quinta-feira, 6 de junho de 2019

Tradição do Ramo de Pinhões ao Espírito Santo, em Soure

Em março de 2020 fez eco a Crónica, como a Página do Facebook relativa ao ritual da tradição do Ramo de Pinhóes ao Espirito Santo, em Soure .

Acresce o artigo de opinião no Jornal Serras de Ansião publicado em janeiro de 2019.

Como outro artigo - Certificação do pinhão a patrimonio imaterial , publicado em outubro de 2023

Fiz o meu melhor, se partilharem mais se aclara do passado destas terras unidas no mapa com extremas comuns no coração das gentes com os mesmos genes e tradições.

Obrigado ao mentor da Página Tradição do Ramo ao Espírito Santo pela oportunidade!

Pelos vistos não foi perda de tempo. Alguém aqui bebeu informação para brilhar no pelouro da câmara, quando antes nada fez para promulgar  a tradição, tão pouco pesquisar .
O certo é valorizar quem se preocupa e se empenha em preservar e valorizar a tradição e os costumes de um povo.

Capelania do Espirito Santo em Soure, a tradição do Ramo de Pionhões


O toponimo Espirito Santo?

A quinta do Espirito Santo teve lagar, e pelos vestigios denota ser antiga. Sediada na via principal vinda de Vila Nova de Anços,  para Soure. E, aqui fazer menção a  Luís Alves e sua mulher Tomásia Inês Cordeiro, ambos de Vila Nova de Anços que vieram para a Quinta da Boa Vista ao Senhor do Bonfim, em Ansião, na centuria de 700. Ou pelo mesmo trajeto pela serra das Degracias, ou não, e vieram pelo  Pinhal de Ega, Cavaleiros , Condeixa, Rabaçal, Ansião.
O riual é único, inigualável no mundo, na ousadia maior de conquistar um lugar que bem merece! 

Necessidade de aprofundar a origem do Ramo de Pinhões
A serra das Degracias nunca foi  entrave à migração interna de gente para trabalhar, pela via de casamento como de vendedores à Feira da Constantina. 

A riqueza do pinhão originou os topónimos: Pinhal, Pinheiral e Pinheiro em Ansião e em Soure, Pinheiro,  como apelidos na região. 

Há necessidade em aprofundar as raízes, se o Ramo não foi inicialmente ligado ao ritual do Ramadão,  que só se alimentam depois do pôr o sol. No tempo do pinhão, quer os da casa , grandes e pequenos, ocupavam-se todos em redor da fogueira munidos de pedra nas mãos a partir a casca do pinhão, os esmigalhados matavam a fome e os sãos eram para venda na feira. 
A arte de trabalhar o pinhão em andor assente na origem ao ritual Ramo de Pinhões, na boca do povo nasceu à volta de 200 anos, pelas mãos de um homem com a doença de tuberculose, talvez tenha sido promessa para se curar, a que deu o nome do seu apelido - Ramos. O Ramo era pequeno, mais tarde a tradição foi continuada à mercê de cada mordomo que entendia de o fazer maior do que o anterior, á laia o tamanho a exaltar vaidade a grandeza... 

O Ramo é engalanado ao legado da fé cristã, tradição celta e grega, o introdutor da semente do pinhão do queijo entre outras.

Labuta que não há igual no mundo. Começa com a apanha das pinhas nos pinhais do Estado, junto da Figueira da Foz, (a fugir à GNR) já devia ter sido homolgada a apanha, mas este país é uma anedota na politica ...Depois a apanha da caruma, ou minha ou agulha do pinheirpo para a queima para as pinhas abrirem, e tirarem os pinhóes. 
Segue-se o descaque, sem magoar o miolo, é arte. 
As mulheres fazem enfiadas que usam em figuras alusivas a tradições à fé cristã, celtas e gregas para enfeitar o Ramo.

Simbologia alusiva à fé cristã; Cruzes, coroa, pomba, resplendores.
Tradição celta;  flores com petalas a jus de corações, roscas estreadas 
Tradição grega; S e espirais ao jus de cornucópia a imitar folhos que deambulam em graça com a oscilação do andor, a cornucópia é simbólica da fertilidade, riqueza e abundância na Grecia. Na mitologia greco-romana era representada por um vaso em forma de chifre, com abundância de frutas e flores irradiando do mesmo a simbolizar a agricultura como alimento rico e o comércio.

Tradições que nos seculos se foram deturpando. A fertilidade dos frutos que a natureza dá é uma tradição grega , que a fe cristãfidelizou nas festas aos Santos Populares. Em Almada pelo S. João vai na procissão uma coroa grande cheia de frutos da época. 

