sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O aniversário dos 7 anos da minha neta Laura

 Dia 27 de novembro de 2022.

Aviei farnel em Almada para levar a Lisboa

Empadas de galinha

Folhados de carne
Pasteis de massa tenra  e bolinhas de queijo
Tarte de amêndoa
Em Lisboa,  captei momentos na sala com os meus 4 netos
Vicente, Laura, a aniversariante de 7 anos, o Gaspar e a Amélia, gémeos

                                      
Tem pele utópica , com edema abaixo do olho
Levamos um livro com dedicatória , chocolates para todos , porque a visita em dinheiro já tinha sido entregue.

Fantasia artística a realçar a sua beleza com genes fenícios
                      
Com as amigas
Teatro
Bolo de anos

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Granja de Façalamim, cerne chão jesuíta em Ansião!

 Crónica com resumo publicado no Jornal Serras de Ansião de Fevereiro de 2023

Conheci a Granja há mais de 20 anos, em dia de muito calor, pelo  mote das argolas à laia das vendedeiras de barros dos Ramalhais, compradas em Pombal, que adorava, depois  usurpadas.

                                     

 O termo Granja, a primeira vez que o enxerguei na camioneta depois de Cernache para Coimbra . 

Graças à  leitura do  livro de Ansião, oferta do Padre Coutinho,  o privilégio de conhecer o encanto que a ruína incita em mim... Sem medo  das silvas e da hera, na  pretensa de dar a conhecer o património cultural esquecido de Santiago da Guarda, no concelho de Ansião. Subi, escorreguei, caiu-me a máquina vezes sem conta...A minha mãe chamava-me a todo o instante, com receio que me pudesse magoar...Imóvel particular, com história e estórias, devia ser público,  por deter o cerne jesuíta no concelho de Ansião!

 Apesar da secura do estio a sul  do paço haviam couves galegas e lombarda


A forte visualização da crónica :
https://quintaisisa.blogspot.com/2011/02/a-granja-dos-jesuitas-em-santiago-da.html
Permitiu a outros escrever cronicas sem visitar o local, com menção das minhas fotos. 
Sem modéstia, a exposição pública então quase inédita, criou influência a  projetos culturais e  turísticos.
 
O SIPA, atribuiu em 2000, aos Paços da Granja o Número IPA Antigo: PT021003070023. Arquitectura residencial, setecentista. Paços e Residência dos Jesuítas. Casa de planta retangular, elevada em dois pisos, com construções dependentes frente à fachada principal e pombal nas trazeiras. Construção junto à importante estrada, com extenso campo produtivo.Edifício de planta rectangular, de leitura ilegível dado o estado adiantado de ruina e a vegetação daninha que a envolve, de dois pisos. Na fachada principal, uma escadaria de lanço único com patamar acede à capela de pórtico de verga recta com a inscrição incisa: "IGNCIO DE LOYOLA (_) DA COMP.A DE HIS ROGAI POR (NOS)", sob os símbolos do martírio de Cristo. Fachadas abertas por múltiplas portas e janelas rectas e de avental. No interior inúmeras divisões ligadas por corredores desenvolvem-se em ambos os pisos de pavimeno inexistente. Nas trazeiras do edifício principal, encontra-se um POMBAL coevo, cilindrico de alvenaria. Em outras construções de apoio à casa surgem inscrições nas padieiras tais como as siglas da Companhia de Jesus "HIS" ou datas "1693".
 
A igreja de Santiago da Guarda 
Foi pioneira, julgo pela mão do Sr.Padre Armando da Constantina, então pároco da freguesia, a enxergar a potencialidade da aldeia da Granja, quase abandonada, ao adquirir a Casa da Câmara, para instalar a coleção memorável de fósseis  em  2007 na Casa Museu dos Fósseis, a que dediquei a crónica:
https://quintaisisa.blogspot.com/2016/09/casa-museu-dos-fosseis-na-granja.html
 
Foto Sipa ,  a mesma  partilhada há anos pelo  Sr. Padre  Manuel Ventura Pinho
A  casa da câmara de sobrado e janelas de avental 

Reabilitada em 2007

Foto tirada da Casa Museu dos Fósseis  

Mereceu crónica  -  Casa Museu dos Fósseis na Granja em Santiago da Guarda

 Pias de pedra a servir de floreiras 

                  

Seguiu-se em 2010 o alojamento local com as casas turísticas da Granja entre  demais recentes

                            

