão de bico).
Gostaria que a entidade camarária fizesse do espaço um jardim . Matéria prima tem de sobeja - xisto. Adoraria ver muros baixos em xisto e os tanques de água igualmente assim revestidos, com  banquinhos para se sentarem e uma casinha onde todos guardassem as alfaias. Preservassem os muros tradicionais lindíssimos e plantio de árvores de fruta na vez das que aqui foram plantadas típicas de jardins...ouvi dizer que são restos do projeto inicialmente previsto por um arquiteto de renome - que além de caríssimo sem serventia! 
Quanto à casa, linda colunata em pedra,  deveria ser reconvertida em salão de chá com venda de produtos endógenos biológicos das hortas de fazer inveja , muito bonitas , tanta gente jovem que delas trata com carinho, e que dizer das flores .
Destaco amigos fervorosos do Bernardo, que se tratam como irmãos. Denotam ter muita paciência nos seus leirões, a terra barrenta aperta os vegetais. Mesmo assim, mais o Pedro, trintão de cabelos, e barba da cor do trigo, olhar claro denota saber ( então não disse logo que a urina por ter azoto é um excelente fertilizante misturado com cinza....e, o Vitor, rapaz mais intelectual vestido de magreza com óculos de massa pretos os dois em roda viva de volta das plantas que me pareceram reles...pobrezitas...( alvitrei ao Vitor no futuro deveria semear os feijões em linha , para não germinaram do mesmo buraco 3 ou 4 , naquilo ele responde-me...são para transplantar...respondi - o feijão não se transplanta, é semeado no local ...diz-me de voz solta...na escola fazíamos assim em copos e,...Grande o encantamento com a sua horta, os vi abaixar, regar, e o carinho a mirá-las, ainda a tirar do embrião do feijão a terra seca para ele sair da dobra e se levantar para o sol... montaram uma estrutura aérea para suspender rede, e assim a proteger do calor tórrido, mas ainda não a tinha, e fazia falta. Naquele fim de tarde com o sol a bater na colunata de pedra da casa da quinta , estava o Ricardo, alto de belos cabelos escuros pelas costas, vocalista da Banda Duffa que se fazia ao palco, em pose de modelo com tiques a modelar o penteado...não o vi tratar da horta, prefaciando as palavras do Bernardo... Muito bons músicos, pena residirem no interior !

                      
                               
                     

Antiga casa da Roda dos Expostos aqui funciona hoje o turismo

Casa típica da arquitetura rural transmontana com varanda exterior de alpendre e pequena janela com a data de 1785.



Ao fechar da noite - termo que ouvi por terras de Torre de Moncorvo, haveria de ouvir outro - rilhar maçã 

Haveria, depois do jantar voltar a Mirandela para assistir ao Sarau de encerramento do ano letivo dos alunos da Escola de Música. 
A filha dos meus bons amigos - Inês, toca Viola d'Arco - usa franja - ao centro de blusa branca onde a abertura glamorosa no tardoz rivaliza com a frente não menos bela...um peito perfeito talhado por Deus com a ajuda genética dos genes da sua querida mãe! 
Menina mulher - olhar doce, voz meiga, fatalmente no meu passado me marcou por não o ter e nela se mostrar deslumbrante - peito de pasmar rara beleza faz inveja ao silicone! 
Daqui a tempos acredito será conhecida mundialmente tal como outros . Porque bons músicos o são, tal o empenho, dedicação a estudar, e ensaiar. Uma mestrina deu mote aos pequeninos os primeiros a atuar, haveria de ver outros maestros de alto gabarito.
No público senti denotarem o saber de apreciar cultura; de saber obsequiar , tantas flores vi serem ofertadas, e ainda o saber comer - tal a magreza - só vi dois adultos obesos, julgo problema hormonal-
Mas que bem se come nestas terras, silhuetas de fazer inveja, digno de ser visto...perco-me a pensar - terá haver com o lanche ajantarado, e antes de deitar torradinhas com leite...sem falar nos produtos ecológicos produzidos ainda sob a forma artesanal.

No final houve a entrega aos finalistas de prendas alusivas à região - uma oliveira para plantio, quem sabe algumas vão crescer . Por certo vai haver gente de brio e as replantem, e daqui a anos o digam com orgulho aos seus descendentes..."esta foi ganha por mim tinha eu 18 anos, e tratei com carinho..." também uma lata de azeite, e uma rosa branca de alto caule com espinhos - ainda assim bela, simbolizando a pureza, e a luta árdua pela vida simbolizada pelos picos... o Sr. Presidente da Câmara, homem com o dom e destreza da palavra, de pasmar a eloquência apesar de fadiga,  acabado de chegar de Lisboa, tal como eu , afinal podia-me ter dado boleia...bonita a amabilidade, e carinho pelos alunos no palco demonstrada.
Fiquei estupefacta com o acolhimento, auditório cheio, superlotado com gente de pé. Amei o Sarau. No final do concerto, nas despedidas, a conversar com a prima da Ilda senhora de belos olhos azuis, e da filha, recém médica, linda, Ana (?) mui graciosa passa por nós um miúdo com o instrumento descomunal às costas - um contrabaixo - pena não registar tal cenário, o miúdo não se via tal a grandeza do instrumento, apenas vi a ponta dos sapatos - parecia um pinguim - brutal, o seu empenho, como dizia o poeta - engenho e arte!
Amei presenciar a juventude em alegre cavaqueira nas suas despedidas de verão, alguns com os instrumentos às costas, de flores nas mãos, lágrimas no canto do olho, apresentaram-se vestidos a rigor para a cerimónia, gente bela de olhos claros, ora verdes ora azuis, raiados, e castanhos iguais aos meus, nestas terras de Trás os Montes, que também foi palco de uma comunidade judia ( por isso as alheiras - não comem carne de porco) entre outros.

