sexta-feira, 14 de junho de 2019

Quinta da Mouta de Bela em Chão de Couce, valor histórico em perda!

A crónica surge em conversa com o Henrique Dias sobre as Coisas que gostamos, no tocável à divulgação do património histórico das Cinco Vilas e Ansião. Debalde, em total abandono, o conhecimento para não  se perder pela carga ancestral do real valor que encerra. De parca bibliografia, apenas referencia na Monografia de Chão de Couce, do Dr. Manuel Dias, em abandono, encontra-se em venda. No tempo incauto e desleixo  implora reivindicar tomada implacável de acautelar tamanha herança cultural  na região, a merecer estudo arqueológico, implícita em alguns elementos reutilizados neste sitio altaneiro, a beijar a via romana, não foi habitat romano. Valores herdados que se devem deixar em legado  às gerações vindouras.

Diz-me o Henrique Dias
« estive em Ansião nas "IV Jornadas da Serra de Sicó" onde estava o Presidente da CM, e lembrei-me de si, estava tão empolgado com a descoberta que tinha acabado de fazer que se tivesse oportunidade (apesar de nunca ter falado com ele) ter-lhe-ia mostrado as fotos que tirei para o sensibilizar para o assunto. Mas acontece que tive de sair antes de acabar (pois tinha outro compromisso), mas foi então que me lembrei de si, pois seria a pessoa indicada para lhe lançar o apelo para salvarem este edifício emblemático da história do Concelho. Esta quinta é dos primórdios da nossa nacionalidade, e julgo ser anterior à Quinta de Cima. Há várias referências a esta quinta na Torre do Tombo. Já agora, porque não endereçar uma das sua Crónicas a esta Quinta? Pense nisso, o Facebook também não é o melhor suporte para estas coisas. Nesse aspeto o Blog é melhor, pois fica a informação mais encadeada.»

Foto na Monografia de Chão de Couce do Dr. Manuel Dias
 

Depreendo da visita do Padre Negrão em 1752 - os novos donos da Quinta, Manuel de Sousa e sua mulher Úrsula Teresa Vieira da Silva fizeram novo requerimento (...) tem servido de visitas, sem ter o ter sido destinada a capela , ao que parece...»

O topónimo Bela 

Aventa o nome ancestral ter sido VELA, de velar, pela posição estratégica que detinha o morro da Serrada da Mata para norte, nascente e sul .
Acima da ponte romana, hoje o cume com uma casa minimalista aventa assente num castro, isto porque todo o costado no gaveto para sul está salpicado a penedos, pequenos e grandes com bolsas de arenito, como se encontram a sul de Alvaiázere, o complexo megalítico das antas. Romanizado pelo material que se encontra na quinta de Mouta Bela ; tambor de coluna e uma coluna, que vislumbrei em fotos quando o espaço foi limpo para pôr à venda. Aventa ainda que na idade medieval perdeu a silaba V para B, pelo linguarejar deficiente ainda hoje em muitos.

Como aparece o apelido Castro na Quinta da Mouta de Bela?
«Mariana Teixeira de Castro, b. 28.5.1711 , Nª Sª da Consolação, Chão de Couce, Leiria.
Pai: Miguel Teixeira de Castro
Mãe: Joana Bella
Maria Fernandes Teixeira, b. 29.11.1765 , Nª Sª da Consolação, Chão de Couce, Leiria.
Pai: Manuel Fernandes Teixeira
Mãe: Maria Gaspar
Maria Teixeira de Castro, b. 10.9.1769 , Nª Sª da Consolação, Chão de Couce, Leiria.
Pai: Miguel Teixeira de Castro
Mãe: Maria Mendes.


Registo de batismo « Mariana Teixeira de Castro, batizada em 28.5.1711 , na igreja de Nª Sª da Consolação, Chão de Couçe, Leiria filha de Miguel Teixeira de Castro e de Joana Bella.» 
A grafia no nome da Quinta manteve-se  até ao século XIX - Bella
Miguel Teixeira Castro e Maria Bela da Maia, da Quinta de Amieira teriam vivido na quinta da Mouta de Bela, a que deram o nome da esposa (?)