Fonte da Granja

O antigo poço da Granja foi  transformado nos anos 60 do séc. XX  sendo fechado para a valência de fonte, com roda de ferro. O meu avô  "Zé do Bairro" foi pedreiro, do empreiteiro Sr. Margarido de Santiago da Guarda, com muitas empreitadas  para a Câmara de Ansião, onde alteraram outras fontes na mesma altura. Esta não sei se foi ele. Desconheço se o poço foi alvo de intervenção para averiguar se tem escadaria,  que em terra cársica servia para saciar a sede aos viajantes. Muitos, tem origem romana, junto das suas vias sendo reutilizados no legado Al-Andaluz.Sendo necessário fazer a sua catalogação, para não se perder a sua identidade. Como ajudar a perceber se a estrada vinda da Junqueira é romana ou medieval.
A autarquia embelezou a entrada norte com uma estrutura  em forma de casa de pedra aberta.
Na entrada um ponto de água, no interior zona de descanso e, no tardoz duche para os peregrinos. Não me recordo de sanitário...Terá? 

O antes e o depois das obras
 

As primeiras referências ao topónimo Façalamir ou Façalamim 

O topónimo tem a sua origem no legado Al-Andaluz, foi perdido já no séc. XX, mas,  devia ser reabilitado, com sapiência para exponenciar o turismo.
 
(...) na carta de testamento da herdade do Alvorge, feita por D. Afonso Henriques ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, em fevereiro de 1141, onde é mencionada a povoação “Façalamim”.

(..) Em 1221, passou o Mosteiro de S. Jorge a beneficiar do estatuto de isenção. Neste ano, pela bula "Sacrosancta Romana Ecclesia", de Honório III, de 19 Fevereiro, foi-lhe confirmada a posse das igrejas de São Tiago da Covilhã, de São Vicente da Beira, no termo da Covilhã, das herdades de Fazalonir [?], de Castelo Viegas, Ameal...

Excerto das Memórias Paroquiais Setecentistas 
(...)  em 1758, possuía 71 fogos (casas) e 243 habitantes, e provavelmente produziam vinho, trigo e cera. Em 1805, a propriedade de Façalamir estaria na posse da Marquesa de Angeja, D. Francisca Teresa de Almeida.
A herdade era muito extensa diferenciada com nomes compostos em que um deles é sempre Façalamim: 
Granja de Façalamim, Campo da Orada, Cabeça da  Granja , ou Várzea  
Casais de Façalamim
Lombo de Façalamim
Garganta de Façalamim
Matos de Façalamim
Dorso de Façalamim
A linha da extrema da herdade  passava longitudinalmente pela Junqueira, aos limites da Torre de Vale de Todos, pelo Sobreiro, a sul limitava com Ansião,  com ligeiras alterações a poente .
Havia lugares a entrar numa e noutra herdade.
Mereceu uma crónica: 
https://quintaisisa.blogspot.com/2013/06/santana-por-ansiao-no-encalce-da-via.html
 
Diz- nos o Padre Coutinho
(...) em documentos de 1164 e 1166 aparece o vocábulo "arracef" expressa calçada caminho empedrado, os restos da via romana de Scallabis (Santarém) ,Sellium (Tomar) com passagem por  Conímbriga, ladeando Façalamim.  
 
Nas caminhadas pelo concelho, tenho localizado troços desta via romana como de secundarias, que infelizmente ainda não estão catalogados e deviam.  
Na derivação da via principal de Braga para Lisboa, algures, entre a Fonte Coberta ou Tamanzinos, a  via ou seguia por Alcalamouque, Junqueira, Granja, Estrada, Vale de Boi, com um troço catalogado, Pinheiro, Santana Nogueiros? Ansião, falta saber, onde atravessava o rio Nabão, talvez na ponte dos Poios? Já que a ponte Galiz, sendo parecida é nitidamente mais recente,  será obra  da abertura da estrada para os Anacos, nos inícios do séc. XX.
A variante  pela Junqueira, dada  pelo poço de chafurdo transformado em fonte,  na ligação à Granja, com outro poço, que  a ser romano, o que falta atestar, ditará esta via mais antiga.
 
O que as pedras nos falam?

Voltando à via romana outra perspetiva aventa ter sido  pela Fonte Coberta , Fonte do Alvorge,  Alvorge, depois da ladeira descalçada e da circular  o  último troço de calçada, induz ser medieval, a evidenciar ser mais recente que invoca no núcleo histórico do Alvorge. Em acreditação foi o cenário à fixação jesuíta! O que senti em deslumbre pela  data de 1565, entre outras (1753 e 1830) na capela Espírito Santo, que teve sacristia e foi demolida segundo o Padre Coutinho . Acresce a subtil pomba na empena da casa a sul, a jus ao orago ESanto, da capela. Descobri em 2016  nessa casa a sul da capela os patamares das varandas antigos onde foi reutilizado nas ombreiras um lintel falante ; um com a sigla grega jesuíta, outra com as letras QDEVS; e outro com OVLM faltando descodificar uma. Acaso teria sido o palco da primeira matriz do Alvorge que passou para os jesuítas, por o arco sineiro ter incisa uma pequena Cruz igual à  da Casa da Roda na Granja...o que fiquei a pensar. Demorei  a esmiuçar estes factos até entender que a capela  reclama ter sido  sítio de enjeitados.

