quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Viajar à laia de aventura por este nosso Portugal

Estimo a vila de Ansião e a região centro onde vivi até aos 20 anos, no presente mantenho a minha casa secundária e,  ainda uma rural.



Desta terra os cronistas nos livros de viagens como Saramago e outros, a descreveram como sendo vila triste, de ruas desertas sem vivalma aos domingos, desprovida de parco património e de outros interesses para chamar o turismo…persisto na teimosia de a manter viva, no que eu puder a valorizo desde sempre na pronuncia do seu nome, em detrimento de outras terras mais sonantes, como Coimbra ou Pombal, ditos à boca cheia por gente mesquinha de pensar pequeno ao ser instigados a dizer o nome da terra das suas origens, quando deveriam ter brio em pronunciar o nome da aldeia, da freguesia, do concelho e do distrito, e em clarividência esclarecer com orgulho a quem os ouve e questiona!
Aprendi desde cedo a admirar as serranias circundantes do Maciço de Sicó  e, nelas a paisagem cársica com veredas em escarpa, serpenteada por pedras esculpidas pela erosão como se fossem tapetes a cobrir as terras e, os vales profundos ornados de outeiros e cumeadas onde os tomilhos como a erva de Santa Maria e os oregãos, são rei. Tantas dolinas -, lagoas que nesta paisagem são ainda muito expressivas. 
Lagoa na serra de Janeanes.

Gosto do casario disperso das aldeias em pedra, dos caminhos ornados a muros de pedra seca, inseridos em paisagem de grande pureza estética em Sicó seja  na Serra de Janeanes, Rabaçal, Ameixieira, Escampados, Aljazede, Ateanha, Alvorge, Santiago da Guarda e,...





Euzinha na Praça do Comercio









Da gastronomia típica: aferventados com chicharo, ou feijão frade com as sobras no dia seguinte que se faz o requentado - as migas d'hoje e no dizer da minha avó materna fertungado, dos enchidos e do queijo denominado “Rabaçal”.
Também do rio Nabão -, apesar de correr seco no verão, porque corre fundo, muito fundo, raios me partam se não foram os romanos que lhe mudaram o curso nos entrefolhos da gruta do Moinho das Moitas, para aflorar em fúria na Redinha e no Agrol...
Fatalmente gosto das suas gentes, sem elas, não teria estórias para contar!
Agrada-me substancialmente neste meu espaço relembrar quão grande o fascínio e nato prazer dos meus bons tempos de passeios a partir desta bela terra inserida na Beira Litoral no distrito de Leiria , a escassos 40 e poucos km seja de Coimbra, Leiria, Tomar ou Castanheira de Pera.
Seja abençoada na graça de boa memória, fácil foi arrecadar no tempo emoções da grandeza do nosso País em monumentalidade -, deslumbrada fiquei desde tenra idade com as cantarias, arte e estilos, azulejaria, pinturas, ferro forjado, tradições gastronómicas, folclore, artesanato, antiguidades, velharias e, conhecimento de gente anónima que sempre me deferiu simpatia, delas me dá prazer escrever sobre  a partilha de conversas . 
Fulgor místico recordar algumas das regiões do país (porquê estas e não outras...) coisas do meu instinto neste acordar do meu imaginário. 
Citando o comentário à posterior de um bom amigo Luís Montalvão, com quem tenho aprendido bastante
 " Este seu post é uma espécie de "Portugal à vol d'oiseau", a célebre narrativa, que a Princesa Ratazzi fez depois de uma viagem ao nosso País, no século XIX. Foi muito criticada por todos. Os escritores portugueses desancaram na obra. O Camilo Castelo Branco escreveu um opúculo em resposta à Princesa, que intitulou maliciosamente, "Portugal: o Voo da Pássara". Enfim, as narrativas de viagens no nosso País ficaram sempre associadas à Princesa Ratazzi.Foi uma ideia muito simpático da sua parte imaginar um périplo por Portugal, para referir todas as pessoas que foi conhecendo no blog de Norte a Sul do País. Da minha parte fiquei sensibilizado.
Sinto o exaltar da  minha sensibilidade nesta abstração e arrepelo ansiedades e frustrações, simplesmente flui energia positiva em velocidade galopante e, num ápice irrompo em aventura por este Portugal que adoro -, vou chamar-lhe simplesmente "rota saloia" por a partida ser a  caminho do Oeste com início na Linha do Estoril .
Relembro tempos 71/72 em que aqui vivi no Colégio Salesiano no Monte Estoril, ao domingo de manhã ia à missa no Estoril , fazia parte do coro (sem saber cantar...) na igreja dos Salesianos, de tarde em caminhada com outra colega ao Convento das Carmelitas a Alcabideche, de cesta de verga pelas mãos para os ovos, mal chegadas ao convento o preceito de se beijar o escapulário áspero de borel à Irmã. Bons amigos de hoje nestas terras: Isabel Rute, marido Rogério e a filha Rita com outro amigo comum o António, gente de Carvavelos.
Se fosse noitinha surpreendia para um  chá inglês tête à tête  no Casino Estoril o meu amigo Adriano da Bernarda, homem que adora surpresas -, um gentilmen de cariz vaidoso , louco por velharias, em abono da verdade  "ajuntador de lixo", que me perdoe a franqueza... 
Cascais sempre em constante mutação urbanística, obrigatória a visita: Marina, Museu Guimarães, Boca do Inferno e a Quinta da Marinha.
Em rota de conhecer o ponto mais ocidental da Europa o Cabo da Roca,  por entre Quintas e casas solarengas, tanta história, tudo é belo em Sintra: o palácio da vila com as suas famosas chaminés, os chalets, os jardins, o Museu do Brinquedo(infelizmente fechou), os famosos doces: travesseiros, e queijadas, sem faltar uma voltinha pela serra a contemplar e visitar: Castelo dos Mouros, Palácio da Pena, Convento dos Capuchos, Regaleira, Seteais, e o estilo árabe do Palácio Monserrate

No caminho da Praia das Maças a estrada em paralelo com a linha secular do eléctrico inaugurado em 1904, vislumbra-se no alto sobranceira ao mar a  Villa Vitoria, construída ao estilo século XIX com pedras e outros  materiais provenientes de demolições  adquiridas em antiquários do meu recente amigo Jorge Figueira , explorada para eventos. 

