sábado, 10 de outubro de 2015

Fragmento de telha da Cerâmica Avelarense em Lisboinha

Mais um dia na Moita Redonda, na bagagem levava um grande tacho de barro que a prima do meu pai , a São, que teve a gentileza de me o oferecer, foi comprado para o seu casamento para a mãe fazer "o verde", nada mais que um guisado de carnes com batata e leva sangue, para escurecer e engrossar o molho, por isso o nome de verde, por ser sangue da matança e não cozido como se comprava no talho no tempo de antanho.Não sei a vida do tacho com mais de 60 anos de idade, mas deveria ter estalado que lhe meteram três "gatos". Por ter estado anos a fio na rua na churrasqueira , apressada em o lavar no tanque do quintal da minha mãe, mas o diabo logo me atraiçoou e num ápice me caiu da mão e fez-se em bocados...
Desolada por segundos, para em alta a decisão de o pôr a enxugar ao sol em cima da placa para depois de seco o colar, não foi nada fácil,um trabalho de puzzle, de aspeto  ficou quase novo, não sendo a mesma coisa é no entanto um tacho que reaproveitei como vaso, o enchi com cascalho de xisto para fazer cama  a terra do chão dos carvalhos  e nele  plantei cactos.
Se me o deu com tanta estima, não o ia pôr no lixo!
Atarefada nos meus afazeres rurais, transformada em saloia, nem mais me lembrei de o fotografar com os cactos...nem sei mais o que me fez rir, quiça seja do viajante, que não conheço, andante no seu jipe de olho claro, que me deve achar assim  de aspeto estranhíssima...
O meu marido de volta dos seu afazeres a pôr uma cunha num cabo de uma enxada. Já deixei a  macieira golden podada a talão e a pereira, porque os ramos carregados vergaram.
À falta de sardinha no Intermaché, comprei carapaus, acendi o lume para os grelhar, na trempe a panela para cozer as batatas, assei um bom pimento vermelho para a boa salada, onde não faltou o café feito ao lume e a aguardente de medronho.
Refastelados e cozinha arrumada dei corda aos sapatos e pelo quintal fora fui  espreitar um poço escavado na laje e xisto que foi do quintal do Ti Bernardino, agora seco.
Na ribanceira do ribeiro tufos de flores-, cajados de S.José, rebentam com as primeiras chuvas de agosto, em dias crescem e florescem.
A tangerineira em agosto  em total agonia e secura, quase a morrer, reguei-a várias vezes, para espanto estava florida para me agradar, porque outras morreram ; romanzeira, cameleira, rainha Cláudia e,..
Para depois com a ferramenta às costas a caminho do talho de cima que já foi a vinha da cadela, dar cabo de umas silvas para os carvalhos americanos  medrarem, mas ainda ficaram outras tantas...
Puxar pela enxada cansa, a  tarde se anunciava no tempo de vir embora.
Reparei que a placa da Rua Principal do Furadouro estava no chão, levou cacetada...Ao lado nota-se o cano fino em preto que ligava uma mina a uma casa.Voltei uns dias depois, mas não tinha máquina, e já estava reposta, foi endireitada, e esta hein?
Em andamento fotografei a mina ferrosa ao Marco, a caminho do Pinhal do Índio
Lápide funerária com Cruz, aqui mora há muito, a minha mãe diz que já era antiga quando ela era pequena, já tem 81 anos.
No entroncamento ao Marco, estranhei a passagem de alguns carros  e no mesmo outros ao longo do percurso, em acheganças  ao Forno da Cal, antes do cemitério, avistei gente e muitos outros carros que logo me deram mote de funeral, com tal aparato não parei, fiz inversão de marcha, mas reparei que na escadaria descia uma rapariga vestida do Foclore e na estrada defronte, de braços cruzados, estava um homem na casa dos 60 anos, que conheço, mas não consigo identificar, visivelmente comovido-, claro fez-se luz, era o funeral do Augusto, que tinha falecido na quarta feira, e só foi enterrado na sexta.
Levava na ideia fotografar o forno da Cal-, mas as silvas estão a encobri-lo, praticamente mal se nota e o mesmo do tanque de pedra na arriba, seria interessante a Junta quando procede à limpeza das bermas, limpar-lhe a entrada, porque apesar de particular(?) é valor com história na região de Pousaflores, até deveria ostentar informação, para não se perder.
Remédio não tive senão de atalhar a  Lisboinha
No cimo desta rua nasceu o meu avô materno  José Lucas
Capela de orago a S. José
Ao passar ao quintal dos pais do João Patrício, reparei o chão coberto de tanta laranja, logo pensei-, ator com tanta solicitação para festas, cinema e eventos, deveria arranjar tempo pelo S. João para dar uma valente poda à laranjeira!Os pais estavam debaixo do alpendre com gente.
Na teima pedi ao meu marido para parar às Alminhas