O autocarro parou junto à Quinta da Portela
                        

Adorei o nicho de granito escavado, dentro dele um crucifixo. Fiquei com ele na cabeça, no dia seguinte a caminho da Adeganha o Arnaldo parou, registei esta foto e ainda do outro lado apreciei uma pequena capela, de um dos lados uma fresta da época visigótica.
A paisagem é deslumbrante, de tirar a respiração, se o visitante conseguir olhar para os penedos graníticos consegue ver arte talhada por Deus em formas arredondadas, e pelo homem  riscada - a arte rupestre. Tais os brutais achados a cada dia. Nesta zona situa-se a quinta do Tó Zé Martinho, ator conceituado de teatro, cinema e televisão . De facto a mãe dele é muito bonita - ele herdou-lhe a genética. Recordo-os na Cornélia.
Ainda a Sónia Araújo nasceu no concelho e,...



O calor e o cansaço apoderaram-se de mim...
A vontade férrea solta em frenesim dealbar em magnitude escaldante e frenética neste querer maior em narrar a odisseia desta viagem programada e nela as vivências, conhecimento, e olhares pelas escavações arqueológicas . 
Uma oportunidade única. Elevado privilégio nesta minha vida - ver o que quase ninguém sabe estar a acontecer em Trás os Montes. com a feitoria de duas barragens no Baixo Sabor cuja dimensão e modernidade antes nunca praticada em análogas construções no passado. 
Durante o Estado Novo, Salazar, mandou edificar bairros de casas e afins para se instalarem neles todo o pessoal técnico: Cabril; Bouça; Castelo de Bode, e outras. Nesta terra transmontana vemos em plena atividade a maior britadeira da Europa  de onde extraem o xisto que é de boa qualidade, o transformam em brita e com ela erguem paredões 24 sobre 24 horas. Do mesmo modo a empresa das turbinas deslocalizou a fábrica e operários para o estaleiro, fazem ainda aqui os túneis de forma inovadora para o peixe migrar rio acima. O que no passado não aconteceu com outras construções, em Coimbra a lampreia tem muita dificuldade de passar o açude no choupal . 
Por aqui nesta obra monumental há muita novidade em termos de construção e aplicação de novas metodologias muito avançadas. A média de operários ronda mais de 1600 , com  200 técnicos ligados à arqueologia, antropologia, conservação e restauro. 
A população alugou muitas casas desocupadas, outros compraram pelas redondezas, um investimento de futuro, porque toda a região tem especial encanto em todo o ano e não só no tempo das amendoeiras em flor. O estaleiro contempla outras infra estruturas de logística; cantina; posto médico; padeiro e,...salvo conduto para entrar - nem parece Portugal!

O primeiro dia de visita ao Laranjal sob sol escaldante, a aba do chapéu de palha revirou!
Emocionei-me, e de que maneira!

                                         


Em baixo, foto panorâmica de escavações em atividade sob terraços fluviais.
vê-se na foto uma fossa em terreno carbonatado apenas a 1 metro e meio da superfície...julgo daqui a mais uns mil anos se transformará em pedra...
                              

Grandiosa a empresa concessionária a EDP na aposta da preservação do património cultural relativo à ocupação humana desde um período ainda não certificado por fraco número de provas e de carvões por datar - calculado entre 100 a 200 mil anos até aos dias de hoje . A EDP contratou muitos técnicos para intervir julgo em 5 locais diferenciados. Um grande manancial de estudos com medições, fotografias e,...para quiçá daqui a 100 anos outros técnicos se deleitarem e com novas metodologias voltarem desta vez a mergulhar e voltar a redescobrir...porque a intervenção vai ficar devidamente "arrumada em submersão", por outro lado acredito a barragem não vai ser eterna!

Uma curiosidade. Nas conversas com os especialistas ao lhes fazer a pergunta,- se costumam escavar nas suas terras...resposta escorreita " Santos de casa não fazem milagres" - por aqui vim encontrar um conterrâneo - Ricardo de Freixo de Torre Vale Todos, tem o privilégio de viver em terras cujo registo remonta ao inicio da nacionalidade com a herdade do Alvorge do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra onde proliferaram torres pequenas no tempo da reconquista cristã e castros mais antigos com achados arqueológicos. Fiquei com a nítida sensação de tão rico património desconhecer, pior, sequer demonstrar curiosidade...estaria tímido, um amante destes artefactos do passado deve ser VIVO...estarei a exagerar - é a minha paixão...nem todos são arqueólogos...há gente a manobrar máquinas, outros escavam, acarretam baldes de entulho para peneirar, agachados varrem para encontrar espólio, fazem medições e,...outros...todos vi fazerem trabalhos de pesquisa sob sol escaldante no meio de nenhures com o Sabor sempre por perto!

