segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Feira de velharias em S. Martinho do Porto

O dia acordou no crepúsculo do madrugar, a meio caminho de S. Martinho do Porto  captei o sol  a querer resplandecer em raios radiosos.

 A pensar no festival do chocolate a decorrer em Óbidos fiquei com água na boca...
Óbidos , registo de pendura no carro
A vila de S. Martinho do Porto pauta-se por casario típico finais do século XIX com graciosos challets de veraneio -, o ambiente  que senti é aprazível no culminar da encantadora baía em forma de concha cujo cariz romântico se desenvolve sonhador...
A organização da feira  a meu ver apresenta lacunas: julgo por ser apenas uma pessoa a tomar conta do certame -, também se a mesma se rege por normas a que devem estar sujeitos os feirantes -, em caso de faltas consecutivas acaso compreenderão a perda do lugar , e não entre eles o dividam sem "dar cavaco a ninguém dando azo ao acordo verbal entre amigos ...amanhã não vou, podes ocupar o meu lugar porque está pago"...
Assisti a um desaguisado com um colega que argumentou exatamente isso, mostrou na conversa ser muito deselegante com a organizadora - diria mesmo um homem sem carater, mal educado, uma "cavalgadura"  -, só acalmei porque na verdade felizmente não tenho encontrado gente desta estirpe...fato que não aprovei tão pouco gostei de constatar.
Calhou-me de lugar quase o fim da linha, entre o Manuel Peneda e o João Paulo que conheci neste dia - homem de olhar azul a reivindicar heranças de etnia cigana (?), simpático, afável com site internacional onde vende fósseis e livros, tem casa com piscina  e lareira na Praia de Santa Cruz - na sua banca artigos de bijutaria e conchas.Passa um ucraniano "de rodas baixas" sotaque brasuca, pega num búzio da cesta e diz " estes búzios quando esfregados sobre órgãos,afugentam doenças..."
Em jeito de surpresa no corredor de bicicletas surpreende-me  o Pimpão de Tomar - em tom alegre diz -me "ontem passou por mim na feira da ladra e não me viu, estava entre o largo de cima e o de baixo..." fiquei a pensar - pena não ter sido audaz , dar azo no romper com a timidez...numa de estrebuchar emoções! A esposa a Ana Bela foi desta vez para o Algarve fazer duas feiras,- Vila Real de Santo António e Almancil.

A manhã fazia-se sentir alta a lembrar fominha para o almoço quando vejo na banca do Manuel Peneda -, este trouxe por companhia a sua querida esposa -, Celeste de seu nome a fazer jus à sua beleza e personalidade - fez-se eco a conversa dum cliente de vinil que o instigava com a pergunta - a sua colega ali ao lado é a bloguista ?...
Constatei ser um fervoroso amigo da Ana Bela Pimpão e do seu marido - confidenciou-me que neles incutira o entusiasmo e vício das feiras, apesar de funcionários públicos -, de seu nome José Carlos Luís também de Tomar - previamente avisado pelo Pimpão  "está a sair da casca"  que eu estava na feira,  por isso a alta espetativa do conhecimento (?), - para surpresa minha teceu-me dois rasgados elogios: o primeiro sobre a forma como descrevi tão fielmente o casal seu amigo na Expoeste,  admirando a capacidade de análise tão certeira que teci sobre os mesmos que confidenciou conhecer desde sempre - já do outro invocou  sentir uma crescente evolução na minha escrita pois há muito que me segue por a sua ex -, senhora da Marzugueira do costado da serra de Alvaiázere - claro, sobre esta serra  e outras que adoro vou escrevendo histórias...já leu algumas... sem contudo me conhecer...neste espaço é a segunda pessoa ligada por laços afetivos desfeitos  a terras de Sicó-, que ousaram afirmar gostar de me  ler ... só posso dizer que achei os desabafos hilariantes - uma vez apaixonados por alguém destas terras, mesmo no desenlace a paixão permanece acesa nos seus íntimos -, sentindo-se presos à região para sempre. Fatalmente o que senti!



Apesar do frio agreste trazido pela nortada  o sol aquecia -, só na sua frente se aguentava o ar gélido da corrente fria que se fazia sentir...

Segundo colegas residentes havia pouca gente no longo passeio defronte da baía, contrariamente  achei haver muita  mesmo na hora do almoço. A feira saldou-se positiva no mote para repetir. Espero que a organizadora D. Helena consiga nas desistências um lugar bem mais central, abrigado, onde o frio se faça sentir mais ameno. Reencontrei o Pedro  sempre vendeu o prato de faiança  de José Reis de Alcobaça 1880 (?) que vira na véspera na feira da ladra...ainda bem que registei a foto. Inconfundível o barro branco da melhor qualidade numa decoração tipo minimalista (?) diria aos olhos d'hoje apresenta uma tarja  em tom azul mar na bordadura com motivo floral em todo o centro estendendo-se pelas abas de flores em policromia graciosas com pétalas a terminar em jeito de coração ornadas por folhas verde ervilha a lembrar o agrião e outras em manganês pontiagudas. Em excelente estado de conservação.