Fotos para comparar a Cruz na casa da Roda na Granja e a da capela que não se ve  no arco sineiro
 
            
Evidencias que contrariei  ao baixar o deslumbre da descoberta -  ser, ou não ser, já que nem tudo o que parece é, só Deus sabe.  Foram anos de investigação. Em crer,  o  lintel,  quiçá veio da Granja,  aqui reutilizado, cortado em 3 partes. Já que defronte, na casa da D. Clementina, as colunas do seu varandim foram pertença do solar dos Carneiro Figueiredo da quinta da Ladeia.
 
Partilha de duas fotos por Jaime Tomás 
Da  Igreja de Alvorge com os símbolos dos jesuítas. 
A Igreja tve uma grande transformação em 1577 (se não estou enganado).
 
A herdade do Alvorge foi a herdade mãe. A herdade de Façalamim, inserida no seu território,  é que foi doada aos jesuítas. O que permite presumir que as imagens que partilha, foram para essa igreja transitadas , após os jesuítas terem deixado o paço, comodo bispo que o frequentou em festas.Porque eram de melhor valia, sendo espolio da capela que havia no 1º andar do paço.
Como sabe, até melhor do que eu, o povo no Alvorge, sempre reutilizou materiais de casas em abandono. Já os Santos, ao que me parece estão na capela da Orada. 
   
 
Alvorge a casa onde deslindei a cantaria falante na frontaria
No gaveto a sul há uma janela de avental pequeno com a data 1704, se não me falha a memória. Nos meados do século XX a reutilização atual  com a cantaria.

                    
Rodapé da esquerda com a sigla grega jesuíta IHS
Rodapé esquerdo com letras QDEVS e na direta OVLM,  falta uma letra encoberta pelo patamar
Não consegui traduzir do latim, nem em separado nem juntas, no corte foram eliminadas outras letras. 
 
O meu bom amigo Dr. João Santos a quem pedi ajuda para decifrar as palavras sora  a sigla OVLM é de origem cabalística, é de um ambiente muito complexo, mas basicamente refere-se ao mundo terreno, com objectivo de afastar demónios, ou seja o efeito de um amuleto.
 
Com esta dedução é  admissivel  que o lintel fosse a padieira do noviciado a sul, a parte mais desmoronada. Ao deduzir das Memórias paroquiais que os aprendizes eram pouco capazes, em crer,  pese a frase a entestar as suas cabeças no dia a dia, debalde sem conseguir afastar os demonios da carne...
Não se mostra a história uma ciência exacta 

A salvo, e ao devido respeito, sendo naturalmente o maior, à descrita pelo ilustre pioneiro Padre Coutinho, em abono a minha epifania - é desconhecida a chegada jesuíta a Façalamim.

O autor menciona  em 1717, a Companhia de Jesus obtém mais 6 residências, com a 2ª em Façalamim, onde depois, os jesuítas se instalaram na Granja, junto da estrada Coimbrã, de sólida construção setecentista, em dois pisos, de inúmeras divisões, portas, janelas de avental e corredores.   

A Cabeça da Granja, cujo topónimo Cabeça, alude à centralização do poder da Vintena, ali sediado nos finais da centúria de 600, atendendo à de Ansião, por volta de 1679, pelo que a obra do paço, tem de ser anterior à citada (depois de 1717) dada a menção nas MParoquiais, em 1701 recebeu o minorista Thomé Mendes irmão, do Cura Manoel Mendes como é referida a presença de aprendizes, pouco capazes...  

O Tribunal, com jurisdição cível e crime, já que antes fora, em Coimbra. 

Os jesuítas executavam  as penas no 1º andar, junto da capela, com a forca entre duas paredes estreitas, viva na memória do povo, como dos foragidos à justiça em Ansião, ali chegados pediam abrigo ficando libertos a troco de trabalho na granja... 

E, a prisão? Sem deslindar grades, levanta o véu jamais saiu do Alvorge, a herdade mãe, sita no atual Centro Etnográfico.

Centro Etnográfico do Alvorge 
 
 A Casa da Roda da Granja 
Aflige-me sempre estar perante estas casas onde tanta criança sem eira nem beira sofreu...

                

                        

A caminho da capela da Orada encimada noutro outeiro                

   
 
  Panorama  da vista no outeiro da capelinha sobre a Várzea
 
 Outra perspetiva da erosão sobre o outeiro a norte 
 
A Granja, foi plantada em chão da várzea beijada a doces cumeadas a salpico de fósseis, cujo cariz histórico do seu passado se mantém.
 
