domingo, 1 de setembro de 2013

Aniversário da catedral de Notre-Dame na Île de la Cité em Paris

Para quem precise do acesso via metropolitan 
A  Ile de la Cité em Paris de Notre-Dame, 4ème Metro: Cité (linha 4)
A majestosa catedral de Notre-Dame em Paris  é considerada como um Marco zero da cidade. 
Naquele tempo as igrejas eram consideradas como  "o portão para o céu"... por isso a sumptuosidade, grandeza,  e riqueza nos pormenores do talhe da pedra,  vitrais, ornamentos-, um deslumbramento na acepção da palavra, que só visto. 
Estrategicamente inserida numa  das duas ilhas do rio Sena - no coração medieval de Paris,cuja pedra inaugural data de 1163. Construção no estilo gótico -, uma das mais antigas igrejas francesas neste estilo , no mesmo local de um antigo templo romano, levou 170 anos para ficar pronta -,porém as torres ficaram incompletas, deveriam ter sido mais altas...o tempo e o dinheiro ditou a queda do estilo.
Decorrem as celebrações desta jóia da arquitectura francesa pelos  850 anos.Algumas datas emblemáticas aqui ocorridas:
1163 - Colocação da primeira pedra, na presença do Papa Alexandre III
1182 - Consagração do Coro
1239 - Saint Louis  recolhe à Notre-Dame, com a Coroa de Espinhos
7 Nov 1455 - Abertura do processo da Santa Joana d’Arc
10 Fev 1638 - Louis XIII  consagra a França à Virgem Maria
1804 - Coroação do Imperador Napoleão I, na presença do Papa Pio VII
1831 - Publicação de Notre Dame de Paris, de Victor Hugo
1856 - Baptismo do Príncipe Imperial, filho de Napoleão III
26 Agosto de 1944 - Comemoração da Libertação de Paris, na presença do general De Gaulle e do general Leclerc
1963 (1964) - Jubileu dos 800 anos
1980 e 1997 - Visitas do Papa João Paulo II
Setembro 2008 - Visita do papa Bento XVI
2013 - Jubileu dos 850 anos

Para celebrar o aniversário foram substituídos os sinos e restaurado o órgão que data de 1401 com 7.800 tubos que toca nas missas de domingo. Decorre até ao final do ano uma temporada musical com encerramento de  um concerto ao cair da noite a 10 de dezembro.
 
A primeira  associação que se faz à arquitetura religiosa - é como sendo um Lugar discreto, sombrio, regido unicamente pela fé.  Quem for mais refinado no pensar acrescenta uma dose de lendas -,de reis entupidos até ao tutano pelos conselheiros da douta  igreja que os faziam acreditar na obra e graça do  Divino Espírito Santo (?) ou da Assunção da Virgem Maria (?) para lhes assegurar descendência forte e robusta com o  nascimento do Delfim...o seu  sucessor!

O voto de Luís XIII
«O soberano casado com a princesa espanhola Ana d’Áustria, aproximava-se da maturidade sem filhos, com graves problemas de saúde e uma guerra difícil contra os calvinistas, entrincheirados em La Rochelle.
   
O rei recorreu então à Santíssima Virgem: fez-lhe o voto de construir uma igreja, se fosse atendido. Em 1628, depois de 13 meses de cerco, os calvinistas renderam-se. Em agradecimento, o soberano fundou a igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris. Em 1630 viu - se curado de uma grave disenteria. Mas nenhum sinal de um herdeiro!
Efetivamente, no ano seguinte, depois de 22 anos de casamento, Ana d’Áustria deu à luz Louis Dieudonné (Luís dado por Deus), que viria a ser o Rei- Sol. Em 1643 falecia Luís XIII. Uma parte importante do seu voto fora cumprida. Luís XIV terminaria de cumpri-la por seu pai in extremis, no fim de seu reinado.Para marcar sua consagração a Nossa Senhora Luís XIII prometera “construir de novo o altar-mor da catedral de Paris, com uma imagem da Virgem tendo em seus braços seu precioso Filho descido da Cruz; nós (o próprio rei) seremos representados aos pés de ambos, oferecendo-lhes nossa coroa e nosso cetro”.