 No domingo não encontrei quase nada que me alegrasse as vistas...de faiança!


Por isso deixei-me partir em sonhos e deambular...na paixão  que a grande duna desnudada de plantas do lado sul a caminho de Salir do Porto...tal despertar d' apetites quentes como se fosse numa qualquer praia deserta e paradisíaca do Brasil e lamento só conhecer da televisão...romântico o moinho  branco de vento que se vê no outeiro que lhe fica atrás. Qualquer alma sensível ao ver tão doida paisagem fica na vontade de a descobrir na companhia de alguém sensível e mui apaixonado. Acredito será uma viagem a dois onde o calor tórrido no viver sensações e emoções abrasadoras numa de rebolar na duna, tal intensidade só comparável com a fúria  das ondas no ecoar forte a quebrar nas rochas...

A feira vista do fim com o Manuel Peneda na sua banca. Reencontrei a Fernanda que comigo esteve estreante no jardim das Caldas - está na mesma com aquela pele de seda. Outro reencontro feliz com a  Ana Pimenta que conheci há mais de 8 anos na feira de Setúbal -, e a deixou de fazer, agora anda por outros lados. Tinha uma tampa de terrina em faiança que me encantou - mais uma para a minha coleção.

Logo a minha mente fervilhou seria fabrico de Coimbra ou José Reis de Alcobaça(?). Quando a lavei em casa reparei que o barro é avermelhado sendo o de Alcobaça de primeira qualidade "ando às voltas"...no ser ou não ser, eis a questão!
Gostei francamente da decoração: casario, paisagem, vela do moinho, e do ziguezague da linha em vermelho nos cantos tão usada no cantão popular.

No entanto a minha primeira compra foi na última banca -,da Maria, rapariga açoriana que na sua alegria me dizia ser a sua 3ª feira . Comprei barato estes pratos da VA ...só para quem conhece, ela desabafava -, "na Expoeste vendi a um colega um grande prato de Estremoz com gatos que ele desvalorizou, baixei dos 50 para os 40 €"...ainda bem que percebeu que foi enganada... enganada fiquei eu porque nem na banca dela dei conta de ter reparado...muito menos no prato.Pelos vistos perdi a oportunidade de fazer a minha primeira aquisição de faiança de Estremoz!
Mais tarde vinda da voltinha da feira ateimava comigo que um prato Mandarim na minha banca não era Companhia das Índias...já tinha vendido um serviço,- nem ateimei, afinal era a sua 3ª feira, tão pouco conhece vidros VA que dizer faiança de Estremoz, claro que só pode ter vendido um serviço replica de Mandarim daqueles trazidos no tempo que Macau era português...o que me pareceu!
Numa banca de livros e postais antigos haveria de encontrar um de ANCIÃO  a um preço de luxo - 25€ - , curiosamente no post anterior a este mereceu honras de eleição.Ainda me confidenciou que há tempos vendeu muitos a um senhor, quero acreditar um apaixonado por Ansião na aba de Sicó.
De volta da feira vinha um casal -,a senhora trazia nas mãos alguns pratos da VA da coleção Natal embrulhados a jornal quando repara nos meus... sobre o preço solicitado com grande desplante diz-me"ainda agora comprei estes todos ali em baixo a 6 euros cada um" argumentei na defesa que o colega até lhe os podia ter dado, que até tinha baixado o preço este ano, não seria ético os vender a preço abaixo de custo da VA ...o senhor que a acompanhava, seria marido(?) me pareceu simpático - em gesto de a presentear diz-lhe" ofereço-tos"...fiquei com a nítida sensação do bom gosto, melhor na aposta que tal gesto de hombridade despertaria na recompensa que dela esperava ter ao anoitecer...também de mim do bom desconto que fiz!

Na volta de despedida da feira encontrei a Ermelinda de Alcanena...diz-me "olha a Isabelinha"...tenho de ir andando  "o meu marido não gosta que me ausente da banca" voltaria a ouvir tão bom achego de carinho mais tarde quando se faziam horas do  meu marido perdido na fuga em reconhecimento da vila  e me diz "estive a falar com o cego marido da tua amiga...quando lhe disse que era o marido da Isabel disseram em uníssono Isabelinha..."
Comprei uma boa travessa em pirex opaco a imitar VA muito interessante apenas por um euro...nova em folha! 
Ainda vendi duas ferraduras...para dar sorte ao seu dono de etnia cigana, rapaz novo com dedos escanzelados repletos de anelões em ouro - usados nos anos 50... devia ter ficado com uma ferradura para mim, isso sim!

Bem agasalhada a fazer medo ao frio -, sob cariz alegre de feirante por um dia , levantada às 5 da matina! Tal transformação me deixa incrédula,acaso me instigo " serei eu ?". Sinto-me tão irreconhecível...mas feliz ,e isso é o que conta na balança dos porquês!
A fazer eco no que ouvi num café um homem sentado na esplanada pedir um chá verde...talvez por achar que um homem nunca bebe chá -, só se estiver doentinho... e no caso só de limão, não foi o caso de me parecer...estarei desatualizada com a loucura das velharias!

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