terça-feira, 22 de novembro de 2022

Caminhada a Pias, em Ferreira do Zêzere

                                  
Foto do Grupo informal, amigo, que muito nos acarinhou. 
Bem hajam a todos em especial à  Cátia Salgueiro, Luís Filipe Godinho, São, Toné e outros, pelo empenho, dedicação, organização e compromisso. 
                               

                           

Comenda de Pias

Foi do Comendador Frei Gonçalo Velho, cavaleiro e criado do Infante a quem é atribuída a descoberta dos Açores, Martim Correia, Senhor da Torre da Murta  guarda-mor do Infante

Foi elevada à categoria de Vila já no reinado de D. João III, a 25 de Fevereiro de 1534

Ao longe o viaduto  da  A 13
Vista para poente de Pias
O intuito da caminhada, na minha principal inspiração a estudo, em mais descobrir da ligação do passado a Ansião com os concelhos limítrofes. O excerto abaixo é elucidativo invoca termos como o caminho da Nexebra - serra que pertence a Ansião e a sul Alvaiázere. Aborda o mosteiro de S. Domingos, ao limite de Alvaiázere, que historiadores até hoje ainda sem localizar o seu palco. Como o topónimo Ceras, alusivo à Venda de cera, que seria ali abundante para venda para igrejas e afins. Corrigi o texto para o português atual, apenas deixei os termos que não consegui traduzir. Lamentavelmente, o Dr. António Baião,  não traduz a data da carta assinada em Évora  aos xxb dias do mês de fevereiro  xxxiiij anos... excerto da carta que elege a vila das Pias e seus  limites pág.3/36 (...) do marco que está junto da Venda da Serra metido no meio da estrada que vai de Tomar para Dornes, ao cume da serra do Ameal , pelo caminho de Nexebra por onde se aparta a freguesia daluyoneira ( ALVIOBEIRA) com a de NS das Areias, onde esta uma malhoeira de pedras junto da casa de Luís Martins e dali ao Casal de Bastião Gonçalves por detrás das casas que são da freguesia de daluyoueyra, por onde confinam as ditas demarcações e dali a S. Domingos e dali ao Casal do Toco que é de Martin Anes e Gonçalo Anes que são da freguesia daluyoueira e, por detrás das ditas casas do dito Casal vai de Reito à Cabeça de Mamgamaz ( será MELGÁZ, em Alvaiázere?) e desse até Ponte da Ribeira de Ceras ficando dentro da dita freguesia de NS das Areias o lagar e azenhas com a casa de Jorge Dias e da dita Ponte de Ceras vai a dita demarcação Ribeiro abaixo acerado de Brás Rodrigues e dali por cima de S. Gonçalo pela Cabeça da Pia abaixo a fonte do Chão de Eiras e vai dali ao Ride da Ganadara ao diante pelos currais de D Álvaro Anes à  Ribeira e dali pela Ribeira abaixo da Bamba do Aguyam ( AGUDA?)até junto das casas de Simão Alvares Ramesam e direito pelo Ribeiro do Bryncã acima á Eira das telhas e dali ao palheiro do gaiteiro e vai direito Azinheira do Mouro por detrás das casas velhas Vale abaixo direito ao ao curral do falhete que é da dita freguesia de NS das Areias e dali Ribeiro abaixo até ao ponto de azinhal e, dali a Cabeça de Carapatosa e vai à Cabeça da Azambuja direito á encumeada do Casal de Álvaro Martins que é da freguesia de NS das Areias pela encumeada da serra aguas vertentes para baixo à Ribeira da Quebrada junto do Casal de João Coelho e pela Ribeira a Riba pelo dito Casal assim como parte com Alvaiázere até á Ponte da Murta e da dita Ponte da Murta onde diz que se acaba a freguesia de N Senhora de Areias com daluyoueyra, pela Ribeira acima partindo com Alvaiázere junto do mosteiro de S. Domingos pelas demarcações que da antiguidade estão deujsadas Ribeiro acima até S. Jurdam e dali vai pelo Ribeiro acima ao marco da cerejeira que está ao Casal de Luís Pires que é do termo de Dornes e dali ao marco aluo é direito ao marco que esta abaixo da Galegia (LAGES) acima do Porto da dita Galegia (PORTO DAS LAGES) confinando com as demarcações antigas com o dito termo de Águas Belas  e vai ter direito ao marco que esta na estrada que vai das Pias para Dornes e dali ao marco que está á porta do casal de João Alvares que está ao Porto do Lavadouro e dali pela demarcação antiga  entre o dito termo e o de Águas Belas  ao marco da Fonte da Trauanqua (TRAVANCA) ladeira arriba  assim como vai demarcando até ao dito marco da Venda da Cera  onde se começou a fazer a dita demarcação que mandei fazer ao licenciado Diogo Barbosa ouvidor da comarca de Tomar...e portanto eu, por esta minha carta dou toda a dita freguesia da vila das Pias pelas ditas demarcações...
Nas pias escavadas no xisto que ditaram o topónimo 
A toponímia alvitra algum castelo mouro que ali existiu, mas, cujas pedras foram reutilizadas e hoje não há quais quer indícios...
IntriTopónimo,  na  origem numa erva dominante das gramíneas, que é pasto para o gado 
Há anos que tento perceber a razão deste tipo de chaminé  em Ferreira do Zêzere
Tenho duas teorias. A primeira trazida da ceifa do baixo Alentejo, onde são caraterísticas, a outra do solar da Torre da Murta, sendo mais estreitas dos fogões de sala, podem ter ali origem.
Escadaria com o muro debruado a pedra larga, só encontrei em Almogadel e no Avelar
Pedra esteve deitada e foi levantada, esculpida pelo homem, ao lhe ver a forma de peixe
O olho foi esculpido, como a boca e no dorso a grande barbatana

