segunda-feira, 8 de julho de 2013

Tejo na apanha da ameijoa, berbigão e casulo no Rosário frente a Lisboa


Sábado o calor pedia praia e piquenique.O meu marido lembrou-se da Praia Fluvial do Rosário no concelho da Moita na frente ribeirinha do Tejo.
Na mesa mais perto de mim ouvi um velhote moçambicano ao telemóvel com um amigo " amigo cabrão você está bem?...amigo cabrão a Mariana está boa?...amigo cabrão estou no Rosarinho a comer carapau...bem - , o que vi no grelhador era chicharro!
Curiosamente assam o peixe -, só o comem frio. Já a carne a comem quente...bebem cerveja que se farta!
Aqui juntam-se muitos amigos, famílias de "retornados" desde os avós aos netos, e ciganos que já se sentam em mantas e toalhas na relva . Não falta a música com  rádios pendurados nas pinheiras -, Rui Veloso no melhor, e kisomba. 
  • Degustámos o nosso piquenique ao meio dia, a fome apertava com os ares iodados : salada russa  onde não faltou a maionese,  pataniscas de bacalhau , vinho, queijo curado, pessegos, bolo com café e brandy-, levo sempre o termo.
No pior depois da sesta que dormi com o meu marido ligaram um gerador para a  música "Irmãos Verdades" soar por todo o recinto no convite a dança...só que o barulho do gerador se tornou ensurdecedor!
    O meu espólio de achados...Cacos!
Na beira do Tejo apanhei cacos em cerâmica; ratinho; porcelana VA,  Sacavém; Aveiro;Lisboa e,... Rebordos de penicos; pega de tacho de barro; rebordos de alguidares; asa de cântaro; pés de malgas e canecas; azulejos; cacos de pratos e bacias ratinho e um pé enorme no canto direito...não faço a mínima ideia do que tenha sido!
Na cabeça estreei o meu chapéu publicitário do Sotto Mayor numa aposta na faixa juvenil ...e com isso já lá vão 20 anos!
Do parque de merendas avista-se pelas clareiras das dunas  o Montijo e Lisboa
Logo de manhãzinha o parque já estava lotado...
Vala que serve o esteiro de dentro. Nas  margens  apanha-se a argila iodada
Vala junto da porta d'água de viveiro desativado
Vista do Tejo em maré baixa  com a chegada de mariscadores e Lisboa ao fundo

Contaram-me que o chinês que explora um restaurante na Moita meteu uns quantos compatriotas a mariscar para lhe sair o produto mais barato. Não contou com a lei e muito menos com a denúncia...a autoridade chegou, foram apanhados com julgo 900 quilos de ameijoa, que teve de ser devolvida ao rio e pagou de coima 800€ (?)
Os dois buracos são filamentos de passagem de ar para o casulo - a minhoca para a pesca
Aqui ocorreu a desova( minúsculos grãos) em meados de maio da ameijoa -, daqui a 4 estão a ser saboreadas
Barcos em maré baixa
Chegada dos mariscadores carregavam cada um à volta de 50 kg de ameijoa que vendem para Espanha a 5 € o quilo.
As minhas pegadas junto do barco com o meu marido longeee...
Adorei andar descalça...
Estacas de madeira alinhadas ao longo da praia
Solitário na apanha da ameijoa
Casa da Marinha -, o que resta depois do grande incêndio
Resquícios do posto de depuração de ostras do Tejo  virada para a praia na frontaria ainda existe o  painel de azulejo da fábrica Cavaco
Garça esvoaçou com a minha aproximação
Um caneco de porcelana da VA em cima de rocha vermelha parideira
Azulejos e metade de chávena de café da VA ao redor mil e um buraquinhos de seres que suplicam oxigénio-, o barulho que emanam  fazia lembrar um riacho a correr...maravilhoso!
Ao fundo a Base Aérea do Montijo -, comecei por ouvir os motores quando se fazia à pista para levantar
Fez-me uma visita de cortesia ao passar na praia ia com o saco cheio de cacos e caquinhos...
No parque de merendas, no tardoz de mim o esteiro de dentro
Pinhas verdes a lembrar os pinhões pelo natal
O meu marido arruma a mala -, hora de ir embora
Bom restaurante e mariqueira com vista deslumbrante sobre o Tejo e Lisboa. Ainda me lembro da tasca velhinha há 30 anos coberta com plásticos e lataria e as mesas cobertas a oleado ...
Algum casario de traça castiça como a casa laranja e a faixa de gesso ao nível do telhado
Deitada no varandim , lá vai o tempo que vi touradas na praia com um batelão de ferro a servir de "entre barreiras"
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem séc XVII
O miúdo trazia a pila presa na mão ( com medo que os caranguejos a comessem...) a meu pedido a tirou...pequenixotaaaaa...
Em 2006 desativado o posto de depuração de ostras-, agora centro de eventos e...resta o painel de azulejo
A maré alta trás correntes de água quente. O banho depois da sesta foi bom, muito bom
Larguei os chinelos e pus-me a pé descalça...
O Sr José Curado que conheci na manhã na praia do Rosário ensinou-me vários preceitos sobre a apanha da ameijoa e do casulo, também dos efeitos benéficos da argila. Remexeu com as mãos e logo  apanhou ameijoa de casca de pedra branca.
Cobri as pernas com argila iodada  para a circulação-, bastam 7 dias reverte num ano sem problemas
Os caranguejos mal se vêem -, giros a andar de lado, num ápice a fugir de nós enfiam-se num segundo no lamaçal.
Porta  d' água  junto da vala serve também de passagem. As valas dividem o rio no dizer do Sr José Curado do lado de cá apanha-se ameijoa do lado de lá berbigão
 