António Luís Teixeira de Araújo e Castro, Senhor da Quinta de Mouta Bela, freguesia de Almofala, termo das Cinco Vilas, casou em Pias, com D. Maria Benvinda de Sá e Mendonça, chefe da Casa dos Sá e Mendonça das Pias, herdeiro da Morgadio das Pias e descendente e representante de Estevão de Sá e Mendonça, armigerado.

Administração das Cinco Vilas após a perda dos bens dos duques de Vila Real Segundo as Memórias Paroquiais 
(...)  «até finais do século XVII ou inícios do século XVIII a administração das Cinco Vilas ficou a cargo da Junta da Casa de Bragança em que o ouvidor de Ourém acumulava também as funções das Cinco Vilas formaram uma ouvidoria tendo a sua cabeça em Chão de Couce, aparece designada Comarca de Chão de Couce ou Comarca das Cinco Vilas.»
«Depois de extinta a Casa do Infantado foram vendidos os bens.
« Existe um hiato da conspiração de 1641 relativo à perda dos bens a 1695(a data mais antiga encontrada do pedido de instituição de uma capela na Quinta da Mouta de Bela) com 54 anos, a única referencia encontrada na Monografia de Chão de Couce do Dr. Manuel Augusto Dias de 2001 ao pedido de instituição de capela por António de Abreu Corte Real e D. Teresa de Mendonça formulada ao bispado (8).
Fizeram escritura para a fábrica da capela do referido lote. Houve deferimento em 1697, mas nunca chegou a ser construída. A chegaram a preparar como pressuposto na recomendação do bispado em anexo à casa, sem nunca o ser, o teria sido apenas oratório (?).

Capitão Alexandre Manoel de Sousa da sua Quinta da Mouta Bela  e Maria Angélica Vieira da Silva, (mulher ?) da Venda Nova, Aguda, aparecem na condição de padrinhos de batismo em 1747.
Filho de Martim Borges de Azevedo, cavaleiro do rei D João IV.

Em 1752 esta quinta pertencia ainda à Casa do Infantado, demorou 82 anos para ser extinta, em 1834. Verossímil depois dos bens terem passado para a Casa do Infantado em 1654 teria continuado com o mesmo foreiro antecessor a António Abreu Corte Real (?). 

Este apelido Corte Real com parentes próximos a Francisco António d' Abreu Amorim Pessoa e Gouveia casado com Maurícia Câmara Lobo Corte Real pais de José Augusto d' Abreu Amorim Pessoa, casado com Clotilde Deolinda Pereira da Silva que foram da Quinta de Orão, freguesia de Redinha, Pombal que se estenderam à Figueira da Foz. 

Na família João Lobo de Santiago Gouveia foi o 1º Conde de Verride, nascido em 1859.

A investigação que conduzo há anos sobre Ansião leva-me sem ser especialista em genealogia a entroncar famílias nos concelhos limítrofes : Maurícia Câmara de Lobo Corte Real na ligação ao brasão dos Câmara de Lobos na capela do Paço dos Condes Castelo Melhor de Santiago da Guarda, em Ansião e ao apelido Abreu na Aguda, no seu cemitério existem apelidos alusivos à ilha da Madeira - Pestana.


Quem foi o último morador da Quinta de Mouta de Bela?

Descendência de Maria Augusta de Sá e Castro últimos moradores da Quinta da Mouta de Bela

Segundo o Henrique Dias foi a Dona Maria Augusta de Sá e Castro  (julgo que) a última proprietária da Quinta da Mouta de Bela,  neta paterna do Capitão Luís António Teixeira de Araújo e Castro (tabela da Família 3.1). Ambos moradores na Quinta da Mouta de Bela.

Segundo o Dr. Paulo Alcobia Neves « Maria Augusta foi casada com António Augusto Soares de Magalhães tendo o casamento sido celebrado na Igreja de Nossa Senhora da Consolação de Chão de Couce a 20 de fevereiro de 1873. Era irmã de António, Augusto e João, todos casados no Concelho de Ferreira do Zêzere e com descendentes até aos nossos dias.»
- Henrique Dias «o que sei é em parte graças a si. Mas só conheço a descendência do irmão João, e desconheço, inclusive, se ela teve descendência, pois casou já com 40 anos.»(10)

Em 1791 era almoxarife na Sertã, Cláudio de Meneses e Castro.