Desfrutar da praia, almoçar num restaurante em cima da falésia onde há 30 anos vinda de rota semelhante, aqui cheguei e pedi um vinho de Colares, o empregado tomou nota, quando se pôs em retirada, decide voltar atrás e, pergunta-me " é mesmo esse o vinho que quer?"  insisti que sim, pede-me desculpa e diz " sabe é que ainda a semana passada um casal pediu e depois não quis pagar, acharam muito caro...é um vinho feito em pouca quantidade, apesar de ser da região, por isso caro..." respondi - sim, sei, vocês falham é não ter o preço na tabela da ementa...não me diga que balançou o tamanho da nossa carteira ao azar de estarmos mal vestidos..."voltou a desculpar-se...certo e sabido bebemos uma garrafa de bom branco oiro, de Colares!
Ericeira quem não aprecia sentir a vastidão do mar que nesta terra parece mais bravio... saborear um bom arroz de marisco regado com vinho verde, recordar a fuga do D. Manuel II e a sua mãe D.ª Amélia, para o exílio no Brasil. Dista poucos km da Coutada Real, no Gradil, onde se pode pernoitar, a coutada oferece ao visitante: caminhadas de comboio turístico ou jipe, para observação dos animais ao ar livre em plena natureza : veados, corsas, javalis, falcões e,...adoirei sobretudo de ver a falcoaria.
Mafra, com o Palácio imortalizado pelo Saramago no livro, O Memorial do Convento, demora horas a visitar na proporção a pensar no cheiro nauseabundo da rainha que não se lavava para engravidar, segundo a teoria de Saramago... 

A caminho de Salir, antes de S. Martinho do Porto, para relembrar o amigo que mora nesta zona, o  Flávio Teixeira, jovem apaixonado pela vida e velharias, horas de beber um café na esplanada em frente da bela e enigmática concha  rodeada de casario típico anos 20 do século passado,  chalets de veraneio.

Caldas da Rainha uma visita ao Museu Malhoa, que aqui nasceu mas faleceu no seu "casulo" em Figueiró dos Vinhos, que bem conheço e a quem chamou a Sintra do norte,  à Fábrica de cerâmica Bordalo Pinheiro, com o pensamento na Foz do Arelho, e na Lagoa de Óbidos. Nos dias de céu limpo é possível ver o mar das muralhas do castelo, há gente que se  derrete com o chocolate que nesta terra é rei, tal e qual com a pintura de Josefa d'Óbidos.Enquanto outros em Alfeizerão saboreiam o  bom Pão de Ló húmido, a caminho de Rio Maior, aqui imprescindível a visita às minas de sal-gema e salinas, de beleza ímpar única em Portugal onde a água é sete vezes mais salgada que a do mar. 



Vale a pena ir até Manique do Intendente apreciar a grandeza e opulência do que ficou dos frondoso palacete e igrejas que o mesmo mandou aqui erigir.  
Santarém, parar e espairecer o olhar nas muralhas do jardim "Portas do Sol"  com muitas  igrejas, conventos, Museus, e festival gastronómico . trinta anos que aqui vim pela primeira vez  festejar o aniversário do meu marido, outros anos se juntaram.  Relembrar o grande ator de teatro Mário Viegas, jamais esqueço no inicio de 80, o ver no teatro da Trindade ao Chiado, numa peça de Brest, completamente nu!