Onde começou a tradição do pinhão? Ansião ou Soure?

Segundo registos da sua Confraria transcritos pelo Dr. Manuel Dias «A Confraria cobrava o terrádego aos feirantes e alugava tábuas, alpendres e ainda disponibilizava duas casas. Existem alguns aforamentos entre 1815/8 de vendedores que se deslocavam de longe desde Tomar, chegavam de antevéspera ou véspera para arranjar melhores locais. Aforão nove lugares de Vala - o autor não conseguiu decifrar, será Vala de Ourique, em Soure,  Jozé da Cruz Marto; Manoel Marquez Loirenço e da outra banda Joze Marquez Loirenço; aforão José Pedro de Condeixa, em 1815 dois lugares pegados à capella; aforô Manoel António Roriz Guimaes o lugar pegado à loja de baetas de João Batista de Soire da parte de tras em 24 de janeiro de 1817; aforô Sr Joze Caetano de Soire hum alpender o de cima o Lugar do meio - 1.000 por cada um , 23 de janeiro de 1815»

A feira dos Pinhóes na Constantina, em Ansião é mais antiga que a tradição do Ramo de Pinhões ao Espirito Santto em Soure

Admito que nos meados da centúria de 800, vendedores levaram a semenet de Ansião para Soure dando inicio ao ritual do Ramo ao Divino Espírito Santo, ou não, porque é referenciado no Tombo de 1508 de Soure, um João de Ansião, que poderia ter levado a semente.
A meu ver  o pinháo foi uma recriação ao conceito do Bodo aos Pobres, com a distribuição dos pinhões no final da festa. Porque o pinhão pode ser guardado para ser consumido mais tarde . 
Hoje é distribuído pelos Mordomos.

Jamais algum historiador ou investigador aclarou o produto endógeno, duradoiro - o pinhão.  
No passado na região, matou a fome a muitos, foi e é um produto estrela! 
A semente do pinhão foi trazida pelos povoadores gregos, aportados do mar Mediterrâneo .
Incrementou as Feiras Francas ; Pinhões  e à  Rainha Santa Isabel, descritos no arquivo da Confraria de Nossa Senhora da Paz na Constantina, em Ansiáo. 

Em Soure, a introdução ao cultivo do pinhão, cuja produção implementou o ritual ao Bodo do Ramo  de Pinhões ao Espírito Santo, como houve as sopas de carnes aos pobres o Bodo aos pobres da Rainha Santa Isabel . Alvitra o povo que o ritual foi iniciado , há  pouco mais de 200 anos por um homem com a doença de tuberculose, se julga a jus de promessa montou um pequeno andor adornado e coroado a pinhões que batizou com o seu apelido - Ramos .

Temos a referencia no Olival, em  Ourém, a feira de Nossa Senhora das Candeias, ou dos Pinhões ou Feira do adro a 2 de fevereiro, já referidas nas Memórias Paroquiais de 1758.

Ritual com  Mordomos em Soure
Sem jamais terem merecido ser recebidos na Câmara Municipal de Soure. 
Sem compromisso de patrocínio desta tradição que merece ser certificada como Património Imaterial das Terras de Sicó. Pelo esforço da população, Mordomos, familiares e amigos, em franca união em trabalho fenomenal de comandar grande equipa, dando bom exemplo, não só à região, como ao país e ao mundo. O brutal esforço e empenho, em não deixar perder um testemunho herdado, tão importante enraizado na cristandade que se traduz em património imaterial.

Tarefa camararia árdua de trabalho em rede,  com Ansião e Ourem, à  pretensa contradizer  Depois, Vai-se a Ver e Nada!

O Culto ao Divino Espírito Santo
"O culto ao Divino Espírito Santo de origem portuguesa, tradição remonta às celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes coletivos designados de Bodo aos Pobres com distribuição de comida e esmolas. Há referências históricas que indicam que foi inicialmente instituída, em 1321, pelo convento franciscano de Alenquer sob proteção da Rainha Santa Isabel de Portugal e Aragão onde esteve encarcerada pelo rei D. Dinis por a Rainha D. Isabel, não se conformar com o confronto entre pai e filho legítimo na herança pelo trono, sendo desejo do Rei D. Dinis, que a coroa portuguesa passasse, após a sua morte, para o seu filho bastardo, Afonso Sanches. Este conflito deu origem que a Rainha Santa Isabel passasse a suplicar ao Divino Espírito Santo pela paz entre o seu esposo e o seu filho."