O que rendeu a apanha da ameijoa ao velhote da bicicleta-, escolheu mal porque aqui reina o berbigão...
Praia tem uma extensão a perder de vista
Estaleiro de Alhos Vedros vê-se a proa de uma Corveta da Marinha  Portuguesa pronta a desmantelar....daqui a pouco tempo as guaritas redondas vão aparecer à venda algures...
Julgo ser oportuno a Junta de Freguesia apostar em alguns melhoramentos. 
  • As acessibilidades as conheço há mais de 30 anos-, nada melhoraram. Na Moita, curvas e contra curvas por entre casario baixo -, um horror sem explicação em pleno século XXI!
Porque razão não dão continuidade à  avenida ribeirinha  em paralelo com as ruínas das fábricas desativadas -,o terreno não é público estando na margem do esteiro?
  • No Gaio deveria haver placa identificativa para a praia do Rosário, porque é o trajeto é apelativo.
  • No Rosário a entrada para a praia é deficitária, curvas à esquerda tudo mal "enjorcado" e com terreno. Há que apostar em fazer obra digna.
  • O parque de estacionamento a céu aberto é poeira que nunca mais acaba. Deveriam apostar tal como no Meco e outros paraísos de praias onde a aposta de alpendres cobertos a canas é sucesso e por aqui há por todo o lado.
  • A água que se desperdiça dos chuveiros deveria ser reaproveitada para refrescar o terreiro e dizimar a poeira.Tive de passar pela Baixa da Banheira para lavar o carro.
  • Há poucas mesas, havendo espaço deveriam colocar mais, ouvi dizer que chegam  pelass 6 da manhã para guardarem as melhores...
  • Deveria haver placas de aviso " o lixo mete-se no lixo" e um "Almeida zelador" do espaço e das casas de banho.
  • O esteiro de dentro merecia ser limpo e nascer à sua volta um parque verde com bancos, aparelhos geriátricos e parque infantil.
  • A paisagem é de charneca, salpicado por  casario ordeiro do tipo operário e villas. Aqui e ali nota-se pormenores criativos e artísticos com trabalhos em gesso na frontaria e cores fortes. A região tem muito potencial, não está é bem requalificada e aproveitada. O que fizeram ainda é pouco.
  • A ciclovia de ligação à Moita é apelativa, pena o moinho de maré se não lhe acodem acaba por cair e é pena ali ficaria muito bem um bar à beira rio implantado!
  • Em 2006 havia este pontão de madeira que hoje não existe

 Foto registada em 2006 com a minha filha junto do painel de azulejo na frontaria do antigo posto de  depuração de ostras do Tejo
O meu marido junto das instalações em abandono-, hoje recuperadas!
 Pena o sol estar tão forte-, já tirei uma foto aqui e ficou belíssima!

2 comentários:

  1. Pode ser que existam outras mas esta foi a melhor e mais descritiva reportagem sobre a praia do Rosarinho que eu vi desde sempre. Parece que faltou falar da Biblioteca de praia que existe sob os auspícios da Câmara Municipal da Moita. Ao lado da Biblioteca de praia existe um posto de assistência, muito rudimentar mas que mima todos mas principalmente, os velhotes com medições de tensão arterial.

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  2. Caro Sr Pereira muito obrigado pela cortesia da visita e pelo elogio no comentário que me deixa vaidosa, pois foram apenas horas de planeado passeio, banhos e piquenique. Um dia agradável implantado em paraíso perdido na beira Tejo onde extasiada com o belo mal em cheganças a casa logo me pus a escrever ao correr das fotos,fico grata que tenha gostado.
    Cumps
    Isa

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