segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Típica a caça ao tesouro no buliço das feiras de velharias

Feira de Algés- um bom amigo o Sr António, conhecido pela alcunha "Igrejinha" (por ser desta localidade alentejana natural) a chamar pelo seu tesouro-, cão  "Óscar"
 
O culminar do ritual assíduo a feiras de velharias sejam pelos ganhos do contato anónimo, pelas partilhas, pelas vivências, porque resulto de vendas pouco há a acrescentar,  não tenho jeito para vender, ou porque explico demais ou de menos, ou simplesmente não vão com a minha cara ...na verdade não vendo "gato por lebre", seja também pelas novas ofertas de leilões, o público dos dias d'hoje se revela cada vez mais de carteira menos recheada (?) apenas aparece no intuito de passeio, outros a esminfrar preços para depois voltarem a revender o mesmo artigo nos sites da especialidade na net, aos amigos, ou em lojas, porque colecionadores de carteira ou amadores, são cada vez menos. Não sinto como dantes potenciais compradores, apreciadores de peças de qualidade que fizeram parte do nosso património histórico e cultural, o que vejo é muito lixo... 
Par de jarras "casca de cebola", anos 30, tonalidade dada pela alta temperatura do forno acima de 1700 graus, mas como não era uso o termómetro nem computadores, e sim " outras técnicas medidas a olho do operário " conferia a cada peça de vidro várias tonalidade, por isso única.
Ontem em Azeitão a falar sobre um cachepot em peça " casca de cebola" parou uma família que nada sabia deste assunto, o que não me choca, choca é não terem lembrança de ver as peças (jarras pequenas ou cachepot para se colocar flores) em casas dos seus avós, objetos imensamente usados nas mesinhas de cabeceira, ou junto da Imagem do "Santo" na cómoda que todos os dias iluminavam com uma candeia de azeite...a seguir um homem na minha banca desprestigiou um pequeno prato Sacavém "cavalinho" em preto, ao virá-lo disse "este já não serve para mim" o prato efetivamente apresenta uma pequena lasca no rebordo que não é visível na frente, no entanto por ter sido usado apresenta uma textura impregnada de gordura visível no tardoz que lhe confere uma patine interessante pela frente, seja por isso uma peça que "fala" que tem história, e ainda assim não o comprou, porque é daqueles colecionadores que só compra peças em estado impecável. Ora se o nosso passado foi de um  povo maioritariamente pobre, não se vivia um consumismo como nos dias d'hoje, por isso a loiça foi muito usada, há pratos que de tanto roçar a colher ou o garfo se mostram desgastados no esmalte, o que revela a sua história, outros que apresentam um pequeno orifício na aba, servia para ser pendurado no prego, à falta de móveis, esta a história dum povo humilde e sem dinheiro que se remediava a inventar. Gosto imenso de peças com "gatos", tenho pratos impecáveis que não valorizo tanto como os gastos, precisamente pelo que explanei, porque os que falam dão-me espaço para em liberdade deles contar estórias ...
Onde está o tesouro? Pelo Dr Jorge Sampaio 
"O programa carateriza-se por ser pioneiro em Portugal e por se dedicar ao mercado de objetos em segunda mão que estão espalhados pelas muitas feiras do País. Semanalmente, os “peritos” vão levar os telespectadores a “visitar” feiras, mercados e exposições de antiguidades à procura de autênticos tesouros perdidos. A estreia do programa acontece, precisamente, na Feira de Antiguidades de Alcobaça.
Ao alcobacense Jorge Pereira de Sampaio juntam-se especialistas peritos em diversas áreas, tais como Luís Castelo Lopes e Ema Blanc. Com autoria e realização de Paulo Grade e produzido por Jungle Corner em parceria com a RTP2, “Onde está o Tesouro” tem como objetivo dinamizar a cultura e as artes na sociedade portuguesa.O programa será também emitido com linguagem gestual, nas repetições de cada episódio às 13 horas de cada sexta-feira."
Julgo em junho na feira de Algés fui abordada pelo Dr Jorge Sampaio, diretor do Museu de Alcobaça na minha banca sobre uma bela jarra da Fábrica do Outeiro, Águeda, assinada "Pinto", produzida para a  Exposição Mundial que aconteceu em Lisboa em 1940, cujo motivo foi o de enaltecer os feitos dos portugueses além mar .
Lamentavelmente não registei em foto a jarra-, tratava- se de peça alta, elegante de pé redondo, apesar de esguia apresentava-se de bojo largo onde tinha pintada a Cruz de Cristo. Curiosa, que  a levou para  a sua coleção a muito bom preço.
Um tesouro,  guarda jóias da fábrica Constância da minha coleção  com a "Cruz"
Quando ia em viagem antes do Natal depois de passar a ponte do Rio Trancão recebo uma chamada dando-me conhecimento que o programa iria passar no dia seguinte, debalde assim não aconteceu, percebendo logo que fizeram confusão com outra senhora com o mesmo nome, mas durante a semana recebi novo telefonema a darem-me conhecimento que tinha sido de facto engano mas agora seria certo e ainda a agradecer a minha participação.
Seja o paradoxo a caça ao tesouro, que tem amplitude diferente para cada um de nós . 
Um tesouro da Real Fábrica Sacavém, prenda para a minha filha Dina
Gratificante sentir o feedback  com o impato da primeira série do programa  no canal "2" à sexta feira da "caça ao Tesouro", onde participei no penúltimo episódio. Reações; a mensagem carinhosa da minha boa amiga Marília Marques no dia 30 de dezembro  que cito " Oh minha querida amiga, vi agora o programa do tesouro.... Adorei vê la, sempre linda e especial. Que agradável surpresa.Feliz 2017 minha amiga. Beijinho carregado de saudades". 
Na véspera do Ano Novo logo e manhã quando me preparava para deixar Ansião, pára o carro do meu amigo de infância o Comandante dos Bombeiros de Ansião, António Neves Marques, para mim o Tonito, de braços abertos " vi-te na televisão, chamei a família toda para te ver..."
Ontem em Azeitão o "Paulino farmacêutico" , homem que também adora velharias, no cumprimento dos bons dias diz-me "vi-te na televisão, liguei logo à Olga para te ver, depois tive de vir atrás para ver do início, é importante que quem vende tenha conhecimento como mostraste sobre as peças..."
Para um final feliz em final de tarde aparece um casal muito bem vestido que apreciam uma travessa motivo "cavalinho" , diz-me a senhora " o meu marido gosta muito destas coisas,  diz-me ele, via-a no programa, onde era aquela feira?..."
Na feira da ladra encontrei o Miguel e a esposa Cristina, em logo me diz que também me viram...
O programa vai ter uma segunda série.
Dia de Ano Novo um tesouro de vivências
Tesouros para mim? O voltar às raízes e às lides de antanho. Aproveitar o forno para usar as assadeiras de barro com as carnes, e outra com  a assadeira com o arroz de pato, cozer o pão ,o tacho de barro com a tigelada e ainda assar batata doce, uma manhã em labuta à volta do forno da casa da minha irmã.
A massa para o pão a levedar em alguidar vidrado em verde
O nosso pão cozido no forno a lenha, a minha irmã não limpou o lastrocom o roldão onde fez a fogueira, por isso escaldava e o pão ia ficando queimado...ainda assim foi o nosso tesouro!
O que sobrou da Consoada em minha casa das minhas rabanadas à moda poveira, em forma de bola de Berlim, com pão comprado no mercado de Ourém.
O tesouro?A terrina Art Deco de Sacavém, aqui sem a tampa, onde ficaram muito bem.
Eu e o meu marido vimos todos os demais programas desta série.Apenas avisei a minha mãe para não deixar de o ver. No dia seguinte ao almoço perguntei-lhe a opinião, na vez de responder pergunta-me o que tinha na cabeça, se era uma pena...pois imagino que tenha ficado perplexa para apanhar a pequena reportagem, e se perdeu, para não reparar que estava vestida de boina de veludo preta com penas de pavão...a boina é a mesma , o cabelo agora branco, as argolas perderam-se e os óculos...
No dia de Ano Novo bem acomodados nos bons sofás depois do farto almoço todos em família gostaram de ver o programa, disseram que fiz boa figura...depois bem dispostos sentindo o sol que trespassava a vidraça do salão da casa da minha irmã onde os miúdos se fartaram de brincar com as almofadas no largo degrau...
Os meus tesoiros; Vicente e Laura