Excerto https://books.google.pt 
(...) 15 de junho de 1426 do Papa Martinho V, dirigida ao deão da Sé de Viseu, a ordenar-lhe que investigue junto da prioresa e freiras do mosteiro do Espírito Santo de Toro, da Diocese de Zamora, sobre se a venda por elas feita a D. Pedro de Meneses Conde de Vila Real, propriedades suas em terras portuguesas redundou em utilidade do dito mosteiro e, neste caso, a confirme e sane quaisquer defeitos.(...) A invocação ao Divino Espírito Santo oriunda do Mosteiro Santo de Toro de Espanha, teve a Rapoula, hoje pertence a Ansião e Aguda, hoje no concelho de Figueiró dos Vinhos, compradas pelo Conde de Vila Real antes de 1426
Ou deu origem ao bodo, ou floresceu com o bolo cozido no forno do Avelar, Penela, Abiul, Pombal e Santiagod e Litém.

Curioso apego projetar Soure e a sua grandiosa festa com ritual ancestral que se realiza sete semanas depois da Páscoa

Meses de  exímio laboro. Voltas e mais voltas a trabalhar o pinhão em  mil enfiadas que são torneadas em feitios alusivos à fusão de rituais celtas, gregos e da fé cristã com S revirados, à fertilidade em evocação aos deuses da Grécia. A glória maior engalanar o Ramo ao Divino Espírito Santo de Soure, o ponto altíssimo da festa com o momento solene da procissão com o Ramo levado em ombros por homens solteiros. No fim da festa o Ramo, é desfeito no mesmo preceito exímio a cautela, para não se estragar o produto rei, o pinhão. 

Festa da Tradição ao Ramo ao Divino Espírito Santo em  Soure na Página Facebook Assamassa

«A Nossa Tradição Merecia Mais Importância perante as Nossas Patentes Do Concelho e Distrito, em breve já não há quem dê continuidade a esta Tradição , é uma pena ver desprezado e só se lembrarem do Ramo no dia da Festa, mas vamos à Luta»

Grande laboro do ritual do Ramo 
Obra tremenda e grandiosa, de excelso trabalho a merecer comentários na pagina do Facebook a todos os envolvidos em denotar carinho nesta tradição.
«Obrigada pelo Interesse da Nossa Tradição, dá Gosto ver as Nossas Tradições continuarem Vivas, a Nossa Região do Sicó tem Boa União Camarário, Mas a Nossa Tradição ficou de Fora do contexto, Mas vamos em Frente.....Obrigada pela Ajuda da Partilha e a Divulgação da Nossa Tradição Merecia Mais Importância perante as Nossas Patentes Do Concelho e Distrito, em breve já não há quem dê continuidade a esta Tradição , é uma pena ver desprezado e só se lembrarem do Ramo no dia da Festa, mas vamos à Luta»
«Amigos , Partilhem a Nossa Pagina com os vossos Amigos, Vamos Crescer e Mostrar a Nossa Tradição a Todos»
«um misto de trabalho, carinho e dedicação!!!!»
«É único simplesmente maravilhoso»
«E MUITO BONITO»
«Uma Arte , Uma Tradição , Uma Fé, Um Convívio , Um Bom Estar da Nossa População, Uma Imagem, Um Ícone De Soure ........Vamos Respeitar tão Antiga Tradição, Única.»
«Parabéns a todas as pessoas que participaram neste belíssimo trabalho e que não baixam braços para manter esta tradição.»
«é uma verdadeira obra, e única em Portugal, parabéns ao pessoal que participam! Um abraço a todos! E uma boa festa, que o tempo o permita!!!!!»


O porte das pinheiras mostra-se diferente em Soure, de cúpula maior a rondar o chão
Património Imaterial e Antropológico
Não encontrei nos três trabalhos de Mestrado  maior importância e conhecimento no concelho de Soure, sem haver algum a falar desta grande valia e riqueza do pinhão .

1 - Dissertação De Mestre em História Arqueologia e Património de Carlos Manuel Simões Varela Gentes e Terras de Soure e Ega (1508). Aborda o levantamento da Comenda de Soure com o Tombo de 1508. Estranhei não abordar a existência de mancha de pinheiro manso, nem bravo, tão pouco do fruto o pinhão nem da nogueira, sendo tão antiga a feira de S Mateus, menção ao sobreiro, árvores frutícolas, ameixeiras, chousos, seiçais, figueiras, marmeleiros, olivais e pereiras e árvores típicas de águas como freixos, choupos, amieiros e vimieiros .Não sei se existe outro Tombo posterior para mais se saber e ainda identificar apelidos de quem aqui viveu e teria feito parte deste ritual em o engrandecer.

