sexta-feira, 19 de junho de 2015

O meu olhar sobre os contrastes na Graça em Lisboa

Subindo a Rua Angelina Vidal em cheganças à Graça,  imóvel de gaveto em total ruína
Empedramento a basalto, primitivo, antes da rua que lhe passa ao lado(?)
Incrível como consigo enxergar o belo na decadente ruína. Por segundos imaginei os frangalhos das cortinas quando um dia o foram novas, as vezes que foram tiradas para serem lavadas pelas festas, os amores e desamores , alegrias e tristezas, aqui tantos dias sentidas, em espera desesperante de acolher novas vidas!
Consegui distinguir uma cómoda dependurada...
Remate em platibanda com balaustre em faiança
Na frente outra pequena casa onde ocorreu um incêndio
Telhado com remate na ponta com um vaso esguio relevado em faiança, belo, apesar de encostado ao prédio do lado que lhe retirou grandeza.
Uns metros à frente à esquerda a  Propriedade Particular
 Bairro Estrella d'Ouro, 1909 de Agapito Serra Fernandes.
Interessante descobrir casas cujas chaminés com remate a fila de azulejos
 Relógio na frontaria de uma casa

Telhados com remates em peças decorativas em faiança.
Não sei o nome desta peça ornamental., depois do pé irradiam folhas relevadas de aranto, nasce o bojo ornado a estrelas de 5 de pontas em azul, do centro irradia haste afilada  e no remate garnde estrela de Davi em vermelho.


Ao cimo da rua descobri uma porta com moldura em estuque e estrela de Davi ao centro
Varandins em ferro forjado

Calçadas dos passeios com estrelas de Davi a preto

Ao lado nasceu um condomínio fechado


Uma porta aberta sem medo de assaltos...
Fotos antigas com versos de Natália Correia expostas na fachada de uma fábrica? 
Combinam 
                                                          " Às coisas finalmente quietas"

 Festejos de arraial de Santo António. 
Os elementos constantes no Bairro com a estrela de 5 pontas a que se chamam-, estrela de Davi, evidencia que aqui viveram pessoas judias (?).
O Vicente adormeceu. Procurei sombra num improvisado espaço no centro da Graça, cujo telheiro inestético merecia um novo olhar, por certo melhor em ferro forjado, com esteiras ou trepadeiras.
Quis indagar um aviso verde numa casa, por o achar estranho e o mesmo do arco em pedra com uma guarita.
O aviso era referente ao imóvel camarário, em dia de visita, para candidaturas de aquisição. 
Não entrei porque fui avisada de pulgas!
Um dos fiscais as catava nas calças...A colega amorosa mostrou-se meiga com o Vicente, disse-me que perdeu o filho com 12 anos por paragem cardíaca. Aconselhei-a a adoptar. Responde-me, já tenho 48 anos, ando na psicóloga...
Dor terrível uma mãe perder um filho!
A visita obrigava a assinar Termo de Responsabilidade, em caso de acidente, pela degradação e um buraco no soalho(?).O fiscal ainda me diz, "se o miúdo fosse maior ficava com ele e a senhora entrava, agora pequeno não..."
Por o passeio estar absorvido de carros estacionados, tive de entrar na rua, olhando o trânsito, naquilo uma condutora grita-me " anda-se é no passeio ainda por cima com a criança..." Até podia excomungá-la pelo reparo, que era certo, mas que culpa tenho eu do passeio por onde tinha de seguir estar todo obstruído por carros?A polícia é que não fiscaliza, e devia, com isso desprotege os cidadãos ! 
Tento tudo fazer com a máxima segurança, ainda assim tenho percalços, a mulher estava de " maus azeites"...
O futuro passeio depois da obra reabilitada o que precisa é de pilaretes! 
Ao mirar a casa do lado nascente eis que  dispara o meu fértil imaginário...imaginei a  sua compra e  reabilitação. Na semi cave a garagem, no r/c salão, WC e hall de ligação à garagem e ao sótão. A cozinha virada para sul, avançando pelo quintal de 48 metros. O sótão com 2 suites, sommier, sob teto esconso no belo contraste espelhado da luz natural pintado com andorinhas rodopiando em bando, o paraíso de mansarda para  se amar e se amado, porque amor só se recebe dando !
Ainda imaginei mais do que  não devia! 
Debalde afogadiço hilariante de águas em fúria , resfriei com o nome das rua-, Beatas!
 

Nome quiçá de retiro, albergue de beatas alcoviteiras (?) cujos vestígios o arco e a guarita serão o mote?
Parede a poente forrada a azulejo branco com frestas de iluminação

Deixei a pequena vivenda.
Mais adiante entrei noutra rua e relaxei profundamente com o painel azulejar e o gradeamento do pequeno viaduto com a bunganvília arroxeada a lembrar o que não devia!
Outro remédio não tive que me resignar, tomando o caminho de volta a casa! 

Agora não
Quem sabe amanhã
Ou nunca mais?
Nunca,  não!
Almejo nesga de luz
Que seja!

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