Almeirim, para relembrar a minha amiga Marília Marques, agora a trabalhar em alto mar num paquete … Em 2014 já com a sua lojinha junto da Praça de Toiros, e o marido Jorge, pasteleiro de mão cheia na "Tasca do Ti Jorge" serve refeições, café e pastelaria por trás dos Bombeiros.
Sem esquecer de cumprimentar o conterrâneo Carlos Cotrim, doutor de farmácia -, em miúdos com a minha irmã e o primo Lucas, nos  fartávamos de brincar, jovial de sorriso solto, ainda hoje não lhe perdeu o jeito. 
Nazaré, imprescindível subir no eléctrico ao morro do Sítio, quem não gosta de relembrar a ferradura cravada no penedo da falésia sobranceiro ao mar atribuída à lenda de D. Fuas Roupinho, para mim uma escultura do neolítico, tal e qual como o pezinho de Nossa Senhora, no Casal das Pêras em Ansião .
Leiria a pensar no doce típico as Brisas do Lis, saboreadas em passeio junto ao rio de leito suave dá para admirar os belos arcos românticos do varandim do castelo , a pensar em príncipes e  no amor...Cortes, aqui nasceu o pai do Dr Mário Soares -, filho de um padre, e de uma senhora que depois veio explorar uma pensão no Chiado . A casa do padre no adro da igreja foi convertida há anos em Fundação Mário Soares. No restaurante defronte degustar migas de couve galega cortadas em miudinho com feijão frade e entrecosto, um bom repasto. 
Cantanhede, a pensar no licor de Merda (mel das abelhas), no Museu da Pedra, e do Conde de Marialva, aqui imortalizado com uma bela estátua, soberba a pena do grande e vaporoso chapéu.
Praia de Mira, com a Barrinha a beijar a vila , do outro lado o mar onde há 30 anos apreciei a arte xábega puxada com juntas de bois, e as mulheres carregadas de preto. As matas são de grandeza sem fim até à Tocha , aqui podem ver as tradicionais casinhas que se chamam Palheiros feitas em madeira, já  na beira da estrada, o hospital Rovisco Pais, onde se internavam os doentes com lepra, antes havia um leprário em Óbidos mandado fazer pela Rainha D. Isabel, os leprosos traziam uma sineta para se fazerem ouvir , os ares por aqui são bons para a cura da doençaAindaLagoas dulçaquícolas
Quiaios, Bom Sucesso, Tocha, e Vela com parques de merendas onde muitas vezes degustei bons piqueniques, revitalizados no tempo que o Dr Santana Lopes, então foi presidente de câmara da Figueira da Foz, que rejuvenesceu  com o oásis implantado na Praia da ClaridadeO Casino, junto ao passeio público do Picadeiro, com o chalet típico dos contos de fadas e, torre acastelada em chapa onde viveu a Rosa Lobato Faria com a família , no seu tempo frequentava o antigo casino às escondidas, então não era uma linda moça? Também eu aqui passei mais de 12 natais fenomenais na casa da minha mãe...ainda lembranças da invernia, da falta de lenha, quantas vezes saíamos vestidas de capas plásticas: eu, a minha irmã e filha para nos protegermos da chuva à procura de lenha queimada dos incêndios que se encontrava nas veredas pela Serra da Boa Viagem nas tardes de névoa e chuva miudinha era aproveitada para ensinar a minha filha sobre algumas espécies de árvores: loureiro, medronheiro, arruda, e...também pela praia se arranjava lenha que o mar trazia, aquela  lareira era demais, sempre a arder e a gemer água para a tijoleira. 
Ourém, à quinta-feira as recordações do mercado ao ar livre pelas ruas do centro da vila que virou cidade, deleite sem fim! Merece visita o burgo romântico, sentir os amores que por aqui se teriam vivido, algures entre muralhas os meus pais se entrelaçaram e, me encomendaram no dia 27 de julho de 1956...dia dos seus aniversários, já que o festejam no mesmo dia. 
Porto de Mós , lindas as torres em telhas rendadas em vidrado verde, fazem do castelo um dos mais bonitos do país. E as grutas, mais que muitas pela serra de Alqueidão.
Batalha, digno de ver o Mosteiro de Aljubarrota e a  Serra de S. Mamede, aconselho a visita à aldeia da Pia do Urso, recuperada em pedra com roteiro sinalético para invisuais, muitas grutas, e paisagem de lapiaz, para todos os gostos.
Ainda tempo para uma oração no Santuário Mariano de Fátima , e um pulo da Pedreira do Galinha , património de interesse público a preservar, observar in loco pegadas de dinossauros em fila...audácia de prostrada no chão junto à carreira, imagem captada na objetiva, do grande momento do jurássico ao percorrer a serra de Mira d' Aire .
Tomar, terra da Ordem dos Cavaleiros Templários. O Nabão graças ao afluente Agroal, nesta terra é rei, com águas límpidas a fazer espuma nas represas que beijam a cidade com a roda de alcatruzes a denotar a alta monumentalidade da cidade: sinagoga, Convento de Cristo, Mata dos Sete Montes, Lagares de D. Dinis , jardins . E a doçaria com as Fatias de Tomar doce de ovos feito numa panela especial. O rio Zêzere, passa perto e no seu curso 3 barragens: Cabril, Boucã e Castelo do Bode ( nome atribuido pelos Engenheiros, quando faziam a prospeção do terreno, deram conta de ruínas de suposta torre templária com pintura rupestre numa placa de xisto  de aspeto a um bode)  merece visita o passeio pela Serra até à Ilha da Lomba, daqui passear de barco ao Lago Azul. Vale a pena a visita a Ferreira do Zêzere, onde o rei D. Carlos gostava de ir caçar  javalis com o seu amigo Alfred Keil, autor da  música a Portuguesa do Hino Nacional, que nesta terra pela 1ª vez foi tocada pela Filarmónica da FrasoeiraO almirante Américo Tomás, descendente de gente rica que aqui tinha uma grande quinta  onde passou muitas férias. Na rota de saída a caminho da Foz da Sertã, empreendimento turístico idealizado no tempo do Salazar, com exploração de águas para consumo em garrafas de vidro de rótulo amarelo, piscina de 50 metros, alojamento de luxo, e vivendas...veio o 25 de abril, aqui realojarem gentes vinhas das ex-colónias,  depois tudo ficou ao abandono o mesmo noutros locais, apetite a roubos e à destruição quase total, lindos eram os painéis de azulejos da Fábrica Aleluia de Aveiro, sem falar nas paisagens surreais da albufeira sobranceira ao aldeamento. 
Cernache do Bom Jardim, vila típica beirã, com o seu Seminário e cameleiras, aqui nasceu D. Nuno Álvares Pereira e o pintor naturista Túlio Victorino, o chalet na foto foi mandado construir pelo pai onde fez do salão um palco para apresentar cenas teatrais.Não deixe de provar os famosos cartuchos de amêndoa.