2 -Dissertação de Doutoramento em História de Maria Isabel Rodrigues Ferreira - A Normativa das Ordens Militares Portuguesas ( séc. XII-XVI) Poderes, Sociedade, Espiritualidade . Nada refere.

3 -
Mestrado em: Ensino de Educação Musical no Ensino Básico
Em defesa do património tradicional do concelho de Soure de Maria de Fátima Marques Jorge Aires
 A autora não aborda a temática da origem da Tradição do Ramo de Pinhões da Festa do Divino Espírito Santo (Soure) apenas em Anexos
« a aluna Rita Alexandra Ramos Santos do 5º E Nº 15 EB 1/2 Soure aborda a festa do Espírito Santo em Soure,  uma tradição da capelania muito antiga, já existe há cerca de 200 anos, onde é feito um andor, com cerca de 350.000 pinhões. Este andor sai à Rua na Procissão, no dia de Pentecostes. A tradição mobiliza algumas dezenas de pessoas , que se disponibilizam para ajudar a comissão das festas».

Pese o trabalho ter enfoque o Folclore e Etnografia enquanto Património Imaterial, sem referir o ritual antigo místico religioso do Ramo de Pinhões ao Espírito Santo em ser igualmente enquadrado olhando ao que a autora escreveu «Numa perspetiva correlacional entre a aquisição de conhecimento e as vivências naturais do dia-a-dia, este estudo foi desenvolvido com vista a estabelecer pontes entre a sala de aula e as práticas comunitárias. Impôs-se, por isso, em primeiro lugar, fazer uma pesquisa da prática musical, dos usos e costumes locais, tal é a nossa convicção de que a compreensão do passado leva a uma melhor compreensão de si próprio e da realidade. O trabalho tem ainda por base a caraterização do contexto educativo, do ponto de vista histórico e social e procura compreender a relevância da função docente no ensino da Educação Musical, à luz das orientações curriculares e de conceituadas teorias pedagógicas. A par da descrição teórica do tema, o trabalho apresenta um estudo de cariz empírico que pretende entender e, de certa forma, evidenciar que a salvaguarda do património tradicional local pode passar pela intervenção da Escola, através da estruturação do currículo e sua regionalização, de molde a transformar o currículo fechado em currículo aberto, podendo contemplar interesses e motivações dos diferentes atores da comunidade educativa.»

Bom motivo abordar a tradição místico-religiosa do Ramo ao Divino Espírito Santo de Soure, a fomentar o conhecimento e interesse aos alunos nas escolas
Segundo a aluna que deixou o testemunho deste ritual em Soure, ao Espirito Santo,  a autora do trabalho não coligiu na região a feira dos Pinhões da Constantina em Ansião,  a mais antiga,  nem a Feira  de Nossa Senhora das Candeias, Feira dos Pinhões, ou Feira do Adro, no Olival, em  Ourém .

Não encontrei referencia sobre a tradição secular do pinhão enraizada na comunidade de Soure
Pese os tópicos« salvaguarda do património tradicional » e « aquisição deste tipo de conhecimento e analisar um conjunto de dados essenciais a uma melhor compreensão acerca da possibilidade de implicar a comunidade escolar, e mais concretamente, os alunos no processo de recolha, salvaguarda e divulgação das tradições da região onde se integram» em merecer menção, apenas o Folclore e a Etnografia com uma nota breve sobre as romarias (...)Na sua essência a romaria comporta um conjunto de costumes e tradições religiosas. 
Todavia, outras características lhe estão associadas, nomeadamente o carácter supersticioso, económico, psicológico e cultural (...)Associado à cerimónia religiosa levada a cabo com o fim de unir homem e mulher pelos laços do matrimónio, estava o ritual do «casamento» que, atualmente, ou já não se verifica ou nos casos em que ainda acontece, é feito tendo em conta as mudanças nas mentalidades e por conseguinte, na sociedade moderna. 
Tudo começava duas ou três semanas antes da cerimónia com a distribuição do arroz-doce e o pão de trigo aos convidados. 
No dia do casamento tudo obedecia a uma organização, desde a ementa própria para os vários momentos, a deslocação para a igreja, etc. até terminar o dia, com o regresso dos noivos ao novo lar, que muitas vezes era a casa dos pais da noiva.» 