Notre Dame
Importante dizer que ao tempo houve arquitetos obcecados e ousados. Que dizer da decoração muitas vezes assustadora -, escura, sombria mesmo com vitrais. Exceção para as revestidas por belos painéis de azulejos e claridade. A Notre Dame em Paris é um monumento de  esplendor arquitectónico -, ao primeiro impacto as torres fizeram-me lembrar uma capela que nunca foi acabada no tardoz do Mosteiro da Batalha-, estas também  nunca o foram, embora poucos se apercebam disso.
Impressionante e arrepiante  sentir o espaço, pelo acordar das memórias  - palco de grandes acontecimentos: casamentos reais, velórios, coroações,  condenações sendo que a de Joana d'Arc foi uma das mais notórias e violência quando foi saqueada por revolucionários que a viriam a transformar num depósito de vinho ( quando vim para Almada há mais de 30 anos, também me senti estranha ao constatar que a capela de S. Sebastião era uma taberna, felizmente a câmara restaurou-a e devolveu ao culto). Por isso estranha  sensação de pisar as mesmas pedras e  olhar a singularidade do brutal e austero, mas ao mesmo tempo de beleza incomum , este símbolo do gótico francês, agraciado por diversas esculturas do fim do período românico e início do gótico, ao mesmo tempo que conserva o mais importante conjunto de vitrais medievais do Mundo -, ainda as terríveis gárgulas ( serviam de canos para escorrer as  águas dos telhados) dispostas em fila, austeras, como se fossem guardiões da cidade...A catedral ostenta grandes rosáceas com vitrais.Impressionante o rendilhado na pedra como se fossem rendas...uma verdadeira obra de arte.Este monumento contabiliza 14 milhões de visitantes ano.
Catedral  de Notre Dame
O coro de madeira com painéis pintados em policromia
Altar da catedral com as estátuas de Luís XIII e Luís XIV ladeando a Pietá 
O altar mor é rodeado de vedação em ferro forjado de inigualável requinte
Aqui foram sepultados os dois maiores génios militares do século de Luís XIV: Turenne e o Grand Condé. 
 O bispo de Beauvais foi o carrasco de Joana d'Arc...não sei se este é o seu túmulo ?
Maquete da catedral
As relíquias de Cristo (a coroa de espinhos e um pequeno pedaço da Cruz),  são apresentadas  na primeira sexta-feira do mês às 15 horas e, na Sexta-Feira Santa das 10 as 17hs.  Esta exposição é feita pelos Cavaleiros do Santo Sepulcro, na procissão dentro da igreja, depois ficam com ela diante do altar, aonde as pessoas fazem fila para tocar e beijar a coroa que está sem os espinhos, que se  foram destruindo durante os anos, guardada neste baú em cristal  e ouro.
Admirei esta menina tão dedicada na sua oração- já eu não consegui balbuciar uma palavra da Avé Maria que aprendi em francês no Colégio Salesiano no Monte Estoril...só me vinha à cabeça em inglês...
Vista de dentro para a porta de entrada. Nas paredes tapeçarias expostas
O gótico no seu esplendor...belo!
Pia batismal estranha em cobre, esperava que fosse em pedra
Fachada a nascente e seguintes
Achei estranho o campanário com o relógio na lateral da catedral

Ao mesmo tempo que  se apreciava a austera e imponente catedral  a nascente deu-nos a fome...ou sentimos o cheirinho dos crepes  que se faziam ali do outro lado da rua sem transito.
Os crepes são feitos à frente do cliente- a massa é estendida no balcão  por um aparelho que desliza com a força da mão da operadora, e recheados à vontade do freguês -, no caso escolhemos doce de framboesa.
O toldo vermelho foi onde onde comemos os crepes a caminho do acesso ao jardim, a tia Emília ainda limpava os dedos do doce...enquanto os homens espiolhavam a fachada do prédio toda aramada para segurar a cerâmica (?).

 
Entrada do Jardim  onde o Homem - Estátua, só se deixou fotografar após uma moedinha...

Adorei ver a fila de árvores cortada ao jeito quadrado como em Versalhes e nos Champs Éliseés
Aqui uma portuguesa jovem levantou-se do pé das amigas no rebordo do relvado e ofereceu-se para nos tirar uma foto em família-, incrível não quiseram e nem agradeceram...foi a única que se ofereceu em toda a minha visita...
O tardoz da catedral com frente para o jardim

 A catedral de Notre Dame está inserida na Île de la Cité que tem a famosa Pont Neuf.

A pequena Île de Cité é o coração de Paris. Linda e impregnada de História foi durante séculos o centro do poder na França. 
Paris nasceu pelas mãos do Imperador Júlio César, no ano 55 antes de Cristo, aonde hoje está a Ile de la Cite.  Na época galo-romana, a cidade  encontrava -se  a sete metros abaixo do nível atual.  Hoje o nível da Square Vert-Galant e da Crypte Archeologique, que se estende numa faixa subterrânea de 80 metros na frente da catedral -, exibe ruínas de alicerces e paredes de centenas de anos mais antigos que a Notre Dame. Existe a ruína de uma casa da Lutécia, aldeia dos pariisi -, a tribo celta que habitou a ilha há mais de 2.000 anos  que deu o nome à cidade.
 Muitas vezes carecidas de especial atenção pela maioria dos turistas, as duas pequenas ilhas do Sena, no centro de Paris, merecem uma visita com tempo que não tínhamos.
A castiça Île de St. Louis onde se comem os melhores gelados de Paris -, na histórica gelataria Berthillon. As ruelas repletas de lojas pitorescas, tornam-na num pequeno retiro muito apreciado.
Para além de se visitar o interior da catedral, uma das melhores formas de a admirar é mesmo... de barco.
Pelo rio Sena passam, serenamente, os famosos bateaux mouche, que fazem percursos de cerca de 70 minutos. A viagem é saborosa e vale bem a pena. Quem quiser tira um passe para o dia, entra e sai nos  oito cais para conhecer  o Jardim das Plantas, Museu d'Orsay, Notre-Dame, Jardins do Luxemburgo-, sentir Paris ao longo do Sena, passar as suas pontes, tirar fotos.

Fachada a poente da catedral ladeada pelo jardim e pelo Sena
Os turistas registaram fotos nos jardins-, eu registei o meu marido em grande plano...
Ao lado de Notre Dame as canas fizeram-me lembrar as do nosso feijão verde, quem sabe se o curador do jardim não é um português?
Abóboras a sair de um vaso de cerâmica amarelo
O meu marido e a tia Emília a saborear o transito no Sena
As pontes fazem lembrar Veneza...e o romantismo


A ponte Neuf (Ponte Nova) é a ponte mais antiga de Paris. A pedra inaugural foi lançada em 1578 (na presença de Catherine de Médicis) , ficou pronta em 1607. Tem 238 m de comprimento e 20 m de largura. É enfeitada com 384 "máscaras", e foi a primeira ponte a ter calçadas. Em 1994 foi toda enfeitada de flores por Kenz.
O passeio de barco....e as vistas do Sena para a Notre Dame e da Ilha.
 Espantada com tanta beleza...amei Paris!
Muita ostentação nos obeliscos com figuras aladas em dourado

Adorámos. 
Apesar do tempo enublado à procura do  metropolitan...a caminho De La Defénse!

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