quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Pussos de S. Pedro em chão no Prazo da Torre da Murta

 A caminho da Corte da Ordem, topónimo que lhe advêm dos Templários 

Cruzamento para o Murtal, a bela casa, quem teria sido o seu dono?
A caminho da igreja de S. Pedro de Pussos, distingui um Cruzeiro que não fotografei 

Igreja de S. Pedro de Pussos 
Na rotunda das Mouriscas, tomei a direção sul para o Rego da Murta, em boa estrada, que antes foi romana e depois medieval. Passei ao lado de grandes infraestruturas fabris, que achei estranho ali terem sido projetadas, num lugar extenso, plano de olival secular...  Porem logo a estrada estreita ligeiramente e não vi saída para a igreja. Será em  S. Domingos, onde devia ter entrado para ver se ainda existe o açude na ribeira da Murta e o lagar que tem encastrado uma pedra visigótica, que o Sr. Padre Jacinto Nunes referiu ter sido do mosteiro e, dali  a caminho da igreja, o que falta apurar . 
Segui em frente, passei por outros topónimos com nomes de Santos, e em Vale Rodrigo, que foi um castro, em estrada estreitissima, contornei  a várzea da Murta, até ao entroncamento do Tojal.

Igreja implantada num morro baixo, rodeada por planura
Mais pequeno que o da Ateanha, no concelho de Ansião. 
Confesso, nunca aqui tinha vindo e fiquei um pouco desiludida, pela falta de aglomerado de casario junto da igreja ...
A frontaria lembra a igreja do Zambujal, em Condeixa, da mesma época
Lavrado na porta de madeira
Cheguei de Almada ainda cedo para almoçar nos Cabaços e fui espreitar a Missa
Desconheço quem é o nobre aqui sepultado
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Mísula com o Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira 
Velhinha pia batismal
Sacristia
Calçada na frontaria do adro com calhaus rolados  em desenho artístico

Dizem que a calçada portuguesa nasceu no castelo de S. Jorge em finais do séc. XIX. 
Debalde esta parece ser mais antiga, da altura da edificação da igreja em 1790...
Degraus em pedra antigos em meia lua
A  escadaria mais recente, já a pedir requalificação, com muitos degraus partidos, seria antes um morro que as pessoas tinham de subir...muito estranho, embora o local para edificação da igreja seja soberano, altaneiro, belo, a acessibilidade para crianças e idosos não era facilitada e isso estranhei.

Painéis azulejares do orago S. Pedro e ao Santo Condestável
Deslindar o passado

Sobre a quinta do Tojal, estranhava não ter entrada pela estrada principal ( porque esta via é a mais recente), antes pela atual estrada secundária, ainda longe do entroncamento, do Tojal, mas, já existente no passado . Vim a coligir mais na leitura da marcação do prazo da Torre da Murta em 1504 .

Excerto do PDF A ASCENDÊNCIA CORREIA DA SILVA DE CARVALHO, DOS SENHORES DO PRAZO DA TORRE DA MURTA E DO MORGADO DO TORRÃO  do Dr. Miguel Gorjão-Henriques, séc. XVI, retirado de AB: 91 a 94 

(...) As hortas dos Franciscões e dali torna a subir pela ladeira acima do Tojal, até junto das casas dos ditos Franciscões. 
Indicia que as hortas eram abaixo da estrada vinda de Pias e do curso da Ribeira da Murta, até há uma ponte (...)  e dali torna a descer pela dita ladeira até abaixo até á dita água da Fonte chamada Pellomens - onde se curtem peles - e dali torna a subir pelo outeiro do Barreiro pelo caminho do concelho acima que vai de Vila Verde e Castel Ventoso até à Farroeira.
Quem seriam esses Franciscões, na centúria de 500 ? Frades da ordem de S.Francisco que teriam vivido onde hoje está impklantado o palacio do Tojal,  a par de outra ordem que existiu mais antiga de S.Domingos .

Excerto do Arceadiago de Penela da Dra Maria Alegria Fernandes Marqueshttps://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/39669/1/O%20arcediagado%20de%20Penela%20na%20Idade%20Media.pdf

(...) Lembrar o testemunho de Fr. Luís de Sousa, que, na sua História de S. Domingos , recolhe a tradição de ter existido um mosteiro da sua Ordem entre Leiria e o lugar do Beco, aliás, onde, ao tempo em que escrevia, se achava uma igreja (qual?!), “de três naves, cercada de edifícios arruinados: em que ainda se enxergão sinais de claustros, e officinas grandes. Chamão-lhe o mosteiro, e persevera tradição, que foi nosso (...)” 