Tenho na cabeça Dornes, península encravada no Zêzere rodeada de água, bonita igreja, a sacristia repleta de Círios desde finais de 18.. ao lado a torre sineira a sua construção remonta aos romanos, o cemitério com vista deslumbrante sobre a albufeira...nesta terra come-se peixe do rio e leitão da Boavista. 
Penela, com o seu bonito castelo, a vila estende-se na colina, parece um presépio.
Agora revigorada com um hotel a funcionar numa antiga fábrica que começou por ser de papel, lanifícios  e por último de barretes, na margem do Dueça . 
No relvado uma réplica em pedar da villa do Rabaçal
Rabaçal, oferece ao visitante o seu Museu com espólio romano na maioria, e villas de patrícios. Não sei onde se guardam os  Santos em pedra recuperados há poucos anos, o povo enterrou-os para  os invasores franceses não os saquearem há mais de 200 anos. Claro e o bom queijo, que dá fama de sobra à terra que não é grande...A dois passos de Conímbriga, com a opulência do que restou de uma grande cidade romana e o seu Museu, já não se encontram mais pedrinhas de calçada romana...que tal degustar um piquenique junto às ruínas no parque de merendas ? A caminho de Condeixa, outrora grandiosa, não fosse os desertores da 3ª invasão francesa no Buçaco, além de se meterem com as mulheres... histórico a descendência aqui dominante. Incendiaram os palácios, ainda restam alguns, um deles (Sás?)  era o maior em janelas de frontaria no País. 
Tempo de rumar até Coimbra, a cidade onde nasci para visitar o Museu Machado de Castro e revisitar o criptopórtico , depois dar um pulinho até ao Penedo da Saudade para soltar a voz e recitar em voz alta uma das muitas quadras...
" Se recordar é reviver
 todo o nosso mal e nosso bem
é vontade de ter 
toda a sorte que ninguém tem"
Quem nunca foi ao Portugal dos Pequenitos? Anos mais tarde voltei com a minha filha, senti  vontade de soluçar quando percebi que já não cabia dentro das casinhas… 
Ao fundo a Quinta das Lágrimas com o pequeno riacho com líquenes vermelhos ao jus do sangue do assassinato de Inês de Castro , no palácio está instalado o hotel histórico de luxo da família Júdice, a uns passos do Mosteiro de Santa Clara a Velha, finalmente bem restaurado de cara lavada com a zona pedonal que se estende até ao Mondego ( espero que o novo convento de Santa Clara a Nova  onde está o corpo da Rainha Santa  seja reabilitado rapidamente antes que caia...Sobre o Mondego a nova ponte pedonal romântica a imortalizar esse amor que todos anseiam, igual ao de Pedro e Inês, acaso a fome aperte saborear arrufadas na Briosa ou pastéis de Tentúgal no Nicola, ainda uma visita ao Jardim da Manga, em estilo gótico, na minha imaginação, ténue imitação da charola do Convento de Cristo em Tomar, lindo o Mosteiro de Santa Cruz, a sua fachada em pedra de Ançã desfalece a olhos vistos com a erosão. Em jeito de corrida gosto de subir pelo arco de Almedina pelas sucessivas escadinhas , passar nas Republicas a dois passos da Universidade, uma das três mais antigas da Europa com a sua “Torre com a cabra" nome dado pelos estudantes ao relógio, não deixar de visitar a Biblioteca Joanina com madeiras exóticas trazidas do Brasil, e a  Sala dos CapelosDe saída a caminho da Sé Velha, na descida pela Couraça de Lisboa, calçada de calhaus rolados do Mondego a deambular muros das antigas muralhas medievais e fazem-se horas de deixar a cidade dos "Doutores e dos Futricas" em jeito de balada da canção Coimbrã..."Coimbra tem mais encanto na hora da despedida"
Mealhada, para degustar um bom leitão regado com espumante bruto, partir saciada para o Luso, para revisitar os chalés, num deles se refugiou o  líder de esquerda na clandestinidade Álvaro Cunhal , aqui brotam águas minerais a correr em bicas abertas, em pequena tirei numa delas  uma foto com o meu pai, também recordo a Dra. Maria Andrade, senhora com raízes numa aldeia de Penela, anos radicada em Condeixa agora pela BairradaO tempo pede frescura amena na visita pela Mata do Buçaco com o seu belo hotel em estilo neo-manuelino enquadrado numa beleza rara em tons de verdes com fetos seculares  Curia, por aqui paisagens de beleza deslumbrante com lago para se passear de barco, muito casario estilo Art Déco …o hotel de charme das termas, merece visita. 
Ílhavo, a não perder a visita ao Museu da Vista Alegre e da Pesca do Bacalhau depois ir até à Costa Nova com casinhas de madeira, os palheiros , pintadas às riscas de branco, amarelo, verde, encarnado e azul.  Aveiro, viagem pela ria num moliceiro pelos canais, em redor salinas quase em abandono, montes de sal negro de tanto esperar comprador, e lagunas onde se pratica piscicultura, na ilhota persistem  ruínas da casa onde outrora viveu um médico que se deslocava no seu moliceiro para o consultório, vêem-se sempre homens na apanha da minhoca nas Gafanhas. Ao entardecer  hora de voltar à cidade, beber um café, saborear ovos-moles com outro amigo cujo avô e tio foram pintores da fábrica Aleluia, radicado em Hamburgo o João Carlos Pinto, também outro bom amigo Jorge Saraiva, um amante de loiça de Aveiro, na sua Oficina da Formiga, tanto me tem ajudado a conhecer melhor .
Sem dar conta chega-se à cidade Invita Porto , com a enigmática a Torre dos Clérigos que não passa despercebida, merece visita a Quinta da Maceirinha com o seu Museu romântico, lindo o passeio à beira rio na Ribeira, a caminho da Alfandega as casinhas típicas com varandas em lataria .
Perder o olhar para os lados de Miragaia, a pensar nas faianças de antanho aqui fabricadas, atravessar a pé a ponte D. Luís, numa visita pelas Caves em Gaia, para degustar um cálice de vinho do Porto, apreciar o rodopio de tráfego, rio acima em réplicas de barcos rabelos carregados de pipas, sendo horas de temperar o estômago com tripas à moda do Porto, ou quem sabe duma francesinha e, fatias douradas recheadas com molho, divinas. Em passo corrido um pulo até ao Passeio Alegre, Museu Soares dos Reis, Serralves, Palácio Cristal  e Dragão , tanto que a minha filha adorava o clube, nasceu no tempo que começaram a ser campeões, ainda não falava já via os jogos em casa da ama...A caminho do Senhor de Matosinhos, desfrutar a praia, o buliçoso do Porto de Leixões, e a casa de chá de Siza Vieira, espero ver recuperada a curto prazo considerada património de interesse público construída em 56  forrada a cobre ... que estupidamente deixaram surripiar, bestialmente enquadrada em cenário de tirar a respiração, por entre penedos de granito. 
