Certo dia, liga-me a minha filha, do Santuário de Nossa Senhora da Lapa – “mãe adivinha onde estou?” Resposta escorreita - Sernancelhe, onde faleceu o obreiro da Igreja da Misericórdia de Ansião, pela leitura do livro de 1986 do Padre Coutinho e graças a um documentário televisivo, há pouco mais de um ano, que conheci a requalificação da Residência Jesuíta do Santuário da Lapa, iniciativa há 25 por um padre que meteu mãos à obra. Desconhece-se a a Imagem mais antiga da Senhora da Lapa encontrada na gruta é a que se encontra no Museu.
O Santuário de Nossa Senhora da Lapa no concelho de Sernancelhe na Diocese de Lamego
Foi implantado em planalto inóspito de penedos graníticos quase estéril a rejuvenescer com uma lenda ocorrida em 1498.
Versões «https://autocaravanista.blogs.sapo.pt/senhora-da-lapa-sernancelhe-viseu de Abílio Louro de Carvalho (...) general mouro, Al-Mançor, pelo ano de 982, atravessou o Douro para a margem esquerda. Havendo destruído Lamego, progrediu para Trancoso. No trânsito arrasou o Convento de Arcas, onde martirizou muitas das religiosas. Atravessada a serra de Pêra, chegaram ao convento de Sisimiro, sito na actual Quinta das Lameiras, freguesia de Pinheiro, concelho de Aguiar da Beira. Parte das religiosas sofreram o martírio, outras escaparam levando consigo uma imagem de Nossa Senhora, procurando abrigo nos matos por onde se embrenharam. Acharam a gruta ou lapa, onde guardaram a dita imagem que ali resistiu à agrura dos séculos, durante uns 515 anos.»
» (...) Em 1498, uma pastorinha chamada Joana, muda de nascença, da freguesia e lugar de Quintela, andando a guardar o gado de seus pais, lembrou-se um dia de entrar ali na gruta e encontrou a santa imagem que meteu na cesta onde guardava as maçarocas e a merenda. A imagem era de pequena dimensão, mas muito formosa. E a pastorinha guardou-a e enfeitava-a como podia e sabia, com as mais lindas flores que topava nos campos ou no monte. Ao voltar a casa, no fim do dia, cuidava da roupa da imagem. As ovelhas, apesar de fartas e nédias, eram apresentadas quase sempre nos mesmos lugares, o que motivou acusações por parte de outrem à mãe de Joana. Tudo isto e as teimosias da filha a fizeram enervar e, sem mais, tirou-lhe a imagem, que teve por uma vulgar nena ou boneca, e atirou-a ao lume. A menina, transida de pavor, gritou; “Tá! Minha Mãe! É Nossa Senhora! Ai! Que fez?”. A fala começou a prender irreversivelmente a mocinha pastora e a mãe ficou com o braço paralisado, transe de que se curou com a oração de ambas.»
« (...) foi permitido aos Jesuítas, a título transitório, que dirigissem o culto da Lapa, auxiliando os fieis e atendendo-os de confissão. Porém, no ano de 1575, o padroado da Abadia de Vila da Rua passa a jurisdição e posse da Coroa Portuguesa, com o curato de Quintela que lhe estava adstrito e em cujo limite se encontrava a Ermida da Senhora da Lapa. Em 1576, sob autorização do Papa Gregório XIII, D. Sebastião, deu a Igreja da Rua, com metade dos seus réditos, ao Colégio de Jesus, que os Jesuítas fundaram em 1542 e possuíam em Coimbra, ficando-lhes a pertencer também o Oratório da Lapa. Efectivamente, D. João III tinha-lhes entregue o Colégio das Artes, com a promessa de um dote, para côngrua sustentação, promessa que não satisfez na totalidade, cabendo o ónus do cumprimento ao seu sucessor. Vindo estabelecer-se na Lapa, os Jesuítas dão corpo, com o auxílio de particulares, à edificação do Santuário e do Colégio, obras iniciadas no século XVI. O Colégio, junto ao Santuário, começou nos finais do século XVII, mais exactamente em 1685 e ficou sempre obra não acabada. O complexo religioso e escolar afirma-se progressivamente como um prestigiado e prestigiante santuário de peregrinação nacional e um notável pólo de de aquisição e consolidação de cultura. O colégio locupleta-se de escolares. E a Senhora da Lapa impõe-se como um centro de irradiação do culto à Virgem e como fermento de mais povoações, cidades, dioceses e santuários um pouco por todo o mundo, sobretudo pelas inúmeras estâncias por que andarilharam os padres jesuítas. »
« em 1576, a Lapa foi confiada aos Padres da Companhia de Jesus, sediados no Colégio de Coimbra onde vieram a construir no planalto inóspito de penedos e fraguedos um Santuário com a gruta de Nossa Senhora da Lapa a ficar dentro de portas e ainda um Colégio. A Senhora da Lapa, em Portugal e Santiago de Compostela em Espanha chegaram a ser os dois Santuários mais importantes da Península Ibérica até à expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal em que ficou ao abandono».