Definir o Património Tradicional 
 « O conceito Estudar as questões do património pode ser uma tarefa complexa dada a diversidade de significados associados ao conceito. Tendo em conta os objetivos e a especificidade do estudo limitámos a pesquisa ao estritamente necessário por forma a contextualizar o nosso trabalho.
Assim, considerámos importante averiguar a raiz etimológica da palavra património – raiz latina (pater), designa algo que possui valor e que é herdado ou comprado e tradiçãoraiz latina (traditio, tradere), transmissão oral de fatos, lendas, dogmas, etc; de geração em geração

Vivian Mendonça – apoiando-se em Hannah Arendt (1906-1975), (Filósofa, política alemã, de origem judaica)e na obra intitulada Entre o Passado e o Futuro refere que: Antes dos romanos, desconhecia-se algo que fosse comparável à tradição; com eles [os romanos] ela veio, e após eles permaneceu o fio condutor através do passado e a cadeia à qual cada nova geração, intencionalmente ou não, liga-se em sua compreensão do mundo e em sua própria experiência. (Mendonça, 2008, p.41) No âmbito específico do nosso estudo, o conceito pode ainda identificar-se de património cultural imaterial, que se traduz por, herança de gerações anteriores que abrange «tradições orais, os costumes, a música, os bailes, os rituais, as festas, a medicina tradicional e farmacêutica, as artes culinárias e todas as habilidades especiais relacionadas com os aspetos materiais da cultura, tais como as ferramentas e o habitat». Pode, então, dizer-se que Património tradicional entronca em outros dois conceitos, «folclore» e «etnografia» .

Assamassa
O topónimo Assamassa , repete-se em Pombal na Ponte de Assamassa e em Tomar.
Facilmente interligo a terras da Ordem de Cristo . Tão pouco a origem da sua etimologia? Sem ser especialista tomando o prefixo Assam - nome de um estado na Índia situado no nordeste do país, na fronteira com o Butão, interligado a uma das Diásporas do povo de Israel o tenha trazido, ou então de uma pequena tribo descendentes desse povo encontrada por viajantes russos próximo de Crasnoiarsque, a oeste da Sibéria, que na continuada caminhada para ocidente aportarem em Finisterra, na Galiza, e se deslocarem para povoar e cultivar a região entre Soure, Pombal e Ourém, onde ainda permanece atestado na toponímia - Assamassa ,  ou  tenha origem no nome de um homem chamado Assam que fazia o pão e o assava, hoje diz-se cozer, a merecer estudo. 
Capelania do Espirito Santo  
A torre da capela foi edificada em 1941, com estela de pedra com o nome de toas as aldeias que participaram.
Presume ter sido capela pública após a Republica, porque  antes capela da quinta, aqui instituida em local altaneiro e, não junto da casa em local baixo .
Nas memorias paroquiais deviase apurar quem aqui viveu há 200 anos.  
Já no séc. XX, um dos filhos , alguém comentou, numa caminhada em 2023, onde participei, que  foi Governador de Macau.

Afila-se casario simples à beira do caminho estreito de acesso à capela, presume foi de serviçais da quinta.
Um dos muitos vídeos do Ramo ao Divino Espírito Santo
Escolha o de 1990
.
A arte de trabalhar o pinhão
A coroa e a pomba os símbolos do Espírito Santo
Realidade secular, muito trabalhosa só possível com a união das suas gentes em manter a tradição .
Grande Laboro e Empenho das gentes
Não se conhece a mesma tradição noutra terra. Leva cerca de duzentos mil pinhões. 
Como tudo começa...
Excerto retirado de https://sites.google.com/site/tradicaodoramodepinhoes/«São necessários três toneladas de pinhas, cerca de 300 mil pinhões, para enfeitar o andor que sai à rua na festa do Espírito Santo. Uma iniciativa antiga que a população se esforça por não deixar morrer. É que, se isso acontecer, o ramo é enterrado e nunca mais volta a ser enfeitado. A tradição é antiga e mobiliza dezenas de pessoas da freguesia que, durante meses, andam numa verdadeira azáfama a apanhar pinhas e a juntar muitos, muitos pinhões. Tantos que têm de chegar para enfeitar o andor que sai à rua nas festas do Espírito Santo, uma aldeia na freguesia de Soure. Com efeito, a comissão de festas, composta por cinco casais, e grande parte da população, junta-se, ao domingo à tarde, para preparar os pinhões que vão enfeitar o andor, ou “ramo” como lhe chamam. Um processo que requer muita paciência e «dá muito trabalho». Em Novembro as pinhas são apanhadas e ficam a secar até Janeiro, altura em que começa o trabalho de recolha dos pinhões. As pinhas são queimadas e abertas para se retirarem os pinhões que são partidos, escolhidos e limpos e enfiados em linha de um metro cada. São necessários cerca de 300 mil pinhões e 1200 metros de fio com um metro de comprimento para começar todo o trabalho de enrolar os fios de pinhões no "ramo" em estrutura singular com criatividade, enfeitado ainda com duas pombas (uma delas também em pinhão) sai à rua durante a procissão, «representando o Espírito Santo». No último dia da festa são eleitos os mordomos do próximo ano, a quem é entregue o “ramo” que é desmanchado e oferecido à população. Distribui-se as fiadas de pinhões e uma fatia de bolo por todas as pessoas que contribuíram para a realização da festa. »
«É uma festa muito antiga e muito pouco conhecida. Pelo que investiguei existe, pelo menos, há 350 anos», afirma a comissão de festas. Mas certo será, pelo menos, que a tradição se tem cumprido ano após ano. Até porque, «diz-se que quando não houver ninguém para agarrar no “ramo” ele enterra-se no cemitério e acaba», até hoje, isso nunca aconteceu.»

