segunda-feira, 27 de abril de 2020

Jornal O Imparcial de Pombal a noticia de Ansião em 1919

Jornal Pombalense 
O Imparcial
3 de Agosto de 1919 

Partilha de excertos 
Paulo Alexandre Baptista Silva no Grupo Ansião
(...) Provavelmente monárquico dos sete costados... O Imparcial era um jornal republicano (feroz contra a monarquia) e o correspondente em Ansião sofria da «mesma doença»... aparecem muitas «noticias» do correspondente em Ansião seguindo  sempre a mesma bitola... malhar na monarquia e nos padres...»
A notícia pese pequena, desperta a curiosidade em mais se deslindar do passado de Ansião, por isso a partilha se mostra tão estimulante, a quem se agradece a cortesia.  
Dissecar a noticia exarada no Jornal de 1919
Referencia em 1919 à Festa de S Pedro em Além da Ponte
Comissão 
Dr Cezar Mendes d'Almeida
Não sei quem foi esta individualidade, a sua profissão quando esteve em Ansião, seria juiz (?). Encontrei na Torre do Tombo menção a César Augusto Mendes de Almeida  em 1888-03-19, transferindo-o para o lugar de Juiz de Direito da Comarca de Santiago do Cacém, desta para a de Alcácer do Sal, nomeando-o para a Comarca de Moncorvo.Será a individualidade que se pretende encontrar, teria sido  juiz em Ansião depois dos cargos acima referidos (?).
- A. P. Nogueira 
Pedi no Grupo de Ansião se alguém sabia quem foi esta individualidade - ou o comerciante que viveu  na correnteza a norte do adro , natural da Fonte Galega  Abel Pereira ou Pires ? Nogueira, ou então do Cimo da Rua, o pai ou avô do saudoso Sr César Nogueira.

Prédio de gaveto a sul do adro, da família Veiga Figuiredo, onde funcionou nos anos 40 o Externato António Soares Barbosa e mais tarde foi vendido ao comerciante Porfírio Monteiro.
                            
Grémio Dramático Ansianense
Jamais tinha ouvido falar da sua existência  -mostrou viver ainda e com alma, fazendo subir um balão com oito metros. Alberto Pimentel escreveu sobre Ansião em 1903  (...) Não existe Theatro. Fez-se a tentativa de criar um Club- tentativa que não sei ao certo se chegou a vingar . Até essa época , e talvez ainda hoje, o ponto de reunião às noites era a Pharmácia Lima. Entenda-se que tenha sido criado ao gosto do Grémio Pombalense - Clube Cultural e Recreativo. Em Ansião  o Club  era vivo em 1919. A sua sede teria sido no Ensaio? Porque tinha um palco.
A Extremadura Portuguesa de Alberto Pimentel
Continuando a ler a noticia (...) subiram muitos mais balões, sendo digno de especial menção um colossal verde-rubro que o Sr Virgílio Roriz Valente fez subir e no qual se lia, distintamente pintado em letras descomunais, - Lloyd Peninsular - Companhia de Seguros»
Fulcral notícia com o nome do Mediador de Seguros numa vila de interior - Ansião-  Só podia ter sido o comerciante fundador do Café Valente conhecido por Virgílio Rodrigues Valente para aqui se levantar uma dúvida premente ao apelido Roriz, ter sido no tempo aportuguesado para Rodrigues, tal como o meu...
Em verdade o passado e Ansião na centúria de 500 a  existência de muitos com o apelido Roiz e Roriz, de origem espanhola, judeus, entrados pelas Beiras após a expulsão de Espanha em 1492 com alguns a se encaminhar para o interior e na região se fixaram . Na Confraria de Nossa Senhora da Paz da Constantina muitos dos seus juízes  tinham este apelido. O apelido Rodrigues é anterior a 1175 quando um vendedor Osório Rodrigues vende a sua quinta ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.O que deve ter acontecido e quem escreveu a noticia escreveu Roriz na vez de Rodrigues...
Nos registos paroquiais o apelido Roriz aparece com muita  frequência . O Renato Freire da Paz disse-me que o apelido continua vivo num ramo saído de Ansião, no concelho desconheço se ainda persiste.
Interessante analisar na notícia a mediação de Seguros ser uma evidência em 1919 em Ansião
Em criança ia  passar alguns dias à Mouta Redonda, na freguesia de Pousaflores, aldeia dos meus avós maternos e como sempre fui curiosa recordo de ver umas placas de metal acima do lintel das portas com o nome desta Companhia de Seguros, sem entender a palavra e a sua serventia na década de 60, já velhas e escuras, mas sobretudo por não as distinguir em Ansião na mesma visibilidade como na aldeia na casa da mulata, dos Lopes e da tecedeira e da filha Maria, ao Vale, a este propósito contou-me a minha mãe, elas seguraram a casa vivendo da costura, a máquina era o seu ganha pão.A mulher viúva almejava um casamento rico para a sua "broa inteira" a filha era mulher enxuta e bela e os vizinhos, os irmãos da minha mãe - o Carlos e Alberto Lucas, com o diabo no corpo e por despeito da velha os rejeitar no namorico com a filha, pese serem ricos, decidem no leirão acima da casa delas fazer uma borralheira para as amedrontar . Mal elas deram conta das labaredas assustadas tentam salvar o único bem que tinham, a sua mánica...porque pese serem analfabetas sabiam de antemão se a casa ardesse o seguro a pagava...
Sociedade Filarmónica Ancianense
(...) a festa foi altamente abrilhantada pela Sociedade Filarmónica Ancianense que se fez ouvir com um magnifico programa habilmente regido pelo maestro Artur Maria Coutinho.
O Dr Prates Miguel faz uma observação se não seria Armando Maria Coutinho ? Este trabalhou no Tribunal, também podia etr seguido a musica e igualmente ter sido maestro mas em data posterior (?).
A Sociedade Filarmónica Ansianense foi fundada a 18 de fevereiro de 1903. Mudou a denominação para Sociedade Filarmónica Ansianense de Santa Cecília - SFASC