Santiago da Guarda 
Oferece o circuito da Rota da Romanização de Conímbriga, Rabaçal e Santiago da Guarda com o  complexo da Casa Senhorial Conde Castelo Melhor, a cisterna do Carvalhal, e a ruína do Paço jesuíta na Granja. Além da  traça castiça judaica tradicional no casario com arquitetura do V invertido, a sustentar a padieira de portas, balcão, telheiros, bancos de pedra, poços de chafurdo , moinhos de água, lagares, e troços de calçada romana...no Vale de Boi (catalogada, mas, infelizmente abandonada pela autarquia. 
E, queijo do bom! 
A primeira vez, que vi água  num caminho com a valência de ribeiro, vindo dos lados da Junqueira

Outra perspetiva do outeiro sobre a várzea
 O paço jesuíta  
Subsiste a ruína altiva do paço vestido de belos arcos, a jus do convento de Sto. António de Penela.
 
 O paço da Granja  com dois arcos a norte e um a poente, em derrocada, o caus, definha a cada dia !

 Resultado de imagem para santiago da guarda para paço jesuita 

 

Um comentário de Elisabete Lopes na página do Facebook que passo a citar "Pena estar esquecido... brinquei lá muita vez, era pequena, mas lembro-me bem da minha bisavó contar que os peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, pernoitavam na "casa dos bispos" (era assim que era conhecida) e ela dava-lhes sempre um caldo quente. Sempre me lembro de passarem os peregrinos na Várzea vindos de Santiago da Guarda e indo em direção a Granja. Quase todos os dias passavam. Até a cavalo chegaram a passar. Só há meia dúzia de anos é que deixaram de passar. Foi desde que andaram a marcar os novos caminhos de Santiago de Compostela que marcaram por outros lados. Mas pelo que eu tenho ouvido dos mais antigos o Caminho de Santiago passava em Santiago da Guarda em direção a Granja. No Complexo da Casa Conde Castelo Melhor existe a vieira esculpida na padieira, muito antiga, que indica o caminho de Santiago, por isso não consigo entender como marcaram os caminhos sem seguir as vieiras, um dos símbolos do peregrino. No entanto ainda há alguns que passam aqui por Santiago da Guarda."

Dada a visibilidade e âmbito cultural  das minhas partilhas, favoreceu  vir a retraçar  a Rota do Caminho de Santiago, pela invenção de outra nova - a Rota Carmelita, por maiores interesses, nomeadamente dar maior visibilidade a locais com história , como comerciais e turísticos. 
O libreto da  Rota Carmelita, teve  ablação  de fotos da minha crónica https://quintaisisa.blogspot.com/2016/09/o-coracao-religioso-da-senhora-da-orada.html, a repto da Paróquia de Santiago, que não gostava…Engodo, que acedi e, só percebi ao ficar de olho aberto até a autora descambar num congresso em Alvaiázere, ao plagiar as lajes sepulcrais da capela Orada, menção do Padre Coutinho, no seu livro de 1986 com  louvor, por académico, sem validar o livro do pioneiro. Ninguém me contou, estive presente na apresentação.

                        
Lado norte do paço

  

2014 plantio de milho

 

Porta lateral a norte de aceso à semi cave onde foi aqui a cozinha e o refeitório
                  
Acima da padieira uma pequena janela, encimada com o monograma da Companhia de Jesus  I H S. Aqui teve grades.

 

 Ruína sem se saber o que foi no tempo da Vintena, talvez o curral da câmara e afins,  hoje requalificado em turismo de alojamento local .  

                       

A hera escondia a padieira falante com a sigla jesuíta grega Iheus, jubilada por 3 pregos sob coração Ignacio De Loyola Da Comp. A De Hi Rogai Por (Nos).

  

A nascente do paço

A pequena escadaria na frontaria, com patamar e lanços de 3 degraus para norte e para sul, foram mais tarde desleixadas com visíveis estragos aquando da remoção de terras no arranjo do largo.

  

 A sul, julgo onde teria sido o noviciado

O dormitório é evidenciado pelas  celas de janelas minúsculas.
Muita  ruína desmoronada para nascente, sendo impercetível o palco no seu passado, a certeza do celeiro, açougue e almoçataria, onde se fazia a aferição de controlo dos foros recebidos dos rendeiros  de toda a herdade.
                  
                                               
A chaminé
A semi cave  para norte, onde foi a cozinha, resta a sua bela chaminé onde seria também o refeitório.
                        
Foto do Relógio de sol  estilo francês, gentilmente cedida por Nuno António Jesus 
No gaveto uma linda varanda de arcos a poente/sul 

A invasão de hera...