Atear as pinhas com "bicos" a caruma 
Pelos vídeos é um trabalho em linha contínua com as pinhas dispostas em cima de munha ou caruma ateadas e com o calor amaciar na abertura, são mexidas com ajuda de forquilhas e retiradas uma a uma sendo postas em cima de um cepo para outro homem armado de marreta lhe infringir valente pancada para as abrir mais e saltarem os pinhões.
Bela Tarde de Convívio  com homens a partir pinhão 
Alpendre aberto na tradição do passado para apoio do ritual do Ramo ao Espírito Santo 
Laboro coletivo na execução com técnica do  cascabulhar  os pinhões na banca onde cada um  em trabalho de linha de produção o parte com sábia pancada a martelo e deixa cair em recipiente abaixo da banca até terminar a tarefa em tirar a casca dura ao pinhão sem o molestar- muito difícil, por isso o seu miolo é muito caro em merecer ser dignificada, admirada e preservada na memória de Soure, da região e do Mundo, no dever em ser valorizada porque não é qualquer mão que a executa com arte.
Gente boa, disposta a colaborar para manter viva uma tradição secular pese terem amores futebolísticos diferenciados nada os impede de  trabalharam em equipa na alegre tarefa coletiva sem qualquer rivalidade- é de aplaudir! Porque o Futebol não é tudo prefaciando Bruno Lage- em concluir o suposto autor e  todos os participantes, onde também me incluo com costado judaico de parentes próximos pelo  mesmo apego, obstinação, eficácia e resultado no sucesso do trabalho!
                                       
Mulheres a fazer as enfiadas de pinhões 
Antes o miolo do pinhão foi limpo do pó na tarada de cascas e peles mais grossas. A arte de fazer as enfiadas pelas mulheres são utilizadas mil e duzentos linhas com um metro de comprimento cada uma.
Enfiadas de pinhões prontas  a secar para serem trabalhadas no Ramo
Montagem do Ramo, um andor ao Divino Espírito Santo
A representação de um ano de trabalho que o povo chora de emoção na entrega do testemunho aos novos Mordomos, e claro no dia da festa, no ponto alto da procissão e adoração ao Divino Espírito Santo. Nada mais nada menos que entre 60 a 70 alqueires de miolo de pinhão que enfeita o andor levado em ombros por quatro rapazes solteiros e se ouvem cânticos de gaiteiros com o bombo e a gaita de foles em alusão à tradição celta cultura onde estará enraizado o culto(?) e também ouvi num vídeo um cântico semelhante ao gregoriano, outra nobre sonoridade em agradar a todos- populares e mais eruditos .Depois da festa o andor volta à capela onde é desmanchado o ramo e dividido pelos intervenientes na sua concessão. Ainda enfeitado de bolos de azeite em forma de ferradura, laranjas, as novidades da época, como o foi preceito no passado.

2019 A Preparação do Ramo
Arte a merecer prémio da autarquia com merecido destaque na cultura devendo ser patrocinada e imortalizada no âmbito das tradições, usos e costumes como património imaterial místico-religioso a englobar as terras do Maciço de Sicó. Herança trazida pelos gregos para a região. 
O Ramo é preparado com enfiadas de pinhões  torneadas com arte em cornocopias, S , espirais, meios arcos, corações, estrelas, flores, coroa, pomba, Cruz, alusivo à fusão de rituais celtas, gregos e da fé cristã, e ainda à fertilidade dos frutos da terra, em evocação aos deuses da Grécia, com as laranjas, mas devia ser romãs, que por ser em Pentecostes, já não as há...
O Ramo ao Divino Espirito Santo, ritual religioso e profano é um conceito de promessa com o Bodo aos Pobres, os pinhões é produto endogeneo, um alimento duradoiro.
O Ramo ou andor engalanado com fitas de seda
Desde criança recordo em Ansião assim se enfeitarem os Santos, em especial o Santo António ao Ribeiro da Vide, capela instituída por João Freire em 1603,  desde sempre paixão que copio para engalanar as minhas Imagens dos meus oratórios com minúsculas fitas em seda , igualmente belas.
GRUPO DE 2012
 

GRUPO DE 2013
Desfile de Grupos de anos anteriores
GRUPO DE 2014
                          
GRUPO DE 2015
GRUPO DE 2016
Grupo de 2017
Não vislumbrei fotos para este ano...

Grupo de 2018
 
MASTRO 2015
Ao entardecer ao som dos fantásticos Ronca e Rasga  e de tantos outros onde não falta o som da incomparável Gaita de Foles, a lembrar a cultura celta na união de todos em levantar o Mastro da Bandeira, será de pinho ? Com ajuda de cordas e de escadas ao som de foguetes.
O arraial
O franco convívio. Em Ansião paralelo com a Confraria da Senhora da Paz na Constantina
Poemas da Senhora D. Maria de Lurdes Lucas
«Muito Obrigado Srª. Maria Pelos Bonitos Poemas sobre a Nossa Festa do Espírito Santo»
Até os doces tradicionais são os mesmos aos de Ansião
Pão de Ló, biscoitos de azeite, arroz doce e queijo dito Rabaçal da serra de Degracias e das serras de Ansião.
Biscoitos de azeite
Ansião
O Pão de Ló assim com papel no tacho de barro vi pela Páscoa e esqueci-me de registar foto na casa da minha amiga D. Helena Silva da Lagoa da Ameixeira em Ansião , que é húmido e delicioso, com dosagem em colheres.

Biscoitos de laranja da minha amiga Maria da Luz Simões 
Foto retirada da página do Facebook em que a semelhança do formato em que estes parecem mais fofos por serem de laranja, uma nova variante.
Arroz doce sem ovos
Acabadinho de o fazer foi típico de Ansião num tempo que as mulheres vendiam os ovos à semana para ajuda na mercearia na compra do petróleo, café, açúcar , massa ,arroz , bacalhau ou raia seca.
De todas algumas  Imagens na procissão de 2019
Menino Jesus de Praga(?), Imagem habitual na comunidade judaica.
 Mártir S. Sebastião
Das mais belas esculturas que tenho visto deste Santo-  rosto angélico de olhar que se prospectiva claro, grande e lânguido ao jus de semelhança a algum individuo que o seu santeiro copiou e fez muito bem, a enaltecer a beleza que também existiu no passado com genes ainda hoje.
 Nossa Senhora, sem saber qual a sua evocação, teria ficado melhor com um botão de rosa na mão
Divino Espírito Santo, também nunca antes vi uma Imagem assim igual 
Desmontagem do Ramo 2019
As várias fases de desmontagem
Praticamente o andor do Ramo desnudado de pinhões...
Fechar com Oração ao Espírito Santo
«Querido Pai, preciso de Vós. Reconheço que ao procurar dirigir a minha vida tenho pecado contra Vós. Agradeço-vos pelo perdão dos meus pecados através da morte de Jesus na cruz e convido Cristo a tomar de novo a direção da minha vida. Pai, peço-vos em nome de Jesus, enchei-me do Vosso Espírito, como prometestes na Palavra que faríeis, se pedisse com fé. Como expressão da minha fé, agradeço-vos a minha vida e a dádiva do Vosso Espírito Santo. Amém»

Discussão no Facebook  em 15.01.2024 com Vera Lucia Rodrigues
A proposito de um comentario a Lavínia Maria Uva cara amiga , uma labuta que não há igual no mundo. Começou com a apanha das pinhas nos pinhais do Estado, junto da Figueira da Foz, (a fugir à GNR) já devia ter sido homolgada a apanha, mas este país é uma anedota na politica ...Ontem foi a queima para as pinhas abrirem, e tirarem os pinhóes. Para a semana é o descaque, sem magoar o miolo, é arte. Depois as mulheres fazem enfiadas de metro que vão ser usadas para fazer figuras alusivas a tradições antigas gregas para fazer o Ramo, que é um altar todo revestido a pinhoes. é uma obra de arte, que a minha amiga devia vir assistir no domingo de Pentecostes.

Maria Isabel, quais são as figuras alusivas a tradições antigas gregas que fazem parte do ramo?