Livro de batismos da paróquia de Chão de Couce de 

Encontrei o registo de batismo da Quinta de Mouta de Bela
aos 25 dias do mes de julho do ano de 1745, batisei Maria, filha legitima do capitao Alexandre Manuel da Lousã e de sua mulher D o....Silva Veiga , sua viuva, e da sua filha da sua Quinta de Mouta de Bela.

1747 Folhas : 109 vº e 110 ANTÓNIO (...) Nos dezassete dias do mês de Junho de mil setecentos e quarenta e sete anos baptizei e solenemente e puz os Santos Óleos a António, que nasceu em os oito dias do mesmo mês de Junho, filho legítimo de Miguel Teixeira de Castro e de Maria das Neves, da Amieira, neto paterno de Miguel Teixeira de Castro natural da Amieira, e de Maria da Maya natural da freguesia de Vila Verde de Areias Pedreira de Tomar, ambos moradores que foram na dita quinta da Amieira. E materna de Manuel Lourenço natural desta vila e de Isabel das Neves natural de Venda Nova, freguesia da Aguda, e ambos moradores nesta vila. Foram padrinhos o Capitão Alexandre Manuel de Sousa da sua Quinta da Mouta Bela e Luíza Angélica Vieira da Silva, filha do Capitão Manuel Vieira de Freitas morador na quinta de Baixo, tocou por ela o padre Rodrigo de Sousa tudo desta freguesia. O Padre Rodrigo de Sousa José Vieira Pinto .O Vigário António Botelho Negrão »

Falta certificar - António, do registo de batismo acima se é António Luís Teixeira de Araújo e Castro, Senhor da Quinta de Mouta Bela, freguesia de Almofala, Termo as Cinco Vilas que casou em Pias com D. Maria Benvinda de Sá e Mendonça, chefe da casa dos Sá e Mendonça de Pias, herdeiro do Morgadio de Pias e descendente e representante de Estevão de Sá e Mendonça, armigerado? (10)

Lamento, se ao transcrever excertos de genealogia não segui o rasto correto aos referenciados.

Mapas de genealogia 
Autoria do Dr. Paulo Alcobia Neves
Compilação de Henrique Dias

A total ruína da Quinta da Mouta de Bela tenha sido provocada pela falta de descendência que deveria ter sido salvaguardada em testamento , se tivesse havido visão futurista do seu dono ao olhar pela continuidade da produtividade e riqueza para além da morte. Não se sabe quem é o atual seu dono, o que teria patrocinado a limpeza florestal que a invadiu .Em pleno séc. XXI na eminência de se perder este património histórico agora aclarado o seu passado rico onde se pretendeu especular a razão do total abandono,  pretensa desta crónica avivar e sobretudo suscitar atenção de todos com a Autarquia e Junta de Freguesia, por no passado terem sido todos negligentes na proteção destes testemunhos de valor histórico, que deviam ser transmitidas de herança às gerações vindouras.  A talhe de foice há dias numa banca de velharias com bons objetos dos finais do séc. XIX, curiosa, questionei a uma senhora a sua proveniência, o seu bisavô foi regedor de Monsaraz, muito ricos com propriedades, num tempo que se morria mais cedo, bebia-se  e  jogava-se muito e se perdia a fortuna sem saber como - ao lado estava uma sua familiar de Évora disse o mesmo- ainda lhes perguntei os apelidos para os entroncar - não me parecem serem familiares na nossa região, para me lembrar em Ansião no meu tempo de aluna no Colégio ouvi dizer de um individuo da família Veiga ter perdido tudo, até a mulher no casino na Figueira da Foz, mais tarde em  Cernache do Bonjardim houve outro nobre de igual má sorte ,  no dia seguinte o novo dono apresenta-se na sua nova casa dizendo - é tudo meu até a senhora, mas dispenso-a... ouvi outras histórias como estas da perda dos bens em jogo  com aposta da fortuna,  que a  perdiam num abrir e fechar de olhos, sem se dar conta, porque em verdade não a formaram, apenas herdaram e destruíram na fragilidade do vicio da bebida e do jogo que veio a determinar amargamente em muita família  desespero e ruína.
Concluir costados de ligação familiar cruzados com indivíduos da Quinta da Mouta do Lobo ou Amieira, Quinta do Salgueiral em Chão de Couce, Aguda,  Redinha, Ferreira do Zêzere e,...