Ermesinde, cidade cosmopolita do grande Porto, aqui mora o meu amigo e historiador, Dr. Manuel Dias. Orador  ao meio na mesa, aquando da publicação do seu Livro Ermesinde e a Primeira República.
Na rota de subida parar em  Santo Tirso, a pensar na coincidência da “Quinta de Cima em Chão de Couce do concelho de Ansião ter no passado sido pertença do seu Mosteiro por duas vezes”. Aqui estudou o Pinto da Costa, e nasceu aquele que ficou conhecido como "o vice rei do norte" Eurico de Melo, homem carismático, empreendedor, do partido social democrata, um senhor de gabarito, hoje neste dia da crónica a enterrar na sua cidade de sempre, que pelos vistos a fazer jus ao ditado popular " Santos da casa não fazem milagres" ...porque nesta terra reina o partido socialista... Não se deve partir desta terra sem saborear jesuítas na pastelaria que faz jus ao apelido de outro  amigo, Joaquim Moura.
Falta imperdoável não ir até Braga, para relembrar a boa amiga Dra. Maria Paula.Conhecimento do Blog " As coisas que eu gosto", na partilha deste prato coedor de cálices de aguardente no motivo cantão popular, uma herança.
Dar uma voltinha pela feira de Barcelos, comprar um galo típico, quem sabe se também à de Ponte de Lima, com a sua linda ponte cheia de arcos... A caminho de Viana do Castelo, para visitar o santuário Santa Luzia com uma vista deslumbrante sofre o rio, a foz e o marUm pulo a Caminha, antes espreitar a praia de Moledo, sorte aqui encontrar em julho o maestro Vitorino de Almeida juntamente com outros ilustres que adoram a pacatez da praia e ainda novos ricos de Ansião, e de outros lugares se passeiam por aqui ... 
Pernoitar em Vila Nova de Cerveira,  a caminho de Valença do Minho, degustar lampreia, porque o festival de Vilar de Mouros, já não se realiza, o espaço é muito bonito a caminho de Paredes de Coura, paragem junto ao rio em Arcos de Valdevez...aqui diz-me um dia um GNR " você não vá por essa estrada, caralh..., fod-se é cheia de curvas..."a caminho de Monção, onde o vinho verde Alvarinho é rei, na propriedade do Palácio da Brejoeira . 
Régua, para embarque de comboio ou de barco, quem decide é você. Rotas grandes e pequenas para todos os bolsos na direção de paisagens únicas inseridas em contexto idílico sempre com o Douro por companhia  de leito calmo ornado de colinas sinuosas onde quintas e vinhedos em filas sucessivas se dispersam em socalcos de xisto, mais parecem meandros de outeiros às carreirinhas que se repetem a perder de vista por todos os lados, tendo como companhia além do corropio no rio de barcos o apito do comboio a vapor até ao Tua, não falta a  nuvem de fumo, onde servem à laia de deguste, no dizer do ditado " mal chega para a cova de um dente"  fatia de Bola de Lamego e um copito de vinho generoso do Douro ... 
Em Trás os Montes sempre na companhia de salpicos de pombais em pedra caiados de branco, todos iguais semeados aqui e além, serranias povoadas de amendoeiras. Pode parecer estranha a paisagem granítica, no entanto irradia beleza ímpar de contrastes com penedos em formas redondas e chega-se a Foz Côa, para uma visita ao Museu e pinturas rupestres. 
Pocinho, a escassos km de Torre de Moncorvo, para revisitar os meus bons amigos Prof Arnaldo, esposa Ilda e filhos : Bernardo e Inês , terra de muito boa gente, com muito património para se apreciar: Espaço Museológico da Fotografia do Douro Superior idealizado à custa do seu trabalho com a ajuda preciosa da sua família, e muita pesquisa, instalado na antiga casa do fotografo da vila que adquiriu, digno de constar nos roteiros turísticos da especialidade, merece apoio incondicional pela autarquia por ser de interesse público, e servir culturalmente quem aqui se desloca tal como o Museu do Ferro. No seu redor há muito para ser visto: aldeias históricas: Adeganha, Mós, Maçores, Souto da Velha, Larinho, Felgar, Urros, Cardenha, Carviçais, Peredo dos Castelhanos, Horta da Vilariça, Felgueiras, Castedo, Lousa . Na Foz do Sabor no Douro, bom degustar peixinhos do rio fritos com migas de peixe na D.Aurora, seja aqui ou em terras de Miranda do Douro quem não aprecia uma boa posta à mirandesa, e saborear amêndoas cobertas, pelo caminho lindos são os lameiros com regatos a escorrer água, a fazer lembrar a “paisagem bucólica Bocage"...
Aportar a Chaves, pela bela ponte romana de Trajano para saborear os famosos pastéis, a dar mote ao nome da cidade, ainda folares, presuntos, salpicões, pão de centeio, melhor será fugir para não engordar ...O rumo é seguir até Outeiro Seco, para ver o que resta do faustoso solar da família Montalvão, sobre ele tanto li  e sei  pelo punho do seu descendente Dr Luís Montalvão, acredito muitos como eu o querem um dia conhecer . Tal a motivação incrível, única, soberba, como descreve a temática. Acredito na capela sejam alguns atormentados em trazer um souvenir,  não se devia, mas que fazer, se tal instinto corroí o pensamento de qualquer um aliado à ruína decadente que a isso incita no roubar tesourinhos
Vila Real  para visita ao Palácio Mateus, beber um copo de vinho Rosé , a cidade cresce a cada dia ...A pensar no Gerês, para orar no Santuário de S. Bento da Porta Aberta, deleitar com a calmaria da barragem da Caniçada, paisagens de extasiar a pensar em Vilarinho das Furnas -, no verão com a cota da água mais baixa vêem-se vestígios de ruínas da aldeia agora submersa, pelo Parque há  marcos miliários romanos, mais que muitos, bois e cavalos selvagens, riachos com quedas d'água e represas naturais por entre pedras soberbas e fazem- se horas de iniciar rota de descida ...Parar na cidade berço Guimarães, para visita ao Paço dos Duques de Bragança do século XV , no momento a capital da Cultura. Nos jardins apanhar caquinhos de faiança para fazer "broches" como a minha amiga Isa Saraiva, teve a criatividade de fazer e me ofertar. Braga, a terra do arcebispado  " mais parece uma fábrica de bispos" com  tanto património para ver : Bom Jesus e o Sameiro .
A caminho de Arouca com o  belo  Mosteiro, legado da Princesa Mafalda, por parte de seu pai D.Sancho I. Viseu , por terras de Viriato, visita ao Museu Grão Vasco, à e à feira anual de S. Mateus  uma das maiores do País. Santa Comba Dão, a terra natal do Salazar. Aqui sepultado que veio a urna de comboio.
Partida em rota das faldas da Serra de Estrela . Seia, para conhecer o Museu do Pão, sentir o cheirinho... tempos que dormi na estalagem Póvoa das Quartas, a vista do quarto ao entardecer, magnífica, em tons quentes e reluzentes de outono, laranjas e amarelos. 