Vera Lúcia Rodrigues tradições, usos e costumes , em âmbito de património imaterial místico-religioso em terras de Sicó, trazido pelso gregos para a região. Enfiadas de pinhões dão azo à arte em cornocopias, S , espirais, meios arcos, corações, estrelas, flores, coroa, pomba, Cruz, tanto torneado alusivo à fusão de rituais celtas, gregos e da fé cristã, e ainda à fertilidade dos frutos da terra, em evocação aos deuses da Grécia, com as laranjas, mas devia ser romãs. O Ramo ao Divino Espirito Santo, ritual religioso e profano é um conceito de promessa com o Bodo aos Pobres, os pinhões, alimento duradoiro.

Maria Isabel, eu conheço o ramo, como sabe. Considerando o momento a partir do qual terá começado a ser feito, não sei se não é rebuscado afirmar que há aqui alusão a figuras do mundo místico ou religioso grego. Outra coisa é referir o pinhão e a sua origem. E outra é o Bodo dos Pobres.

Vera Lúcia Rodrigues sim , faz sentido questionar . Porém, eu Revejo a tradição assente no passado herdado de gregos aportados à região que trouxeram a semente do pinhão, o queijo entre outras. Nos seculos se foram deturpando as tradições pela fé cristã. A essencia no Ramo, começou por ser uma promessa para se curar da tuberculose. O povo inspirou-se a trabalhar as enfiadas com motivos alusivos á fe crista (pomba, Cruz, coroa etc, à tradição celta com as flores e grega, com os S , espirais, como vemos pintados na louça grega. A fertilidade dos frutos que a natureza dá é uma tradição grega , que a fe crista fidelizou nas festas aos Santos Populares. Em Almada pelo S João vai na procissão uma coroa grande cheia de frutos da época. Quando refiro o bodo aos pobres, obvio que não é no preceito que foi iniciado pela Rainha Santa, no entanto está lá a promessa dita acima, o mesmo orago ao Espirito Santo, como após a festa o Ramo é desmantelado e os pinhoes são distribuidos pelos mordomos e quem ajudou. Cada um faz com o seu quinhão o quer, ou guarda para consumo ou vende. Ação nova que no passado era logo comido, pois havia fome. A mim não me choca, são tradições que nos seculos perderam a genese da essencia ao se adulterarem por falta de conhecimento cultural passado de geração em geração sem rigor . Hoje, o mais curioso é o prestimo de envolver tantos na azafama, com outros que cozinham para todos virem para a mesa e comer , uma forma de bodo no sec XXI. O meu prima sobre o assunto, que nunca foi levantado como o merecia, obvio que aceito outras opniões.

Maria Isabel, há levantamento, mas talvez não o conheça ainda. Quanto a mim, como já lhe disse noutro momento, considero que a ligação à Rainha Santa é óbvia.

Vera Lúcia Rodrigues sobre o levantamento nunca encontrei nada. O que sei falei com pessoas quando fui à caminhada. Despertei numa dissertação de mestrado, que uma aluna abordou a tradição do Ramo, num pequeno testemunho. Desta vez reparei que a via romana de Ega para Soure, passava pelo Espirito Santio, tem lá uma fonte de mergulho. Ouvi uma historia que o Rei D Afonso Henriques passou por lá ou dormiu...Uma coisa é certa a Rainha Santa Isabel passou muitas vezes por Soure, onde se fomentou a tradição do seu legado - O Bodo aos Pobres se reinventa, o conceito está lá .Repare que o povo nos anos 40 do sec XX, fez uma torre na capela à imagem da torre da universidade, só admiro de não haver uma imagem da Rainha Santa, mas o povo era muito pobre.

Maria Isabel, eu sei. Mas há um levantamento. E há motivos anteriores à promessa que refere. Quanto à década de 40, foi fértil em histórias associadas à Rainha Santa no meu concelho. Havemos de tomar um café.

Já fui à bibiloteca de Soure, não havia quase nada disponivel. Trouxe um livro dos Templarios... lá para a primavera, havemos de nos encontrar, vou embora daqui a dias. Obg. Bjos.

FONTES

http://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/3992/3/2018-09-03%20FINAL%20Gentes%20e%20Terras%20de%20Soure%20e%20Ega%20%281508%29%20Estudo%20de%20antrop
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/10940/1/MARIA_AIRES.pdf
Livro da Confraria de Nossa Senhora da Paz da Constantina em Ansião da autoria do Dr Manuel Augusto Dias de 1996
Informação diversa e fotos da Página Tradição do Ramo ao Espírito Santo de Soure
Testemunho de Vera Lúcia Rodrigues
https://setemargens.com/os-bodos-de-s-sebastiao-na-beira-baixa/

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