                
Açude do Pego com brutal muralha, e contrafortes
A  poente no leito da ribeira, o canal da represa , para fechar e abrir a água, temos a  Cruz Templária a entestar a muralha. 
                  
Na minha teoria, os templários usaram a estrutura que tem origem romana, que fazia parte de  um sistema de irrigação, com retenção da água da Ribeira de Pias , que aqui toma o nome de Ribeira de Ceras. Não tivemos a perceção da bacia hidrográfica de retenção, por causa do silvedo...

                    
                            
O chamado pego 
Azenha
A partir dali azenhas e moinhos de água a par da levada com outros açudes
Porém, existe uma cascata impossível de ver pelo volume da vegetação. 
Deixo a crítica construtiva, que a falta de limpeza da envolvente da Ribeira deve ser feita para manter o trilho acessível a turistas e a peregrinos.
Quem  passa na ponte de Ceras, desconhece este paraíso, ali a dois passos,  por falta de sinalética. 
Ambiente propício a momentos idílicos, que me transportaram ao Brejão, na costa vicentina, onde a Amália Rodrigues teve o seu monte. Pela  fresquidão, ao som do sussurro do bulício da água, copiosa com pressa de ir beijar o Nabão, e já estava na ilha da Madeira, num trilho de levadas... Voltei a mim e perdi me na azáfama de antigamente, naquele local recatado, de trabalho, bordejado de boas várzeas e hortas, e nogueiral , na sombra do que foi o castelo de Ceras, que Gualdim Pais preteriu para ir para Sellim, (Tomar) reutilizar nas ruínas romanas e moçárabes.
Azenha escondida por vegetação
Açude com restauro a cimento
Foto de  novembro  retirada da pag. Facebook do meu amigo Vítor Sol Carvalho 
               
 Enxerguei este lintel soberbo, largo com corte em baixo a viés, foi aqui reutilizado...
                 
Chão em lajedo
Indica troço romano, até porque está junto das sepulturas visigóticas. Durante a sua permanência de 150 anos, reutilizaram as vias romanas, onde se encontram .
Não fomos à eira das bruxas. Havemos de ir.
                  
Monumental sobreiro devia ser catalogado
Várzeas férteis
Mantos de nozes pelo chão... Não há fome... comendo com amoras, figos, uvas e tremoços.
Três fotos retiradas da net da autoria de Rui Silva
                                      
Peros bravo esmofo
Casa da família de Cátia Salgueiro
Guarda ainda a caraterística chaminé redonda borlota.
Tapeçaria de tear
Interessante os motivos
Pelourinho é muito bonito, elegante e nobre   
            
Fechamos com 1 mn de história 
A falar dos puxadores em forma de mão. A chamada mão de Fátima, a filha de Moisés. Trata se de um amuleto de proteção.
A caminho do estacionamento  em contemplação à vastidão de quintas...
Solar da família Godinho Cabral na Quinta das Valadas
Tem uma pedra de armas desta família. Mas, não a vi.
Uma outra pedra de armas existiu no Solar vulgarmente designado por Solar dos Morgados do Fontão e Tabuaço, nas Pias, mas terá sido vendida para um comerciante de Tomar em meados deste século.
Onde funcionou a comarca até ser extinta em  1836
As janelas do r/c eram da cadeia.
O morgado do Fontão adquiriu este solar. 2º o Dr. João Santos
                 
A mina de água do solar
                   
              
                   

              
Brasão dos Teixeiras com quebra por bastardia

                                           
O lagar que foi da quinta, mas, não sei o nome...
          
       
A sul do lagar um fontanário...
Deixei Pias depois de uma água na Associação de Pias onde me fiz às fotos
            
Para volta, há muito para conhecer!

Fontes
Livro de FERREIRA DO ZEZERE DO DR. ANTÓNIO BAIÃO

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