Uma necrópole
                     
Lagar da Quinta das Laranjeiras em ruína- por detrás da porta aberta estão os tanques em pedra

Já os antropólogos visitam as populações envolvidas, fazem inquéritos com recolha de tradições, saberes, rituais, para melhor se perceber e saber fazer a interpretação do modo de vida das gentes e de locais que no passado foram à superfície referenciados - agora por causa das barragens explorados em profundidade .
 A forte imigração nos finais do século XIX , igual na década de 50, do XX para o Brasil, tal como noutros zonas do País. Alguns deles regressaram com fortuna construíram casas apalaçadas e de lavoura com apontamentos artísticos interessantes à época - chalés que ainda persistem algumas. Apreciei um cor de rosa com beirado de madeira a branco em Felgar, que no imediato me catapultou para a casa da Barbie... 
A Quinta das Laranjeiras também comprada por um desses imigrantes que a viria a perder ao jogo - tal o vício descomunal ...hoje em ruína a casa, o lagar de azeite e de vinho, ainda um mais pequeno o alambique de aguardentes de vinho e figo.

Também se fala da Santinha de Vilar Chão
Senhora a rondar os 90 anos que vive em Bragança. Na minha perceção foi um negócio lucroso engendrado ( sendo ao tempo o povo beato e iletrado deu azo a ser enganado) no negócio que viria a ser gorado perpetuado por dois irmãos, um padre, outro médico e ainda um fotógrafo. Na mulher viram a santidade da oração, e da piedade...tanto ouro os peregrinos aqui deixaram na mira de receber milagres... já da Santinha, se diz só ter recebido umas arcadas e um fio...  
Nestas terras era uso a sazonalidade rural tendo em conta o inverno rigoroso.

As gentes de Felgar 
Tinham azenhas ao longo do rio Sabor. Por aqui lhes chamam moinhos de água, onde se moía a farinha com a força motriz da água do rio. A travessia fazia-se em barcas, que  levavam carroças pela altura da apanha da amêndoa , da azeitona, trigo, centeio, aveia e linho. Sendo que a festa rija se fazia no Santuário de Santo Antão da Barca, onde acorriam muitos romeiros de todas as redondezas. Atualmente encontra-se em trasladação para monte altaneiro. Em registo acelerado andam as terraplanagens em curso com vista deslumbrante. Os peregrinos irão desfrutar do outeiro rodeado de um lençol de água e praia fluvial insuflável aos pés do adro  "O Santo deve dar pulos de contente" ao sair da beira do rio Sabor que atravessei de jipe, quem diria num troço de calhaus rolados e cota de água mínima, mais  parecia um regato e vai voltar a ficar nele, mas desta feita em grandioso cenário!

Vista do Monte onde se vai reinstalar o Santuário Sto Antão da Barca e do pó da terraplanagem



Também a capelinha de orago a S. Lourenço vai ter honras na mudança do terreiro em Cilhades, com reboco pintada de branco, a única na aldeia, tal e qual como na aldeia de Piodão por terras de Arganil .

Cilhades 
Aldeia desertificada, totalmente abandonada, que linda foi toda em xisto, saltam aos olhos as ombreiras das portas engalanadas com pedras grandes a entrar pelas paredes mais claras no contraste do reluzente xisto mais escuro ,dão mote da grandeza das gentes que nelas habitaram. Gostei francamente da oliveira no adro com um muro de pedra solta em redondo alto, no momento transportou-me para o Santuário de Fátima igual foi no passado de roda da azinheira onde dizem apareceu a Virgem Maria...
Linda aldeia na margem do Sabor.
Aqui a família do Seixas - tanto ouvi falar dele - teve haveres...riqueza mayor saber viveram sem o saber paredes meias com um cemitério de mouros a olhar para o Castelinho, pelo meio o Laranjal outra necrópole, onde foram encontrados dois esqueletos na mesma sepultura, noutra uma linda taça asada de cerâmica campaniforme de bojo alto canelado e base redonda. O fascínio que me provocou este achado - em tempos no blog da Maria Andrade postou um parecido mais recente 1600 fabrico de Aveiro Cojo(?) na minha intuição achei pela raridade estar associado a rituais, e não é que está! 


Oliveira no adro enfeitada com muro de pedra solta


Neste lugar reza a tragédia ocorrida em 1917...Levantados os pilares da ponte - persistem nus ainda hoje, assim irão ficar para sempre...ou serão retirados tal como as árvores. Decorriam os trabalhos da última fase de acabamento para nela suspenderem o lastro em ferro e de repente o rio subiu, talvez uma enxurrada, e a barca com os operários vira-se, pereceram no rio afogados 17 pessoas ...
A ponte nunca mais foi acabada - julga - se que por nessa altura o valor do ferro ter encarecido devido à 1ª guerra mundial, também do viver da tragédia dos filhos da terra. Só nos anos 80 do séc. XX,  junto a uma azenha abandonada foi aproveitado o caneiro, e nela feito um passadiço com manilhas de cimento. Junto ao rio o verde em alguns locais transporta-nos para o romantismo de Sintra ao entardecer!

Tive a oportunidade de ver reservas de Museus na cidade da EDP
Jamais julguei entrar nelas e foram duas com tesouros distintos;  no do Ferro vi um filme recuperado pelo meu bom amigo Arnaldo ,sobre o trabalho mineiro . No meu julgar as minas esventravam a terra em infindáveis túneis,  afinal laboravam à superfície...

Intrigada ando há muito com a toponímia
Coligi nesta zona do nordeste topónimos de localidades iguais a outras da minha zona no centro do País ;Almofala; Avelar; Rabaçal; Mogadouro; Penela da Beira - Penela; Carrazeda de Ansiães ; Ansiães - Ansião...será que ainda há mais?
O Dr. Valmedar disse-me que o Dr.  Paulo Dórdio tem uma explicação para esta coincidência . Durante a reconquista cristã os cavaleiros vilãos ao virem de norte para sul foram repovoando as terras, dando-lhes nomes de outras já reconquistadas no norte ... agora pergunto - Rabaçal vem de Rabaça, não é topónimo romano? 