Artur Maria Coutinho abre-se a especular a origem do apelido Coutinho em Ansião
Os progenitores  de Artur e Augusto Maria Coutinho, naturais e residentes em Ansião, filhos de António Maria casado com Maria da Conceição , nenhum a usar o apelido Coutinho - alegadamente alcunha, ou do pai de António Maria,  filho incógnito (?) ou do avô materno por a mãe não recebeu por ser mulher  mas teimou dar aos seus  filhos? 

Pedidos de Passaporte
Artur Maria Coutinho emigrou em 1908 para o Brasil. O seu  irmão Augusto, lhe seria muito afeiçoado para ter dado o nome dele ao seu primeiro filho. Verossímil que lhe deve ter arranjado emprego e cómodos para o chamar em finais de 1912, pedindo passaporte em 21.01.1913, para emigrar para Santos com a mulher Cecília da Assunção Coutinho, e seus filhos Maria, Clarinda, Artur, Maria Augusta e José Maria. Há época não era usual a esposa tomar o apelido do marido, ou foi engano no preenchimento do impresso ou seriam primos (?). Portanto, aparentemente sem intenção de voltar. A data que emigrou Augusto coincide com a chegada do Brasil de José dos Santos Franco, sendo plausível dizer que vindo com dinheiro se proporcionou o negócio na venda do lote no gaveto poente ao adro da igreja por Augusto Maria Coutinho e seria uma herança de ascendentes do Mestre Dr. António dos Santos Coutinho - por o sitio ter sido invocado pelo Padre José Coutinho .
O novo dono, o Sr José dos Santos Franco, da área útil da casa primitiva juntou o quintal para construir uma bela e grande casa ao gosto neoclássico em ostentação arquitectónica, de sobrado, embelezada de belas portas emolduradas de cantaria com varandas que muito orgulha de brio e prestigio a Praça do Município, não aventam ter maior antiguidade que do inicio do século XX, no r/c uma  franca loja no sentido do gaveto norte/ nascente um com duas pequenas montras onde montou negócio, seguida de garagem . Teve dois filhos, a filha foi regente escolar e a loja foi continuada pelo filho o Sr António Franco que bem conheci, solteiro, sem filhos.
Desconheço quando o Artur regressou. Sim será ele que em 1919 já tinha regressado a Ansião .

Dois belos exemplares de chalets  ao limite do Cimo da Rua com o largo do Cruzeiro
Julgo seja este prédio com a bela varanda ao gosto dos novos ricos com o ouro verde do Brasil mandado fazer por Artur Maria Coutinho depois de regressado do Brasil

Na vila o gosto pela música e pelas artes sempre foi vivo, tocavam-se vários instrumentos, inclusive violino. Por isso tenha nascido a fundação da Sociedade Filarmónica  em 1903. A sede nasceu depois da Republica com a nacionalização da casa do padre no gaveto do quintal a poente onde foi construída a sede do emblemático Ensaio .

Ensaio de gaveto ao Beco
Sem estar atestado na toponímia e devia.
Ao limite a nascente era o quintal da casa que foi dos pais do Mestre jesuíta o Dr António dos Santos Coutinho, hoje da pastelaria Diogo.
Inicio do Cimo da Rua 
Na esquerda a casa baixa onde nasceram outros Coutinhos
Os manos Coutinho nascidos ao gaveto no entroncamento na casa que conheci da Ti Matilde,  solteira.Uma bela casa do inicio século XX se atender a pormenores iguais na frontaria ao Café Valente.Tem costado com a minha família paterna, a mãe destes Coutinhos, nascida no Canto,  irmã  do meu bisavô Francisco Rodrigues Valente 
Mavilde Beatriz Valente , os filhos - Albertino Maria Coutinho , avó paterna da Milú de Além da Ponte 
Armando Maria Coutinho
Júlio Maria Coutinho
Matilde solteira  
"São gorda" mãe do "Armando girafa"
Por desconhecer a descendência de Júlio Maria Coutinho- talvez os pais do "Ti Zé Piloto" e do irmão Jerónimo?
Para apurar se em Ansião  existem dois ramos de apelido Coutinho ou apenas um  (?).
Casa de família de Armando Maria Coutinho
Conheci o Sr Armando Maria Coutinho, viveu ao limite do Canto (remanescente da quinta da Maria Francisca do Vale Mosteiro expropriada a nascente para abertura da Rua Dr Domingos Botelho de Queiroz ) onde a sua mãe nasceu construindo a sua casa entre onde a mãe nasceu e a casa dos seus pais.
O  Padre José Eduardo Reis Coutinho nasceu em chão no que foi o palco do Morgadio, do seu ascendente Dr António dos Santos Coutinho, onde também por costado tenho chão com a minha irmã.Não sei a relação de parentesco aos Coutinho acima, a terão (?)

Manuel Coutinho será irmão do avô do Padre Coutinho de Além da Ponte
As semelhanças deste homem alvitra nascido em Ansião
Foto retirada do livro Alvorge Terra Alta de Jaime Tomás 

Falta saber se os Coutinhos tem parentesco com os Rodrigues Valente 

Nenhum comentário:

Postar um comentário