quarta-feira, 27 de março de 2019

Visita guiada ao nascente da Caparica à presidente da câmara de Almada

Hoje o rumo da minha caminhada pelo nascente da Caparica em roteiro mudo a recordar belas quintas d'outrora na maioria perdidas, adormecidas, em ruínas com hectares de terra a perder de vista, jazem em agonia há décadas, sem haver fulcral interesse e visão em lhes acudir na mira de atrair turismo de massas na máxima em rivalizar as encostas do Douro, aqui com a capital em pano de fundo, nas costas a Arrábida, a nascente o emblemático Mar da Palha e a poente a Costa de Caparica com as dunas, as Matas até ao  Santuário do Cabo Espichel. Parti da que foi a quinta do Marquês (Pombal) de uma sua amante, atravessei a quinta da Horta e a quinta de S.Pedro, expropriada para abertura da acessibilidade à ponte onde depois do viaduto à rotunda antes do Hospital Garcia de Orta na quinta do Bacelinho, com a colina com espaço para se abrir uma variante de acesso rápido ao hospital em prol de voltas e voltinhas de conomainstreet
( há anos que não fazia uso desta expressão por mim inventada) porque Almada mostra-se deficitária de acessos, e aqui bem podia nascer um mais direto para a cidade.
Vista do viaduto com a colina a poente
Em que a Direção de Estradas de Portugal dona do chão em parceria com a câmara na abertura de uma nova acessibilidade mais directa para Almada e seu hospital com alargamento do atual caminho pedonal na ligação à rotunda.
Quantas quintas retalhadas com cantos e recantos de onde outrora seria regalo contemplar as vistas de delas se alcançavam  sem os magotes de canavial a perder de vista d'hoje ...
Antes do alcatrão o chão de azinhagas e da estrada principal do Casquilho em argila amarela  a sobressair na pedra dos muros altos aqui e ali interrompidos por janelas com grades para o viandante desfrutar e derreter olhar dos campos cultivados em contrastes do belo, do bucólico com poços, tanques e fontes de água santa a irromper fresquidão com aroma dos pomares, do viçoso das hortas, das vinhas a despontar em gavinhas, das cearas loiras em oiro e dos moinhos de velas brancas a rodar ao vento para hoje em antítese o brutal paradigma do grotesto, do horrível, da loucura dum passado sem sapiência nem norte e desnorteados no desatino de urbanidade mal conseguida, em local de excelência, sem estética, rigor nem ordenamento do casario, alguns a lembrar guetos, descalabro  amontoados de lixo e vandalismo, sem marcação as ruas com estacionamentos em cima de passeios por todo o lado de gente que usa o comboio onde se verifica a nítida  falta de pessoal diário de limpeza e de manutenção dos espaços verdes, bermas e  poda de árvores como o deve ser de copa redonda e não crescer para o céu,  e policiamento, uma lástima.
A quinta do Olho de Vidro que lhe chamam Bairro do Matadouro por ali ter sido instalado em local privilegiado de belas vistas para Lisboa, Arrábida e Mar da Palha , aos pés a quinta da Bela Vista cujo chão é hoje um parque de estacionamento ao jus de baldio e na frente do gradeamento da escola belos arbustos floridos a crescer sem fim a tapar as vistas aos alunos...
 Bermas com canavial e oliveiras sem poda de copa frondosa a tirar visibilidade
 Hoje apenas vi duas abertas...
 Poste com peças em porcelana jaz hirto a desafiar o horizonte
Quinta emblemática de S.Miguel com o seu belo espelho de água e o seu moinho de vento em lata  em forte contraste ao muro na frente de pedras fossilizadas a desmoronar envolto em denso silvedo...
Vista sobre o Mar da Palha

Estrada do Casquilho
Outrora a única via de ligação de Cacilhas à Trafaria, por aqui passaram reis, nobres e da família Alarcão do Espinhal, com a sua quinta da Torre onde em parte funciona a Universidade.
Ao longo do caminho o doce aroma do funcho com salpico a figueiras de S. João  semi nuas de folhas com os  figos gordos, porém ainda verdes...