O meu marido a dar uns toques na guitarra, um tesouro antigo da minha irmã e no chão um garrafão de 16 L de bojo redondo , um tesouro, que lhe ofereci vindo do Alentejo


Outro tesouro, bela travessa inglesa que ofereci à minha irmã motivo William Patern, explana  a eterna história de amor vivida com a filha do Imperador, menina rica que vivia no pagode ao se enamorar por um homem pobre, por ser um amor proibido decidem fugir para viver o seu amor...as aves simbolizam os AMANTES.
A minha irmã com " os filhos; Tay e Cyd", os seus tesouros,  lhe guardam a casa e dão mimos todos os dias.

A minha mana presenteou-nos ao fim de tarde com um bom lanche, chá de hortelã e a fartura de bolos, tartes e,...Bolo de Ano Novo, tesouro feito pela minha Dina, massa folhada com chocolate e nozes.

 
Um tesouro para mim, bica de caldo a prenda que o meu marido me ofereceu

Nesta primeira feira de Azeitão de 2017 tive a sorte de ter como colega no lado direito o Carlos, só travámos conhecimento ontem, rápido se revelou de cultura enciclopédica, por ser guia turístico, amante de loiça Bordalo, saldo positivo e proveitoso a conversa a fio sobre o Palácio dos Duques de Aveiro, depois foi de D. Maria e agora Sampaio, dizia o colega da frente olhem lá em cima o dono do Palácio de cabelos brancos com uma brasileira...falamos do Conde de Atouguia, do Marquês de Pombal, da Opus Dei, dos símbolos em Lisboa ; Terreiro do Paço, um cruzar de mãos na Rua do Amparo,na relação da Inquisição e da Praça da Figueira, o brasão na rua...o obelisco nos Restauradores, mostrando-me os sinais numa nota de 1 dólar, falámos do Natal,da Coca cola que vestiu o Pai Natal, da esposa, dos filhos e dos sonhos...
Gentilmente deu-me a receita dos seus sonhos, tesouros da sua culinária.Hoje pela manhã meti mãos na massa quando toca o telefone, era a minha Dina a dar os Bons Dias, disse-lhe o que estava a fazer – mãe traz amanhã! Sim vou levar. A tarefa decorreu-me ao sabor da lembrança que a minha mãe ainda conta da sua irmã mais velha 10 anos, a tia Záira, na Moita Redonda os fazia na lúgubre cozinha da minha bisavó Brígida num tacho de esmalte azul com pintinhas azuis…debalde quando trazia  a palangana para a copa da casa dela só vinha com o fundo coberto...fritava e comia, aquela tia era gulosa e obesa!
Os meus sonhos, o meu tesouro, que me saiu das mãos,  podem não ter bom aspeto, mas o meu marido os saboreou e gostou muito e eu foi comer e chorar por mais...
 Um bom colega que gostei imenso de conhecer, o Carlos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário