sábado, 4 de setembro de 2010

Salinas de Rio Maior





Quem ainda se lembra da estrada nº 1 ao alto da serra depois da Venda das Raparigas a caminho de Lisboa? Quem se atreveu a observar o vale profundo -, verde, o moinho e a pequena placa amarela debruada a azul com a menção: Salinas.Passei por lá imensas vezes,não havia alternativas até aparecerem as auto estradas, e a nova variante que nos afasta de Rio Maior.
Há anos voltei para ir às tasquinhas em meados de Março, se a memória não me falha, numa segunda ida à posterior acabei por visitar as salinas - únicas situadas no interior em Portugal, distam uns míseros 3 km da cidade e alguns da costa. Numa das vezes tive a sorte de ver actividade salineira, soube que é uma faina sazonal de maio a setembro, julgo a melhor altura para visita o mês de agosto.
Hoje, desloquei-me novamente até lá pela terceira vez - desta foi de vez , não só vi muito sal nas eiras como os armazéns a abarrotar para a estrada cobertos com grandes plásticos, claro o poço estava sem água...prestes a terminar a  época do sal. A referência mais antiga que descreve as Salinas data de 1177, mas julga-se que o aproveitamento de sal-gema já seria feito desde a pré-história.
Dada a natureza da rocha da serra dos Candeeeiros ser calcária, com a erosão abre muitas fendas onde a água se infiltra formando algares e rios subterrâneos.A jazida de sal-gema estende-se desde Leiria e Torres Vedras.Precisamente neste vale onde se encontram as salinas, a agua é extraída do único poço em pedra existente por duas picotas, e barricas de madeira, hoje mantêm-se apenas para o visitante perceber como era a tradição da faina que em nada mudou, apenas na tiragem da água,actualmente bombeada a motor.
Esta água é sete vezes mais salgada do que a água do mar, formada há milhões de anos, depois do recuo do mar.Ao chegarmos ao fundo do vale chama-nos logo à atenção os antigos armazéns de sal dos salineiros em madeira, ancorados por troncos de oliveiras com fechaduras características tipo ferrolhos também em madeira para evitar a corrosão do sal. Actualmente algumas transformaram-se em tabernas, venda de artesanato e sacos de sal, outras tornaram-se tascas , uma churrasqueira além do posto de turismo e da cooperativa salineira.
Vale muito a pena conhecer este interior bem português, além de único é belo no contraste da encosta da serra verdejante e do baile das hélices das eólicas...lindo!
Irresistível tirar fotos, todo o cenário é propício a tal.
Não resisti a deitar-me no rebordo do poço bordado na cercadura a sal empreguenado...que sensação!

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