terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Feira de Velharias nas Caldas da Rainha

Há muito que pensava estrear-me nesta feira, uns diziam bem, outros nem por isso. No feriado de Nossa Senhora da Conceição só ao meio dia me lembrei que o era, talvez pelo dia ter acordado com imenso nevoeiro, batiam as doze badaladas quando decidi sair até à  Costa de Caparica, o sol esse maroto desperta nestes dias ao Funchalinho -, assim desta feita me brindou mais uma vez.Deparei-me com a feira de velharias - afinal podia te-la feito já que o meu marido teve de ir trabalhar, senti o ambiente muito fraco, poucos feirantes, a Maria José e a Olga convenceram-me a fazer no domingo a feira das Caldas - deram-me as coordenadas, a minha ideia era fazer a feira de Azeitão. Tive tempo para comprar uma minúscula mala de cartão com chave para a minha filha, um pires de vidro da VA e um copo "casca de cebola".
Regressei a casa satisfeita com as minhas compras. A minha filha veio jantar com o namorado ainda tive de ir às compras, passei umas horas na cozinha: fiz sopinha com couves que trouxe do lavrado da minha mãe para ela  levar, arroz de tamboril com carapaus de bigodes, ameijoa,  e sabor a coentros ( aproveito para dar uma dica  para o estrugido estar pronto a usar - quando tenho muita coisa no frigorífico( tomates, pimentos, coentros, cebola, alho, curgete...ponho tudo a estufar com azeite, reduzo a puré, e ponho num tabuleiro no congelador, passado um bocado ainda meio congelado divido o concentrado em quadrados voltando novamente ao congelador que depois vou usando à medida das necessidades. O  meu marido foi fácil de convencer para irmos às Caldas... pelas 4,30 quando acordámos foi hora de levantar, vestir, e tomar o pequeno almoço, saímos às 6. Há quantos anos não ia às Caldas...o centro da cidade está na mesma - no imediato apesar do lusco fusco do alvorecer o reconheci.O jardim tem várias entradas, contudo o portão de entrada para os feirantes faz-se pelo portão em frente da Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro, antes passei numa ruela estreita e íngreme ladeada pelos Pavilhões do hospital termal , um belo conjunto emblemático de casario alto em pedra que me reportou ao típico holandês .Tive a sorte de ao parar junto à câmara para perguntar a uma transeunte que passeava o seu cão se estava na direção certa , nesse instante ia a passar o zelador da feira que se dirigia para o jardim para abrir o referido portão - uma esticada e pêras tal caminhada sempre a subir!
Já havia fila de feirantes,  outros na rua de mãos nos bolsos em alegre cavaqueira a quem cumprimentei - um deles distingui com um sorriso, e disse - " estive consigo na feira de Torres Novas..."o Joaquim "cigano"...homem alto e moreno, gostou senti!
Só entram feirantes credenciados, havia uma -, a Fernanda  que não o sendo, e tal como eu a sua primeira vez nesta feira, pediu-me para abancar junto a mim e assim dividirmos o terrado. Os feirantes habituais assolam no terrado central, cada um ocupa o espaço a seu contento - os outros mais recentes dividem a rua de acesso aos sanitários ladeada de plátanos centenários tal como todo o jardim. Quanto a mim a Câmara deveria apostar mais nesta feira tornando-a mais apelativa por se tratar de zona turística da Costa Verde tão perto de Óbidos, Nazaré, Peniche e,...as  bancas deveriam ser todas iguais como a  Feira de Belém ou com toldos iguais como na de Évora ,e os espaços marcados. Apenas a zona central deveria ser o recinto de velharias  e nelas destaque para : antiguidades, velharias e coisas velhas de hoje sendo que na tal rua paralela deveria ser para o artesanato, roupas e móveis usados - Assim sim seria uma feira interessante e organizada para todos os gostos da clientela. Havia de haver mais publicidade para excursões  - seja a Óbidos que dista a escassos 3 km , S. Martinho do Porto, Nazaré e tantos outros bons e belos destinos ali tão perto podiam vir a ser um bom futuro para a feira se tornar mais apelativa e promissora para as vendas se a mesma fizesse parte destes roteiros turísticos. 
Não vislumbrei cestos de lixo, os desperdícios do meu parco farnel tive de os trazer de volta a casa . De referir os sanitários asseados e com papel, falta um espelho - sou vaidosa e gosto de me mirar...o jardim pareceu-me pouco cuidado - os plátanos deveriam ser podados a "talão", não faz sentido aqueles ramos esguios infinitos. O Museu Malhoa está implantado ao meio, paga-se 3€, não tive tempo de conhecer, ficará para outra vez, pois o mestre faz parte da minha infância de tanto dele ouvir falar - viveu no seu casulo em Figueiró dos Vinhos a escassos 20 km de Ansião , a sua  casa  sempre me pareceu de bonecas -, um chalet romântico com vistas para as serranias de Pedrogão e Pampilhosa de caras para o  jardim Bissaya Barreto com as suas cameleiras já seculares lindíssimas - devem estar a florir -, as conheço desde sempre e o jardim também!
A feira podia ter sido melhor, mesmo assim vendi alguma coisa, já deu para pagar o combustível e fazer mealheiro. Havia boas peças da OAL e Bordalo, caríssimas. Havia Faiança Miragaia, e Coimbra igualmente carrérrimas. Havia uma garrafinha cilíndrica com rolha em vidro da VA - o Sr Joaquim não estava na banca por isso não a comprei , acredito seria em conta, triste estou por não a ter trazido comigo seria uma excelente oferta de natal com ginja - a minha primeira feita em casa para obsequiar a minha irmã - tenho de arranjar outra, também fiquei triste por não ter comprado uma peça assinada de Coimbra - um defumador com 3 buracos - dada...onde tinha a cabeça? Para não falar da púcara de cevada em barro vidrado amarelo e respectiva tampa...ainda vi um belo móvel de sala que gostaria para a minha casa de Ansião...barato 300€, ficará para segundas núpcias, porque desta última feita mandei fazer uma porta envidraçada para o cimo da escadaria de mármore de acesso ao 1º andar de forma a casa se tornar mais acolhedora no inverno, também a pensar nas crianças que acredito virão um dia destes  - gosto e zelo pela segurança de todos.
Travei conversa com uma colega da minha idade, mulher signo Peixes que me disse - "casei por amor, nada tenho a dizer mal do meu marido apenas que me deixou...estive 29 anos sozinha, agora vivo com o H...tem 30 anos -, veja como me adora, não sai do pé de mim e da banca, faz tudo em casa, ainda agora foi fazer o almoço, trouxe para mim, aspira, faz compras, passa a ferro...não julgue que me juntei com ele por causa de sexo - é muito inesperiente, estamos às vezes um mês sem acontecer...ele é muito carinhoso, pergunta sempre como me sinto...porque tenho sempre muitas dores..."
Boquiaberta estava pelo seu relato nem questionei se havia preliminares que no caso acabavam com as ditas dores porque relaxava...mas como me disse que ele  era inexperiente, acredito ela supostamente também -, se somos da mesma geração atendendo à educação e adolescência vivida em ditadura não se sabia quase nada de sexo, nem a palavra era usada e assim falada...contudo é muito interessante pensar que mulheres desta idade hoje já param para pensar em mudar, interiorizam a ideia de que no amor tudo é possível com diálogo com o companheiro para passarem à prática as suas fantasias e desfrutar da  sua vida sexual com preliminares, ver filmes, usar brinquedos, o que lhes aprouver fazer - isto para quem quer ser feliz, sentir um orgasmo nesta vida - porque deve ser muito triste para uma mulher sentir que pariu e nunca sentiu um orgasmo - antes foi usada como um depósito de espermatozóides. Graças a Deus e aos Santos - se é que existem - quero acreditar que sim - estamos no século XXI e esta mulher inteligente que a vida não agraciou para estudar senti ser uma mulher sem preconceitos e clichés - uma mulher de fibra! Havia outra da mesma idade já vai no terceiro companheiro e com vontade de partir para o quarto sendo que o atual é mais novo 10 anos. Que mulheres!
O pior foi o frio que se apoderou dos meus pés - gelados todo o dia...
Vendi um par de brincos compridos a imitar ouro a um "cigano" que me ofereceu 1€ com a retórica - os fechos são um de cada cor...respondi na "ponta da língua" - olhe só vendo velharias estou a pedir 4 se quiser leve por 3, e levou, encantado ficou quando os pus numa bolsinha de voile transparente que fechei com tiras de seda...não sei se ficou mais encantado com o embrulho ou com os brincos...moral da estória - comprou os brincos para a sua amada - há poucos homens com esta envergadura!
Revi o Sr Henrique e a esposa Ilda a quem deferi um elogio - "não sei o que faz à esposa está cada vez mais bonita..." rosto cândido de cabelos curtos aos caracóis e olhos grandes em verde parecia um rosto das belas estátuas romanas - será que tem alguma costela após 2000 anos da sua passagem e vivência neste Portugal?
Falei com o Miguel do Beato , e o Sr João de Oleiros. Travei conhecimento com o Hector Castro que me comprou um pires de 1885 de Sacavém com florzinhas para aparelhar com a sua chávena. Longa conversa a nossa confidenciou-me que é um apreciador nato desta fábrica e desta feita algumas peças suas fazem parte do blog da especialidade por cortesia  - http://mfls.blogs.sapo.pt
Ainda me ensinou a dica para tirar a gordura das peças com água oxigenada - que sabia - não sabia o segredo...tem de ser a 60 volumes! 
Mostrei-lhe um pires de vidro da Vista Alegre explicando a sua origem - ele sabia que a produção do vidro se iniciou no Covo perto da sua terra - na zona de Aveiro , mas da VA não sabia e mostrou-se feliz por ter alguns pires em casa desta fábrica.Com a conversa esqueci-me de lhe mostrar uma chávena de coleção com o trevo verde de Sacavém...
 