Até ao inicio do século XX foi frutifico ouvir falar de Milagres onde o profano e a religião cristã se confundem em brutal simbiose para estranhar a família jesuíta tão crente abençoada de sapiência intelectual e filosófica os cimentar com facilidade. Curiosamente a Imagem da Senhora da Lapa parece imitar a imagem do Menino Jesus de Praga, ao se mostrar ingénua, com as vestes rematadas por lacinhos. Se a lenda reporta a 1498 aventa ter sido trazida por judeus em fuga do êxodo de 1492 de Espanha, como outras achadas escondidas entre pedras...Como o sítio da Senhora da Luz de Pedrogão Grande.
De imediato pedi à minha filha para estabelecer abordagem com a Irmã Lídia Lemos, o que fez em boa hora. Mais tarde esta veio a solicitar ajuda a outro jesuíta - Abel Estefânio. Então doente, de realçar o seu exaltado contributo, por o conhecido ser escasso. Empenho dedicado, que muito se agradece e, se descrimina:
No Livro Loreto Lusitano, Virgem Senhora da Lapa, do Padre António Cordeiro, de 1719 reeditado em 2019, páginas 59, 85, 1111 (…) o Padre António dos Santos era doente antes de chegar à Lapa onde melhorou, vivendo muitos anos, tendo sido Superior da Residência da Lapa.
Era desconhecido o fato de ser doente, por isso deixou Lamego.
Na obra Synopsis annalium Societatis Jesu in Lusitânia, de António Franco de 1726, página 418, refere o ansianense, falecido a 25 de dezembro de 1704, era coadjutor espiritual, possuidor de uma rara gentileza, de uma grande tendência para o desenvolvimento espiritual, incansável para ouvir em confissão o grande número de peregrinos que acorriam à Nossa Senhora da Lapa e auxílio dos doentes e pobres.
Segundo o Padre José Eduardo Reis Coutinho nos eu livro de 1986 «movido pelo zelo caritativo e com um forte espírito de serviço para com os pobres e necessitados, foi assistir soldados vitimas de doenças infecto- contagiosas, que acabou por contrair, vindo a morrer em 25 de dezembro de 1704, na residência de Nossa Senhora da Lapa em Quintela da Lapa em Sernancelhe junto ao Santuário do mesmo nome, e no qual assiduamente ouvia os peregrinos em confissão, pois, na Companhia, tinha o grau de coadjutor espiritual.»
