sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Escola do Pereiro por terras de Ansião está à venda

Pereiro-, Lugar da freguesia de Pousaflores no concelho de Ansião.
A Escola Primária  que a minha mãe frequentou na 1ª classe em 1940.
O edifício encontra-se actualmente  à venda . 
Romances perdidos do seu tempo de criança...Naqueles tempos foi para a escola a pé da Moita Redonda a subir ou descer por atalhos, até à escola no Pereiro, tinha por companhia  rancho de cachopos da sua geração.
Azar não bastasse no primeiro dia ao Pensal, ao entrar no atalho para o Pereiro, ao passar o ribeiro perdeu os óculos que tinha comprado com o pai em Coimbra...
Havia  vezes  que atalhava ao  Portelinho e Vale Cego
Outra casa de fausto por onde passava que está em ruínas.
Isto só durou quatro meses, porque depois foi para a escola de Vale Senhor em Maçãs de D.Maria  onde a irmã Zaira era Regente escolar.
No primeiro dia de aulas  a minha mãe -, russita, assim a chamavam por ter cabelos fortes cor d'oiro, maneira de formas mas baixita, amuada, por ter perdido os óculos na levada do ribeiro -, eis que se deslumbra com o lápis de carvão da colega de carteira -, a Maria
Pelos vistos atrevida, não perdeu tempo em lhe o pedir -, tal frenesim no desenho incutiu a ver a mina a reluzir no papel até que o bico se entalou e partiu no rasgo da madeira da carteira ...A pobre Maria desatou a chorar, queria que ela lhe o voltasse a pôr como era...
Coitada da Profª,  ao tempo armada de canivete em mãos, à falta de afiadeira , fez o que pode, mas a Maria, de olho vivo, esperta, grita alto...o bico não está igual! 
O primeiro arrufo que a Professora enfrentou, e teve de resolver, difícil foi calar a  boa da Maria no continuado carpido, choro " o bico não é o mesmo" , mas que remédio teve, senão se resignar...
A Maria -, era filha da Ti Lucinda do Pereiro de Baixo -, mulher genuína ,de olhar sereno e amiga de dar . Sofreu cedo com a morte repentina desta  filha aos 13 anos, e do marido, Ti João Marques  ao tempo acometidos de febres, sem nunca se saber o porquê de tão malvado mal -, julga-se ter sido água inquinada. 
A Ti Lucinda teve outra filha Emília , que veio a ser minha tia por afinidade de casamento, de quem sempre gostei muito, tal qual do marido o tio Zé Serra Veríssimo, e dos filhos João e Rui, netinhos e noras, tudo gente muito boa.  

Lembro-me bem da Ti Lucinda, mulher de estatura baixa, vestida de preto, as vezes que fui à sua casa ao Pereiro de Baixo, onde me obsequiava com o que tinha, também me recordo de a ver pela Moita Redonda a falar com familiares, os Medeiros e outros.
O peso da idade e dos infortúnios da vida fizeram da Ti Lucinda uma mulher  "morta por dentro"  e já com idade, num ato desesperado, apesar de premeditado, suicidou-se...isso deixou-me imensamente triste!
A minha mãe identificou a retrete ao fundo como sendo da época . No canto do muro, hoje com grade que na altura não existia, degustava o parco farnel aviado de casa.
Junto da escola o que resta da casa em ruínas onde brincavam com outra amiga que ali vivia.Das janelas  da escola avistavam a casa da (Maria?) onde tinham um cemitério de bonecas, em caixas de fósforos... 
Emocionante foi ouvir a minha mãe, a recordar o local, junto da porta que se vê entreaberta na foto.
  


Os meus avós maternos tinham aqui no Pereiro de Cima uma grande propriedade de muros com extrema com a casa onde vivem outros tios -,João Veríssimo e a Zézita de quem também nutro muita simpatia tal como do filho, o João Luís que o meu marido é padrinho de batismo.
Final de maio deste ano em passeio a quatro com os tios do Pereiro de Baixo: Emília e Serra, emigrados em Élancourt em França e o  Zé Manel Ribeiro, meu cunhado, apesar de há anos divorciado, mas sempre mantivemos amizade sádia ,com encontros anuais a quatro ou a cinco,com  o meu marido quando tinha disponibilidade. Infelizmente passados quatro meses  depois destas fotos, veio a falecer, sem explicação plausível, a ex esposa, não nos deixou despedir dele, por ordem emitida no Lar...

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