Vila Flor
Ao passar no Cachão relembrei os tempos áureos da indústria dos produtos do nordeste transmontano, hortícolas, frutícolas, e de transformação de carnes que DEVERIA RENASCER . Jamais me esqueço do nome, no tempo áureo ao ler a noticia no jornal com a minha pressa apressada - li caixão - por tal não me suar tive de voltar atrás e reler...

Rico Vale da Vilariça

O Nilo Português fértil aqui o Rio Sabor desagua no Douro -a Foz!

 Almoço domingueiro na Foz do Sabor a convite dos meus bons amigos

No dizer do Bernardo : Miguinhas de peixe, toda a gente adora , no Rio Sabor
em casa da D. Aurora!
Muita fartura, as migas no dizer do Bernardo " tem de se aprender a gostar" exalam sabor a erva pesqueira que me pareceu da família do poejo...a D. Aurora não acatou a reserva, valeu-se do que tinha de sobras...julgo. lhe faltou o peixe estufado. Os barbos fritinhos até as espinhas se comeram. Na espera de mesa chega-se um "bruto mercedes, e dentro dele gente rica de Lisboa (?)..." perguntava se sabíamos onde era a tasca de peixe cujo dono falava alto, de modos, destravado... seria a casa João e Lucinda ou a tasca do Recta ou,...o importante o modo como interagiu connosco..."estive lá há tempos, pedi um bitoque, o bom homem disse-me em tom alto, forte e feio - aqui na minha casa só se come peixe e do bom"... 

Entroncamento para a Adeganha no gaveto quinta da Portela com um nicho de granito escavado e nele um crucifixo do outro lado uma capelinha com fresta visigótica.

As andorinhas adoram este beirado...no dizer do meu bom amigo Arnaldo o maior beirado de ninhos de andorinhas - adivinhem qual a freguesia?

                           
Cardenha
Relógio da Fábrica Coisinha de Almada - na lateral o antigo relógio de sol

                           

Moldura do nordeste transmontano tirado por detrás do vidro do jipe...
 

Estrada romana a caminho de Adeganha

                   
Trilhei a calçada na subida íngreme pelo meio de giestas

               
Por aqui há castros nos cabeços graníticos - tanto castro , tantos vestígios de ocupação humana desde os primórdios da idade da pedra, do cobre, ferro, romana e medieval. 
No meu rápido dizer - O Mayor só falta encontrar um azulejo romano para a monumentalidade ser plena nestas terras do Baixo Sabor...não o consigo pronunciar, apesar de fácil, tal sapiência destas gentes...falam dele com amor, pela riqueza que lhes dá em peixe:  bogas; escalos, barbos pequeninos para fritar em azeite e grandes para as migas de peixe, achega e,...
Um pescador de Relhas anda aqui nestas águas desde os 7 anos, e já conta mais de 70...rijo que nem um pêro!

Espero que a atividade na Ferrominas renasça para bem da população e da riqueza do País.
Incrível numa terra com exploração de minas de ferro  onde não distingui esculturas, como as camaras de esquerda, que teimam ostentar demasia escultura deste material como Almada e,...

Se houver empenho em preservar memórias podem aproveitar esta chaminé da Quinta das Laranjeiras...depois de limpa e tratada ficaria soberba enquadrada num dos recantos da vila a fazer jus a uma das riquezas transmontanas - o ferro - daqui extraído e fundido não sei onde.
                    

Pormenor da corrente onde se prendia a panela ao lume. Quantos Museus gostavam de ostentar assim uma...
Há muitos espaços, passeios e paredes na vila para recuperar e modernizar,  alguns em reabilitação a paralelepípedo de cimento às cores,  outrora em cinzento em Espanha... longe da calçada portuguesa genuína!

                                                 

ADEGANHA ALDEIA VIVA

Dizia-me o historiador António Júlio Andrade, que o nome de raiz latina quer dizer...a caminho das minas... 
Sábado 14 de julho de 2012 - Festa rija, há anos que não se fazia, só possível graças a gente vinda de fora aqui radicada temporariamente ( a trabalhar na preservação do património que vai ficar submerso com o enchimento das barragens) arqueólogos, antropólogos, gente do restauro e conservação e,...gente muito jovem, moderna amante das tradições, de lhes voltar a dar vida. Iniciativa de envolver a população , tal paixão os cativou, deu forças para fazer acontecer. Das arcas retiraram vestimenta de antanho domingueiro e o de trabalho, mostrando as artes e ofícios da terra, improvisaram tasquinhas e bancas de vendas. O Dr. Paulo Dórdio, arqueólogo, deu-lhe o mote no negócio, muito pelo sorriso livre de encanto, quiçá do dente encavalitado a fazer lembrar o meu ídolo Richard Gere...( ainda me contou que se tem encontrado muita faiança de Aveiro no Canadá,  do tempo dos bacalhoeiros alvitrei...a resposta não poderia estar mais certa. Quem faltou? o antropólogo Dr. Valdemar que por razões que aqui não interessam sei visitou a feira de velharias em Vila Real...que inveja...ainda me disse com um sorriso aberto e franco " fui muito feliz em Tomar"...pudera...as mulheres são igualmente belas!
Havia gente sentada na praça em bancos feitos de Mós, de boa grossura granítica, cortadas e dispostas em círculo sob a sombra deliciosa das amoreiras. Sim, por aqui floresceu a rota da SEDA, em Alfandega da Fé. Ainda há indústria dessa arte- Apreciei workshop de fazer sabão com azeite, e jogos tradicionais: saltar à corda; malha,  feita de pedra e pesada, passeatas de burro; jogar ao arco, danças medievais. A que me fascinou a testar limites SEGADAS. Prefaciando o dito popular “Pelo junho foice no punho, e pelo São João sega o teu pão”.