Nascente  o  que resta de uma janela de avental a nascente, da capela
  Vista do varandim para poente
 
Teto abobadado em pedra
 
 
 Piais na fachada lateral  a indiciar latadas
 Capela do Paço
No meio da vegetação  deslindei no 1º andar reentrâncias nas paredes, à semelhança de  altares.
Na lateral,  a sul,  ainda se consegue ver um altar recuado na parede, na primeira vez contei seis . 
Padre José Eduardo Coutinho  sobre a capela  diz que seria revestida a azulejos em azul e branco da época, que ainda deslindou fragmentos. O que me parece é com a caída  do soalho e do revestimento azulejar das paredes tudo caiu para a cave, onde julgou teria sido a capela (?)...
                       
      

Falei com moradores que me transmitiram  em miúdas aqui andaram a brincar, e a quem os pais atormentavam com histórias do passado aqui vividas, ainda se lembram da capela do paço ser no primeiro andar,  onde dizem também existiu a Forca, entre duas paredes estreitas, além do Relógio de Sol. Como os foragidos à justiça em Ansião, que aqui chegavam e pediam abrigo ficavam libertos da justiça a troco de trabalho na granja...»

Caso para questionar onde estarão as Imagens da capela do Paço na Orada?  A Imagem de Santo Antão está na capela da Granja com outras . Foi o protetor dos animais domésticos, um dos eremitas mais ilustres da história da Igreja. Nascido em Coman, no coração do Egito. Na região o seu culto expandiu-se trazido por povoadores  vindos do mar mediterrâneo. Em Ansião, uma família oriunda de Santiago da Guarda, andava sempre com a frase a boca  valha-nos Santo Antão.

No 1º andar devia também haver a biblioteca e cómodos dos representantes da comunidade jesuíta.

                     

Pombal em alvenaria

Os postes da EDP, devem seguir as estradas e jamais entrar em propriedade particular criando aberrações estéticas e descontextualizadas .Estão a ser removidos por etapas.      

 O Pombal   

No prado, a poente do paço uma casa de alvenaria redonda com uma porta, forrada por  dentro e por fora por  grande emaranhado de silvas e hera, que escondia a beleza  dos buracos no interior com piais em pedra branca , airoso pombal, o mais bonito que jamais enxerguei.

                                   

              O interior do pombal  em anos diferentes                   

   

 

Lintéis com a sigla jesuíta 

O Largo do paço a nascente, o  enconrei pela primeira vez vestido a igual abandono do seu casario, com lintéis dos meados da centúria de 600 a 700.
Admito a partilha inédita foi presságio a roubo ou mudança de lintéis, a empobrecer e lapidar o que foi a sua história. Ao contributo abonatório; limpeza do silvedo do paço e do pombal redondo.

Existem pelo menos três casas na Granja nas quais se identifica na padieira o símbolo da sigla jesuíta igual ao que existe no solar .Em representação as rês iniciais de Jesus em grego (Ihesus). Mais tarde, virou acrônimo de "Jesum habemus socium" (Temos Jesus como companheiro).

Seriam casas de apoio ou de serviçais .

 

                   

Numa delas uma guarita em pedra onde está cravada uma pequena cruz "Alminhas" sem imagem.
Datas inscritas nas ombreiras de  pedra - 1693- 1704 - 1715 -1718.  
 
 
                                  
 
 
 
Como  demais casario em ruina.
Numa  casa a caminho da capela da Orada,  sem telhado de paredes de pedra armadas, ainda  exibe uma chaminé semelhante à do solar, mais pequena.
                         
                                        
 
                                
 
                                                                          
Uma casa em ruína que um dia destes vai ser recuperada.
Na cozinha pequeno poço, não se sabe a sua valia, há partida poderia ter sido para guardar o engaço da azeitona para ração dos porcos, olhando aos resíduos no fundo, é o que parece, mas poderia ter sido antes esconderijo feito pela altura da passagem na região dos desertores do Buçaco  em 1810 , havendo pessoas que esconderam os seus haveres para não serem roubados.No Rabaçal enterraram na frente da igreja os Santos de pedra, só descobertos há poucos anos. No Alvorge há uma casa senhorial com um cofre feito nessa altura onde o povo guardou os seus haveres, porque era a casa de um juiz, e por isso nele acreditavam a sua devolução .
 
Abside de concavidade, vulgarmente conhecida por prateleira em pedra, ainda guardadora da travessa grossa em madeira.
 
 
 Um varandim em madeira já sem servidão...
 
 Um forno
 
 
 
 
Livro das Memórias  Paroquiais  
A razão dos jesuítas aparecerem em Façalamim?
 