(...)Deve dizer-se que a localidade de Beco se situa, hoje, no concelho de Ferreira do Zêzere. Mas entre ela e Leiria há um grande espaço, onde ele se poderia situar. Não obstante, não se situa longe de Rego de Murta. Voltamos a questionar-nos acerca da origem de pedras e elementos arquitectónicos que hoje se encontram em igrejas e edifícios desta zona, mormente na igreja de Areias e de Alvaiázere e até na do Beco; cfr. Jacinto M. G. Nunes, ob. cit., supra, n. 23. A igreja do Beco (cujo patrono é Santo Aleixo) ainda hoje é de 3 naves, apoiadas em grossas colunas. À sua volta, nada indicia antigas ruínas nem há memória local de qualquer mosteiro. Diga-se, entretanto, que na freguesia de Rego de Murta há dois nomes muito sintomáticos, a este respeito, o de S. Domingos e o de Carvalhal de S. Bento, bem como na sacristia da igreja se guarda uma imagem, antiga, de S. Domingos, prova de uma qualquer devoção antiga a este santo (...) Acrescente-se que a origem da freguesia de Castanheira de Pera se liga a um processo de desmembramento da de Santa Maria de Pedrógão, no início do séc. XVI, a pedido de moradores de Ribeira de Pera. Estes comprometeram-se, perante o cabido da Sé de Coimbra, a fundar uma igreja na ermida de S. Domingos, existente na Castanheira e que era anexa da igreja de Pedrógão (cfr. Kalidás Barreto, ob. cit ., p. 95-101) Porém, não temos qualquer elemento que nos permita tecer, ou não, alguma ligação entre esta ermida e aquela igreja de S. Domingos que o rol de igrejas do séc. XIII adscreve a Murta. Que esta não poderá ser a que, no séc. XIV, se referencia a Murta (S. Pedro de Rego de Murta), prova-o o facto de se conhecer a fundação desta igreja, no séc. XIII (cfr. supra , nota 36). Mas também se regista a ausência da de S. Domingos de Murta nos documentos do séc. XIV, de que nos servimos neste trabalhoIdentificar-se-ia a igreja do séc. XIII com o antigo mosteiro de Murta, entretanto decaído e reduzido à mais simples expressão de uma ermida, sem outra lembrança? Entre as dúvidas que nos ficam acerca deste problema, sempre se poderá pensar em qualquer processo de transferência de população ou do local de ermida ou igreja, em algum momento, ou na existência de mais de uma povoação com o mesmo nome, entretanto obliterado em alguma delas. Mas são problemas para os quais não achamos resposta, nos dados disponíveis por agora.

Com base nestas considerações, tenho em estudo uma teoria onde se situou o mosteiro, que abordarei a seu tempo a par da via romana.

Após a República foi roteada uma nova estrada a ligar Coimbra/Tomar, que passou por alguns troços da calçada romana  e cortou o Prazo da Torre da Murta. Veio a permitir a um ramo da família Sousa Ribeiro, ali  fez um palacete, nos finais do séc XIX, se não estou enganada e outro ramo ficou na quinta da Cortiça, que a remodelou à laia medieval com uma torre e ameias. 

A ladeira referida será a atual subida para a entrada da quinta do Tojal 
E a fonte de Pellomans? Hoje terá outro nome. 
Depois de Areias, há uma fonte grande de espaldar, seria no passado a Fonte do Rei e,  antes da entrada da quinta do Tojal há outra, como há a nascente o poço da Ordem, atualmente com lavadouro, terai sido um poço de chafurdo com tanque spara cutir peles? O que falta apurar. 
Temos na região o topónimo Rio de Couros, em Ourém, ao apelo de curtição de couros e Ansião, também se curtiam peles. 
A falta de água levou a família Gameiro do Escampado a deslocar-se na centúria de 700 para Torres Novas onde ainda perdura o apelido e a arte .
 

A famosa pedra podre ; mistura de calcário com calcite,  abunda a partir daqui para sul em Chãos é abundante.

O penedo imita uma gruta onde puseram a imagem de S. Pedro
             

Mais uma achega histórica e cultural.

Fontes
Sr. Padre Jacinto Nunes
PDF A ASCENDÊNCIA CORREIA DA SILVA DE CARVALHO, DOS SENHORES DO PRAZO DA TORRE DA MURTA E DO MORGADO DO TORRÃO  do Dr. Miguel Gorjão-Henriques, séc. XVI, retirado de AB: 91 a 94 

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