Venchelos - molhos do cereal atados com o próprio cereal

                                            
A caminho da Segada...
Forasteiros e homens para malhar, mulheres para varrer o cereal no eirado de granito - coisa brutal - uma eira feita pela natureza.


Homem castiço o dono do jumento Zé...
Haveria de o questionar por que razão não levaram para o eirado uma mó manual para os forasteiros saberem como no antigamente se fazia a moagem manual...resposta escorreita...ah não, o cereal ia para a azenha lá é que é moído...voltei a insistir, a explicar...debalde não entendeu...voltei uma terceira vez, e nada...ri-me para a Ilda... percebi que não valia a pena    insistir, não tem culpa de não saber como se fazia há 100 anos...apesar de na terra ter visto à laia de abandono algumas , no caso deviam estar guardadas, antes que mudem de sítio ... a minha análise!
                                           

                    
Pedi para ele parar e registar a foto
   
 
Chegada do cereal ao eirado de granito feito por Deus...

O Arnaldo apresentou-me um homem que fora seu aluno, com quem aprendeu a ler e a escrever  de sorriso branco, e olhar radiante a quem distingui com um piropo soft...no final disse-me ser padre...Eduardo o seu nome - um espetáculo!

      

Este bom homem quis presentear todos calçado como antigamente usando socos.
O ritual da segada foi  feito a preceito com o cereal disposto no eirado para ser malhado com o malho ou a mengueira, pelos homens possantes: no passo, e batida certeira. O malho ao alto se desvia, bate no peito do colega da frente, e o mata de imediato. Há muito guardados no celeiro , vi pelo menos 4 malhos a se desintegrar...
As mulheres carregam vassouras de giesta, umas grandes, perdi o nome, e outras pequenas, ainda havia a pichorra - cantarinha de barro com água fresca para se refrescarem e moringues (barris de dois bico).
Amei apreciar estes homens, bonitos, simpáticos, muito possantes, mas que força  de arrepiar,  sorte das suas mulheres, porque homens destes julgo nunca vi...alguns com 70 anos pareciam ter 50...coisa para pensar. As mulheres são lindas, mas também tem a sorte de ter maridos com energia,  coisa rara...um deles deu-me 4 beijos de fiada, trazia um chapéu vermelho à cowboy...


Mós manuais para triturar o grão e fazer farinha
O Grupo de Teatro de Torre de Moncorvo a fazer exibição 
 Malhada batida e palha tirada. Varrido o eirado para o centro onde o monte de grãos é agora limpo com pás de madeira atirados ao ar.
Tem arte o limpar o cereal. A Esperança do teatro vestida a rigor de pá em punho o atirou ao ar com preceito . Tem técnica, para um lado cai o grão e para o outro os ciscos.
Fazia-se horas de chegar o tacho com as sopas da segada : Pão demolhado com bacalhau, e ovo cozido regadas com bom vinho saboreadas à sombra do sobreiro.

Pensamento humorístico...
Nestes tempos de antanho todo e qualquer serviço tem arte. O que equivale a dizer que todos reúnem muito saber nesta Universidade da Vida. Poderiam graças ao Processo de Bolonha se candidatar a meu ver a pedir conversão em Créditos, para equivalência a Licenciaturas...que as merecem tal como aqueles que queimaram as pestanas a estudar, para não falar dos pais que pouparam para lhes pagar os estudos....e, não o que se tem visto com gente do governo - acabam os cursos por "compadrio, cunhas e tuta e meia de aulas"...ouvi na viagem de comboio do Pocinho à Régua um homem comentar com outro " quando há uma revolução tem de correr sangue, e não cravos, no 25 de abril deixaram ficar os ladrões que se juntaram outros..." curiosamente este pensamento é comungado por mim, desde que nasci assisti a guerras na televisão, Vietname, Biafra e,...quando chegou a nossa senti-me frustrada tal como este homem...no meu pensar de adolescente senti um fracasso na comparação do antigamente termos sido grandes em desbravar aqui e além mar, e agora cravos...começa a fazer sentido!

Quem foi o herói da festa ?
ANDRÉ.  Homem novíssimo, com 29 anos, franzino, usa barbicha, olhar doce, e voz semi rouca , afável, de andar castiço ganho julgo, a bailar danças medievais. 
Presente sempre em todo o lado, em todos os momentos. 
Grande solicitação ... só se ouvia chamar pelo André..
O vi acudir a todos com carinho, vestido de calça surrada com remendo cozido à mão como em tempos de antanho era uso tal vestimenta, e camisa tradicional sem botões de atilho na gola do pescoço, na presilha das calças pendurado o púcaro de alumínio para se refrescar. Imprescindível a um bom trabalhador,  porque fontes há muitas como já não é uso ver-se!
Conheci a sua linda mãe senhora magra de estatura baixa, e cabelos sedosos alvos, dei-lhe os Parabéns pelo filho, que apreciei ter muito talento. Não resisti perguntar o dia de aniversário ; 30 de maio , igual ao aniversário do Bernardo,  filho dos meus bons amigos, coincidência gira que registei com agrado...também o meu mês, mas no início.
Tirei esta foto no adro de uma ermida graciosa de caras para a casa da D. Aida - senhora, que amavelmente nos ofertou comida, e bebida a roudos...sem falar nos doces.. destaco a amêndoa torrada, e o licor de laranjeira. O marido igualmente simpático, parecia um estrangeiro tal a finura da pele, e o jeito de matar o cabelo com o chapéu à campeão.