Fotos gentilmente disponibilizadas por Henrique Dias em 2006

Solar da Quinta da Mouta de Bela 
A primeira visita que fiz a esta Quinta, fui guiado pelo saudoso professor José Sá (descendente dos Teixeira de Castro que a habitaram). Foi em Agosto de 2006, aproveitando a visita do meu primo da Austrália António José Pimentel Teixeira Mendes, também ele descendente dos Teixeira de Castro de Chão de Couce e portanto também primo do extinto professor José Vaz Ferreira de Sá Costa Simões.
Na altura (2006) o melhor que se conseguia vislumbrar do edifício era esta fachada.

As silvas e a hera, impediam por completo a nossa progressão...
Em 2006 foi este o cenário que encontramos
- A vegetação impedia-nos de ver a glória passada deste edifício, pese embora os esforços do nosso amigo José Sá em 2006.

Álbum de fotos da  autoria do Henrique Dias publicado dia 25 de maio de 2019 
com 26 fotos da Quinta da Mouta de Bela no Grupo  "As Cinco Vilas de Chão de Couce e terras circundantes" atualmente  após  limpeza florestal
Ao dono da quinta apresento desculpas pela exposição pública, contudo por se  tratar de património histórico dos mais antigos urge obrigação de o dar a conhecer por esta ter sido nascida nos primórdios da história na região, de cabal importância e desconhecimento da grande maioria no concelho de Ansião, a que acresce a  impossibilidade no momento de saber quem de facto é o seu dono, pese se ter lançado a pergunta ainda sem resposta, estando eu ausente há mais de 40 anos tal como o Henrique as assíduas deslocações à terra a outros afazeres, ainda assim ambos no mesmo mérito em mostrar e falar, pese as circunstâncias que a própria circunstancia se nos apresenta desfavorável, o nosso destino maior em o contrariar na boa fé e vontade nata a partilhar cultura, se mostra mais intensa e de futuro a sensibilizar as massas neste despertar, do potencial que encerra a sua recuperação na traça antiga e divulgação para atrai r interesses, sobretudo chamar o turismo  de raiz histórica à região a que se deve juntar os Fornos de Cal, as serras, os trilhos e os cursos de água com  seus moinhos, lagares e pisões, o sitio.
-Acontece à uns anos atrás levaram-me lá e só vislumbrei uma parede envolvida por vegetação, mas hoje fui dar com ela despida graças às operações de desmatação da zona envolvente, e fiquei admirado pelo que presenciei, pois pude verificar as reais dimensões do edifício, embora alguns anexos ainda se encontrem por desmatar.

-Anexo junto ao muro da cerca. Seria esta divisão que esteve por diversas vezes destinada para ser capela, mas que pelos vistos nunca chegou a ser?
Apesar das heras secas consigo distinguir a meia lua em cerâmica acima do lintel da porta.
O testemunho do  padre Negrão em 1552 (...) achei que a casa que se pretende fazer a capela  é asseada e limpa e feita a poucos metros, e só tem servido de visitas, e ainda que não o seja, o parece.»
Não vislumbrei nas fotos uma tirada de longe  mais abrangente  para se perceber onde ficava a capela inserida na malha do solar.
Fachada  julgo seja para sul, ao se confrontar a foto de 2006 
No sobrado janela de avental, em baixo um janelo com o pormenor quinado da pedra cimeira
Propriedade particular
Localização privilegiada numa posição sobranceira à área envolvente:
Treze anos depois (graças ao esforço de desmatação para prevenção de incêndios), pude, finalmente, verificar com agrado a graciosidade e as verdadeiras dimensões deste Solar, secular e carregado de história.
-Anexo junto ao muro da cerca.
Seria esta divisão que esteve por diversas vezes destinada para ser capela, mas que pelos vistos nunca chegou a ser?
-Muro da cerca e anexos cobertos com vegetação:

Óculo da capela, só deslindei em abril de 2022
-Já tenho visto alguns com uma argola embutida para prenderem as cavalgaduras. Mas esta não tem nada disso. Quando fotografei esta pedra não vi nenhum orifício, aliás a pedra estava encravada na parede e pela frente teria havido outra que ruiu em que a pedra seria mais comprida, sem saber a sua servidão e teria sido cortada para ser reaproveitada (?
Um tambor de coluna romana
Há anos encontrei na antiga Casa da Câmara de Chão de Couce uma pedra assim igual que mostro na foto abaixo sem na altura perceber a razão de ali estar, para o que servia, se não tinha nenhum orifício. O ano passado o dono procedeu à requalificação do espaço, assim se perdeu o vestígio sem merecer estudo...
Coluna romana reutilizada como ombral  de uma porta. 
 No Olival, Aguda, houve um habita romano, como aventa outro onde foi a casa da camara de Chão de Couce.
-Muro da cerca da Quinta, tendo na parte interior alguns anexos ainda envoltos em densa vegetação.
-Um pormenor curioso da parte inferior das janelas.
Estas lajes no exterior da parede, permitiam a solidez necessária para criar espaço no interior da parede para os célebres bancos de pedra
- Encontrei um desenho semelhante na antiga Quinta da Boavista em Maçãs de Dona Maria
-Achei curiosa a semelhança da decoração por baixo das janelas destes edifícios das Cinco Vilas, a fazer lembrar um cálice ou uma taça. Encontrei um paralelo com as da Capela Barroca da Praça de São Pedro de Rates na Póvoa de Varzim: 
Caro Henrique Dias parabéns ao olhar peculiar a que acresce a correlação estética, a sua sensibilidade cultural está um primor! A semelhança que aponta é interessante, pode ter correlação familiar(?) premissa que tento deslindar com gente vinda do Minho e Trás os Montes, aqui se radicou por casamento ou a trabalho e vice versa e se estendeu aos concelhos limítrofes, alto Alentejo e Algarve .Quando fui a Torre de Moncorvo dei com os olhos no solar dos Pimentéis lembrei-me da mesma semelhança ao solar de Maças de D. Maria sem saber se são familiares(?).
Torre de Moncorvo
-Parte posterior da habitação da Quinta de Mouta de Bela

- Pormenor do reboco
                          
-Janela do piso superior, vista do interior. 
-Repare-se nos tradicionais banquinhos de pedra junto à janela.
Os chamados bancos namoradeiros comuns nas janelas de avental, ainda restam poucos exemplares em Ansião.
Escombros ...O que podem ainda esconder?
O musgo tapa a visão do que foram as duas pedras em L sobrepostas a indiciar uma porta? E a peça em madeira sobre a mesma que o Henrique possivelmente não reparou nela, ainda cravada com quatro ferros? O que teria sido?
Ombreiras com as marcas das trancas e fechaduras
                            
Frontaria do solar com o lajeado largo em pedra do balcão
Elementos judaicos como o balcão e os quadradinhos minúsculos na horizontal na semi cave a indiciar arquitetura judaica, características que ainda existem na região.

Pormenor do portal
Caminhada em 3 de abril de 2022
Depois da crónica foi pedida a alteração da toponímia
Devia ser Rua da Quinta de Mouta de Bela
topónimo é mais recente, adulterado de Vela, de velar, num tempo muito mais antigo, de cultura castreja e romana, que jamais mereceu estudo. E que entretanto aprofundei.
A velha e secular glicínia de cachos lilases ainda resiste...
A frontaria da capela
Coluna em cascalho e barro, em formato redondo, raro exemplar ainda vivo no concelho, da centúria de 600
A ruína do solar na crista do costado e abaixo a mina e na frente um enorme tanque de pedra
O vale com vinha bordejado de vegetação Bocage
Espreitei e dei conta de um afloramento de penedos como se tivessem sido cortados à faca, exatamente como os que se encontram na Barroca, na Serra do Mouro, no final da serra onde passa o trilho. Curiosamente pese os eucaliptos a fonte da Barroca tem água corrente, como na encosta a nascente a mina da quinta de Cima e depois a 4 km  nesta quinta. Desconheço se alguma vez foi mote de estudo.
Represa a norte com ligação à mina. Na entrada para a quinta em plena estrada romana/medieval.
A represa atual, funda, com mais de 2 metros , com limos, sem vedação nem sinalética, perigosa para pessoas e animais. Bem podia ser explorada para se averiguar se antes foi um tanque termal romano e reaproveitada para local lúdico para verão, em concelho deficitário em água. 
Pois está à venda!
Sugestão
Em Ansião  o solar recentemente requalificado
Comparação da escultura do portal a evidenciar cantaria igual, seria na região, mas aonde? Amostragem da requalificação onde se evidencia a traça do antiga em franco convívio com a nova edificação , sem colidir em nova vida. 
O que pode perfeitamente vir a coexistir na Quinta da Mouta de Bela, na grande diferença, nesta sabe-se o seu passado em grande parte para na de Ansião, não se sabe o nome da quinta, tão pouco da família que o mandou construir, quase nada, apenas e somente alguma vivência no século XX...pior antes da requalificação devia ter sido mote de investigação arqueológica e julgo não o foi...