No Arquivo da Universidade de 21 de novembro de 1701 (…) Processo na Câmara da diocese de Coimbra, à autorização pedida pela Misericórdia de Ansião ao bispo para se poder celebrar missa na Igreja que tinham acabado de construir. Dizem o provedor e mais irmãos da Mesa da Misericórdia da villa de Ancião que por the o prezente se não ter acabado a igreja da dita Santa Caza se não celebrou nella o santo sacrifício da missa. E porque os supplicantes a têm acabado e preparado com todo o ornato necessário e está capaz para nella se celebrar o dito santo sacrifício da missa, o que não pode ser sem licença de Vossa Ilustríssima Senhoria (…) Reverendo arcipreste do Alvorje fui a villa de Ancião fazer vestoria na igreja da Mizericordia e achei acabada com muito aceo e perfeição no tocante ao material de paredes, altares, púlpito e portas, em que não ha indecencia alg˜ua, e por ditto de muitas pessoas das principaes da ditta villa me constou que o doutor António dos Santos Coutinho, conigo em Sée de Lamego se tem obriguado a dar para ornato do altar-mor dois frontaes, duas vestimentas com tudo o neceçario para se dizer missa e hum calix de prata sobre dourado e galhetas de prata e que a isso se obriguara o ditto conigo por h˜ua escriptura que esta nas notas da ditta villa e que se obrigua também a dar sem mil reis para renderem sinco perpetuamente para a fabrica da ditta igreja, por cuja cauza me parece que se lhes deve conceder aos irmãos da Mizericordia a licença que pedem. Alvorge, em 3 de Março de 1702. Passe licença para o reverendo parocho benzer a igreja de que se tracta por evitar o damno que lhe pode rezultar de pella falta de se não dizer missa perder h˜ua grande esmolla de hum devoto de que consta na informação atras, querem os supplicantes aprezentar ao capitão Manoel Godinho da ditta villa e este obrigar-se por termo a restituir o ditto dinheiro quando delles sua Illustrissima lhe não fassa esmolla quando se recolher (…) Fazendo depozito na Câmara do marco de prata que pertence a sua Illustrissima, que se lhe restituirá sendo-lhes pello mesmo Senhor remetido.
Obscuro, ter sido o vigário do Alvorge, o Dr. Francisco Freire da Silveira a inspecionar a Igreja. Mais adiante temos um registo de batismo aos 10 dias do mês de Março de 1711 de minha licença, o Doutor Francisco Freire da Silveira vigário do Alvorge. Diz-nos que o vigário sendo afeto ao Alvorge, esteve de empréstimo na paroquia de Ansião, em 1702 quando fez a vistoria a igreja da Misericórdia e ainda vigorava em 1711.
Curiosamente encontrei esta última informação na mesma altura que recebi a informação de Abel Estefâneo
Obra Portugaliae Monumenta Misericordiaum de Maria Marta Lobo de Araújo e José Pedro Paiva excerto https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/8636/1/PMM_Vol6.pdf 1701, anterior a 21 de Novembro, [Ansião] a 1702, Abril 3, Coimbra
Processo elaborado na Câmara Eclesiástica da diocese de Coimbra, relativo à autorização pedida pela Misericórdia de Ansião ao bispo daquela cidade, para se poder celebrar missa na Igreja que tinham acabado de construir. Arquivo da Universidade de Coimbra – III/D,1,6,1,13, doc. 20. Dizem o provedor e mais irmãos da Mesa da Misericordia da villa de Ancião que por the o prezente se não ter acabado a igreja da dita Santa Caza se não celebrou nella o santo sacrifício da missa. E porque os supplicantes a tem acabado e preparado com todo o ornato necessario e está capaz para nella se celebrar o dito santo sacrifício da missa, o que não pode ser sem licença de Vossa Illustrissima Senhoria. Pedem a Vossa Illustrissima Senhoria lhe faça merce conceder licença para que na dita igreja se celebre o dito santo sacrifício da missa. (Rubrica). O reverendo arcipreste do Alvorje fazendo vistoria informe. Coimbra, em mesa, 21 de novembro de 1701. (Assinaturas) Teixeira. Carvalho. Antam.
Illustrissimo Senhor. Fui a villa de Ancião fazer vestoria na igreja da Mizericordia e achei acabada com muito aceo e perfeição no tocante ao material de paredes, altares, pulpito e portas, em que não ha indecencia alg˜ua, e por ditto de muitas pessoas das principaes da ditta villa me constou que o doutor António dos Santos Coutinho, conigo em a Sée [fl.1v.] a Sée de Lamego se tem obriguado a dar para ornato do altar mor dois frontaes, duas vestimentas com tudo o neceçario para se dizer missa e hum calix de prata sobre dourado e galhetas de prata e que a isso se obriguara o ditto conigo por h˜ua escriptura que esta nas notas da ditta villa e que na ditta escriptura se obrigua tambem a dar sem mil reis para renderem sinco perpetuamente para a fabrica da ditta igreja, por cuja cauza me parece que se lhes deve conceder aos irmãos da Mizericordia a licença que pedem. Alvorge, em 3 de Março de 1702.
