sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Pussos por terras de Alvaiázere

Tomando a estrada de Cabaços para Pussos, a Residencial Dinis, na esquerda.
Fotos tiradas em movimento

Pussos
Foi vila e sede de concelho entre 1514 e o início do século XIX. Nessa altura designava-se por Vila Nova de Pussos. Não faço a mínima ideia da origem do seu nome.
Em 1231, o usufruto da povoação de Pussos foi dado pelo Grão-Mestre da Ordem dos Templários à viúva de Estêvão Pires-, Maria Pires, com a cláusula de que, por sua morte , passaria para o Convento de Tomar.

O cemitério de Pussos na beira da estrada
No portão a data 18-07-1871
Nesta ruína ainda restam as paredes e a chaminé que aqui é retangular e nos Cabaços existem em redondo a "imitar" as do Algarve.
Rua dos Templários
Para nascente o correr da antiga via romana vinda de norte de Alvaiázere a caminho de Cabaços para Tomar e a Rua D. Manuel I segue para poente para contornar o adro da igreja e embocar na antiga calçada romana.
A capela mortuária ?
Não está identificada, supus que seja...A sê-lo, o local foi bem escolhido por se mostrar desafogado, com espaço e estacionamento na dupla valia de velório e missa com saída direta para o cemitério.
O painel azulejar é interessante, dá uma frescura ao espaço apresentando o banco típico desta região.
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Espaço novo bem idealizado em Pussos precisa de manutenção quer os canteiros, a calçada, e o tardoz do espaço suportado por muros altos que deviam ter grades, pode eventualmente ser perigoso, e em locais públicos toda a segurança é sempre pouca.
Mas sem dúvida falta um café, onde as pessoas quer na missa quer nos velórios ou na vinda ao cemitério, ou em rota de passeio,  possam usufruir...ou não?
Teria sido estalagem?
Hoje transformado casa e barracão, teria sido no passado, estalagem?Ainda conserva as belas paredes em xisto bem podia ser reaproveitado para uma valia de carisma social, para dar mais vida a este centro de Pussos. Ouvi falar que vai nascer em Pussos um centro para idosos (?).
Vista da capela mortuária para a igreja de Santo Estevão
Igreja de Santo Estevão 
De origem remota, foi vigariaria da Ordem de Cristo e de apresentação da Mesa da Consciência e Ordem.
Segundo Francisco Agostinho Maria Gomes Comenda de Pussos, 01 de fevereiro de 2021

A 15 de Junho de 1514, Pussos recebeu foral novo dado por D. Manuel I de Portugal, tornando-se assim, Vila e sede de concelho até ao início do século XIX, designando-se à época por Vila Nova de Pussos, local exato, de acordo com o descrito no Tombo de 1614, onde se localizava o Pelourinho.

Dos documentos que vão permitindo a reconstituição da história de Pussos, é possível verificar que em 1231 o usufruto da povoação foi dado pelo Grão-Mestre da Ordem dos Templários à viúva de Estêvão Pires, Maria Pires, com a cláusula de que, por morte da usufrutuária, passaria para o Convento de Tomar.

Extinta a milícia do templo passou à Ordem de Cristo, constituindo-se assim a COMENDA DE SANTO ESTÊVÃO DE PUSSOS e anexa de Nossa Senhora da Graça de Maçãs de Caminho.

Esta Comenda teve como seu último Comendador o 1.° Visconde de Sousel, António José de Miranda Henriques da Silveira e Albuquerque Mexia Leitão Pina e Melo, que teve a mercê em 1782.

Passados vários séculos e com o intuito de reviver dinamizar o espírito templário é reconstituída, através da Carta Capitular de Consagração de 21 de novembro de 2020, a Comenda de Santo Estêvão de Pussos, momento que se justifica plenamente na medida em que é tempo de continuar a manter a tradição templária, manter viva a ligação à sociedade para que possa ser mais desenvolvida e justa, valorizar a vertente cultural, turística e humanitária e defender os mais vulneráveis, sem procurar honras e proveitos próprios.

Calçada do adro  com a Cruz Templária

Desconheço a data das últimas obras na igreja que lhe alteraram a traça primitiva.

Vistas só do exterior, estava fechada.

Nem sei se as arcadas eram existentes ou foram colocadas na última obra de requalificação(?). 

o caso sempre me lembro delas, mas só tenho 59 anos...


                
Por falta de estacionamento em redor da igreja tivemos de estacionar o carro no seu adro para outro carro passar na calçada...

No exterior vestígios de traça antiga visíveis encontram-se julgo na frontaria, na cúpula da torre e no tardoz-, a coluna de pedra e as janelas  com grades.
Telhado de duplo beirado, típico português
A minha mãe sentada no muro do adro
Selfie com a minha mãe
Descendo a escadaria para irmos ver a capela mortuária
Marco em pedra invocando a comemoração dos 500 anos do Foral Manuelino da Freguesia de Pussos  1514 - 2014
Moinho de tirar água do poço da quinta  Moçambique
Ao que parece neste gaveto da propriedade foi feito uma grande superfície de um supermercado, debalde se encontra fechada...
A estrada na lateral da igreja a norte é estreita, mas tem nome pomposo
Nunca será demais que as Autarquias e Juntas de Freguesia teimem prevalecer no tempo a tradição na toponímia  das coisas importantes das suas terras e das gentes que deixaram um cunho de valor na oralidade, não as deixando morrer para sempre, ao invés da atribuição de nomes sem raiz histórica que certamente criará embaraço a outros quando um dia as decidem estudar.
Em Pussos, foi importante terem preservado o nome de "Calçada Romana", porque na realidade é o traçado da via romana principal vinda de Bracara Augusta para Olissipo, isto é de Braga para Lisboa, com passagem por Alvaiázere a caminho de Sellium - Tomar. 
Estamos no século XXI e a população necessita de infraestruturas como esgotos e abastecimento de água, sendo as tubagens subterrâneas, a calçada romana,  sofreu com a obra de esgotos sendo reposto um calcetamento novo. Contudo devia prevalecer da via romana o que pudessem, para não se perder essa memória.
Exemplo de calçada alternada com placas em granito para saltos altos e não se escorregar
O que neste caso em Pussos, como a foto acima mostra, bem poderia perfeitamente uma e outra (calçada romana e calçada nova em pedra larga) terem coexistido para manter o possível do património histórico, até porque não conheci a calçada, e disso tenho francamente pena, não sei se havia muita pedra ou poucas(?), nem que fosse apenas uma e estivesse descarrilada, devia ter ficado como testemunho . Não se deve continuar a perder património de valor histórico!
Porque o que aqui aconteceu foi a colocação de mera calçada nova, sem bermas nem valetas. 
Belo exemplar de casa  antiga
Bela chaminé retangular, pela traça a casa é seguramente dos finais do século XVII/ olhando aos entalhes das pedras do portão e da varanda de grade em pedra .
Contraste da varanda em grade de pedra com a de baixo do solar das Lagoas em Ansião
Arte de lavrante da região, desconhecida e jamais aflorada
Cortesia de Henrique Dias 
Foto mais completa da frontaria da casa
Olival, uma herança romana,  tão presente na paisagem nestas terras
Términus da Rua D.Manuel I 
Ainda resistente a nora em ferro forjado que devia ser pertença da casa anterior e que a rua dividiu(?)
Voltámos à calçada enfaixada entre muros, se era para fazer uma calçada nova deveriam ter alargado a estrada, um carro passa à conta...assim a continuar ...Pussos não cresce!
A calçada emboca na estrada de Alvaiázere
A nascente este beco com nome sugestivo
Quinta Moçambique
É do conhecimento público que a líder do PP é a Dra Assunção Cristas, tem descendência nos Cabaços, o pai dela nasceu em Moçambique , mas viveu em  Angola , onde além de negociante de gado e de café foi construtor , a família tem um jazigo no cemitério de Luanda onde está sepultado o seu avô e um neto, supostamente que o avô nasceu em Pussos.

A frontaria revestida a painel azulejar da Fábrica Lufapo de Coimbra, alusivo à vida indígena

Mas de concreto nada sei desta quinta, o que falei acima é uma forte possibilidade outra é que o seu suposto dono que a mandou construir esteve em Moçambique onde enricou, mais tarde, ao voltar aqui mandou fazer esta bela casa  a que deu o nome de quinta Moçambique, a olhar à fortuna e boas recordações.
O que se sabe é que o arquiteto da obra foi Rui Lino , homem que deixou um legado de mais de 700 obras, entre elas a Casa dos Patudos e a Casa da Comenda na Arrábida, onde soube articular a tradição portuguesa com as inovadores correntes europeias do início do século XX.
 
A rua a norte da quinta ostenta o nome de Rua da Igreja
A desci à sua procura, debalde deve ser incorreta atribuição, a igreja é sita na Rua Visconde de Souzel, apenas vi o muro da quinta que era muito interessante com canteiros alternados em tijoleira, que hoje nada existe. Havia um pequeno portão por onde espreitei e tirei outra foto onde vi uma rede a dividir a casa do restante terreno. Não sei a quem pertence a quinta. Fiquei com a sensação que junto a um portão tinha apetrechos de limpeza da Junta de Freguesia(?).
Correta atribuição -Visconde de Souzel
Tendo sido o último comendador de Vila Nova de Pussos  o 1.° Visconde de Souzel o Sr António José de Miranda Henriques da Silveira e Albuquerque Mexia Leitão Pina e Melo, que teve a mercê em 1782.
Casario que se estende ao longo da estrada de Alvaiázere
Vejam se descobrem o gato que estava ao sol...
Deixei Pussos para voltar a Cabaços almoçar para tomar a rota de Alvaiázere
Ao longe a serra de Alvaiázere
Com as novas vias de acessibilidade já não fui dar a Vila Nova...
E não gostei, mas, gostei da rotunda pelo pórtico, contudo não há bela sem senão, esta subida tem uma forte inclinação, brutal, só em 1ª...
Pórtico a jus portas abertas dos jardins franceses, alto nivel escultórico!

FONTES

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pussos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Lino_da_Silva

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