sábado, 18 de abril de 2020

Escarramoa, na Chã Galega, ambas sem atribuição na toponímia em Ansião

Escarramoa
De Ansião para sul a uns 3 kms ao limite da Chã Galega , foi perdido o topónimo Escarramoa a favor de credenciar o topónimo Cavadas .
O nome Escarramoa?
Confirmei com uma simpática velhota de 95 anos, já nas Cavadas, no casario à esquerda, antes do retiro de descanso dos peregrinos. E com a prima Júlia Marques Silva, que  veio a herdar do pai Manuel Marques da Silva, do Casal das Pêras, uma fazenda que vendeu ao Sr. Abílio das Neves Rodrigues, de Albarrol. Em miúda cheguei a acompanhá-la com a carroça cheia de estrume para as duas terras; na Escarramoa e outra mais abaixo na quinta... A toponímia por Ansião anda mal há muitos anos.
Carta Militar n° 275 de Ansião , 1947 entre a Chã Galega, Cavadas e Sarzeda
 
 Excertos da Carta Militar da década de 1984
Escarramona 
Nome antigo refuta origem ao malfeitor , alcunha Escarramona no  Livro de Alberto Pimental 
Na sua estadia em Ansião em 1903, diz " (...) audaciosa quadrilha de salteadores, de que era capitão um preto, o famoso Escarramona, que foi decapitado no Valle do Judeu, sendo a sua cabeça espetada num pinheiro ..." 

Aurora Silveiro, de Ansião  partilhou que colegas que com ela trabalharam na CUF, diziam que entre a estrada que vai para o Vale do Boi e a Venda do Brasil,  em Santiago da Guarda, tinha sido decapitado em Vale do Judeu, o malfeitor Escarramoa

Excertos das Memórias Paroquiais Setecentistas
« fazem referência à estrada medieval vinda de Ansião que se bifurcava em duas variantes; uma para a Barreira e outra a para sul, Almoster e na ligação ao poente Albarrol »
                   
Encruzilhada para a Escarramoa  
O entroncamento para a Escarramoa, em dias de chuva serve de leito ao Ribeiro da Boucha. Portanto não seria utilizada de inverno com frequência.
 Escarramoa
 «(...) a Escarramoa, em 1758 tinha 2 vizinhos» segundo as Memórias paroquiais
Instiga dizer que  exploravam uma taberna , teria sido onde esta casa que debaixo passa o ribeiro, e para a direita seguia para a Quinta das Sarzedas.  
Leito do ribeiro da Boucha com passagem por debaixo da casa
O  ribeiro da Boucha após passar debaixo da casa dirige-se a caminho do aqueduto da estrada

Abertura da nova acessibilidade em finais do século XIX , de Ansião para a Barreira
Cortou a Quinta de Sarzedas e a Qquinta do Martim Vaqueiro.
Encontrei a antiga placa em cimento da paragem da carreira 
Prostrada no chão em total abandono, se um dia tivesse um comércio a ia buscar para lhe pôr defronte!

 Vista do ribeiro da Boucha do lado poente
Vista sobre a várzea com o ribeiro da Boucha a delimitar a norte
Várzea da Quinta das Sarzedas
A norte, o 1º entrocamento cuja placa toponómica SARZEDA, devia ser SUÍMO 
E no Suímo falta sinaletica para Albarrol

Discrepância: No Povoamento do Território de Ansião nos séculos XII/I de  Saul António Gomes e Mário Rodrigues  " In occidente à Sumo et Esmoliadoiro et Ansion"E no Livro do Padre Coutinho  "A poente ia até ao Osumio e esmoliadouro em Ansião".

A  herdade de Ansião que foi do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, entestava a poente com a Casa ducal de Aveiro, senhorio de Abiul. E a sul no Suímo, a ligar Albarrol , Nabão e Abiul. 
A Quinta das Sarzedas foi pertença de Pousaflores, concelho de Penela, e fazia extrema com Almoster. 
Provável que o Sr. Padre Coutinho  ao querer escrever Suímo, escreveu erradamente Osumio. 
Entrada principal para a Sarzeda bem sinalizada 
A cultura e as tradições devem ser  mantidas e prestigiadas a honrar os nossos antepassados para deixar aos vindouros , por isso cada um deve assumir o compromisso  de valorizar e respeitar os nomes ancestrais para os deixar bem retratados no apelo à nossa História e identidade. Se no passado todos seguissem essa linha o Dr Savador Dias Arnault não teria tanta dificuldade em atestar os limites da Ladeia, cuja alteração de topónimos e adulteração de outros, a jus terreno pantanoso, quando não o devia ser. Em verdade, o rigor de os manter no tempo ajuda a descobrir o passado e  mais se alcançar . Não se pode em pleno século XXI, continuar a apostar  na falta de cultura na atribuição da toponímia, que muita tem sido aposta com incorreta interpretação de quem ouve que não é dissecadao no Regulamento da Toponímia de 2008, em vigor, e  quando assim é ,Ansião, vai mal na cultura !
Com outro grande erro, a falta de eficácia na fiscalização, o objectivo de  fiscalizar de quem tem conhecimento cabal do concelho e das suas Juntas de Freguesia, com perfil de olho atento e talento para saber correlacionar e  reportar, sem se dar por satisfeito enquanto o assunto reportado não estiver solucionado, e se demorar, intervir, e sim, por certo vai se revelar um grande profissional a ser valorado na sua notação profissional.

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