Passe licença para o reverendo parocho benzer a igreja de que se tracta e nella se poder diser missa. Coimbra, mensa, 17 de Março de 702. (Assinaturas) Teixeira. Carvalho. Simões. Francisco Theive da Silveira.
Querendo os supplicantes tirar a licença na forma do despacho retro, lhes pede o escrivão da camara sete mil reis dezasseis tostois para elle e hum marco de prata para o Illustrissimo Senhor Bispo, sendo que o Illustrissimo Senhor Bispo para ajuda da dita igreja deu a sua esmolla e de prezumir he que tambem dê por esmolla o ditto ma[r]co de prata, porque conhece a muita pobreza da dita Santa Caza da Mizericordia, e para isso determinão os supplicantes recorrer ao Illustrissimo Senhor Bispo. E no entanto, por se não dilatar o dizer missa na ditta igreja, por evitar o damno que lhe pode rezultar de pella falta de se não dizer missa perder h˜ua grande esmolla de hum devoto de que consta na informação atras, querem os supplicantes aprezentar ao capitão Manoel Godinho da ditta villa e este obrigar-se por termo a restituir o ditto dinheiro quando delles sua Illustrissima lhe não fassa esmolla quando se recolher. Pede a Vossa Merce lhe faça merce mandar que obrigando-se o ditto capitão por termo na Camara, o escrivão della lhe passe mandado de licensa na forma do estillo. (Rubrica).
Registada em mesa. (Assinatura) Teixeira.
Fazendo depozito na Câmara do marco de prata que pertence a sua Illustrissima, que se lhe restituirá sendo-lhes pello mesmo Senhor remetido. Passe licença, Coimbra, mensa, 3 de Abril de 1702. (Assinaturas) Carvalho. Caldeira. Antam.
Passada a licença aos seis de Abril de 1702
Igreja da Misericórdia de Ansião
Nas Memórias Paroquiais de Ansião a informação do juiz Manuel Rodrigues em 1721 «o Doutor António dos Santos Coutinho cónego que foi da cidade de Lamego fez uma igreja de Misericórdia que não tinha rendas à qual se anexou uma albergaria de Nossa Senhora da Conceição (...) instituiu um Morgadio em que parte dele estava na vila, sendo seu administrador Manoel dos Santos da Guarda, termo da villa do Rabaçal, que auera 25 annos que foi instituído». Pela dedução é apurado o ano de 1696, quiçá o da sua chegada a Ansião (...) " mandou erigir uma Capela entre Santiago e Rabaçal" .
Retira-se da informação que o Morgadio foi instituído em 1696, credível a poente de Além da Ponte, pelo chão na mão de descendentes; o meu quinhão e o da minha irmã. E a capela foi erigida na Junqueira, que teve frontaria inicial a poente. Então o limite do Rabaçal seria por ali e anular a hipótese de ter sido a capela da Ribeira de Alcalamouque.
A estela de pedra na Igreja da Misericórdia refere-o
Doutor em Teologia,
cónego magistral da Sé de Lamego e Provisor geral do seu bispado. Como encargo, Missas aos domingos e dias santos, pela sua alma e a dos
fundadores e irmãos da Misericórdia de Ansião, assim como pelos seus pais e
benfeitores da mesma Santa Casa.
Devoto, pela escritura da esmola de cem mil réis, a render cinco perpetuamente. Em 1706, um grande vendaval deixa a Igreja desativada e, a Imagem recolheu à matriz. A demora do seu reparo mais de 60 anos. Se havia farta esmola e outra a render, em que mãos andaram? Em março de 1769, o Padre Serra informa o bispado; já apresenta a Misericórdia com tudo o necessário para servir o culto do santo sacrifício da Missa.
