quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A semana da boa chanfana em Miranda do Corvo


No feriado 2 de maio de 2006 decorria a semana do festival da "Capital da Chanfana de Miranda do Corvo" com Sopa de Casamento e Negalhos. 
No recinto da vila no mercado municipal apreciei um desfile de Donas Elviras, o meu carro favorito com emblema reluzente,- um leopardo!


Ainda por terras de Miranda do Corvo degustamos na vila numa das tascas aderentes ao evento. Pedimos a sopa de casamento e chanfana.

Desde miúda que sempre ouvi dizer que a chanfana era oriunda desta zona serrana, alusiva à Lousã e de Miranda do Corvo.
Dita a tradição que os invasores franceses depois de perdida a batalha no Buçaco, o exercito seguiu a caminho das Linhas de Torres  para conquistar Lisboa, só que desertores desceram a Coimbra, derrubaram um arco do aqueduto que abastecia o Convento de Santa a Clara a Nova ali à Cruz de Morouços, saquearam os solares em Condeixa e na região da Lousã por onde passaram, roubando alimentos, a riqueza das igrejas e dos particulares abastados, tendo ainda deixado os seus genes na descendência nas gentes; olhos azuis e verdes e cabelos louros de cariz inteligente, sobretudo para as artes. 
Sendo que é fácil falar do desfrute em aliviar as desilusões nas mulheres do povo, desabrigadas, que foram maltratadas, mas conta-se que alguns por cá ficaram e por elas foram acobertas da justiça que lhes deram apelidos com nomes das árvores de fruto(?).
Em terras de Miranda do Corvo o povo para não ser saqueado matou as cabras e para conservar a carne atestou-a de vinho em alguidares de barro que esconderam, depois da passagem dos invasores, foram aos alguidares e viram que a carne se tinha conservado, e por isso cozinhada. O resultado foi uma verdadeira delícia, na região é acompanhada com grelos ou couve portuguesa e batata cozida, um prato divinal.
Mas ultimamente apareceu a ribalta Vila Nova de Poiares a reivindicar a confraria da chanfana que me deixou deslaçada em espanto na guerrilha turística. Sendo na verdade que se foi afirmando  em a ganhar e pelo que se repara está a conseguir atingir os objetivos a que se propôs(?), em prol da Lousã e Miranda do Corvo, que foram na história os donos da receita inventada, como é óbvio foi passando de familiar em familiar, e desse modo em 200 anos se alargou a toda a região centro, e agora mais na generalidade, toda a gente se quiser a faz. 
Confesso, a melhor chanfana que saboreei foi no restaurante junto à igreja da Guia na estrada de Leiria a caminho da Figueira da Foz. Tempos que por lá passava amiúde,antes da minha mãe decidir arrendar o apartamento. Foram mais de 12 anos a saborear o trajeto e boa comida, naquelas bandas com cheiro a maresia.
Fotos tiradas em Miranda do Corvo
Impressionante é desfrutar um belo repasto, cada vez que o tempo assim o convida no patim da casa da minha mãe debaixo da sombra dos quiwis. 
Adoro perder-me a contemplar o horizonte na direcção da serra da Lousã apreciar as éolicas, ora paradas ora em movimento lento...sabendo que já estive ao pé delas em Gonframaz!

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