Também travei conhecimento com um jovem magro que estava numa banca com outros jovens que conheço nestas andanças mui recentemente - vendem boas peças. Falamos sobre a fábrica de Alcântara , Cantão Popular e Vista Alegre.
Ao sair do jardim  para rumar a casa reparei que há painéis de belos azulejos  e casario Arte Nova que vale a pena ver e apreciar , por isso tenho de voltar!
Na minha banca o objeto mais visado - um pepino com uns 20 cm da fábrica Bordalo talvez pela ilusão de parecer um objeto fálico...

2 comentários:

  1. Bom dia, Isa, como está? Lembro-me de si. Visto que se esqueceu de me mostrar a tal chávena com o trevo verde, será que ainda vou a tempo de a ver? Deixei-lhe o meu cartão com o meu endereço de e-mail. Guarde-o apenas para si! Cumprimentos e Bom 2013, Hector

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  2. Olá Hector seja bem vindo ao meu blog.Retribuo os votos de Bom Ano.Ao que sei a impressão do trevo verde em peças de Sacavém atesta uma tiragem limitada do motivo para um evento especial. Havendo poucas tornando-se peças de coleção.
    Fique descansado quanto ao cartão que gentilmente me deixou. Sou muito respeitadora, e se falho apresso-me a pedir desculpas.
    Um abraço
    Isa

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