Nelas , relembrar a minha boa amiga Dra Isabel Saraiva, uma amante de velharias tal como eu , também para saborear uvas a caminho do turismo rural da família na Quinta do Pontão  onde está a irmã de férias também minha amiga, a Manuela .
Horas de rumar à Covilhã  a cidade está diferente e grande, antigas fábricas deram futuro à nova universidade. No Fundão no tempo das cerejas é de se comer e chorar por mais, nascem espontaneamente por entre o xisto... Castelo Branco,  quase irreconhecível com o Plano Polis , está mais bonita, o queijo amarelo aqui é do melhor, e não é caro. Renovado o jardim do Paço Episcopal, visita ao Museu Tavares Proença Júnior, linda a  coleção de colchas conhecidas pelo nome da cidade com Bordado de Castelo Branco, as cores do fio de seda são de uma beleza ímpar, ainda o novíssimo Museu Cargaleiro, com uma coleção invejável de “loiça ratinha” cujo catalogo foi escrito sob estudo de Pós -Graduação da Dra Ivete Ferreira, pessoa com quem tenho o privilegio de aprender sobre faiança, gentilmente me endereçou um exemplar autografado .
Vila Velha de Ródão, fazer a viagem pelo rio Tejo até às Portas de Ródão, onde a paisagem de xisto abrupta  desce a beijar as margens, sobrevoada por aves de rapina  cenário calmo para sonhar... Nisa, com o seu artesanato: olaria bordada a pedrinhas , igual no pano de felpo , e bom queijo. A caminho de Arez, onde um dia me apeteceu roubar há anos um Santo duma guarita de pedra...a caminho de Alpalhão perto da casa de outra amiga de longa data a GertrudesPor estas paragens vê-se pouca gente, o mesmo em Avis -, apesar da monumentalidade dum passado dos Templários aos pés do Maranhão.
A caminho de Abrantes, onde o casario branco ornado a amarelo é forte tal como em Constância, terra a beijar o Tejo, e o Zêzere onde dizem nasceu CamõesNa rota por Mação, Proença a Nova e Sertã, onde se  come boa sopa de peixe, merece visita o Lagar de Vara ,junto à ponte romana, e o seu castelo…
Figueiró dos Vinhos, vale a pena a visita ao casulo do Mestre Malhoa,  aqui viveu 50 anos, alguns com a mãe e a própria Beatriz Costa antes de rumar a  Lisboa para ser atriz, o chalet em tom tijolo no contraste das camélias do jardim Bissaya Barreto.  Na descida a caminho da  Ribeira d’Alge, vale a pena se perder a contemplar as altas veredas xistosas no miradouro das Fragas de S. Simão, igualzinho ao da Foz do Cobrão.  Ao fundo onde a ribeira corre  por entre pedregulhos desprendidos chama-se a Pena , onde se pode tomar uma banhoca no seguimento do carreiro da levada da água que abastecia em tempos de antanho as azenhas em fila. De volta à estrada merece paragem a visita ao Museu de Almofala de Cima,  tão a meu gosto na amostragem de velharias, alfaias agrícolas, faianças e tradições .Num ápice estou onde me sinto bem pelas serranias de Ansião, seja na Nexebra Anjo da Guarda, Alqueidão, Ameixieira, Costa, Outeiro ou Melriça.O cheiro do tomilho por aqui nestas serras chamado de  erva de Santa Maria ,de aroma inconfundível  confere ao queijo dito “Rabaçal” um travo com aroma especial e sabor único - quando genuíno - gosto dele regado com um fio de azeite, e orégãos apanhados na Serra Senhora de Estrela, para os lados do Alvorge.
A caminho das Degracias, por terras de Soure, aqui tem raízes e casa dos avós na Redinha  o Arq. Manuel Sousa Cardoso...apesar das boas recordações, dos calcários corroídos pela erosão, cancelas de madeira a tapar a entrada às courelas, muros de pedra seca à laia de currais a proteger as couves...quis o destino( sou eu a dizer) ditar outra escolha por terras de Estremoz, onde o xisto e a pacatez, falou mais alto na paixão de ter uma casa rural especial , com terreno quiçá melhor para a cultura de castanheiros, porque açucenas já tem e lindas . 
Adoro passeios de mota pelos caminhos roteados mal sinalizados ao longo do rio Nabão quando florido de branco pelos agriões ao passar ao Marquinho, na descoberta do desconhecido até o perder de vista ...Antes da Freixianda adoro passear como se fosse a palmilhar as serranias: Pelmá  onde os caminhos exalam deleite selvagem, quiçá agreste no entanto raro de beleza. Vale da Couda, aldeia inserida na rota da estrada medieval onde Reis , Rainhas, até um dos traidores da Inês de Castro, percorreu a caminho de refúgio em Alvaiázere, antes de rumar a Espanha. Terra de outro bom amigo do tempo de adolescente  Dr Carlos Gomes. A paisagem é estonteante de cheiros e flores salpicadas de calcário à toaAriques, a caminho da serra do Anjo da Guarda serpenteado por carreiros de cabras, ovelhas, coelhos, ginetos, raposas e javalis que escapam em fugidas repentinas, um dia deparei com um esqueleto de javali de ossos brancos como a neve e bandos de perdizes, lindas são com os perdigotos atrás...
Adoro estas paisagens de silêncios, cheias de veredas com alecrim, pedra e mais pedra em esculturas que arrebata corações, mirar este paraíso é transporte para sonhos que me enaltece a alma, apazigua sofrimentos, enaltece o coração em querer ainda mais!
  •   Ansião ainda não tem um Museu -, e faz muita falta!
  • Tão pouco estátuária, sendo uma terra de canteiros desde o tempo do Mosteiro da Batalha...tem no entanto gente ilustre que as merece!
  • Não tem um hotel, só residenciais e poucas, muitas vezes as pessoas tem de se deslocar para Figueiró dos Vinhos ,ou Pombal para pernoitar.Agora tem o novo hotel em Penela.
  • Faltam os espelhos de água no Nabão, para enriquecer de frescura a terra.
  • Vila pobrezinha, desprovida de parco património...tendo um sido roubado, outro vendido, acredito algum comido ( será possível alguém comer pedras?...) 
  • Ainda assim a adoro!
Gosto de Setúbal ,com o seu emblemático mercado onde o colorido das frutas, hortaliças, peixe e do pão de Alfarim, deixam rendido qualquer um, e do choco frito, também a visita a Museus: Arqueologia e Michel Giacometti , este com a colaboração de Fernando Lopes Graça, editou um livro sobre o Cancioneiro Popular Português  que tenhoNa vinda passar na Quinta da Bacalhoa. Vale a pena um passeio a pé pela vila de Azeitão, desfrutar da beleza do casario, das muitas casas apalaçadas, das Caves do José Pereira da Fonseca, e Joe Berardo e, do famoso queijo, tal como as típicas tortas, fazem jus ao nome da terra e ainda ver o meu amigo João  "o Cristo"!
Cabo Espichel  e as pegadas dos dinossauros no dizer do povo  de Nossa Senhora, a subir no burrinho a falésia...em tempos de antanho a iletrice aliada à religião,onde a figura do diabo ditava crendices sem consistência aos olhos e pensar d'hoje, a meu ver ingénuas, quiçá ridículas !
Faz-se horas de descer até à monumentalidade de Santiago do Cacém, com o seu lindo castelo de torres redondas, a visita ao túmulo do escritor Manuel da Fonseca em campa rasa dentro das muralhas, em frente o mar, para trás no alto do morro as ruínas romanas de Miróbriga,  nesta terra a carne à alentejana é de regalar o apetite, e o pudim de café delicioso.Em Sines, terra de Vasco da Gama, o castelo de cara lavada altaneiro dá mote ao caminho das belas praias do sudoeste alentejano: Vila Nova de Milfontes; Almograve; Zambujeira;Carvalhal; Brejão, batizada com o nome da grande Amália Rodrigues .Ao cimo do falésia situa-se  a propriedade que esta adquiriu nos anos 60, ainda de pé a casa típica alentejana pintada por ela com margaridas, a mina de água, a casota do cão, o tanque da roupa, ao lado a espreitar a arriba o empreendimento moderno que mandou construir, tem a  piscina onde gostava de estar, grandes vidraças viradas para o mar que tanto inspirou Maluda. nos azuis fortes ( quem quiser agora pode aqui passar férias) .Daqui partiu a Diva na véspera de falecer na sua casa de Lisboa...sendo surpesticiosa antes de partir se quis despedir do Brejão, do mar, do Alentejo... numa revista do Século Ilustrado na década de 60, gravei na memória a Diva vestida em traje árabe, castanho ornado de rendas, soberba ao lado da sua piscina e da escada que mandou fazer na falésia para se banhar no mar.... 
Odemira,  a rainha do rio Mira, com um jardim fresco e florido mais parece Sintra ao entardecer na Boavista dos Pinheiros,  por aqui terrenos de aluvião, se pratica uma agricultura de vegetais  de forte exportação: saladas, ervas aromáticas pré lavados, hectares de cultura do morango quase todo para exportação, deliciosos na herdade que foi um dia do marido da filha do Onassis, homem que um dia abalou sem dar cavaco a ninguém...julgo a herdade foi mais tarde adquirida por um grupo de capitães de abril...e da casa tudo foi roubado...
Tal impressão lembrei-me de ver no Espinhal, no sonho visionário do Dr Bacalhau,  médico em Coimbra, na sua terra quis  fazer uma instância de luxo com pedras de demolições adquiridas em palacetes da Linha do Estoril e da casa onde viveu o Gulbenkian,para fazerem o hotel Sherton em Lisboa...
Évora, e o ex-libris do templo romano "Diana",, muralhas, Praça do Geraldo, capela dos Ossos… e saborear um bom ensopado de borrego.Rumar a Montemor-o-Novo, não passa despercebido no cimo do monte a ruína de um passado grandioso  castelo, igrejas e conventos ,parar para retemperar forças, ver e comprar artesanato de couros e cobres, seguir em direção à gruta do Escoral. onde agora se explora o oiro...e deparar com uma anta transformada em capela .Alcáçovas, merece visita o que resta do faustoso o Paço dos Henriques ou Paço Real da Vila, foi a residência real de Portugal no século XIV, onde se realizaram os casamentos dos pais de D. Manuel I com a Rainha D. Isabel I de Castela, a católica. Nele D. João II redigiu o seu testamento a  20 de setembro de 1495. Torrão, e o seu famoso pão. Aqui nasceu o escritor renascentista Bernardim Ribeiro. Muito bonita a Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso e o Convento de S. Francisco.O rio Xarrama passa junto à vila, alimenta a Barragem de Vale de Gaio a jusante, cenário com Pousada muito interessante. 
Alcácer do Sal , com os arrozais nas margens do rio Sado, é uma vila muito bonita fundada pelos fenícios 1000 anos antes de Cristo. Aqui nasceu o matemático Pedro Nunes. Merece visita a pé desde a baixa ao alto onde funciona a Pousada no castelo . Avistam-se paisagens de perder de vista. Retemperadas as forças com o cheiro das muitas laranjeiras ao longo do empedrado da calçada em mármore junto ao palácio dos Duques de Bragança em Vila Viçosa, em frente da coutada real. Crato, terra de muito casario a fazer lembrar uma época faustosa com muitas portas em arco de ogiva, solares, e o castelo pintado de branco sem serventia para o visitante...o convento virou estalagem histórica , Flor da Rosa, que  à entrada ostenta um grande fontanário ornado na lateral por urna em granito. 
Todo o distrito de Portalegre, é muito rico em vestígios pré-históricos sobretudo em Castelo de Vide, onde se podem apreciar antas, dólmenes, e um lindo menhir  - decepado pelos franceses há 200 anos -, no presente reposto, ainda necrópoles escavadas em penedos de granito, e outra com sepulturas ornadas de placas de xisto à cabeceira, e aos pés…Cabeço de Vide,  com o Bar instalado num antiquário faz as minhas delícias .
Adorava ter um igual em Ansião ...tantas vezes sonhei e ainda sonho! 
No alto do morro avista-se  Marvão,no tempo das castanhas é passeio a não perder. 