Segundo Padre Coutinho (…) importante herdade e Façalamim referida no testamento da herdade do Alvorge, feita por D. Afonso Henriques ao MSCruz de Coimbra, em fevereiro de 1141.

 
(...) Em 1566, as rendas da mesa prioral, primeiramente destinadas à capela de um colégio da Companhia de Jesus a edificar em Coimbra, em Façalamim no termo da cidade, por terem sido unidas ao Colégio do Espírito Santo de Évora, por bula "Ex solita", de Pio V, de 20 de Maio, reservando-se os padroados das igrejas ao prior e cónegos de São Jorge. As rendas da mesa conventual foram unidas ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, para a reforma dos cónegos de São Jorge. Os caseiros deste Mosteiro passaram a gozar dos privilégios e liberdades concedidos ao Mosteiro de Santa Cruz e à Universidade de Coimbra (...) A aplicação das rendas da mesa conventual e de parte das rendas do priorado-mor, conduziu a um diferendo de que resultaram demandas entre o Mosteiro e o Colégio do Espírito Santo da Companhia de Jesus, que se prolongaram até 1591, terminando com uma amigável composição e contrato confirmados pelo papa Clemente VIII, em 1592, pela bula "In is que pro bono" de Clemente VIII, de 21 de Janeiro.
 
(...) O Mosteiro de S. Jorge de Coimbra não tardou a demarcar a imensa propriedade de Façalamim com uma cruz grega centrada num círculo gravada. Depois passou para a Universidade, desse tempo ainda se encontram alguns marcos com a sigla V e DE, por baixo da primeira significando "Universidade", ainda hoje se podem apreciar em vários locais da freguesia, sobretudo no Alvorge.

 (...) em 1758, o pároco cura anual, apresentado pelo Reitor do Colégio da Companhia de Jesus, ao responder à solicitação feita pela Academia de História, historia a  freguesia de Nossa Senhora da Orada, diz que tinha 71 vizinhos e 243 pessoas; descreve a igreja, situada entre os Lugares da Granja, Moita Santa, e Casais de Taulamim (Casais de Façalamim) , e da qual se avistava a de S. Tiago da Guarda».

(...) Em 1792 a Vintena tinha 8 fogos na Granja 

(...) Compunha-se de duas Vintenas pertencentes ao concelho de Coimbra: a de Façalamim e a de Matos de Façalamim. 

A Vintena ou concelho de Façalamim em 1792 tinha 67 fogos assim distribuídos: Façalamim ou Granja, tenha sido aqui (com 8 fogos), Outeiro (10), Fazenda (3), Casais (20), Venda do Basílio (4), Cochel (1), Freixo (19) e Pedreira (2).A Vintena de Matos de Façalamim no mesmo ano era composta pelas seguintes povoações: Matos de Façalamim (9 fogos), Matos de cima (5), Estrada de Matos (4), Vale Cortiço (3), Graminhal (7) e Casal de Raões (2 fogo).

Gravura da Ordem Jesuíta dovoto de Montmartre, pintura de Konrad Baumeister (1881)
                               
                                    
"(...) A Companhia de Jesus nasce dum pequeno embrião criado por Inácio de Loyola estudante na universidade de Paris, com seis colegas de Espanha Francisco Xavier, Nicolau de Bobadilla, Deiogo Laínez, Afonso Salmerón, e de Portugal Simão Rodrigues  e de França Pedro Fabro, o único que era sacerdote, todos fizeram voto de pobreza, de castidade e de dedicação à causa da Igreja Católica no dia 15 de Agosto de 1534, na preparação para realizar um trabalho missionário na Palestina. 

 Excertos de http://www3.uma.pt/jesussousa/Publicacoes/31OsJesuitaseaRatioStudiorum.PDF
“(...) Todo aquele que nesta nossa Companhia, que desejamos seja assinalada com o nome de Jesus, quiser militar como soldado de Deus debaixo da bandeira da cruz e servir ao único Senhor e ao Romano Pontífice, Vigário seu na terra, depois de fazer voto solene de castidade perpétua, assente consigo que é membro de uma Companhia, sobretudo fundada para de um modo principal procurar o proveito das almas na vida e doutrina cristã, propagar a fé pela pública pregação e ministério da palavra de Deus, pelos exercícios espirituais e obras de caridade, e nomeadamente ensinar aos meninos e rudes as verdades do cristianismo, e consolar espiritualmente os fiéis no tribunal da confissão.”
(cf. Rodrigues, F., 1931: 111).