Igreja de Santiago da Adeganha 
Remonta aos primórdios de 1248. 
Feita com silhares de granito onde há poucos anos foram descobertos belos frescos, parcialmente destruídos julgo em 1976 pela conservação dos monumentos nacionais... felizmente interrompida por alguém que conseguiu ver tal património escondido pelas camadas de cal .

O  historiador António Júlio Andrade,  tive a sorte de me ser apresentado, com quem aprendi e troquei impressões...haveria de me confidenciar que a 1ª mulher portuguesa que entrou no Canadá foragida de Mogadouro foi  vestida de homem no tempo da inquisição.
Haveria de haver outros a quem o meu bom amigo me apresentou: realizador Leonel de Brito com quem gracejei sobre o Manoel de Oliveira...que me disse" quando estagiei com ele já lhe chamavam velho...teria na altura 60 anos.."
Esqueci o nome das meninas...que chatice, só me lembro da Rita, havia outra com tese em olaria, de Sintra e,...perdoem-me a falta de memória...esqueci o caderninho de tomar notas, e não devia.
Amei conhecer o Presidente da Junta, o Sr. Guilhermino  e a sua bela esposa,  então não estou farta de dizer que as mulheres são todas lindas, vestida de belos olhos azuis, exala rara beleza nórdica. 
Igreja de Santiago da Ateanha
Pormenor das conchas de vieira esculpidas na madeira da porta lateral, a lembrar a rota do caminho de Santiago de Compostela


Porta lateral virada a norte


O sineiro pareceu-me que mugia as tetas de uma vaca...
Haveria eu na mesma figura ficar registada numa foto registada pelo Arnaldo


O fascínio da luz do vitral da pequena janela


Alminhas
Santa Barbara quase na empena da casa ao invés das que conheço mais abaixo ao nível do olhar


Menino Jesus engalanado de vestido...e, calcinha com rendas

Intrigou-me esta porta de madeira virada a norte ter esculpidas conchas de vieira. Antes de saber o orago da igreja, final o descobri desta forma. A Rainha Santa na sua peregrinação a Santiago de Compostela por aqui passou , já que saiu de Coimbra. Só foi reconhecida em Espanha pelos presentes que levava, caminhou como qualquer peregrino.
O meu bom amigo Arnaldo gosta de escrever o meu nome Izabel tal como o dela...eu adoro!



Sepulturas no exterior de um lado e de outro da igreja escavadas para encaixe da cabeça e dos pés - uma ainda conserva a tampa com uma linda cruz esculpida

Artes tradicionais - algumas em desuso Teares...
Ouvi dizer que o André comprou um com uma colega, ou seriam dois...
Colcha lavrada cerise da cor das cerejas


Meias de algodão feitas à mão
Tigelas de barro do requeijão da Cardanha

Linho com maço e espadelas de madeira
Sabão de azeite
Lindos os meus amigos: Ilda e Arnaldo

Esperança 
Linda moça, já esteve no Espaço de Interpretação do Nabão em Ansião numa formação de teatro

Havia uma senhora que trazia nas orelhas uns belos brincos compridos com mais de 400 anos...guardados em cofre forte!

Apicultora vestida de traje domingueiro


Mãe da D. Aida com mais de 90 anos. Fresca,  quando lhe disse que tinha uns olhos bonitos...disse-me - já tive...Mesa onde almocei com o marido da D. Aida

Ruína de casa que exala beleza imensurável de pedra e património
O Prof Madeira numa noite ofereceu-me este raminho de manjerico que guardei no bolsinho da minha blusa. Voltarei a reparar nele agora seco porque a lavei  e claro , vou guardá-lo como estima na minha vitrina de recordações...sim, porque para mim o que me dão tudo tem VALOR!


O Padre Vitor tanto havia de ouvir falar dele...
Homem jovem, moderno pop, atrai a juventude para a música.
Já foi à televisão 
Ainda há outro padre ...Eduardo, igualmente novo e moderno!
Quem diria...mas também ouvi dizer que há uma freguesia que eles não podem lá ir...parece que há encantamento delas com eles...finam-se os votos!

Bem hajam bons amigos por me terem facultado viagens com sabores culturais de vária índole. Indescritível as vivências, os cheiros, a comida, a luz , os ambientes, as pedras, os rios, as serras, os pombais e, as Vossas Gentes!

Especula-se que o Siza Vieira famoso arquiteto foi convidado para no paredão fazer uma abordagem contemporânea...almejo ser em xisto, e assim a mesma no seu conjunto vir a ser considerada Património Mundial...por isso a obra irá parar um tempo...
Digam lá se os transmontanos não são gente que pensa em devido tempo!