Monsaraz, tão acolhedora com a sua praça de toiros encrostada na muralha, persiste a venda de artesanato, barros da olaria de Santo Aleixo, e fósseis de plantas em placas de xistoMora, a beijar os pés nas águas da barragem do Alqueva,  não passa despercebido o contraste das grandes chaminés com as casas muito baixas , aqui o seu fluviário é rei. 

Estremoz,  terra do mármore onde faleceu a rainha Santa Isabel, com a sua pousada histórica instalada no castelo, na antiga cadeia saborear um bolo de rala.

Beja, vale a pena a visitar: capela visigótica, o castelo, burgo medieval, Pax Júlia, e o convento, onde esteve enclausurada, a famosa freira enamorada por um oficial francês durante as invasões que viu partir sem nunca a vir resgatar (...) Se tome Mariana Alcoforado nascida em 1640 que em clausura se escrevia, adquirindo assim sua medida de liberdade e realização através da escrita; mulher que escreve ostentando-se fêmea enquanto freira, desautorizando a lei, a ordem, os usos, o hábito que vestia...
Em terras de Mértola, uma escapadela ao "Pulo do Lobo", aqui vi lontras a saltar no Guadiana, enquadrado numa paisagem de tirar a respiração,  vestígios islâmicos da sinagoga, um pulo à Mina de S. Domingos, onde a exploração mineira deixou a céu aberto grandes crateras, agora cheias de água lembram lagos naturais.
Vidigueira, com as ruínas romanas de S. Cucufate. Bons vinhos além de  Pias e de Amareleja. Visita ao antiquário Sr Bonito e esposa Teresa.
Dormir em Serpa na pousada, acordar de manhã com o cheirinho a terra molhada por entre os olivais a perder de vista , avistar o castelo. Atrever-se a ir ao Pulo do Lobo.
Em rota para o Algarve, breve paragem na estalagem da barragem de Santa Clara a Velha para repousar, de abalada percorrer a estrada em paralelo com a linha férrea, subir a serra de Monchique, espreitar as termas, o artesanato que aqui  fazem,  bancos "tipo dos Reis". Ao longe  desfrutar a imensidão do mar em Portimão, e a linda foz do rio Arade .
Silves, com o seu castelo renovado, tempo de saborear uma boa sardinhada nas arcadas do mercado, ainda uma visita pela fábrica do inglês restaurada.
Há que dizer adeus...espreitar Albufeira e Vilamoura. 
No Carvoeiro, relembro a minha amiga de mais de 3 décadas Isabel Picamilho, que em boa hora decidiu aqui veranear na sua casa de praia...
Loulé,  Montegordo, Vila Real de Santo António a caminho de Alcoutim...longa vai a rota neste Portugal em demanda a caminho de S. Brás de Alportel, continua  a serra, paragem para uma visita às ruínas romanas de Milreu… e regresso a caminho de...

Lisboa, a sala de visitas com o seu Terreiro do Paço e o lindo Cais das Colunas salta-me a vontade de endereçar convite aos bons amigos: Dr. Luís Montalvão e o Arq. Manuel Sousa Cardoso, para o entusiasmo louco de procurar vestígios do passado -, cacos e caquinhos de porcelanas e azulejos junto ao torreão sul, quem sabe se encontrar a baixela de prata encomendada pela Casa Real, mal aportada ao cais, sentiu-se o maremoto no rio  julgo perdida algures soterrada na margem...
Na capital há tanto para ver...a emblemática Casa dos Bicos, a nova Casa Museu José Saramago, com o seu espólio  a caminho de Santa Apolónia, uma visita ao Museu do Fado, calcorrear vielas de Alfama, a igreja de Santo Estevão, e S. Miguel  e de Santo António, edificada no lugar onde nasceu Fernando de Bolhões, o nosso Santo António de Lisboa, de caras com  a Sé de Lisboa. Interessante ver os claustros com escavações arqueológicas - medievais e romanas - quem gostar, outras há mais acima no antigo teatro romano, e espólio no seu Museu. Um desfrute de beleza ímpar o calcorrear dos bairros típicos, aqui vive numa mansarda a minha filha.
No Campo de Santa Clara à terça, ou ao sábado acontece   feira da ladra, sem esquecer o Museu de S. Vicente de Fora,  não se resiste ver um cinto de castidade, que deixa qualquer mulher a pensar...o Museu dos Robertos entrapado a azul, há mais de 20 anos...será que se esqueceram da sua recuperação? Imperdível o Museu Fundação Ricardo Espírito Santo, aqui a vista do rio é deslumbrante tal como o Mar da Palha no lindo miradouro de Santa Luzia, a fazer lembrar outros tempos do corrupio no rio de faluas, catraios e varinos, hoje alguns recuperados pelas Câmaras do Seixal e Alcochete oferecem passeios e servem caldeirada a bordo, no caldo acrescentam massinha de cotovelo, e sopinha servida em malgas, saboreada na mesa corrida com toalha de plástico...passear na Avª da Liberdade, no antigo Passeio Público, ladeada por: Teatros,  Museus, arquitectura com Prémios Valmor, Parque Eduardo VII , encimada com escultura polémica Cargaleiro, e a Gulbenkian com um magnífico jardim moderno e muito apelativo.
Adoro a baixa lisboeta, considerada um paraíso de azulejaria a céu aberto para apreciar os amantes desta arte portuguesa. A meu ver merecia ser preservada. A caminho de Belém, o miradouro da Rocha Conde D'Óbidos, degustar os famosos pastéis de nata, o Palácio de Belém, o Museu dos Coches, o CCB com a exposição permanente - Berardo, o Planetário, os Jerónimos onde estão inseridos os Museus da Marinha e Arqueologia. Na frente ribeirinha o Museu Popular, Padrão dos Descobrimentos e Torre de Belém. Velejar, quem tiver a sorte de ter na Marina atracado um barco...ao fundo junto ao forte um saudoso refletir no padrão daqueles jovens que tombaram numa Guerra no Ultramar, que não era deles! Boas marisqueiras. Na Portugália, degustei um bom bife da casa com outro bom amigo, Rhodes Sérgio