Em vão a pesquisa do seu registo de batismo. Especula-se nascido por volta de 1650 e, aos 12 anos, ingressou no noviciado a 6 de maio de 1662, data avançada pelo seu descendente Padre Coutinho no seu Livro de 1986 « com o grau de coadjutor espiritual ouvia peregrinos em confissão e movido pelo zelo caritativo e com um forte espírito de serviço para com os pobres e necessitados, foi assistir soldados vítimas de doenças infeto-contagiosas, que acabou por contrair, vindo a falecer a 25 de dezembro de 1704».
Desconhece-se ainda se frequentou o Noviciado, na Residência da Granja dos Jesuítas de Évora, em Santiago da Guarda, ou em Coimbra. Contudo, ao ter instituído um morgadio com parte na vila até à imediação do Rabaçal, se avente tenha frequentado a Residência da Granja, a que se junta a escolha do administrador da capela da Junqueira, ser da Guarda. Sobre ele, não encontrei informação nos Jesuítas de Évora nem de Coimbra. Como não encontrei o seu registo de óbito. Na penumbra se teve amparo na sua ascensão e tomada de cargo importante na Sé de Lamego, se atender a um tempo com muitos indivíduos ordenados se mostrar ser superior aos lugares a ocupar. Foi Mestre, cónego magistral desse bispado, com o papel de Provisor ( punia quem não cumprisse com a indumentária, barba e tonsura e passava cartas de cura. Os examinados ficavam descritos num livro, que daria ao escrivão da Câmara .A ele estava reservado passar licença para peditórios e cautelas com o selo do Bispo. Como o Provisor e ao Bispo estava permitido passarem licenças para a pregação entre outras funções). Vivência ao tempo do bispo que ali esteve até 1706 - D. António de Vasconcelos e Sousa, filho do 2.º conde de Castelo Melhor, com terras na Guarda, em Ansião . Em genealogia, abre-se perspetiva a costado da condessa de Vagos - D. Maria Coutinho do Senhorio de Abiul e terras na Comenda de Soure. Também se conhece este apelido Coutinho com um licenciado no Rabaçal.
« segundo uma tradição familiarmente conservada, viveu na casa senhorial defronte a igreja matriz e a ele também se deve a edificação da ermida da Rainha Santa Isabel, em Além da Ponte.»
A casa senhorial, hoje palco da pastelaria Diogo, não existia na centúria de 600 do séc. XX. Foi mandada construir pelo novo-rico Manuel dos Santos Franco, com o ouro verde do Brasil. Uma forte possibilidade atendendo ao pedido de passaporte em janeiro de 1913 para o Brasil de Augusto Maria Coutinho, levando a mulher Cecília e 5 filhos. No Brasil já estava o seu irmão Artur; em supor foi o Augusto quem lhe vendeu o lote e casa de família Coutinho, já que tinha necessidade de custear a viagem e se suprir no Brasil até arranjar emprego. E assim crer que a rica memoria familiar conservada do sítio da família Coutinho em 600, tenha sido ali onde o laureado Mestre nasceu e seus descendentes, mas, a casa que existe é que não.
Sobre a capela em Além da Ponte, a mim faz sentido dizer que foi erigida a marcar o inicio do Morgadio, para não se perderem as memorias da Rainha Santa Isabel, de quem era estremoso devoto como todos os jesuítas e, não apenas uma ao limite norte do fim do Morgadio. Ate porque ele tinha conhecimento da Feira Franca que lhe era dedicada na Constantina - debalde sem noticia que tenha lá ido tão pouco deixou esmola. Porque seria? Rivaliddae com a Confraria da Misericórdia onde os seus pais tinham papeis a desempenhar? O mais provável.
Em 1706 houve um grande vendaval que deixou desativada a Igreja da Misericórdia, ora estando na mesma direção da suposta existente em Além da Ponte, tenha também deixado esta capela, muito mais pequena, demolida. Porém por ser particular e o donatário já ter falecido em 1704, não foi mote de menção nas noticias do juiz em 1721, nem aposta de restauro pelos herdeiros. A capelinha que existe foi apenas erigida nos finais do séc. XIX e ao orago S. Pedro , só mais tarde foi entregue, e não se sabe por quem, um oratório com Imagem da Rainha Santa Isabel.