A fonte foi edificada no meu ano de nascimento.
Mais a cima existe a toponímia da Travessa da Fonte velha, supostamente a água viria da  Chã(?)
Na lateral esquerda da fonte a placa com o nome da rua. 
Pois não sei se a denominação se refere à Quinta de Cima? 
A meu ver será o mais provável porque no costado sei que existe uma mina, não sei é se a água foi ao tempo dela encanada(?)
Mesmo ao lado numa entrada de uma casa distingui este fragmento de telha-, o que me chamou a atenção foi o nome
CERÂMICA AVELARENSE
Não conhecia esta designação, contudo por a achar interessante a coloquei em discussão na página do Facebook das "Cinco Vilas"
Pelo testemunho e empenho, no maior respeito, partilho a cortesia dos comentários que fecham com oiro a questão das cerâmicas das Cinco Vilas; 
" A cerâmica Avelarense situava-se junto ao barreiro aonde atualmente existe ou existiu um depósito de gás e existia também a serração do " Albino Serrador", ao fundo da rua que vinha da Rascoia para o Pontão, que atualmente essa estrada já não existe." 

" Desse espaço, ainda se pode apreciar a enorme chaminé."

  "Deve ser da Cerâmica "Silva Godinho e Silva" onde só existe a Chaminé, junto ao barreiro da Argilex,  indo do Pontão a caminho do Avelar, pelo campo de futebol!"

"Então confirma-se que é a mesma, e curiosamente, ainda não tinha sido aqui referida até agora.Assim sendo julgo que se pode afirmar a existência de cinco cerâmicas nas Cinco Vilas. Certo?"


- Bem, é o que parece a saber; esta agora aflorada Avelarense, Almofala, Pontão, Maças de D.Maria e Pessegueiro(Pousaflores). 
O meu bem haja e agradecimento pela cortesia das respostas de amigos das Cinco Vilas, porque se fez luz  na minha cabeça, o ano passado no dia da Mulher, em rota de passeio pela estrada antiga do Pontão para Campelo,  parei precisamente junto do sítio onde foi a cerâmica, sem saber que era esta, agora identificada com a partilha gratuita de gentes que no passado a conheceram.
Mais uma boa descoberta , só possível com a ajuda das pessoas  que gratuitamente se empenharam em relembrar .O meu bem haja a todos.

Convêm referir que nas CINCO VILAS houveram CINCO Cerâmicas de telha e tijolo, a salientar:
Esta também descoberta por mim na Costa dos Escampados em Ansião

Cerâmica Avelarense (Avelar)
Cerâmica do Pontão(Avelar)
Cerâmica de Almofala de Baixo(Figueiró dos Vinhos)
Cerâmica de Maças de D.Maria (Alvaiázere)
Cerâmica do Gariaz, Pessegueiro(Pousaflores)

A meu ver quem de direito deveria procurar exemplares nos barracões, para as ostentar em orgulho num Museu que tarda nestas terras, apenas no Museu de Almofala de Baixo existem exemplares da cerâmica que foi da família, e registei num post dedicado ao mesmo.

http://quintaisisa.blogspot.pt/2011/04/museu-da-casa-rego-vasconcelos-em.html
As fotos que o ano passado registei em final de tarde soalheira


De volta à paragem que fiz às Alminhas em Lisboinha Além...A pensar no meu avô  Zé Lucas, que aqui teve um olival, e já em plena Rua da Barroca, me deixei na admiração da Mata de castanheiros da Quinta de Cima.
Bem tentei fotografar algumas, poucas hortas da Barroca, que se mostravam frescas...Longe vai o tempo que esta barroca eram hortas sem pousio...
Vista do alto da Serra do Mouro com sol ainda alto, frustrada na miragem divinal do pôr do sol, que por estas paragens é  simplesmente magnífico!
FONTES
 Grupo público "As Cinco Vilas de Chão de Couce"
COMENTÁRIOS: Henrique Dias; Alberto Santos; João Ferreira e David Silva

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