Ginjal  em Cacilhas, a outra banda para recordar o deguste da mariscada com os colegas fim de curso 12º ano das Novas Oportunidades: Luís Jourdan, António Estrela, Carlos Gonçalves, Hugo Próspero, Manuela Mateus, Hugo Feiteira e Luísa Lima.
Ao longo do rio atrevo maior subir a falésia pela escadaria até ao miradouro da Boca do Vento. Vale a vista deslumbrante sobre o rio e a capital, quão bonito postal ilustrado, descer de elevador,  refrescar a boca no bar restaurant - Ponto Final - tempo que foi tasca, se abasteciam de pão na padaria Socopal na Capitão Leitão, onde a minha sogra trabalhou...Desfrutem da zona ribeirinha da encosta do Cristo Rei, que se encontra em fase de requalificação. Num instante idealizei o espaço novo a beijar o Tejo na Quinta do Arialva, o sonho do Domingos Afonso de Arialva, aqui ganhou muitos prémios internacionais com a produção das marcas vinícolas: Arialva e Benfica. A quinta em lugar privilegiado junto ao rio com o cais em  porto seguro onde os barcos atracavam carregados de pipas cheias de néctar que nas caves era engarrafado, tenho alguns rótulos
" Benfica", especula-se o seu restauro (incendiada) para turismo de habitação (?) ainda em bom estado o Lagar de Varas, merece ser reabilitado, pode-se pescar no varandim da quinta sobranceira ao rio, ou no futuro, quem sabe simplesmente tomar um chá na antiga casinha de chá, com vista direta para o rio e, o tardoz para o jardim ladeado por dois bancos corridos forrados a azulejo sob fundo branco e pintinhas em azul. Por aqui existe uma panóplia de ofertas: subir a arriba fóssil do Cristo Rei, onde ainda existem resquícios de videiras que resistiram à filoxera;  visita  às cavernas com vestígios fenícios, ou simplesmente descer até à margem do Tejo, junto a um dos pilares da ponte 25 de abril, quem sabe encontrar ouro... num programa com a Catarina Furtado, esta fez evidência ao ouro que as pessoas perdem na ponte e, por aqui encontrado...ou simplesmente andar de barco na margem. 

Costa de Caparica, lembra-me a minha amiga Ana Mestre, e o almoço mensal com a minha amiga Leonor Ceia. Indispensável o circuito a pé ao longo das praias (apesar de muita falta de manutenção), o mar a perder de vista a esbater-se em ondas, o sol a raiar...
A caminho da Trafaria, vila piscatória onde muito casario ainda conserva a traça antiga forrado a azulejos, com remates no telhado: estátuas, urnas, pinhas e,...em direção aos Capuchos, onde a vista do jardim do Convento é descomunal sobre o mar e a falésia para almoço nos amigos no Funchalinho
Avista-se o Cabo Espichel e a Lagoa de Albufeira, pela estrada de terra batida na Fonte da Telha é um pulinho.

Adoro Sesimbra, a serra, o castelo, a praia e os parques de merendas. Palmela,  aqui no jardim da encosta do castelo já degustei vários piqueniques em família e outro na companhia da minha amiga Leonor Ceia e da sua querida mãe. Os moinhos na serra são um encanto, a casa do Prof Dr Hermano Saraiva fica por ali algures...linda a paisagem que se avista...

Alcochete , aqui moram duas lindas senhoras, Dra Cíntia, menina, mulher mostrou gosto em me conhecer depois de se aperceber que sou a autora do Lérias e Velharias, a sua mui amiga, como irmã, a Maria Policarpo, que me apresentou igualmente bela e simpática.
Falar com agrado da Moita, Alhos Vedros, Pinhal Novo, Montijo, rio Sado e,...
Setúbal,  terra dos bons amigos Paulo Filipe e esposa Clara, ainda o João e a Zélia  do Santiago, do Nelson, do Carlos e da Maria de Lurdes...
Linda e pitoresca a serra da Arrábida, a contornar a costa em recantos idílicos de romance e cheiros a vegetação cerrada mediterrânica de mar azul a dois passos de ...

Tróia, um paraíso renascido das cinzas após o quase abandono, reabilitada, moderna, aprazível, com visita às ruínas romanas, andar de barco, ver os golfinhos, tudo é bonito, e as casas de luxo...nem se fala!
Divirtam-se nas escolhas...até daqui a alguns dias...
Também vou partir para as serras de Ansião!
Sei que outras terras igualmente belas aqui não relembrei...com o propósito de espicaçar o leitor...não cansar demais...
Ainda assim sei que exagerei esta longa viagem!

Termino este longo arrozado satisfeita por ter revisitado tantos locais, e neles - rever bons amigos !
BOAS FÉRIAS

4 comentários:

  1. Foi um passeio tão longo que fiquei cansado. Daqui a uns dias também vou repousar para o Vale da Couda.

    Bjs.

    Carlos Gomes

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  2. Maria Isabel

    Este seu post é uma espécie de "Portugal à vol d'oiseau", a célebre narrativa, que a Princesa Ratazzi fez depois de uma viagem ao nosso País, no século XIX. Foi muito criticada por todos. Os escritores portugueses desancaram na obra. O Camilo Castelo Branco escreveu um opúculo em resposta à Princesa, que intitulou maliciosamente, "Portugal: o Voo da Pássara". Enfim, as narrativas de viagens no nosso País ficaram sempre associadas à Princesa Ratazzi.

    Foi ima ideia muito simpático da sua parte imaginar um périplo por Portugal, para referir todas as pessoas que foi conhecendo no blog de Norte a Sul do País. Da minha parte fiquei sensibilizado.

    Bjos e boas férias

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  3. Caro LuísY - Muito obrigado pelo seu comentário - como sempre ditam:lição de história, de arte, de cultura. O que tenho aprendido à borla consigo - jamais o esquecerei por esse facto.
    Mesmo que o post não tenha mais nenhum comentário o seu chega para satisfazer o meu ego nesta escrita errante que sei foi exagerada desta vez...
    Gosto em particular da sua acutilante perspicácia. Rematou em oiro a ideia que quis desde o inicio transmitir no post.

    Continuação de boas férias pelo norte a matar saudades de infância e da sua querida mãe.
    Beijos
    Isabel

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  4. Olá Carlos Gomes - sei que te cansei com este post...é um defeito meu!
    Não te pus a vista em cima! No entanto encontrei dois conterrâneos na feira de Pombal - o Ti Pardal parente do outro o famoso doutor - vendia açucareiros vidrados de coalhar o leite e bilhas tudo artigos muito bons comprados acredito na feira do Arneiro há muitas décadas - agora vendidas por pessoas do Vale da Couda....e de outras aldeias da Serra. Ao arrumar a tralha no carro chegou-se a mim e disse-me " dê cá 10 euros, tome o penico (Massarelos) e um açucareiro" - claro que nem pestanejei.
    O outro foi o nosso colega Zé Carlos da Charneca do Pessegueiro não me fazia ali - rapaz alto e tímido, farta foi a conversa. As
    ferias foram boas apesar do acidente numa vista com uma pedra disparada a alta velocidade com a máquina de roçar. Sim fartei-me de trabalhar a limpar o quintal.
    Espero que tenhas repousado e retemperado forças, também meditado ao sabor dos bons ares da tua linda aldeia - imagina tu o sonho descontextualizado: passearmos de bike até às Bouxinhas a delirar com os muros de pedra seca.Isto para te dizer que afinal sou tão atrevida quanto tu...e, serei até ser velhinha!
    Beijos
    Isabel

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