(...) Em 27 de Setembro de 1540, o Papa Paulo III, pela Bula "Regimini Militantis Ecclesiae", aprova a constituição da nova Ordem também denominada Companhia de Jesus, então contando apenas 10 membros. A Companhia de Jesus surgiu com o objectivo missionarista de espalhar a fé cristã, não estando então previsto que fosse uma ordem religiosa especialmente consagrada ao ensino. " (...)  obteve mais seis residências, de que a segunda era a de Falsalamim, pelo facto do Colégio do Espírito Santo de Évora ter benefícios estabelecidos nesta terra." 

(...) A 21 de Julho de 1550, Júlio III confirma de novo a Companhia de Jesus com a bula Exposcit debitum a qual aprova a Formula Instituti de Inácio, já corrigida e enviada às diversas comunidades da Companhia." "Estava, assim, dado o tom ao ensino a ministrar. É esta ambiência que chegará ao Reino de Portugal. Ao princípio, as casas dos Jesuítas, ou sejam, os Colégios, eram locais de residência para os jovens Jesuítas em formação. Mais tarde, a decisão de alargar o ensino aos estudantes não religiosos contribuiu de maneira decisiva para o crescimento extraordinário dos Colégios da Companhia de Jesus por Portugal e Europa fora. É afirmação dos próprios Jesuítas que Portugal - foi o país onde encontraram melhores condições de prosperidade, embora os discípulos de Santo Inácio fossem iguais a si mesmos em qualquer lugar. (cf. Carvalho, R., 1986: 359 360)."

" (...)É hoje indiscutível que a Companhia de Jesus foi essencial para o desenvolvimento do ensino científico na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Apesar do ensino não ter sido uma das atividades à qual inicialmente Santo Inácio de Loyola e os seus companheiros se pretendiam dedicar quando fundaram a Companhia de Jesus em 1540, cedo se tornou uma prioridade. Em 1548 foi fundado o primeiro colégio a cargo dos Jesuítas, em Messina, ao qual se seguiu a fundação de importantes instituições de ensino em Portugal, como o antigo mosteiro de Santo Antão, na Mouraria, é a primeira Casa que os Jesuítas possuem no mundo inteiro em janeiro de 1542, o Colégio das Artes em Coimbra, 1553 e a Universidade de Évora, 1559. Em 1580 a rede de ensino dos Jesuítas contava com 144 colégios e, à data da supressão, em 1773, a Companhia dirigia mais de 800 estabelecimentos de ensino É estabelecido que os estudos realizados nos Colégios da Companhia deveriam ter como fim ajudar o próximo “a conhecer e amar a Deus, e a salvar a sua alma." 
 
«(...) Simão Rodrigues e Francisco Xavier foram bem acolhidos em Portugal. D. João III acabaria por alterar o destino dos dois jesuítas ;ao final de alguns meses, Francisco Xavier embarcou na armada da Índia que zarpou do Tejo a 7 de Abril de 1541, integrado no grupo que acompanhava o vice-rei D. Martinho de Sousa, enquanto Simão Rodrigues permaneceu em Portugal para organizar as primeiras casas da Companhia, os colégios, com destaque para o de Jesus em Coimbra e o do Espírito Santo, em Évora, depois convertido em centro universitário, e a preparação dos novos membros destinados tanto às missões internas, quanto às do Oriente, do Norte de África (Congo, Ceuta, Tetuan e estimulou a da Etiópia), do Brasil e acompanhou, desde Portugal, os companheiros Fabre e Araóz a instalação da Companhia em Espanha. Sob a sua responsabilidade estiveram, portanto, o recrutamento e preparação dos jesuítas das primeiras missões brasileiras.
 
(...) Inácio de Loiola e os outros membros da Companhia tomaram a decisão de abrir "Casas" ou "Residências" junto ou perto das Universidades onde se formariam os novos membros da Companhia, como em  1540 em Paris  e posteriormente em Coimbra, Lovaina e Pádua. Só mais tarde é que essas "Residências" se transformaram em "Colégios". Foi em Portugal onde mais prosperou a nova Ordem, tendo crescido de tal forma, que foi preciso abraçar institutos, casas e colégios, onde se formavam e exerciam os ministérios da profissão  na propagação da fé cristã, num momento de restruturação da Igreja Católica. Diogo de Gouveia fundou em Coimbra  o Colégio Real das Artes em 1542 por ordem de D. João III , começou a funcionar em 1547 depressa alcançando um enorme prestígio, não só em Portugal mas em toda a Europa, em virtude da elevada qualidade do seu ensino. Em 1555 veio a ser  entregue à Companhia de Jesus.
  
(...) Em 1556, após a morte do fundador Inácio de Loiola, existiam em Portugal, 40 Colégios aprovados, mas só 35 é que estavam em funcionamento. A Companhia tinha cerca de 1000 membros, distribuídos em 110 Casas e 13 Províncias. Já estaria implementado a difusão do seu ensino de qualidade reconhecida em mais residências para acolher filhos de gente abastada que ingressavam na Ordem Jesuíta. Daqui partiram para difundir a religião cristã em missões em África, Índia, Brasil e oriente para o mundo. A lamentar hoje praticamente nada se saber quem nela ingressou em Façalamim, e para onde foram.