 Quinta de S Miguel na esquerda e na frente Quinta de Santa Rita
 Canaviais a perder de vista...
 Quinta de S.Miguel
 Oliveiras encerradas entre muros sem poda...
 Mirante da quinta de Santa Rita cujo telhado ao jus de pagode chinês já caiu...
Estrada do Casquilho ladeada por altos muros das antigas quintas
 Voltei a mirar o recanto do jardim ao limite nascente da quinta S Francisco de Borja, em total abandono, o ex livris de qualquer quinta a excelência de um retiro fechado ou aberto com banquinhos para os seus donos se sentarem , apreciarem o vaivém da estrada, tomar chá ou simplesmente descansar em recanto bucólico. Aqui era aberto em chão de laje cerâmica...
O cruzamento da estrada de Casquilho e a avenida na ligação do Pragal ao Tejo
Sem passadeira nem qualquer marcação onde passam diariamente dezenas de camions...
 Quinta de S Francisco de Borja
                 
O tardoz para sul
 Antigos poços que suportaram noras ao deus dará com oliveiras inseridas na urbanização sem poda...
Raro por aqui constactar uma varanda florida ...
O goivo fez-me lembrar um assim lindo que tive na minha casa rural e morreu...
Vista do palácio da Ajuda...
Canas e mais canas por todo o lado...
Expropriações deixaram  muros das quintas em derrocada para abertura de acessibilidades e urbanizações
Bairros sociais com vista de luxo para o Tejo e Lisboa...
Urbanizações viradas a norte quando o pudim ter sido na orientação nascente/poente...faltou rigor urbanístico, sentido estético, sem gente contratada para cuidar dos espaços envolventes diariamente, pior assemelha-se a um gueto, com gente que não sabe estar tão pouco agradecer ter uma casa mais barata em local idílico, de bons ares e vistas com infra estruturas de apoio como transportes, em não denotar saber preservar e cuidar, antes há muito vandalismo havendo muitos que deviam fazer aprendizado como não atirar baldes de água suja para a rua, como já vi e não me caiu em cima por um triz...
Ovelhas e cabras e um borreguito a pastar...
Muros de canas e esqueletos de ferro de colchões...
Terra lavrada com muros de canavial, o feijão já desponta...
Lixo, hoje havia pouco...
Muros de canas...
Ao longe o hospital Garcia de Orta
Vista sobre Lisboa da quinta de Penajoia
Ao fundo a casa que se diz de Fernão Mendes Pinto seguindo para norte o miradouro do Rangel
Oliveiras de frondosa copa sem poda...
Neste cenário de fortes contrastes fechei os olhos por momentos para deambular em sonho a reviver a beleza de antanho para me sentir em casa...
Apesar da mudança autárquica ao que parece tudo continua na mesma no que toca ao pelouro dos jardins e árvores em via pública, sem gente a saber da arte da poda, e já em tempo de primavera o caos de plátanos e outras espécies altas a crescer para o céu salpicada de oliveiras de copa frondosa a retirar visibilidade nas estradas, para em tempo da apanha sentir toneladas de azeitona a se perder desde o recinto do Cristo Rei e de todas que ficaram nas expropriações das quintas ao longo das estradas e nas encostas dos acessos à ponte e ainda no pousio das quintas, sem ninguém no concelho sem aparente enxergar dessa riqueza do passado que bem podia de novo ser revitalizada fomentando emprego com a laboração de um lagar que a peninsula de Setúbal se encontra deficitária!
Com oferta barata da prata da casa de origem cabo verdiana jamais aposta pela valia de gente que sabe trabalhar a terra agreste e sem água ainda assim a lavra, além do feijão também cultiva milho, um negocio de rua em assar maçarocas na estação do Pragal...
Mão de obra de excelência sem olheiros  em saber aproveitar, tão pouco as vistas sobre Lisboa que daqui se mostram em recantos brutais.
Em Grito ao passar pela quinta da Penajoia exclamar - Volta cá outra vez Fernão Mendes Pinto- homem que soube como ninguém tirar proveito de chão de cardos e funchos sediar 7 quintas...
Atalhei ao hospital na mira de encontrar um fóssil, debalde ao pressentirem a minha intenção se recolheram para a sesta, amofinada, virei-me para as flores apreciando as maias quase a florir com nêsperas já a pintar...

Na perspectiva olhando aos genes do apelido MEDEIROS herança vinda da Galiza e nas faldas da Lousã a olhar Pera se fixaram para os seus familiares se encaminharem para o Maciço de Sicó,  foram tecelões com visão e força no trabalho,  a minha deixa de obra a fazer de coisa que se veja hoje e amanhã,  em  Almada.

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