Lateral norte e tardoz da Albergaria que instituiu em Ansião adoçada à Casa da Misericórdia Pelos telhados, percebe-se que a parte do portão foi acrescentada depois do aluguer em 1924, onde funcionou uma taberna.
Se analisar a estela - encargo, Missas aos domingos e dias santos, pela sua alma e a dos fundadores e irmãos da Misericórdia de Ansião, assim como pelos seus pais e benfeitores da mesma Santa Casa. Casa. Suscita os seus pais tiveram algum papel na Confraria da Misericórdia. A quem a tenha deixado a gerência da nova albergaria com apoio assistencial de enjeitados. Na lateral existe a porta inicial, com a tranca da fechadura e uma montra que foi aberta nessa altura (1924) onde se suponha foi a janela da roda.
No tardoz da albergaria
No tardoz da Casa da Misericórdia e da sua Albergaria , houve as cavalariças e palheiros e naturalmente casario adjacente a pessoal que aqui trabalhava. Numa delas veio a nascer segundo a São do Ti Estevão Tojo, nos finais do séc. XIX - João Gomes dos Santos. Foi emigrado ao Brasil uns anos e depois de regressado comprou um lote a seguir à casa onde nasceu onde construiu uma vivenda de gaveto com a Travessa da Misericórdia e a Avª Dr. Vitor Duarte Faveiro. Casa de arquitetura graciosa ao estilo Português Suave que o dinheiro do ouro verde do Brasil lhe proporcionou onde viveu os últimos anos de vida e faleceu, a sua filha Paulete. Era também pai do poeta mais célebre de Ansião - Políbio Gomes dos Santos, nascido em 1911 no r/c da casa onde funcionou o Posto da GNR.
Conclusão
Informação relevante, a depreender que o Mestre era doente, para ter deixado o cargo na Sé de Lamego e se transferir para desempenhar o lugar de Superior na Residência da Lapa, onde melhorou de saúde. De Sernancelhe, veio à sua terra - Ansião, pelo afeto ao comum topónimo Senhora da Lapa - o cerrado nascente do atual cemitério, antes em 1800, onde era foreiro da Quinta de S. Lourenço - António Caetano dos Santos Coutinho. Um seu ascendente.
Não foi incumbido por Dom Luís de Menezes, o Senhor de Ansião, por ter falecido em 1690. Não se vislumbra outra influencia , antes vontade própria no propósito de construir uma Igreja para a Misericórdia de Ansião. Sendo percetível que os seus pais eram confrades com papéis na Casa da Misericórdia. Ao tomar conhecimento que a ermida de NSConceição que a servia, era pequena para atender enfermos, prestar sacramentos e receber enjeitados, tenha tomado a decisão da obra , como está exarado na estela na Igreja. Além de ter deixado uma Albergaria anexada, sem rendas, para cumprir essa função, de apoio assistencial ás crianças.Um digno benfeitor de Ansião.
Quando os ouvidos e olhos ignoram a Cultura resta a Palavra na informação!Reivindica-se no direito à Cidadania justiça cívica de o vir a agraciar na toponímia. Exalta-se repto sugestivo à alteração da Rua Almirante Gago Coutinho, por ora sem significado na vila, graças ao estrangulamento ao Ensaio – para Sul: Rua Sociedade Filarmónica Santa Cecília de 1903 e para norte, pese menor, assim grande pelo palco do Hospital, Casa da Misericórdia e Albergaria a ser atestada - Rua Dr. António dos Santos Coutinho. Numa só emenda, a correção a duas grandes faltas, na voz do povo matar dois coelhos de uma só cajadada a dois grandes esquecidos!
Situação a merecer reparo e urgente, para isso haja gente de gabarito a se impor e a todos calar agora pelo sábio saber!
Em fica pé, em repor a legitimidade do passado. Ao se exaltar do esquecimento ilustres presentes no progresso de Ansião, em honra a reparar e a fazer bem feito a melhor herança a deixar aos vindouros o que foi o passado histórico e suas individualidades!
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/8636/1/PMM_Vol6.pdf