A Ilda foi como uma mãe
Fez-me o farnel para a viagem. Comprou pão de Carviçais, Bola de azeite, queijo Terrincho , juntou: amêndoa do lavrado dos pais , e salpicão oferecido pela D. Ester. O Arnaldo deu-me um pratinho de Lagoa - Açores, e uma floreira igualmente em faiança, dois livros: Igreja de Santiago da Adeganha e a revista nº 1 de Fotografia do Douro Superior , tinteiros de porcelana da escola primária e aparos, ainda notas antigas, e uma bela moldura oval para por o retrato da minha família. Deram-me hospedaria no quarto da sua Inês, saciaram a minha fome a todo o momento...todas as noites depois da meia noite sentados na cozinha se faziam torradas, bebi leite com chocolate, outra vez brindámos com bom vinho, naquela casa comida foi em fartura , Boa posta mirandesa grelhada, que dizer do bacalhau frito ou da torta de bacalhau recheada com camarão e pickles da D. Ester, que o Bernardo ficou adepto fervoroso. Boa a sopa de feijão verde, cremosa, e fruta, com a cesta em cima da mesa sob toalha em estoupa debruada a crochet, magnífica que tapava o centro de tão grande, já a fruta havia-a de todas as cores, ameixas, pêras; Joaquina, maçãs, laranjas, melão e,... Não me deixaram fazer nada. Andaram sempre ao colo comigo a mostrar a sua terra. Estavam cansados, senti estarem, não era para menos, acabados de entrar de férias, desgastados, logo apareci neste frenesim de querer conhecer a sua terra, não há forma de lhes pagar tal acolhimento e bondade. Gente de gabarito!

Partida na estação do Pocinho
A viagem de regresso de comboio ate Campanhã com a D. Ester

Deu-me informações sobre as freguesias que revivem ainda tradições que podem a meu ver chamar mais turismo:

Felgar ; no passado um grande centro oleiro de cariz familiar. Julgo encerrado, deveriam apostar num Museu ou mesmo voltar a ser viva esta arte. De vez em quando vejo vinagreiras com a cantarinha de grão grosso de Trás os Montes a ser vendidas por ciganos...Felgar tem algumas casas feitas por imigrantes brasileiros, lindas, a do Seixas igualmente bela com varanda em ferro forjado e data de 18.. e azulejos.

Felgueiras; Prolifera a indústria artesanal de velas de cera - os cereeiros tem um Museu.
Cardenha; Produção artesanal de queijo e requeijão.
Carviçais; O bom pão, saboroso, verdadeiro.
Urros; Mulheres tecedeiras ainda fazem obras de arte nos teares manuais.
Larinho; Indústria do queijo certificado Terrincho.
Freixo de Espada à Cinta; Ainda viva a indústria da seda.

Na Torre de Moncorvo, do tempo áureo da seda ainda resiste a Rua das Amoreiras, por aqui proliferaram feitorias, nelas havia o comércio de especiarias, seda e,...

Em toda a região: a certificação do borrego Terrincho.
Também por aqui há muita produção de Mel.

O Prof Madeira, na sua Quinta de Ligares em Freixo de Espada à Cinta desenvolve essa atividade em consonância com outras, vinho ...Em toda a região...bom vinho...c'om caneco!

Amêndoa coberta

Única em todo o Mundo , deveria apostar mais na sua confeção e apostar na exportação...

A receita das amêndoas cobertas,  que me deu a D. Ester:
Deve usar-se uma bacia de cobre com asas com 20 cm de altura onde se põe a amêndoa pelada um pouco tourada, não muito - vai a aquecer para ser trabalhada na bacia em movimentos para baixo e para cima com regularização da temperatura. Usando anéis nos dedos próprios para confeitaria, para não se queimarem os dedos. Vai sendo regada com açúcar em ponto pérola. O segredo é a temperatura e o ponto do açúcar - se não foi a preceito a amêndoa fica rombuda.

Tomei nota de  outras informações pela D Ester

Fábrica do sabão de azeite
Deveria ser reabilitada. Investir na produção de sabonetes tal e qual se faz na Grécia. Os turistas compram como souvenir...há falta de imaginação no poder local...e não devia!

Receita de sabão da D. Ester
Antigamente era feita com borras de azeite e soda cáustica,  caso metam um nadita de Omo fica branco. Por alto a dose para uma barra de sabão de um kg = 2 malgas de borras +120 gr soda cáustica e água à ronda de 315 decilitros.

Bola de Azeite
Outra iniciativa para investimento Podiam fazer de vários tamanhos, o turista ao chegar levava, porque é maravilhosa, leve fina, deliciosa, aguenta-se dias macia nas pastelarias poderia ser vendida na vez dos croissants gordurosos ou pão de leite, porque é muito melhor...podiam até inventar um nome alusivo à terra ...imagino chegar ao café e pedir " olhe se faz favor quero uma Patoleia com fiambre e queijo..." a fazer jus a um ilustre fotografo transmontano Paulo Patoleia - amante na arte de fotografar rostos!
E que bem!

A receita das bolachas deu-a a Ilda 
Como se faziam antigamente uma a uma ao lume em forma manual de alumínio na casa de sua mãe.
6 ovos + 250gr de açúcar igual de farinha c/ fermento + 100 gr de manteiga + raspa de limão, canela ou chocolate.
Mistura-se a manteiga com o açúcar a que se juntam as gemas e vai-se alternando a farinha com as claras batidas em castelo a que se junta a raspa de limão ou o que se quiser.
A forma é pincelada com manteiga e nela se despeja a massa que fica de aspeto líquido, e vai a cozer no bico do fogão quem tem a forma antiga. Hoje podem fazer-se noutras igualmente pequenas.

- Outra ideia para introduzir na gastronomia - bolachas da Ilda ou com o nome da sua estimada mãe.

Remato com outra sugestão
Bolos de pastelaria em forma de - Torres - alusiva ao nome da terra - feitas com amêndoa triturada regada com caramelo; chocolate e de recheio doce de ovos...