DEFESA E PROTEÇÃO DO PATRIMÓNIO PÚBLICO E PRIVADO
Eis chegada a hora em querer destacar  um Marco indelével na proteção do Património histórico de todos nós, público e particular, o que se pretende aflorar com esta Quinta da Mouta de Bela, testemunho dos mais antigos edificado no concelho de Ansião.
Deixo aqui uma chamada de atenção sobre a falta de sensibilidade ao património do concelho, público e sobretudo privado, que se tem vindo a perder e pelos visto continua aqui aflorada nesta crónica. Retirei a parte da minha teoria a incluir noutra crónica a publicar por estes dias com a concentração da maioria de património histórico particular em abandono no concelho. Bem sei que a Autarquia não tem capacidade financeira para acudir a todos os casos, veja-se a aquisição da Quinta das Lagoas em Ansião, o antigo executivo PSD celebrou a sua cedência em contrato ruinoso depois de grande investimento para hoje estar de novo ao abandono...
O que faz falta? Estabelecer parâmetros na venda a novos donos; nacionais ou estrangeiros, terem antes conhecimento sobre a história do bem que vão adquirir sabendo antecipadamente as condições a que vão ser obrigados na requalificação no compromisso de não poderem alterar a traça nem fazer desaparecer os testemunhos do passado, pese já existir regulamentação, o que faz falta é fiscalização, o que se assiste verificar depois da vistoria muita coisa é alterada a contento dos novos donos, e isto não devia ser permitido, aplicando coimas duras para todos saberem as regras e o dever de as cumprir. A crónica que irá condensar esta temática terá o título - O que falta em Ansião? Associação cultural  na defesa do património de Ansião!


FONTES
Fotos e informação de reconhecimento de Henrique Dias
Mapa de genealogia da autoria do Dr Paulo Alcobia  Neves
Livro  Informações e Memórias Paroquiais de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
1- Maria José Diniz na sua Dissertação de Licenciatura em Ciências Histórico- Filosóficas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra - O Mosteiro de S. Jorge. Subsídios para a sua história nos séculos XII/I 
2-Chancelaria de D Afonso III transcrição de Leontina Ventura e António Resende de Oliveira- Livro i, vol. 1, Coimbra, Impressa da Universidade, 2006, pp.141-142
3-Chancelarias Portuguesas D Duarte, vol I,t.1,Lisboa.Centro de Estudos Históricos
4-Chancelaria de D João III, , Livro 48,fl.107 vº transcrita pelo padre Coutinho
5 - in Elucidário Nobiliártico, 1º Vol. nº X, Out 1928, pp. 305-319(Fonte Afonso Dornelas. Documentos Antigos»
Chancelaria de D João III, , Livro 48,fl.107 vº transcrita pelo padre Coutinho
6- Leonor Freire Costa e Mafalda Soares da Cunha, D João IV, Lisboa, Círculo de Leitores, 2006, pp.120-122 e 124
7 https://geneall.net/pt/forum/146044/cinco-vilas-abreus-e-curados/
8 - Estudo Monográfico de Chão de Couce do Dr Manuel Augusto Dias de 2001
9 - https://geneall.net/pt/forum/2096/teixeira-de-castro-de-chao-de-couce/"Nogueiras » Encontra-se referido como "Cristóvão de Abreu Vieira" no Nobiliário de Famílias de Portugal, de Felgueiras Gayo, vol. IV-pg. 79 (Coutinhos), 146, N14.
https://geneall.net/pt/forum/164950/bernardo-d-abreu-amorim-pessoa-e-gouveia/
D António Caetano de Sousa, História, Genealógica da Casa Real Portuguesa, 2ª edição ed.,t.V,I Parte, Coimbra, 1942, pp.25-26.
Livro - A Casa de Vila Real a conspiração de 1641 contra D. João IV 
Edição Colibri 2007  de Mafalda Noronha Wagner.
file:///C:/Users/HP/Downloads/MOA%20%E2%80%94%2012.pdf

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