segunda-feira, 14 de abril de 2014

Feira de velharias e artesanato de Azeitão em abril acordou com cacimba



Ontem a feira apresentou-se de manhã enevoada e cacimba molhada, no recinto em roda-viva os feirantes sem lugar fixo atrás da D. Lúcia -, coordenadora do comando, da ordem ordeira dos feirantes, e cobrança do evento, através do pelouro da Junta de Freguesia, na boa nova deixou no ar que se alvitra alterar o certame ainda sem data marcada -, em abono da verdade já peca por tardia, sendo bem-vinda, desde que esta situação deplorável deixe de acontecer, coisa que  não deslumbro semelhança em mais feira alguma assim.
Coube-me em sorte um lugar que já antes nele abanquei atribuído a outro feirante que o vi  na manhã alta passear na feira de mãos nos bolsos, tal como no sábado passado igual na feira de Setúbal...O que parece se deixou da vida de feirante por fracas vendas...
  • Dividi o lugar com as MM -, a Maia Passos e a filha Marta uns amores de mulheres, alegres e de boa conversa novatas nestas andanças.
No desfile de mira e anda se apresentou casal de homens com idades a passar os setenta  aviados-, tipo conde e lacaio-, embora este aparentar ser mais novo ou seja mais desempenado. O suposto conde apreçou um conjunto de loiça Sacavém que adquiriu sem pestanejar seja pelo estado impecável e pelo desconto, a tirar as notas da carteira se encanta com brincos em 2ª mão da banca que foram um dia meus, escolhido um par ao sabor dos usados pelas marroquinas, pendentes com a estrela de David, com eles nas mãos pega noutro conjunto de corações minhotos, indeciso lhe fiz o preço aos dois que aceitou, e feliz pareceu ter ficado com as compras entregues nas mãos do lacaio para levar -, no repto me deixou a pensar, por certo os brincos seriam para ofertar à criada brasuca (?) que em casa ficou a tratar do almoço, sendo que na frente haviam bancas de artesanato com novinhos em folha...
  • Antes de deixar a banca lança olhar nos azulejos  século XVIII, em sorriso arremedado diz para o acompanhante  lacaio "olha parecem os das minhas casas"...O mote para o título de Conde!

Na tarde assombrada de calor tórrido apareceu casal de mulheres simpáticas, no imediato me pareceu ser homem e mulher...Debalde a mais baixa e magra que trazia nas mãos um saco de plástico com compras embrulhadas em jornal, não fossem as mamas descaídas sem soutien o alerta a sobressair na camisola preta ao estilo de Joe Berardo, na cara óculos pequeninos à intelectual  e na cabeça armada de belos caracóis grisalhos, se vestia de calças em ganga grossa antiga, na braguilha  ao fitar o olhar até parecia haver enchumaço...
  • E eu na léria com a fêmea de físico um saca de batatas, embora formosa, de peito emproado, na teima sábia da cor sépia atribuída à fotografia a preto e branco e manchas castanhas, que frisei do mesmo modo usada na catalogação da palete de cores nalguma  faiança característica de José Reis, no tempo em Coimbra, e  depois no tempo que trabalhou em Alcobaça.

No entretanto apareceu uma colega de cariz delambida ao olhar para um prato do meu estaminé diz à boca cheia que o  motivo decorativo era  Mandarim, logo chamada à atenção por não ser esse o motivo, sem modos ali me deslaça na desfeita com a leiloeira do Correio Velho, na volta levou nas fuças com um prato Mandarim  século XIX da Companhia das Índias e com um catálogo do dito leiloeiro que tinha acabado de comprar no Ilídio, para meu espanto constatei haver atribuições da faiança miseravelmente com indicação de fabrico  enganoso...E não devia, por isso a depravação escandalizada quando chamada à atenção, apenas porque  se deixa guiar somente pelos catálogos, ora saber de faiança não é só isso...
 No pior em fim de feira apareceu outra mulher alta e gorda, de traseira armada em senhora,  apressada no apreço de boas peças, se afirmou antiquária e não queria gastar dinheiro -, possivelmente só veio à feira comprar peças de 1 a 5 €...Ainda me questiona sobre a antiguidade da bacia de lavatório, que é sem favor do século XIX do tempo da loiça ratinha pela porosidade e falta de homogeneidade da massa e…

  • Ofuscada com o meu saber se escafedeu no transito da tarde no dito do "tem e temos"... 


O saldo acabou por se saldar positivo nas vendas e nas compras. Deixei Azeitão satisfeita mas cansada  pelo sol forte que se instalou e me queimou o peito, de outras mazelas aliviada pela boina com pena de pavão de olho verde a fazer conjunto com os brincos iguais comprados na feira da Amora...a pensar no meu Sporting numa de rivalizar com a vitória do Benfica que no recinto ecoava em gritos!
  • Apesar de cabelos grisalhos a rondar o branco virgem, ouvi rasgados elogios, o costume...Boa gente só para me verem de bom astral!
  • O Sr. Inglês o outro colega castiço no gaveto  do patamar almoçava  sentado na sua cadeira de realizador!

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