A D. Ester, mulher culta e esclarecida conhece as estatísticas da doença. Arrepiei ao ouvir da sua boca: " já preparei a minha mortalha "- tal me fez lembrar a minha avó paterna que também fez a sua, não sei se a levou, julgo que não...
Senti que se quer despedir de todos que a amam vestida de SANTA FILOMENA - O  nome que carrega Ester Filomena,  o mesmo nome da mãe do meu bom amigo Arnaldo. 
Uma Mulher com M grande tal como a Ilda e, afinal a maioria nestas terras. 
Nada tinha para lhe oferecer,  apenas um anel com uma pedra semi preciosa turquesa, ficou emocionada quando lho coloquei no dedo!
D. Ester Filomena

Deliciem-se com paisagens maravilhosas  de ficar sem fôlego
Pena não ter uma máquina boa, tiradas dentro da carruagem ...o vidro é um obstáculo tal como o andamento do comboio...









 
Desde pequena sou uma apaixonada por relógios, deliro quando vejo os ponteiros encavalitados um no outro...o pleonasmo é propositado para dar ênfase à união e força de lutar por ideais, ou qualquer outro gesto de grandeza.

Chegada em felicidade, com o coração cheio, na companhia de uma ilustre senhora D. Ester, senhora linda, de cara redondinha uma gracinha. Ofereceu-me um chá., com ela em Campanhã o bebemos, gesto que quero voltar a repetir depois de saber que se reabilitou no imbróglio da sua falta de saúde. A fé que nesta senhora é grande, tal e qual a energia, e a força...dizia-me " se estivesse por aqui para a semana que vem, ia ver a retirada do Mel ".
Ajudou-me no transbordo com a mala. Sempre muito querida e boa ouvinte, se calhar fui aborrecida...peço encarecidamente ao meu S. Judas Tadeu para a agraciar com a benesse da viver ainda muitos, e bons anos com plena saúde. Senti que sofre com a doença. Forçosamente a "morte" está mais intrínseca nela...do que em outro qualquer mortal. Confidenciou-me que para a semana é o seu aniversário - sendo caranguejo o último dia é 22 - dei o palpite para descer o Douro de barco...responde apressada "fica para outra vez, tenho faltado aos ensaios ( coro e do teatro) , e não quero...gostava tanto que o marido se lembrasse de a presentear com uma bombástica surpresa!

Joguei no euro milhões em Campanhã. A D. Ester desejou-me sorte, respondi se for contemplada compro uma casa em Moncorvo,  no Castelo!
Mal chegada a casa telefonei para dar a nova de boa viagem. Refresquei com um bom banho. Fui surpreendida com a chegada do meu marido, logo me apanha a saborear o creme na pele nua...um beijo afortunado aguçado com o remate " reguei-te as flores todos os dias..."

Obrigada amigos por me fazerem esquecer de quase tudo até de outros amigos igualmente bons...foi estonteante conviver, sentir esses ares transmontanos!
O acumular de deceções faz com que as nossas defesas cresçam desmedidamente, e quando nos apercebemos estamos sozinhos na nossa inalcançável torre, mesmo com muita gente à nossa volta!
Sou forte, corajosa, ponderada e moderna,  decidi viver a oportunidade desta aventura - coisa inédita - voltei outra - a minha alma sente-se magnânima!

Sentados neste canapé da Quinta das Laranjeiras 
Não há casa que não o ostente dentro ou fora no varandim,  aqui se chama Escano...despeço-me com lágrimas nos olhos com a certeza de voltar um dia!

Vamos beber mais um caneco à Vossa saúde...
Agradeço o carinho que me distinguiram os meus bons amigos Arnaldo e Ilda extensivo aos seus também amigos que me apresentaram, e me deferiram carinho:  Prof Madeira, e esposa D. Ester; Acácio, e esposa Natalina linda de olhos azuis, Esperança , e o marido de Figueiró dos Vinhos; Fátima, do Museu do ferro; São, da catedral; Susana - arqueóloga a quem tive o atrevimento de perguntar o que mais a fascinou até hoje...responde " um esqueleto no Museu do BCP na Rua dos Correeiros..." então não sei do que falava? Gravita numa lição sobre a romanização na capital lisboeta - de pé, e nós sentados numa mesa de esplanada no Larinho cujo café reconverteu a antiga estação ferroviária onde chega o passeio ecológico ficámos de boca aberta, com tanto saber!

Não tive tempo de visitar o Convento das Carmelitas no Larinho - tem o hábito de oferecer um escapulário aos visitantes. Ainda um dia lá vou buscá-lo!
Há ainda a casa da Pelicana - amante favorita do Rei D. João II - alguns insistem dizer ser de Freixo Espada à Cinta - olhem que é daqui de Moncorvo.
E muito mais património - venham e descubram!

Por fim escrever sobre estas terras foi um prazer, fiquei  maravilhada para não dizer em êxtase!
Acredito que estas terras longínquas do progresso, do litoral , está a ganhar foros de grandeza a olhos vistos com as feitorias e, achados arqueológicos enquanto testemunhos do passado, com riqueza e muito espólio para Museus. Esperamos venha a ser conhecido no mundo, sobretudo da sua arte rupestre. 

Bem hajam a todos com quem estabeleci conversa alheia!
Todos para mim ficaram no meu coração por serem uns amores, é o que sinto todos serem, por isso um nome que merecem!
Até sempre amigos de Torre de Moncorvo!
Desculpem se esqueci de realçar algo importante...a minha cabeça fervilha nas memórias até me doí, e de que maneira!

Finalizo a a expedição com pintura contemporânea no Cais de Campanhã ...pastilhas elásticas! onde ficou a ponta do meu dedo... pormenor artístico a rivalizar Joana Vasconcelos....eheheh!


Amei estar na vossa terra! Sois uns privilegiados!