A ruína que se enxerga a sul podia ter sido o noviciado?

 

Nas Memórias  Paroquiais «(...)O donatário da Freguesia de Nossa Senhora da Orada em 1758 era o Colégio do Espírito Santo da Cidade e Universidade de Évora com 71 vizinhos e 243 pessoas.»
 
Em 1759, ocorreu a expulsão jesuíta de Portugal pelo Marquês de Pombal. Perdidos, sem rumo, o que fazer, em crer com refúgio no Colégio das Artes em Coimbra, fazendo a entrega da chave, ao Bispo D. Francisco Lemos Coutinho. Senhor da Casa de Pereira, com costado na Quinta da Ladeia,  o seu utilizador a festins  no lembrar da Maria da Várzea,  o seu sogro com casa paredes meias ao paço lhe confidenciou que o pai dele assistiu a grandes festas, e via chegar farto vinho do Carvalhal para os padres.
Os jesuítas eram teimosos,  voltaram a Portugal, em 1829 a 1834 , novamente em 1848 a 1910. A República ditou o exílio, mas, aqui na Granja jamais voltaram. 
 
Nota do Padre Diogo Mendes de S. Tiago da Guarda em 1769, a filial do vicariato d’Abiul, curato anual da apresentação da Madre Abadessa do Real Mosteiro de Lorvão (…) recebem metade dos dízimos, e primícias que lhes pertence por contrato antigo feito, com os jesuítas do Colégio de Évora, pelo encargo de curar aqueles moradores fregueses desta Igreja.
 
O destino destes bens?
Após terem sido extintas as ordens religiosas em 1834, viveu-se uma conturbada vida de interesses com a divisão da terra. Os pobres, fartos de tanta servidão mal paga, dito à boca cheia, surripiou migalhas com escritura na mão, já que o Visconde da Guarda, sem filhos, nem doação, a Santiago da Guarda, em glória o povo, atestou na toponímia...
Segundo o Padre José Eduardo Coutinho, parece não ter sido o caso desta propriedade em que a mesma teria passado indevidamente à posse de particulares, e, mais tarde descoberta a ilegalidade, teriam sido os bens vendidos em hasta pública.

Definha o paço, em agonia, quem lhe estende a mão? 
A dispersa bibliografia à acção jesuíta por tudo isto e muito mais, incita a estudo ao suposto habitat romano, usado no legado Al-Andaluz, pelos evidentes vestígios a poente do paço, com arcos fechados.                         

 
 
 
                
 Análise, à icónica aguarela de Ansião, de Pier Baldi, de 1669, que o imortalizou, a ténue traço, entre o retrato da igreja velha e o da vila já esboçado ! 
O que os meus olhos veem!
Em cima os arcos a seguir à torre da igreja e em baixo o enclave a azul 

Houve um seminário do bispado de Coimbra no Crucial de S.Bento, na Torre de Vale Todos, onde foram ordenados alguns padres, cujas  ruínas ainda existiam em 2020 num quintal.  Em resulto, no concelho de Ansião, existiram duas casas afectas a seminários (Jesuítas na Granja de Façalamim e do Bispado de Coimbra no Couto de Vale de Todos) com  interesses, nas cidades que tinham ao tempo as primeiras Universidades - Évora e Coimbra.Contudo esquecidas!

A Ordem Jesuíta do Papa Francisco desperta neste verão de Jornada Mundial da Juventude, abertura a cartaz turístico, ao que foi a presença jesuíta na Granja de Façalamim. Mas, isso é outro facto cultural, em alerta a sábio cicerone!

 
Fontes
Livro da Monografia de Ansião do Padre José Eduardo Reis Coutinho
http://www.snpcultura.org/jesuitas_e_investigacao_cientifica_em_portugal_factos_e_enganos.html
http://www3.uma.pt/jesussousa/Publicacoes/31OsJesuitaseaRatioStudiorum.PDF
Testemunho oral de duas moradoras na Granja, lamentavelmente esqueci os nomes...uma dona da Casa da Roda e a outra moradora em frente numa casa nova.
Testemunho oral da D Clementina no Alvorge
Testemunho de Elisabete Lopes
Partilha do Dr. João Santos
O livro de Memórias Paroquiais 
http://www.manresa-sj.org/stamps/1_FirstCompanions.htm
http://webpages.fc.ul.pt/~ommartins/images/hfe/momentos/jesuitas/_private/hjp.htm
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=8872
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