sábado, 22 de outubro de 2016

Descida do escadatório na falésia do Miradouro da Boca do Vento ao Ginjal

Antes que a chuva invada os céus o certo caminhar por Almada velha para apanhar funcho para chá, diz que faz bem ao organismo e aos efeitos da menopausa, debalde o verão apenas o deixou de hastes erguidas despidas de ramagens, com parcos rebentos...
Miradouro da Boca do Vento é sempre paixão nova, seja a contemplar Lisboa ,o Tejo e a arriba fóssil .
No escadatório de ligação do Tejo a Almada, com mais de 200 degraus, em subida acelerada vinham três homens de corpo bem constituído abençoados de bons músculos de perna, para em poucos minutos os voltar a ver na mesma descida e depois na frente da Fonte da Pipa na direção da brutal estrada do Olho de Boi, com uma inclinação de mais de 70º, tanto fôlego ditou o mote de os teimar seguir no escadatório a caminho do Ginjal. Logo no primeiro lanço já eles mal se distinguiam ao fundo...mas que pujança!
Parei para de novo admirar a arriba fóssil entranhada de conchas a uma altura descomunal do Tejo...
 A primeira vez que encontro a escada limpa e na borda dos muros, assim até vale a pena.
Folhas em amarelo e castanho vestiam patamares e degraus a chamar o outono...
Avistei junto ao casario em derrocada uma mulher a tratar de gatos, já os tenho visto no passeio pela frente a caminho do jardim . Não sei por onde ela entra para os tratar, porque o terreiro se mostra em altura...

Vista do elevador e da ponte, porém Lisboa se mostrava ténue, esbranquiçada, e à beira do Tejo o rio imensamente calmo de ondinhas a espraiar-se nas pequenas praias de areia branca...

Nos últimos lanços de degraus achei estranho uma janela estreita com gradeamento emanar luz...abaixei-me e registei esta foto...

Afinal logo percebi o porquê da claridade dado pelo derrube de uma porta entaipada a fraco tijolo que foi aberta, onde pude ver 3 valentes tonéis de vinho de um antigo armazém.
Interessante ao cimo das arcadas antigas em pedra que deveriam ter sido de uma fábrica de ingleses ou irlandeses do século XVIII (?) ainda tem uma estrutura em madeira de separação, ou armazém ou escritório(?).
O final do escadatório ditou supostamente o nome ao restaurante - Ponto Final

Óculo em ladrilho cerâmico para dar claridade à casa
 Praia das lavadeiras

Imortalizada por Alfredo Keil no século XIX
 Restaurante Atira-te ao Rio
A figueira com folhas amarelas ao lado de uma nespereira florida, mas se estamos em outubro, vai por certo dar nêsperas em fevereiro?...fatal admiração fiquei a pensar ou estou a ver mal ou é mesmo assim!
 Alguém tirou os gradeamentos em ferro e deixou em lástima as pedras de cantaria...
Pela frente um grande buraco no passadiço do cais que serve de caminho na ligação do Ginjal ao jardim , com o próximo inverno e as marés vivas vamos ver como vai ficar...desta vez não abriu com a passagem de um carro (?) ...
Porque o buraco aberto com a passagem de um carro foi tapado mas o cimento já abriu fendas...
 
O que resta de uma bela casa revestida a azulejos em azul e branco com platibanda em balaústre de faiança, interessante constatar que com o tempo e a maresia perderam o vidrado que era branco, apenas 4 resistem nessa cor todos os outros na cor do barro, vermelho.

 O céu mostrava-se assim através de uma janela aberta...
O gato estava à espera do almoço
Voltei a enxergar a mulher que tinha visto a alimentar gatos  num casario com arco de ligação para o tardoz onde estava ao cimo de uma escadaria,  a fazer o mesmo, para depois a ver  de novo no cais com um carrinho pela mão-, o gato mal a sente salta da janela e se dirige para junto dela, caminham juntos paar só parar junto do comedouro na janela...

Um corvo marinho mal me sentiu voou... flor florida em lilás a lembrar o Senhor dos Passos... 
O Tejo com movimento de pescadores lúdicos, o polvo, é agora a sua época.
Na verdade não se entende é a persistência de estacionamento em cima deste pontão, quiçá alguns a fugir ao pagamento de estacionamento(?), sendo estreito, antigo e de fraca manutenção deveria ser proibido!
Neste último percurso apreciei por 3 vezes carros em sentidos opostos a terem de se encolher em espaços exíguos para os que vinham de Cacilhas passar...
Cardume de tainhas concentradas na saída de um esgoto de águas de um restaurante...

Almada por força da arriba se mostra de costas viradas para o Tejo, ainda assim se quisessem, se para isso tivessem empenho, garra, e determinação, há muito que já teria arrancado o plano de revitalização desta zona ribeirinha, sejam empecilhos e mais empecilhos de burocracias, quando a câmara já teve tempo mais do que suficiente para impor limites e dizer basta, porque na verdade os anos vão passando e nada se faz...
Quero acreditar que muitos como eu ainda gostariam de vir a usufruir desta magnifica paisagem ribeirinha que foi emblemática pelo grande buliço  vivido no passado pelo árduo trabalho, jaz hoje morto e se mostra em marasmo ruinal, mas de valência para infraestruturas para chamar o turismo, porque na verdade é de pasmar como muitos turistas teimam percorrer a pé o cais para desfrutar  da paisagem, quiçá alguns pisar o espaço onde conterrâneos aportaram e se afirmaram para ganhar riqueza ...desse tempo de fausta fortuna restam agora apenas dois restaurantes com vista para a beira do Tejo onde se pode degustar boa comida  e relaxar a ver  o movimento de todo o tipo de embarcações e lá longe a Lisboa aparentemente serena...cujo nome significa "porto seguro" ou "enseada amena" (sendo provavelmente afilhada da grande cidade de Tiro, no Líbano).

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